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A bem da Nação

CARTA A HELENA ROSETA

 

 
2 de Novembro de 2008
 
Cara Helena Roseta,
 
Ouvi parte da sua entrevista televisiva, creio que na passada 5ª feira, e a minha assinatura (que não dei) foi solicitada para uma petição contra o aumento dos contentores no  cais de Alcântara. Há neste assunto  dois aspectos: o físico do alargamento da área do cais destinada aos contentores, e o político/financeiro, da obra ser, pelo menos em parte, paga pela Liscont, a troco do alargamento sem concurso público da duração  da sua actual concessão.
 
Com respeito ao primeiro, há que dizer que uma vasta área bem servida por caminho de ferro, que era usada para movimentação e  depósito de contentores,  foi urbanizada na sequência da EXPO 98.  Em consequência,  os contentores espalharam-se por Lisboa e pelos arredores, e hoje, o cais de Alcantara, nitidamente acanhado, é, na cidade, praticamente  a única zona onde podem estacionar e ser movimentados os contentores chegados e que vão ser embarcados.
 
A Administração do Porto de Lisboa e a Câmara sentiram-se, naturalmente, obrigados a resolver este problema que tende a agravar-se. A solução proposta foi a de aumentar, com  terrenos ganhos ao rio e com a demolição de alguns edifícios, a zona destinada aos contentores e de deslocar para Santa Apolónia os navios de cruzeiros.
 
Esta solução, que tem inconvenientes vários, é uma solução provisória porque, se não for tomada nenhuma outra,   dentro de alguns anos o cais de Alcântara estará  de novo saturado. Contra ela  manifestam-se desde já alguns cidadãos?. Mas o que é que propõem? Nada fazer?
 
Acontece que, no estuário do Tejo, há uma outra zona altamente propícia para a construção de um grande terminal portuário.  É a zona da Trafaria, onde já está instalado  um terminal para graneis cerealíferos, um dos dois maiores da Peninsula Ibérica, e que pode ser  facilmente ampliado para outras valências,  sobretudo se a obra for conjugada com o fecho da golada (ligação por terra ao Bugio) uma obra absolutamente necessária para proteger as praias da Caparica e garantir a boa  entrada da barra do Tejo.
 
 
 
Estes assuntos foram focados, no passado dia 30, num encontro que se realizou na Sociedade de Geografia de Lisboa sobre o Estuário  do Tejo.
 
 
O problema do terminal da Trafaria é não ter, neste momento, caminho de ferro. Dele saiem, diáriamente, 300 camiões com cereais. Mas, basta  uma linha com cêrca de 10 km para o ligar à  linha que passa na ponte  25 de Abril, com o que fica ligado a toda a rede ferroviária nacional e, depois, à rede europeia quando for feita a linha de bitola europeia do Poceirão a Badajoz.
 
É habitual analisar as   grandes obras públicas  do ponto de vista da relação custo/benefício. Convém, no entanto, considerar  a fracção inversa benefício/custo. Deste ponto de vista , olhando em primeiro lugar o benefício., temos que as  obras que mais  imediatamente nos podem trazer benefício são:
1- A  ligação do cais da Trafaria à  rede ferroviária existente.
2- O fecho da golada.
3- A ampliação do terminal portuário da Trafaria para outras valências.
 
Há  uma corrida contra o tempo. Se estas 3 obras forem decididas e construidas sem grandes demoras, o crescimento  do trafego de contentores no cais de Alcântara pode ser travado e mesmo significativamente diminuido. As obras de expansão da zona dos contentores feitas agora em nada impedem  que o cais mantenha, ou pelo menos venha a recuperar a sua função de cais turistico em frente do Museu de Arte Antiga.
 
Com respeito à questão político/financeira  do aumento do prazo da concessão sem concurso público, uma outra questão  preocupa-me muito mais. Foi o ter ouvido (não vi nada escrito)  que se prepara a privatização do terminal cerealífero da Trafaria. 
 
O que é que está, ou pode estar, em vias de privatização: as instalações actualmente existentes (que são as de um dos dois maiores terminais cerealíferos da Península Ibérica) ou a  possibilidade de construir, com custos relativamente diminutos, um dos melhores portos da Europa,  fundamental para o papel que Lisboa,  cidade portuária, pode vir a ter no futuro.
 
Peço-lhe que se interesse por este assunto.
 
Com as melhores saudações
 
 António Brotas

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