DOMÍNIO INGLÊS DO BRASIL – 5
OS TRATADOS DE 1810
Final da parte 4: Junot deslocara-se de Bayonne com restos de uma tropa, um exército despreparado para a conquista de um reino, o de Portugal. Antes de encerrar o ano de 1808, o País foi libertado com a cooperação das forças inglesas mediante acordo que firmariam em 1810.
Parte 5: A CONQUISTA INGLESA
Strangford, seguiu a orientação de Canning e não deixou de insistir com o Gabinete de Lisboa sobre a urgência e a necessidade de ser aberto o Brasil à exploração comercial da Inglaterra. A entrega do mercado colonial era exigida como uma compensação pelo facto de que, com a invasão francesa, a Inglaterra teve de perder os bons negócios que vinha realizando com Portugal.
As directrizes da política inglesa sofriam mudanças significativas nessa época: já não interessava a conquista e a ocupação, traço fundamental da expansão do capital comercial que a Espanha e Portugal haviam desenvolvido. A fase era agora de capitalismo. A posse territorial deixara de ser essencial.
"As invasões do Rio da Prata constituíram para a Grã-Bretanha alguma coisa mais do que um episódio da tentativa de abertura da América do Sul ao comércio britânico. Em 1807 e 1808, expedições foram desejadas e outras foram planeadas contra Buenos Aires e contra o México, mas seus objectivos eram a emancipação e não a subjugação. Daí por diante a Grã-Bretanha não haveria de alimentar mais a ideia de qualquer conquista na América do Sul, embora, por outro lado, não lhe fosse possível tolerar a sua exclusão do comércio sul-americano. Seus verdadeiros interesses e seus reais desejos eram, de facto, comerciais e estratégicos e não imperialistas. Não era território o que a Grã-Bretanha procurava, mas comércio. Seus objectivos consistiam, então, em impedir que a América espanhola caísse – como a Espanha já estava prestes a cair – sob o domínio da França; em assegurar para si, no Novo Mundo, as riquezas de que tinha necessidade para sustentar a luta na Europa e em obter, quando pudesse, a abertura dos mercados sul-americanos." (R.A. Humphreys:Liberation of SouthAmerica, 1806- 1827, Oxford, 1952,p.12)
Claro que Humphreys ignora, ou simula ignorar, a categoria imperialismo, supondo que ela exige a ocupação territorial e importa em apossamento pela violência. Essa orientação era facilitada, quanto ao Brasil, colónia de Portugal, pelas relações tradicionais e pelos compromissos recentes entre a Metrópole e a Inglaterra. Tudo podia ser obtido por negociações, cujas bases estavam lançadas e ajudadas pelas circunstâncias, a de estar a Metrópole sob a ocupação francesa e não poder proporcionar lucros de comércio à Coroa, dela distante. O que restava, afinal, era conseguir estabelecer, em relação ao Brasil, aquelas relações de soberano e subalterno e exigir obediência a ser paga como preço da protecção a que o Ministro Strangford se referira, em sua correspondência com Canning, ainda em Lisboa.
Conquistada essa posição no Brasil, a Inglaterra faria base aqui e lançar-se-ia à conquista do mercado platino nas melhores condições e conforme as circunstâncias, utilizar Portugal e o Brasil para alcançar os seus desejos. A ideia do porto em Santa Catarina obedecia a esse objectivo.
Continua
Belo Horizonte, 19 de Maio de 2008