Chama o noso povo de cambão ao acordo particular (tendencialmente secreto) de preços entre os agentes económicos do mesmo lado do mercado (da Procura ou da Oferta) de modo a anularem a concorrência entre eles e atirarem o risco para o outro lado do mercado.
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Este tipo de actuação concertada só é possível em oligopsónios («não compramos acima do preço X») e do oligopólio («não vendemos abaixo do preço Y»), ou seja, em situações nominativamente identificadas, tudo ao arrepio da transparência dos mercados.
Um mercado é transparente quando a Oferta e a Procura nele se encontram em total liberdade e anonimato donde resultam preços publicamente conhecidos.
Face ao que se deve concluir que em Portugal não há mercados transparentes uma vez que o grande comércio de retalho constitui um poderoso oligopsónio que se impõe facilmente a uma miríade de potenciais fornecedores, sempre sob a ameaça da alternativa da importação que ninguém investiga se por ali anda algum dumping à mistura.
Não contentes com esta prática generalizada do esmagamento dos preços à produção, o cenário ainda é «enfeitado» com a produção cerealífera nacional (~5% do nosso consumo de cereais) a ser cotado em conformidade com a… Bolsa de Chicago! Mais ainda, o décor do cenário vai ao cúmulo do absurdo com as Lotas a cotarem o pescado em leilão descendente - o campo mais fértil para o cambão da Procura.
Aqui chegados, dá para perguntar como é que em Portugal ainda há quem se arrisque a semear uma batata e a pescar um carapau. É que, se o cambão existe como hábito pernicioso (vício) do mercado, não faz qualquer sentido que seja o próprio Estado a fomentá-lo como no caso das Lotas ou a permiti-lo com passividade como no caso do grande retalho. E se a este cenário tão adverso à produção juntarmos a ideia caótica de que o Consumo é o motor do desenvolvimento, dificilmente se compreende que haja – nomeadamente na classe política –quem se espante com a dimensão astronómica da dívida externa privada, com a exaustão do crédito externo do nosso sistema bancário e com a passagem deste para o controlo estrangeiro.
E, contudo, é relativamente fácil resolver o problema: basta promover a distribuição equitativa do risco entre a Oferta e a Procura (actualmente e desde há algumas décadas, o risco incide maioritariamente sobre a Oferta).
Falta apenas nomear alguém que lidere um Ministério da Agricultura e Pescas que não seja apenas uma caixa distribuidora de subsídios. E que isto aconteça no novo ano.
Votos de feliz 2024 para todos e em especial para quem pertença à Oferta portuguesa.
30 de Dezembro de 2023
AGRICULTURA E PESCAS
LINHAS DE ACTUAÇÃO
LINHA EUROPEIA – Execução da Política Agrícola Comum (PAC) e da Política Comum das Pescas (PCP);
LINHA DOS PREÇOS - Assegurar a transparência dos mercados;
LINHA HÍDRICA - Obtenção da independência hídrica nacional;
LINHA PROFISSIONALIZANTE– Ampliação/criação da rede escolar profissionalizante equivalente ao 12º ano de escolaridade, (acção mista com o Ministério da Educação) Escolas Práticas de Agricultura e E.P do Mar.
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NOTAS EXPLICATIVAS
Relativamente à segunda linha, constituição da «Bolsa de Mercadorias» onde se realizem transacções sobre produtos reais (à vista) e sobre futuros (produtos virtuais que, chegando a oferta e a procura a acordo de preço, serão produzidos e entregues em prazo certo).
Na terceira linha, trata-se de dotar cada bacia hidrográfica (em especial as da metade sul do nosso território continental) de central dessalinizadora (evaporação forçada por recurso exclusivo a energias renováveis – solar e eólica).
Na quarta linha (mista com o Ministério da Educação) combate ao abandono escolar precoce. Trata-se de promover as vias profissionalizantes.
