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A bem da Nação

APELO DE UM MARXISTA A SARAMAGO

 

Há lógicas que não consigo entender.

 
 O traidor trai (quase sempre) por amor
(in CARAPAUSTALINE
http://carrapaustaline.blogspot.com/2007_04_01_archive.html)
 
 
 
Conheço um escritor de grande valor que se bate por várias causas, a nível mundial.
 
Não só luta contra os "males" do Mundo, numa época em que o Capitalismo Selvagem dita a sua lei sobre governos, povo e nações, como luta para que todos os povos tenham o direito de se governar como entenderem. Esteve até na Palestina, apelando à Independência desta em relação a Israel. Apoiou a independência de Timor. Apoia a ideia dum Curdistão independente.

Este homem apela a que deixem os povos decidir. Combate as elites iluminadas que manipulam a vontade desses mesmos povos. Nega-se a aceitar que haja povos mais ou menos inteligentes.

Este homem viu, desde 1989/1990, inúmeros povos reclamarem a sua independência e a sua constituição em Estados soberanos. Ainda recentemente, vimos o pequeno Montenegro proclamar a Independência.

O homem em questão cita o exemplo de países como a Eslovénia como capazes de ultrapassar Portugal, e sabe que a mesma se separou duma União maior chamada Jugoslávia.

Talvez tenha até ouvido o Primeiro-Ministro dinamarquês comparar Portugal e a Dinamarca e dizer que ambos são pequenos países com pouca população (e, nestes aspectos, Portugal é superior), com um vizinho poderoso, mas que fazem o possível por sobreviver e que, se a Dinamarca foi capaz de se tornar um dos países mais ricos do mundo, Portugal também o poderá fazer.

O nosso homem sabe que não se vislumbra, por essa Europa fora, nenhum movimento de retrocesso em relação a independências adquiridas há menos tempo que Portugal. Ninguém tem conhecimento de que a Holanda se queira reintegrar na Alemanha, ou a Bélgica, ou parte dela, na França.

Sabe e di-lo, que um dos problemas das elites em Portugal, ao longo dos séculos, é o seu desprezo pelo povo que as sustenta e a tentação da riqueza fácil "adquirida", se necessário, vendendo-se ao estrangeiro. Sabe que o próprio povo tem varrido essas elites.

Este homem é de Esquerda, Republicano, Laico, Anti-imperialista.

Este homem chama-se José Saramago, e recebeu um Prémio Nobel pelo que escreveu em Língua Portuguesa, enchendo de alegria muitos compatriotas.

Mas este homem não aplica ao seu País o que defende para o resto do Mundo. Acha que o povo de que é filho é menos inteligente que os demais. Acha que não tem o Direito à Independência. Como as elites que critica, acha os portugueses incapazes de se governarem sozinhos e acena ao estrangeiro... mesmo quando este é governado por uma Monarquia... que nasceu depois de uma guerra brutal que esmagou os seus companheiros ideológicos (ressalve-se que os actuais monarcas não tiveram a culpa!).
 
Pior, acha que "sem se encostar" a um "padrinho" poderoso, não pode subsistir, porque não tem sido capaz de se governar sozinho. E acha isto depois de 850 anos de independência... com os seus altos e baixos, naturalmente.... mas em que resistiu a tudo e todos.

Saramago, Saramago, meu caro Nobel: aplica ao teu povo o que desejas para os outros. Não cries, em quem adora tua Literatura, problemas de consciência. Por uma vez, copia um pouco a altivez da Espanha que admiras e aplica-a ao teu País. Contribui para a saída da crise, apelando ao amor-próprio de todos nós, em vez de agravares os nossos sintomas depressivos. Lembra-te do teu livro "Levantados do Chão".

Estremoz, Setembro de 2007
 
Carlos Eduardo da Cruz Luna
(leitor/apreciador da obra de Saramago)

 

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