Correcto, o que está associado ao bem; incorrecto, o que está associado ao mal.
«imperativo categórico» - “Que cada uma das tuas accões faça lei universal” assim falava Immanuel Kant significando que cada uma das nossas acções possa ser ubíqua e intemporalmente considerada correcta.
Resta saber se o bem e o mal são valores absolutos, ubíquos e intemporais.
Diz-se que «com o mal dos outros podemos nós bem» porque, muitas vezes, o mal dos outros é o nosso bem. E vice-versa. Isto acontece na dimensão internacional (o bom para o invasor é o mau para o invadido), na dimensão social (a necessidade de concertação institucional para obstar à luta de classes instigada por quem gere o conflito como arma polìtica), no desporto e nos tribunais (a vitória de uns é a derrota dos outros).
Ou seja, o bem e o mal são conceitos subjectivos com a agravante de a maior parte das pessoas nunca ter ouvido sequer falar de Kant, da ética do dever e muito menos do imperativo categórico.
Eis algumas das razões por que urge o nosso Legislador não continuar a deixar o bem e o mal em grande turbilhão e que regulamente o «lobby» que entre nós se encontra ainda em estado quase selvagem.
«Mudam-se os tempos, mudam- se as vontades», mas convém «que os teus actos façam lei universal».
Todos sabemos como as condições do trabalho se pareciam com a escravatura no dealbar da revolução industrial e todos sabemos também como foi árdua a caminhada até ao formidável nível médio de conforto a que chegámos na Europa Ocidental a partir dos finais da II Guerra Mundial.
A penosa caminhada que nos trouxe da servidão inglória ao bem-estar foi semeada por protestos, negociações, ameaças e cedências nem sempre pacíficas mas globalmente proveitosas para o bem comum em regime de liberdade, igualdade e fraternidade - «tout va bien quando fini bien».
De um modo genérico, os confrontos ocorreram entre um «establishment» burguês, conservador, liberal e de inspiração cristã e uma «frente popular» vendedora do serviço laboral para alimentar a prole, reivindicativa por instigação de manipuladores anti-burgueses, anti-liberais, anti-cristãos, em suma, anti-Europa: o mando do «tovarishtsh» («camarada» em russo).
«Trabalhado» pelas «manitas de plata» de pragmáticos como Stalin e Lenin, os teóricos da revolução Marx e Engels obrigaram-nos (aos burgueses de inspiração cristã) a pensar e a defendermo-nos. Assim nasceram o desenvolvimento económico, o bem-estar global e a NATO para defesa contra o imperialismo russófilo de génese marxista.
À luta de classes marxista, nós contrapusemos a concertação social; à ditadura do proletariado respondemos com a democracia pluripartidária; à revolução constante contrapomos o Estado de Direito; o marxismo proíbe as religiões e nós temos liberdade religiosa; à diabolização do lucro respondemos com incentivo à poupança; a rigidez monolítica nós contrapomos estruturas que se adaptam às novas ocorrências; os regimes ocidentais adaptam-se enquanto os regimes rígidos colapsam ao primeiro safanão.
Com tantas diferenças, colhe perguntar como se justificam esses encontros que por aí se realizam intitulados de «Diálogos entre o cristianismo e o marxismo». Creio que a resposta passa pela lavagem do marxismo aos olhos inocentes ocidentais.
O «politicamente correcto» - a transigência relativamente aos intransigentes – é o «cavalo de Tróia» que nos pode derrubar.
Ainda vamos ouvir falar do «diálogo» inter-religioso com o Islão… E a pergunta será sobre quem quererá enganar quem.
E não é necessário sermos violentos com ninguém, basta «não darmos cavalaria».
Corria Março de 1974 quando vim a Lisboa em representação do Governo Geral de Moçambique para lançar a ideia à LISNAVE da construção dos grandes estaleiros navais de Lourenço Marques.
Concluída a missão, ficou a ideia a amadurecer por cá e eu regressei a Moçambique. Rodas da TAP no ar um pouco antes da meia-noite do dia 15 de Março e chegada a Luanda pelas 8 da manhã. Vôo impecável como é timbre dos nossos, mas achei curioso que ao fundo das escadas estivesse na placa o General Luz Cunha, então Comandante Chefe das Forças Armadas em Angola. Mas logo percebi que tanta honra não era a mim dirigida por aquele ilustre meu consócio na Sociedade Hípica Portuguesa, mas sim ao meu companheiro de viagem, o então Arcebispo de Luanda, D. Alexandre do Nascimento. Como imaginei, não era aquele o local nem a circunstância apropriada para o General pedir ao Arcebispo que o ouvisse em confissão e, logo de seguida, fui também eu contemplado com a informação de que, durante o nosso vôo houvera uma tentativa de golpe militar a partir das Caldas da Rainha. Que eu, chegando a Lourenço Marques, me dirigisse com urgência ao Governo Geral para comunicar a ocorrência. Por acaso, estava no aeroporto um conhecido meu que era pessoa da maior confiança do Governador Geral. Transmiti-lhe a informação e senti-me desobrigado da urgência. Já civil, mantinha relações de amizade com altas patentes militares pelo que também as informei da ocorrência. A partir daqui, «liguei à terra» e voltei aos meus dossiers profanos, não classificados.
