A doença do século XXI
"A criança doente"
Edvard Munch (1863-1944)
A projeção de uma vida mais longa para o homem, através da possibilidade de diagnósticos precoces de doenças e do acesso a novos e eficientes medicamentos, e as exigências crescentes da sociedade atual têm trazido situações de estresse que desencadeiam manifestações e sintomas de depressão, a quinta doença mais freqüente no mundo de hoje, segundo a OMS.
Por motivos discutíveis e não definitivos, como as alterações hormonais e o estilo vida mais desgastante, com duas a três jornadas de trabalho diário, a mulher é a vitima mais freqüente dessa patologia, na relação de duas mulheres para cada homem. Fatores de origem genética, hereditários e familiares, também são determinantes. Filhos de pais que sofrem distúrbios depressivos têm 30% mais chance de desenvolver a doença.
A antiga doença da alma, a depressão, é organicamente determinada pela baixa produção de dois neurotransmissores (substancias que propagam os estímulos nervosos cerebrais), a serotonina (promotora da motivação, energia e atenção) e a noradrenalina (influi no apetite e impulsividade) que juntas regulam o humor e as funções cognitivas. Clinicamente é caracterizada pela perda de interesse ou prazer em todas as atividades, pelo humor deprimido, por alterações do sono e do apetite, pela fadiga constante, pelo sentimento de impotência e inutilidade, pela diminuição da capacidade de pensar e de se concentrar, e até, em alguns casos, pelas tendências suicidas. É importante diferenciar esses sinais e sintomas de outras situações que têm uma causa definida, como a tristeza (luto, perdas, etc.), que é passageira, e outras patologias hormonais (tiroidianas) e drogas.
Como é uma doença que atinge principalmente o emocional da pessoa, muitas vezes é não adequadamente avaliada e tratada.
Os tratamentos modernos são cada vez mais eficazes. Combinação de apoios profissional e medicamentoso e até utilização do eletrochoque, procedimento agora mais seguro, acompanhado por computador e anestesista, indicado, por exemplo, em casos graves de pacientes gestantes ou lactantes que não podem receber medicações antidepressivas.
Houve época em que as pessoas depressivas eram até consideradas criativas, coisa duvidosa, pois é sabido que a maioria fica apática e improdutiva. Marilyn Monroe e a princesa Diana , a Lady Di, são exemplos de indivíduos famosos que tiveram durante a vida sinais de depressão.
Apesar das orientações profissionais e das medicações cada vez mais potentes e seguras, as tensões e solicitações do mundo moderno estão levando pessoas de todas as idades e sexos, níveis socioeconômicos, raças e culturas, a um aumento de casos de depressão, doença que atinge uma geração cada vez mais individualista, competitiva e sozinha.
Maria Eduarda Fagundes
Uberaba, 26/03/08