Fala e direi quem és
O grito (de E. Munch)
Dizem os fonoaudiologos que a voz com o auxilio de um computador mostra quase tudo sobre um individuo. O sexo, a idade aproximada, a saúde, o nível sócio-cultural, vislumbra até o aspecto físico, a personalidade e a nacionalidade!
Quando falamos emitimos sons e sinais que vêm do nosso interior, que mostram, para quem sabe ouvir, o que somos. Porém, como o nosso todo, a voz pode ser alterada pelo ambiente, pelo clima, pela idade, pelo estado emocional. As tensões, o cansaço físico e mental, as patologias das cordas vocais, orais, laríngeas e neurológicas, os traumas ou agressões aos aparelhos fonadores podem modificar a voz. Mas há uma característica que não muda, que é pessoal, intransferível, que atua como se fosse uma digital: o timbre vocal. É através dele que os investigadores e pesquisadores identificam pessoas e tiram conclusões.
Uma voz clara, de bom timbre, vem da passagem do ar por uma cartilagem laríngea de bom calibre, que provoca a vibração das cordas vocais saudáveis, que ecoa através de uma abóbada palatina perfeita onde a adequada colocação da língua e uma dentição completa permitem uma articulação verbal bem feita.
Segundo a fonoaudióloga Maria Carolina de Freitas, cada língua tem uma característica especial e específica de falar. A pronuncia do francês é cantada, do português é musical, do alemão é gutural, do italiano é intensa e melódica, do japonês é travada, como se estivesse zangado. As diferenças estão na maneira de articular as palavras, de respirar no meio das frases, de movimentar a boca, na anatomia dos órgãos fonadores, na tendência de copiar os modelos de casa. É a pronuncia que identifica um padrão de fala regional, mas, diferentemente do timbre, pode ser mudada com exercícios ou influência de outras culturas.
A comunicação verbal depende da saúde dos órgãos fonadores, da respiração, do equilíbrio emocional, do cabedal cultural e da capacidade de transmitir com clareza o pensamento, através de uma correta impostação da voz. Não grite, não fale demais, descanse, durma o suficiente, não fume, não beba líquidos muito quentes ou muito frios, cuide de suas cordas vocais!
Maria Eduarda Fagundes
Uberaba, 30/03/08