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A bem da Nação

DA LEI UNIVERSAL

 

Correcto, o que está associado ao bem; incorrecto, o que está associado ao mal.

«imperativo categórico» - “Que cada uma das tuas accões faça lei universal” assim falava Immanuel Kant significando que cada uma das nossas acções possa ser ubíqua e intemporalmente considerada correcta.

Resta saber se o bem e o mal são valores absolutos, ubíquos e intemporais.

Diz-se que «com o mal dos outros podemos nós bem» porque, muitas vezes, o mal dos outros é o nosso bem. E vice-versa.  Isto acontece na dimensão internacional (o bom para o invasor é o mau para o invadido), na dimensão social (a necessidade de concertação institucional para obstar à luta de classes instigada por quem gere o conflito como arma polìtica), no desporto e nos tribunais (a vitória de uns é a derrota dos outros).

Ou seja, o bem e o mal são conceitos subjectivos com a agravante de a maior parte das pessoas nunca ter ouvido sequer falar de Kant, da ética do dever e muito menos do imperativo categórico.

Eis algumas das razões por que urge o nosso Legislador não continuar a deixar o bem e o mal em grande turbilhão e que regulamente o «lobby» que entre nós se encontra ainda em estado quase selvagem.

«Mudam-se os tempos, mudam- se as vontades», mas convém «que os teus actos façam lei universal».

Março de 2024

Henrique Salles da Fonseca

DETERGÊNCIAS

ou

O NOSSO CAVALO DE TRÓIA

 

Todos sabemos como as condições do trabalho se pareciam com a escravatura no dealbar da revolução industrial e todos sabemos também como foi árdua a caminhada até ao formidável nível médio de conforto a que chegámos na Europa Ocidental a partir dos finais da II Guerra Mundial.

A penosa caminhada que nos trouxe da servidão inglória ao bem-estar foi semeada por protestos, negociações, ameaças e cedências nem sempre pacíficas mas globalmente proveitosas para o bem comum em regime de liberdade, igualdade e fraternidade - «tout va bien quando fini bien».

De um modo genérico, os confrontos ocorreram entre um «establishment» burguês, conservador, liberal e de inspiração cristã e uma «frente popular» vendedora do serviço laboral para alimentar a prole, reivindicativa por instigação de manipuladores anti-burgueses, anti-liberais, anti-cristãos, em suma, anti-Europa: o mando do «tovarishtsh» («camarada» em russo).

«Trabalhado» pelas «manitas de plata» de pragmáticos como Stalin e Lenin, os teóricos da revolução Marx e Engels obrigaram-nos (aos burgueses de inspiração cristã) a pensar e a defendermo-nos.  Assim nasceram o desenvolvimento económico, o bem-estar global e a NATO para defesa contra o imperialismo russófilo de génese marxista.

 

À luta de classes marxista, nós contrapusemos a concertação social; à ditadura do proletariado respondemos com a democracia pluripartidária; à revolução constante contrapomos o Estado de Direito; o marxismo proíbe as religiões e nós temos liberdade religiosa; à diabolização do lucro respondemos com incentivo à poupança; a rigidez monolítica nós contrapomos estruturas que se adaptam às novas ocorrências; os regimes ocidentais adaptam-se enquanto os regimes rígidos colapsam ao primeiro safanão.

Com tantas diferenças, colhe perguntar como se justificam esses encontros que por aí se realizam intitulados de «Diálogos entre o cristianismo e o marxismo». Creio que a resposta passa pela lavagem do marxismo aos olhos inocentes ocidentais.

O «politicamente correcto» - a transigência relativamente aos intransigentes – é o «cavalo de Tróia» que nos pode derrubar.

Ainda vamos ouvir falar do «diálogo» inter-religioso com o Islão… E a pergunta será sobre quem quererá enganar quem.

E não é necessário sermos violentos com ninguém, basta «não darmos cavalaria».

 

Março de 2024

Henrique Salles da Fonseca

IN ILLO TEMPORE

 

Corria Março de 1974 quando vim a Lisboa em representação do Governo Geral de Moçambique para lançar a ideia à LISNAVE da construção dos grandes estaleiros navais de Lourenço Marques.

