A nobreza brasileira
Segundo o Dr. António Sérgio, a um grupo diferenciado de indivíduos que gozava de prerrogativas e direitos superiores aos da maioria da população e que podia transmiti-los hereditária e legalmente, dava-se o nome de nobreza.
Com a evolução dos tempos as sociedades humanas organizaram-se em castas ou classes, de acordo com a diferenciação e importância que os homens tinham para o governo de uma comunidade ou nação.
A partir da idade média, na Europa, os reinos construídos à custa de lutas e conquistas premiavam os seus mais valorizados guerreiros com tenças, terras, domínios, posições administrativas e de comando, e passavam a chamar de nobres a esses destacados homens. Nos séculos seguintes, além da recompensa a actos heróicos, a Coroa passou a titular aqueles que se distinguiram no campo mercantil, financeiro, político, religioso e cultural,
quando promoviam o rei e o seu reino. Em remotas épocas, foi tamanha a sua importância que o poder da nobreza superou o do soberano. Matava-se e morria-se pela honra pessoal e pelo nome de família.
Nos meados do século XI a nobreza tomou na Península Ibérica, França e Alemanha os apelidos ( sobrenomes) das terras de origem, onde existiam seus domínios. E acrescentou-se a partícula de (Portugal), du (França), von (Alemanha), que persistiu até hoje nos nomes dos cidadãos comuns, indicativa do lugar de onde provinham.
A partir da promulgação da lei que elevou o Brasil a reino (Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves), a 16 de Dezembro de 1815, o país passou a ter luso-brasileiros com títulos de nobreza. Foi necessário criar-se uma corte especial, com “cara brasileira”. No inicio, em 1808, com D. João, transplantava-se os títulos de Portugal, mas com D. Pedro I e D. Pedro II, os brasões passaram a ter cores e motivos tropicais, da terra sul-americana.
Apareceram títulos nobiliárquicos novos, distribuídos à larga mano, onde as referências eram baseadas na força financeira e territorial, e na “cor” política do agraciado, além do tradicional mérito por trabalhos prestados à Coroa. Diferentemente da nobreza europeia que provinha do seio de família tradicional e aristocrática, onde as pessoas recebiam qualificação e tratamento diferenciados, por herança dos feitos gloriosos dos antepassados, no Brasil, ser nobre, era um estado temporário que desaparecia com a morte do agraciado.
Quando a república se instalou no país (15 de Novembro de 1889) um dos primeiros actos do novo governo foi acabar com os títulos de nobreza. A nobreza, diziam, fazia a Corte e como não havia mais a Corte, não havia o porquê de ela existir.
Uberaba, 05/08/08