CRUZEIRO DO SUL
Rir ainda é um bom remédio
O Globo teve uma maneira original de proporcionar aos seus leitores um Novo Ano Alegre, contando as piadas que algumas insolências tiveram a (infeliz) oportunidade de proferir ao longo de 2007.
Daqui a dias faz um ano que o (des)governo anunciou um estrondoso PAC - Plano de Aceleração do Crescimento - que mereceu um comentário meu (PAC-PAC-PAC), desconfiando que tudo aquilo não ia além de uma mentira pegada, porque verba para o cumprimento do tal PAC não havia. Nem há. Até hoje.
Entretanto, sexa grande líder, num discurso às massas, defendendo o projecto, presidencialmente afirmou:
- Um prefeito constrói um PACzinho na sua cidade, e aí... um PACzinho aqui, um PACzinho ali, a gente vai resolver o problema de infra-estrutura!
Que beleza de programa de governo! Nos lugares mais pobres um prefeito constrói uma bica d'água e logo o abastecimento fica resolvido!
Resolver-se o problema de infra-estrutura deste país, do tamanho de um continente, com um Paczinho aqui e outro acolá! Grande visão!
Há poucos dias um bispo decidiu fazer greve de fome para lutar (inutilmente) contra a anunciada transposição do rio São Francisco, o maior rio totalmente brasileiro que, segundo o governo, irá abastecer povoações carentes, mas que parece se destina mesmo é ao agro-negócio, ao grande investimento, ao capital.
Sua insolência, o tal grande líder, ficou chateado com o bispo e, pela TV comentou:
- Eu sei o que é greve de fome. Dá uma fome danada!
Descobriu a pólvora! Como deve ter descoberto ao pronunciar, sempre enfaticamente, no Dia Internacional da Mulher:
- Sexo é uma coisa que quase toda a gente gosta e é uma necessidade orgânica!
Brilhante! Não se sabe se isto vem dos seus conhecimentos de biologia ou de... farras!
Numa colectiva com o seu famigerado colega George Bush:
- Estamos andando com muita solidez para acharmos o ponto G de um acordo!
Ninguém ficou sabendo de quem seria o tal ponto G, mas reuniões entre grandes líderes devem manter um certo secretismo para o mundo...
Como o 2008 está aí para ser mais um ano... igual aos outros todos que passaram e se esfumaram nos tempos, sexa um dia definiu, com uma clareza impressionante, qual a sua visão de estadista, de administrador, de um país:
- Em determinados cargos (...) a gente faz quanto pode, e se não pode a gente deixa como está para ver como é que fica!
É o que se tem visto! Grandes lições de filosofia política, orgânica, administrativa, como estas, só podem vir mesmo é de um grande...
Rimos agora, mas depois choramos, enquanto ficamos a aguardar o tal teimoso futuro que, com este tipo de liderança, não vai chegar nunca.
Rio de Janeiro, 1 de janeiro de 2008
Francisco Gomes de Amorim