Concluída a missão, ficou a ideia a amadurecer por cá e eu regressei a Moçambique. Rodas da TAP no ar um pouco antes da meia-noite do dia 15 de Março e chegada a Luanda pelas 8 da manhã. Vôo impecável como é timbre dos nossos, mas achei curioso que ao fundo das escadas estivesse na placa o General Luz Cunha, então Comandante Chefe das Forças Armadas em Angola. Mas logo percebi que tanta honra não era a mim dirigida por aquele ilustre meu consócio na Sociedade Hípica Portuguesa, mas sim ao meu companheiro de viagem, o então Arcebispo de Luanda, D. Alexandre do Nascimento. Como imaginei, não era aquele o local nem a circunstância apropriada para o General pedir ao Arcebispo que o ouvisse em confissão e, logo de seguida, fui também eu contemplado com a informação de que, durante o nosso vôo houvera uma tentativa de golpe militar a partir das Caldas da Rainha. Que eu, chegando a Lourenço Marques, me dirigisse com urgência ao Governo Geral para comunicar a ocorrência. Por acaso, estava no aeroporto um conhecido meu que era pessoa da maior confiança do Governador Geral. Transmiti-lhe a informação e senti-me desobrigado da urgência. Já civil, mantinha relações de amizade com altas patentes militares pelo que também as informei da ocorrência. A partir daqui, «liguei à terra» e  voltei aos meus dossiers profanos, não classificados.

Os assuntos que cabiam nos meus dossiers eram mesmo profanos e foi a eles que me dediquei durante mais uns dias até que tudo foi perdido no Largo do Carmo, em Lisboa, no dia 25 de Abril desse mesmo ano.   Perdeu-se «só» o que segue:

  • Televisão (já a cores) para servir sobretudo de telescola – ficou no papel apesar de os concursos públicos para o equipamento estarem prontos para lançamento;
  • Relançamento do porto fluvial de Quelimane com fixação da barra do Rio dos Bons Sinais – ficou no papel apesar do projecto de engenharia já estar em curso;
  • Transformação em empresa dos estaleiros navais da Beira – ficou no papel;
  • Identificação de mais 40 locais a desmatar para servirem de pistas aos médicos voadores – ficou no papel.

E em meados de Julho meti-me no «Infante D. Henrique» e fiz um cruzeiro até Lisboa, a minha terra.

Foi assim no illo tempore de há cinquenta anos.

 

Março de 2024

Henrique Salles da Fonseca

RELATIVISMO

»

«O tempo é mais importante do que o espaço» pois este é físico e o tempo, guardião da memória, é metafisico.

(por inspiração na frase assinalada do Papa Francisco)

 

Março de 2024

Henrique Salles da Fonseca

PEDINDO DE VAGAR

 

Ou

 

SURDEZ E ALZHEIMER

 

  • Fé – sobrenatural dogmático. o inexplicável em que se acredita sem necessidade de explicação;
  • Moral – conjunto de regras que, ao nível dos princípios, distingue o bem do mal;
  • Ética – conjunto de regras que, ao nível dos factos, distingue os bons dos maus procedimentos.

* * *

Moral e Ética constituem Códigos de conduta social e, daí, dever serem divulgados, mas a Fé constitui o cerne da intimidade pelo que exige pudor. Divulgar a fé passa pelo desbragamento da intimidade e, quando isso se faz na pluralidade pública e repetidamente, parece haver «teu dependência» e apetece chamar  à atenção desses crédulos para o facto de serem escusados tantos pedidos pois Deus não é surdo nem sofre de Alzheimer.

Março de 2024

Henrique Salles da Fonseca

DO ORIGINAL E DO NORMAL

 

Sejamos normais, não queiramos dar nas vistas pela originalidade.

Abordar temas normais por vias originais, só pela originalidade, com muita probabilidade, produzirá resultados anómalos, possivelmente incontroláveis e incómodos.

 E mais vale também abordar temas originais por vias normais, verificarmos a plausibilidade do   resultado e deixarmos o «pó» assentar até que novas abordagens se revelem tempestivas e não tempestuosas. Entretanto, depois de amadurecido, o tema deixa de ser original e passa, então e só então, a merecer, sob muitas cautelas, abordagens originais.

