DOMÍNIO INGLÊS NO BRASIL - 4
OS TRATADOS DE 1810
Final da parte 3: Estabelecido no Brasil o governo luso, a Inglaterra se comprometeria a não reconhecer como rei de Portugal outro príncipe que não fosse o herdeiro legítimo da casa de Bragança. As negociações seriam, então, iniciadas para a assinatura de um tratado de comércio e de assistência entre a Inglaterra e Portugal. Uma clausula adicional estipulava que, caso fossem fechados os portos lusos aos navios ingleses, seria estabelecido na ilha de Santa Catarina ou em qualquer outro ponto da costa brasileira um porto pelo qual as mercadorias inglesas transportadas por navios ingleses pudessem ser importadas pelo governo ou por comerciantes sujeitas às mesmas taxas que pagavam até aí nas alfândegas de Portugal. A localização
Parte 4: Tais concessões foram discutidas por Strangford em Lisboa, durante os preparativos da partida do Príncipe e da Família Real. Acerca das concessões na América, que o tratado secreto de Outubro previra, tinha dito o Ministro dos Estrangeiros, Antonio de Araújo de Azevedo, que, no caso de partir o Príncipe com a Família Real, todas as dúvidas desapareceriam. Não era este o parecer de Strangford, que na última hora, já embarcado o Regente, foi à nau Medusa, onde o Ministro se encontrava, fazer as exigências seguintes: abertura dos portos do Brasil ao comércio; cessão de um deles aos ingleses; tarifa especial nas alfândegas reduzidas para a Inglaterra. Mais ou menos o que a convenção secreta, além do prometido, implicava. Na falta do acordo o Almirante Sidney Smith não deixaria sair do Tejo a esquadra portuguesa.
Almirante Sir William Sidney Smith (1764-1840)
O Príncipe e a Família Real ficavam prisioneiros dos franceses. Portugal teve de ceder: “A posse do Brasil, de cuja riqueza dependia a metrópole era a preocupação maior da Coroa e dos seus Conselhos. Era preciso cuidar para preservá-lo ou nele procurar abrigo. Assim, a assinatura da convenção secreta de Londres havia estabelecido a base jurídica de que Canning tinha necessidade para impor a proteção britânica à ameaçada dinastia Bragança”. Como, apesar da convenção secreta, a Corte ainda hesitasse em partir, Canning instruiu Strangford e o Almirante Sidney Smith que obtivessem a decisão da partida.
Na manhã de 29 de novembro de 1808, sob escolta inglesa e em trinta e seis navios, a Corte portuguesa deixava o país. Strangford acompanhou a frota até a altura da Madeira de onde a 5 de Dezembro se dirigiu a Inglaterra para prestar contas das suas ações.
Na véspera, Junot deixara Sacavém com uma vanguarda de quatorze homens e um exército de mil e duzentos soldados, restos da tropa de mais de vinte e três mil com que se deslocara de Bayonne, cujas possibilidades de combate eram mínimas. Sem cavalaria, artilharia, munições, sapatos ou géneros alimentícios, cambaleando de cansaço, a tropa parecia mais a evacuação de um hospital do que um exército que marchava triunfalmente para a conquista de um reino. Antes de encerrar o ano de 1808, o país foi libertado com a cooperação das forças inglesas mediante acordo que firmariam em 1810.
(Continua)
Belo Horizonte, 26 de Abril de 2008
Therezinha B. Figueiredo