A QUESTÃO DE OLIVENÇA
UMA VISÃO PORTUGUESA (2)
por Carlos Luna
Há responsáveis que dizem que Olivença não tinha importância nos tempos portugueses. Isto é uma falsidade histórica pois Olivença era a décima terceira cidade portuguesa no século XVI. Basta ver o Património Monumental Português em Olivença para se compreender que tal afirmação não pode ser verdadeira. E, como diz a História de Extremadura da Bibl. Pop. Extr. de 1993, "Em 1801, o território extremenho ver-se-ia repentinamente aumentado com a importante cidade de Olivença - então tão grande e povoada como Badajoz – conquistada a Portugal (...)". (trad. do espanhol).
Ouve-se também o argumento de que Olivença já tinha sido espanhola antes de ser portuguesa em definitivo em 1297. Ora, esta povoação e o seu termo (que incluía mais ou menos Táliga) tinham então pouca importância, como aliás outras povoações castelhanas e portuguesas, em virtude da indefinição de fronteiras. Só depois de 1297 as povoações então tornadas de vez portuguesas e castelhanas foram de facto verdadeiramente povoadas e organizadas.
Este argumento dá a entender que a anexação espanhola de 1801 foi uma "recuperação de território". Ora, e dentro da legalidade, a Olivença de então era totalmente diferente da de 1297, quando seria uma aldeia, talvez fortificada em tempos, com quiçá duzentos habitantes. Após quinhentos anos de vivência legal portuguesa, falar em recuperação é um contra-senso. Aliás, os apelidos oliventinos, mesmo nos nossos dias, são esmagadoramente portugueses... mesmo após a espanholização administrativa geral que sofreram.
Aprofundemos um pouco este aspecto.
Imaginemos que Portugal ocupava Valência de Alcântara, que foi sua antes de 1297 e que, apesar de por um qualquer tratado ter de a devolver a Espanha, mantinha a localidade sob o seu domínio dizendo que tinha sido portuguesa até 1297! Como toda a vida organizada de Valência, bem como o seu povoamento, foram leoneses/castelhanos/espanhóis, mesmo porque em 1297 houve troca de populações, este argumento pecaria por ridículo! Legalmente espanhola desde 1297, Valência de Alcântara não podia ser alvo de uma tal argumentação, por ser absurda!
Também se diz que Olivença foi fundada, não por Templários portugueses, mas sim por Templários leoneses (o mesmo se aplicando a Táliga). Aqui, de facto, há mais dúvidas que certezas. Um excelente livro ("Oliveza y el Tratado de Alcañices", de Manuel Martínez Martínez, Ayuntamiento de Olivenza, 1997) equaciona as origens possíveis dos Templários que fundaram Olivença e Táliga, e, em minha opinião, conclui que, mais do que portugueses ou leoneses, eram mais simplesmente Templários, fazendo um pouco o seu próprio e quase exclusivo jogo. Contudo, após alguns problemas em Castela-Leão, os Templários começaram a ser vistos como servindo os interesses dos Reis de Portugal. Afastados da região oliventina, terão influenciado o Rei Português (D. Dinis) a incluir o território dentro das fronteiras lusas já que tinham sido eles os seus primitivos "reconquistadores" aos muçulmanos. Uma vingança.
Templário português, templário espanhol ou apenas templário?