Resgate cultural
Quando mantemos usos, costumes e valores, herdados dos nossos antepassados, através da repetição, dizemos que é uma tradição. Quando percebemos a fleuma saxónica, o fatalismo oriental, o fetichismo africano, o utilitarismo americano, a hospitalidade brasileira, estamos conferindo aspectos especiais à conduta de um povo que vai lhe imputar, de uma maneira geral, características culturais.
No Brasil, cada região tem uma marca registada, de acordo com a influência do povo que a colonizou. Em Santa Catarina , mais precisamente na região litorânea e na capital, Florianópolis, as tradições açorianas deitaram raízes tão fortes, que perduraram mais ou menos intactas, ao longo destes mais de dois séculos no sul do país, a ponto de que hoje o resgate dessa cultura, em certas ocasiões, tome caminho inverso. Como o caso da nossa prezada e graciosa amiga, professora, socióloga e escritora Lélia Pereira da Silva Nunes, catarinense de Tubarão, açoriano-descendente, personalidade de destaque no panorama cultural do estado de Santa Catarina que, com frequência, é convidada para encontros culturais em Portugal, em especial nos Açores, aonde dá testemunho das histórias e da cultura popular açoriano-catarinenese, através de palestras, livros e trabalhos editados.
Caminhos do Divino
No culto aos santos, em especial ao do Espírito Santo, nos costumes de fundar Irmandades e Associações, nos hábitos de fazer de procissões, no gosto pela musica de viola e festas populares de caráter quase sempre religioso, no apreço pelos folguedos, encontros e confraternizações, no prazer da mesa sempre farta, no respeito e amor incondicional à família, nos arraigados valores e julgamentos, no amor pelo seu rincão natal, o açoriano, nas terras catarinenses, viu renascer as antigas tradições do seu povo.
Maria Eduarda Fagundes
Uberaba, 13/07/08
Foto encontrada no livro Caminhos do Divino (de Lélia Pereira da Silva Nunes)