Os assuntos que cabiam nos meus dossiers eram mesmo profanos e foi a eles que me dediquei durante mais uns dias até que tudo foi perdido no Largo do Carmo, em Lisboa, no dia 25 de Abril desse mesmo ano. Perdeu-se «só» o que segue:
Televisão (já a cores) para servir sobretudo de telescola – ficou no papel apesar de os concursos públicos para o equipamento estarem prontos para lançamento;
Relançamento do porto fluvial de Quelimane com fixação da barra do Rio dos Bons Sinais – ficou no papel apesar do projecto de engenharia já estar em curso;
Transformação em empresa dos estaleiros navais da Beira – ficou no papel;
Identificação de mais 40 locais a desmatar para servirem de pistas aos médicos voadores – ficou no papel.
E em meados de Julho meti-me no «Infante D. Henrique» e fiz um cruzeiro até Lisboa, a minha terra.
Fé – sobrenatural dogmático. o inexplicável em que se acredita sem necessidade de explicação;
Moral – conjunto de regras que, ao nível dos princípios, distingue o bem do mal;
Ética – conjunto de regras que, ao nível dos factos, distingue os bons dos maus procedimentos.
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Moral e Ética constituem Códigos de conduta social e, daí, dever serem divulgados, mas a Fé constitui o cerne da intimidade pelo que exige pudor. Divulgar a fé passa pelo desbragamento da intimidade e, quando isso se faz na pluralidade pública e repetidamente, parece haver «teu dependência» e apetece chamar à atenção desses crédulos para o facto de serem escusados tantos pedidos pois Deus não é surdo nem sofre de Alzheimer.
Sejamos normais, não queiramos dar nas vistas pela originalidade.
Abordar temas normais por vias originais, só pela originalidade, com muita probabilidade, produzirá resultados anómalos, possivelmente incontroláveis e incómodos.
E mais vale também abordar temas originais por vias normais, verificarmos a plausibilidade do resultado e deixarmos o «pó» assentar até que novas abordagens se revelem tempestivas e não tempestuosas. Entretanto, depois de amadurecido, o tema deixa de ser original e passa, então e só então, a merecer, sob muitas cautelas, abordagens originais.
Vem ao caso lembrar Karl Popper e a sua esquematização do método científico: observação > experiência > observação >experiência … até se encontrar a verdade que é um ponto no infinito.
Não será pelo desprezo da normalidade que se alcançará a verdade, apenas se incorrerá no caos.
Sejamos, pois, normais e deixemo-nos de originalidades potencialmente caóticas. A História que o diga relativamente ao determinismo histórico marxista.
RESPOSTA – É a sacralização dos «direitos, liberdade e garantias», ser tolerante com os intolerantes, é ter o consequente caos como uma fatalidade inultrapassável.
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Olhemos para França e para os intolerantes portugueses a passarem de um extremo ao outro no dia 10 de Março de 2024 voando sobre a nossa tranquila tolerância.
CONCLUSÃO - Não demos a outra face à mão agressora e defendamo-nos de quem nos quer destruir.
Pedir ao poeta que cumpra rigorosamente as regras gramaticais e os ditames da lógica é o mesmo que exigir aos arquitetos e engenheiros que metam o Rossio na Betesga mas, na verdade, todos nós, os prosaicos, compreendemos essas liberdades poéticas.
Vai daí, a minha amiga Eli O (em sotaque britânico), querendo elogiar-me (o que senti e agradeci), disse, citando Manuel Gusmão, poeta meu desconhecido, que eu tenho «a esperança que não espera». Gostei mas fiquei a pensar…
… e pensei que a esperança é o sentimento de quem acredita na concretização de algo subjectivamente positivo no futuro, ou seja, de algo que só o tempo trará. E como o homem ainda não consegue manipular essa quarta dimensão, o tempo, não esperar pela esperança só pode resultar no seu contrário, o desespero. Mas, para além deste ambiente cartesiano, há outras dimensões em que a expressão pode tropeçar.
Assim, na perspectiva política, não dar tempo de amadurecimento à esperança significa precipitar os acontecimentos, ou seja, fazer a revolução. E o Estado revolucionário, o oposto ao Estado de Direito, cede sempre à vontade do «caudillo» da revolução, ao seu improviso ou capricho. Eis o fascismo na sua plenitude.
Num registo menos doutrinário, o da culinária, à «esperança que não espera» chama-se gula.
Alguém disse um dia que «nunca se mente tanto como antes de umas eleições, durante uma guerra e depois de uma caçada ou pescaria».
Todos os adultos que me leiam têm suficiente experiência de vida para reconhecerem a frase anterior como axiomática.
No leilão das benesses, o refrão unânime é «a mudança» - mesmo para os que são os sucessores do Partido no Poder. No mínimo, é deselegante para com os «camaradas» demissionários. E logo «cheira» a mentira pois não é crível que um Partido mude de doutrina (e respectivas políticas só para justificar o slogan da mudança.
Quanto aos outros Partidos, os que têm estado nas Oposições, os discursos de mudança têm todo o cabimento, mas não resistem à mentira logo que começam a prometer mundos e fundos - o leilão das benesses. E tanto mais alto licitam quanto mais longe se sentem do Poder e da impossibilidade do cumprimento das promessas; a moderação é para os vencedores.
E queira o Altíssimo que as promessas se encaixem nos respectivos programas eleitorais não vá acontecer que algum programa minimalista chegue para justificar toda a demagogia propalada em gritaria tão ao gosto popular.
O protesto não chega para suprir a falta de um Programa verdadeiramente alternativo, plausível e inovador.