Qual é o dia de Portugal ?
Comemoram-se em Portugal diversas datas que, em teoria, deveriam ter como objetivo a reunião, alegre e vitoriosa, de todo o povo português.
Mas não é bem assim, com exceção do 10 de Junho, dia de Camões, da língua portuguesa, da «minha pátria como língua», da união, sim, com todos os povos que usam a mesma língua, os que pertencem à CPLP. É uma data que deve ser saudada com um espírito de grande fraternidade e agradecimento também, pelo que, cada um dos povos contribuiu para o enriquecimento desta nossa língua comum, como o caqui que veio das índias, à canga de Angola (mesmo que haja opiniões controversas) e milhares de outros vocábulos que de entrada as naus traziam no retorno e mais tarde chegaram até por avião, pelo éter, pelas novelas brasileiras!
E foi-se enriquecendo a língua!
Mas festejar o 5 de Outubro só porque se passou de monarquia a anarquia, ainda por cima tendo permitido aos carbonários que renegassem a bandeira tradicional... é coisa difícil de aceitar. Não que eu seja monárquico, mas jamais renego o passado.
Da mesma forma o 25 de Abril. Festejar o quê? Que mataram o Salazar, já morto? Que se entregou o país ao saque dos ineptos? Que só alguns anos depois é que começou a surgir um embrião de democracia, hoje conspurcada pelo contínuo saque dos governantes à parca res publica? Para manter viva a ilusão do partido comunista com uma grande festa de churrasco com alucinados e penduras? Festejar o 25 de Abril é coisa de covardes, dos que não se atrevem a dizer não ao status quo duma hipotética democracia que rói as entranhas e a cultura dum povo que devia orgulhar-se dos seus princípios!
Para aqueles para quem o acaso não existe e de acordo com algumas opiniões, Dom Afonso Henriques terá nascido em Coimbra ou Viseu, em 1109 e há quem afirme que foi no dia 25 de Julho. Aceitemos, este dia para continuar.
O que parece não haver dúvidas é que foi a 25 de Julho de 1139 que o príncipe Afonso derrotou cinco reis mouros na Batalha de Ourique, mesmo que ninguém se atreva a afirmar, com certeza, onde fica localizado o local do encontro.
Mas a data ficou-nos. E foi a partir daí que o príncipe Afonso entendeu declarar-se Rei.
Quem vence cinco reis tem o direito de se intitular rei. Dom Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal! O fundador da portugalidade.
Mandou que colocassem na nova bandeira os cinco escudos dos inimigos vencidos e dentro de cada um cinco besantes de prata para mostrar que, como rei, alcançara o direito a cunhar moeda.
Assim nasceu Portugal. Em 25 de Julho de 1109.
Data que se esquece ou ignora, quando seria a principal a ser festejada no país, em vez de fingirmos que somos republicanos, quando o povo gasta fortunas para comprar revistas de terceira categoria com fofocas de príncipes e princesas (!), ou que gostamos muito da revolução dos cravos, quando há cada vez mais gente a lamentar que não apareça outro Salazar para endireitar e moralizar o país (e que não fume dentro dos aviões!).
Ainda me lembro bem, teria eu talvez uns nove anos. À hora do almoço o meu pai entrou em casa e aos três filhos mais velhos - eu era o terceiro - deu, ao mais velho três moedas de 2$50, lindas, novinhas, resplandecendo, à minha irmã duas e a mim uma só! Acabadas de cunhar, em 1940. Foi no dia 25 de Julho.
Isso era consciência de Portugal.
Rio de Janeiro, 1 de Julho de 2008