CRUZEIRO DO SUL
A família
Uma das causas da queda do Império Romano do Ocidente terá sido a bandalheira e abandono a que foi votada a célula base de qualquer sociedade, a família.
Passou a ser chique a homossexualidade, se sempre existiu, alcançou o status de ostentação mesmo no senado de Roma, a promiscuidade sexual entre homens e mulheres, casados e solteiros, o adultério pressupondo liberdade e o alicerce da sociedade ruiu.
E a queda do Império Romano, que tinha alcançado esplendores de organização, disciplina, ciência e filosofia, recebidos de gregos, egípcios, Palestina, mundo árabe ou extremo oriente, arrastou o chamado mundo ocidental para as trevas que duraram quase mil anos, permitindo que o Islão entretanto aparecesse e se expandisse vertiginosamente, com o domínio total e absoluto do homem sobre a mulher, que entre a maioria nada mais é do que um objeto de uso, se necessário, descartável.
O mundo ocidental evoluiu e a mulher se emancipou. Tão grande foi a ganância em se equiparar ao homem que este de repente se viu transfigurado de caçador em caça.
Não se vê hoje um filme que, além de carregado de violência e aparatosa ficção, não tenha cenas de sexo mais ou menos explícito e, o que é triste também, é ver garotinhas de 15 ou 17 anos a discutir o sexo como se estivessem a falar sobre o seu pseudo futuro de mães, educadoras, responsáveis, garantias de um lar saudável.
Desde sempre a história tem mostrado que grandes mudanças no comportamento das sociedades começam pela alteração da estabilidade das famílias.
Falar hoje em família, sobretudo nas classes que evoluíram financeiramente, parece até piada. Gastam-se fortunas para fazer um casamento aparatoso, exibir perante os amigos como se está bem de vida, para ao fim de pouco tempo cada um andar já com novo namorado, separação, divórcio e abandono dos filhos.
O filho dos outros é um estorvo. A mulher do vizinho ou do amigo é que desperta a libido, assim como o marido da amiga ou o colega de trabalho.
O único objetivo desta degradada sociedade é obter dinheiro a qualquer custo e trocar de parceiro sexual o máximo de vezes possível, para se mostrar que, ou é muito macho ou mulher independente!
Mais espaço ocupa na mídia o aquecimento global, a subida no nível dos oceanos, o buraco de ozono, do que a fome que atinge metade da população mundial, e menos ainda, ou nada, no desmoronar da sociedade.
Quem se preocupa com o outro se em casa o casal convive para compartilhar as despesas sem cogitar ou chegar a saber o que é uma família?
As verdadeiras, e não precisam ser grandes para isso, são quem mais se aflige com a miséria do mundo. A família, além da genética, são todos os outros que considera irmãos.
Não é necessário ser-se cristão. É só preciso que cada um compreenda o que é, em primeiro lugar o respeito por si próprio, e depois, ao mesmo tempo, o respeito pela família e pelos valores que ela representa.
No dia em que a mídia acabar de destruir a família... ela acaba também.
Virão, antes do aquecimento global e do derretimento dos gelos polares, o desentendimento generalizado.
Outra Babel, outras e maiores guerras.
Rio de Janeiro, 29 de Abril de 2008
Francisco Gomes de Amorim