PASSE DE MAGIA – 16.3.
por DuxBellorum
(continuação)
Consequências da pornocracia
A pornocracia passa a ser um modelo social. «Se todos o fazem porque é que eu não hei-de fazer?» - diz o cidadão para si mesmo, ao sentir-se tentado pela “mercadorização” da afectividade. A primeira consequência da pornocracia é o rebaixamento dos padrões morais e a sua relativização.
Mas há mais consequências. A integração de concubinas nas instituições diminui a qualidade dos recursos humanos e perverte a normalidade das relações de trabalho. O centro de poder é deslocado dos órgãos formais para a teia de relações entre os protectores e as protegidas. As decisões passam muitas vezes a ser tomadas pelas concubinas e os dirigentes relacionam-se com os subalternos de forma injusta, concedendo privilégios a umas e retirando direitos a outros. Cria-se um mal-estar no local de trabalho e comummente surgem facções entre os trabalhadores. O ambiente é de ódio permanente e os conflitos sucedem-se. Quando o local de trabalho está totalmente corrompido já nada funciona segundo parâmetros formais. Todos têm como prioridade assegurar a sua posição e o zelo é posto de lado.
Do lado de fora ficam os profissionais habilitados a desempenhar as funções que foram usurpadas pelas concubinas. Contribuem para aumentar as filas nos Centros de Emprego e o peso da Assistência Social na despesa pública. Como o tráfico de influências nem sempre é discreto, os profissionais que foram preteridos sentem-se injustiçados e impotentes à medida que deparam cada vez mais com concursos viciados.
O homem de meia-idade que estabelece uma relação de concubinato está destinado à desilusão. Quando a concubina deixa de precisar da influência do protector, ela “migra” em busca de novos desafios. Finalizada a relação, o homem de meia-idade despenha-se do alto das suas ilusões. O romance que imaginou não passava de uma miragem e só lhe resta a dura realidade: deixou-se usar voluntariamente. A sua auto-estima desce a níveis ainda mais baixos do que aqueles onde se encontrava antes de a protegida surgir na sua vida.
A protegida também não sai incólume da relação. Ainda que se sinta “por cima”, uma vez que controlou afectivamente o protector, há marcas psicológicas que permanecem quando o contacto íntimo não é acompanhado de envolvimento emocional. Ter relações sexuais sem gostar do parceiro é sempre uma experiência traumática e conduz à diminuição da auto-estima. Quer as prostitutas profissionais, quer as “amadoras”, têm sintomas relacionados com a degradação da auto-imagem: sentem-se sujas, vêm-se como um objecto, perdem a libido e, por vezes, passam por estados depressivos ou de apatia.
(continua)