TENTO NA LÍNGUA
Ou
A SEMÂNTICA DOS CONCEITOS
- Os turcos são mandriões;
- Os espanhóis andam na rua de «traje de luces y montera»;
- Os portugueses vestem-se como campinos.
CHEGA DE DISPARATES, HAJA TENTO NA LÍNGUA!
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O moderno discurso político é sobretudo dogmático, raramente lacónico e quase nunca axiomático; Aristóteles votado ao ostracismo, convicção formulada por decibéis. Não há debates, mas sim discussões em tons irados e dando a entender que os outros são mentecaptos, corruptos, indignos. Assim, nada de bom virá ao mundo.
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A discussão ora em curso no Parlamento Português sobre a liberdade de expressão devia ter sido antecedida por uma tentativa de harmonização semântica de conceitos para que, no espectáculo televisivo no Plenário, uns não falem nos alhos e os outros nos bugalhos induzindo a confusão nos eleitores incautos. A menos que o façam propositadamente, o que poderá denotar má fé. Mas como isto não é crível, mais vale o esforço da harmonia dos significados e dos conceitos.
Por exemplo quando um comunista se refere a democracia (o Dr. Cunhal referia-se amiúde a «um Estado verdadeiramente democrático»), significa o despojamento das pessoas relativamente à propriedade privada até que, aniquilada a individualidade, a mole humana fique pronta para servir o Estado. Não vou perder tempo a descrever o que nos separa: tudo.
Uma vez clarificada a Semântica, que se passe à análise do «politicamente correcto» cuja estreita ligação ao bem-comum, deve proporcionar a busca de uma plataforma tão ampla quanto possível de modo a que se criem áreas de entendimento. E uma dessas áreas que seja a da liberdade de expressão.
Se não houver um esforço neste sentido, preparemo-nos para a berraria dos megafones propalando dogmas e outros conceitos inexplicáveis.
Actualmente, o policamente correcto Europeu consiste na tolerância dos intolerantes que militam na destruição dos Valores europeus, nomeadamente os históricos e… mais não digo.
Maio de 2024
Henrique Salles da Fonseca