Vem ao caso lembrar Karl Popper e a sua esquematização do método científico: observação > experiência > observação >experiência … até se encontrar a verdade que é um ponto no infinito.

Não será pelo desprezo da normalidade que se alcançará a verdade, apenas se incorrerá no caos.

Sejamos, pois, normais e deixemo-nos de originalidades potencialmente caóticas. A História que o diga relativamente ao determinismo histórico marxista.

 

Março de 2024

Henrique Salles da Fonseca

 

PENSAMENTO RÁPIDO

 

Politicamente correcto

PERGUNTA – O que é o «politicamente correcto»?

RESPOSTA – É a sacralização dos «direitos, liberdade e garantias», ser tolerante com os intolerantes, é ter o consequente caos como uma fatalidade inultrapassável.

* * *

Olhemos para França e para os intolerantes portugueses a passarem de um extremo ao outro no dia 10 de Março de 2024 voando sobre a nossa tranquila tolerância.

CONCLUSÃO - Não demos a outra face à mão agressora e defendamo-nos de quem nos quer destruir.

 

Março de 2024

Henrique Salles da Fonseca

DA GULA E DA LÓGICA POÉTICA

Pedir ao poeta que cumpra rigorosamente as regras gramaticais e os ditames da lógica é o mesmo que exigir aos arquitetos e engenheiros que metam o Rossio na Betesga mas, na verdade, todos nós, os prosaicos, compreendemos essas liberdades poéticas.

Vai daí, a minha amiga Eli O (em sotaque britânico), querendo elogiar-me (o que senti e agradeci), disse, citando Manuel Gusmão, poeta meu desconhecido, que eu tenho «a esperança que não espera».  Gostei mas fiquei a pensar…

… e pensei que a esperança é o sentimento de quem acredita na concretização de algo subjectivamente positivo no futuro, ou seja, de algo que só o tempo trará.  E como o homem ainda não consegue manipular essa quarta dimensão, o tempo, não esperar pela esperança só pode resultar no seu contrário, o desespero. Mas, para além deste  ambiente cartesiano, há outras dimensões em que a expressão pode tropeçar.

 

Assim, na perspectiva política, não dar tempo de amadurecimento à esperança significa precipitar os acontecimentos, ou seja, fazer a revolução. E o Estado revolucionário, o oposto ao Estado de Direito, cede sempre à vontade do «caudillo» da revolução, ao seu improviso ou capricho. Eis o fascismo na sua plenitude.

Num registo menos doutrinário, o da culinária, à «esperança que não espera» chama-se gula.

 

Março de 2024

Henrique Salles da Fonseca

O LEILÃO DAS BENESSES

Ou

A FEIRA DAS MENTIRAS

 

Alguém disse um dia que «nunca se mente tanto como antes de umas eleições, durante uma guerra e depois de uma caçada ou pescaria».

Todos os adultos que me leiam têm suficiente experiência de vida para reconhecerem a frase anterior como axiomática.

No leilão das benesses, o refrão unânime é «a mudança» - mesmo para os que são os sucessores do Partido no Poder. No mínimo, é deselegante para com os «camaradas» demissionários. E logo «cheira» a mentira pois não é crível que um Partido mude de doutrina (e respectivas políticas só para justificar o slogan da mudança.

Quanto aos outros Partidos, os que têm estado nas Oposições, os discursos de mudança têm todo o cabimento, mas não resistem à mentira logo que começam a prometer mundos e fundos - o leilão das benesses. E tanto mais alto licitam quanto mais longe se sentem do Poder e da impossibilidade do cumprimento das promessas; a moderação é para os vencedores.

E queira o Altíssimo que as promessas se encaixem nos respectivos programas eleitorais não vá acontecer que algum programa minimalista chegue para justificar toda a demagogia propalada em gritaria tão ao gosto popular.

O protesto não chega para suprir a falta de um Programa verdadeiramente alternativo, plausível e inovador.

 

Março de 2024

Henrique Salles da Fonseca

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