CRÓNICAS DO BRASIL
O desenvolvimento negativo
Ultimamente tem-se falado muito no Brasil: a destruição da Amazônia, o teórico pagamento da dívida externa, a quase inesgotável capacidade de produção de alimentos e a liderança (?) no etanol. Também se comenta que por aqui morre mais gente assassinada do que no Iraque, mas a isso a imprensa mundial não liga muita importância porque já entrou no trivial.
Agora com esta crise mundial que, segundo os entendidos, fez desaparecer, como por encanto, talvez mais de 3 trilhões de dólares que circulavam (circulavam?) nos mercados financeiros, e com a infame especulação em torno do valor dos alimentos, o Brasil, com medo da inflação, voltou a aumentar os juros básicos, que regem ou deviam reger o desenvolvimento.
A diferença não foi muito grande, mas suficiente para mostrar que de economia, por aqui, quem sabe alguma coisa são as donas de casa que têm que se governar com o salário, magro, na maioria, que recebem, elas ou os maridos.
Não há dúvida que o povo tem comprado mais. Para ele o dinheiro não tem valor, e desde que possa pagar em prestações... está tudo bem.
Continuamos a ter a maior taxa real de juros do planeta veja o quadro abaixo e assim os especuladores preferem aplicar na ciranda financeira a investir na produção, e o governo, perdão, desgoverno, deixa crescer a dívida interna (e externa, mas camuflada na interna, porque da interna o povo nada entende, como... ) que já está muito perto do valor total do PIB nacional!
O big líder que tudo quanto fez até hoje, desde que assumiu o cargo maior, foi comprar um Airbus e viajar em permanente comício, a mentir descaradamente a um público babaca que não se dá conta de que não se investiu um centavo em infra-estruturas e que em NADA tem melhorado a educação.
Feliz e contente, afirma que a melhor coisa do mundo é ser presidente do Brasil, diz que telefona ao Bush e o trata por Ó meu fio, cai na tua e dêxa a gente, e acaba de criar a 27ª diretoria do Banco do Brasil para a preencher com mais uns quantos cargos de apaniguados.
Não se faz uma reforma de base, deixa-se o MST fazer a baderna que quiser, destruindo propriedades e assaltando edifícios públicos, permite-se que guerrilheiros das FARC dêem instrução subversiva a diversos grupos de falsa capa social, não se coadunam as despesas com as receitas, porque tudo isto custa em popularidade e o PT está louco para seguir por aqui o exemplo do paranóico Chavez para se perpetuar no governo.
Tem sido um bodo! A devastação dos dinheiros públicos é incomparavelmente mais danosa do que a da floresta amazônica.
Há dias a PF (Polícia Federal) descobriu uma ladroagem de 280 milhões de reais na Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas. Só nesse Estado. Com este dinheiro poderiam ter-se construído 10 ou 20.000 boas casas populares, dando muito trabalho a muita gente. E tudo vai ficar por isso mesmo sem que se condenem os vagabundos ladrões, nem que se os obrigue a devolverem o que roubaram.
Os bancos riem à toa. Mais ainda com a crise mundial que ainda aqui não chegou. Os seus lucros são fabulosos, ofensivos, imorais.
Mas com taxas como estas
- Ao comércio 102,82 % aa
- Cartão de crédito 228,17 %
- Cheque especial 145,46 %
- Crédito direto ao consumidor 43,41 %
- Empréstimo pessoal bancos 87,12 %
- Empréstimo financeiras 259,03 %
alguém acredita que o Brasil vai para a frente? Mesmo com a imensa capacidade de produção agrícola e com os preços absurdos dos produtos base?
Mas há que lembrar que a agricultura vive de créditos! E está mais endividada do que Jó na barriga da baleia!
Quando menos se esperar a bomba estoura. E não vai ser o Padim Ciço nem a Senhora da Aparecida que nos vão salvar.
Se os que detém o poder só querem salvar as suas bolsas... as almas que as carregue a barca de Caronte!
E nós?
Nós, quem?
Rio de Janeiro, 26 de Abril de 2008
Francisco Gomes de Amorim