Já passaram alguns anos desde que visitei a Basílica da Natividade e recordo o ambiente sombrio da nave central do templo. Por contraste, a zona onde se localiza a gruta mais sagrada do Cristianismo encontra-se profusamente iluminada por uma miríade de luzes, luzinhas e luzernas que encandeiam quem ali chega. A decoração, ao estilo ortodoxo grego, parece-me «kitsch» e pouco solene. Mas será mesmo que «gostos não se discutem»?
Foi ali que me lembrei da pergunta que uns anos antes, um amigo meu, jesuíta, me colocara sobre se eu sabia quem era a companhia de Jesus. Atabalhoadamente, balbuciei algumas banalidades pseudo-históricas e ele, aprontando breve sorriso, me informa que a resposta é «a vaca e o burro são a companhia de Jesus no Presépio».
Mais me lembro de que, no extremo oposto do amplíssimo lajedo fronteiro à Basílica se Fiquei se saber se afirmava verdades da fé corânica ou se se tratava de impropérios contra encontra uma Mesquita cujo altifalante exalava ensurdecedores decibéis. Mas o que sei é que passei a chamar àquele lugar o fronteiro à Basílica Fiquei sem saber se se tratava de afirmações da fé corânica ou de impropérios contra quem têm outras pertenças de fé. Por isso, passei a chamar ao dito espaço «o lajedo do perdão e da vingança».
O meu onomástico, Santo Henrique, cruzado teutônico que morreu no episódio que habitualmente se chama «conquista de Lisboa aos mouros», jaz eternamente nos baixos da Igreja de S. Vicente de Fora. E a pergunta é: - Como seria hoje a Europa (e o mundo) se no século XII não tivesse havido a Cruzada do Ocidente?
Como seria o mundo actual se no século XVI D. Tomás de Torquemada não tivesse fundado a Inquisição?
Como seria hoje o mundo se Kerensky não tivesse fugido para a América e se Xiang Kai Chek para Taiwan?
Como será o mundo se Trump subir de novo ao poder?
Nos idos do século XVII, o lisboeta Filipe de Brito e Nicote foi eleito Rei da Birmânia, governou durante 12 anos e morreu à frente do seu exército em defesa do seu povo contra a invasão do vizinho cobiçoso; com um nome por mim indizível, a sua memória ainda hoje é recordada pelos birmaneses.
Fernão Mendes Pinto foi o primeiro europeu a chegar ao Japão, foi o Padre António de Andrade que descobriu o Tibete, em Ushuaia, no extremo sul da América do Sul, há uma portuguesa que tem um jardim infantil, na Noruega, em Allesund, a meio caminho do Cabo Norte, há um cemitério com terra de Portugal e o meu amigo Ricardo Louro foi fazer turismo na Faixa de Gaza.
Eu conto:
- Lisboeta do Paço do Lumiar, o Ricardo era caixeiro numa loja de tecidos na Baixa da cidade, mas sempre lhe sobrava mês no fim do dinheiro. Certa vez, notando-o preocupado, uma cliente arranjou-lhe trabalho numa empresa americana de construções metálicas que viera a Portugal recrutar pessoal para construção de pipelines na Argélia a que se seguiu o mesmo tipo de trabalho na Arábia Saudita.
Findos estes trabalhos seguiu-se a construção de uma base militar no sul de Israel junto à fronteira do Sinai.
Instalados e rotinados, decidiram os membros da equipa de trabalho a que o Ricardo pertencia passarem as folgas na praia mais próxima. E aí estão eles a caminho da Faixa de Gaza…
Escolheram o sítio onde o primo de um beduíno instalara uma tasca onde servia almoços. O camarão era grande, bom e barato pelo que foi só o Ricardo ensinar o primo do beduíno a cozinhar ao nosso modo e comer até fartar.
Com a instalação desta rotina nas folgas, a história podia acabar aqui, mas – e lá vem o tal «mas» que sempre baralha a escrita – houve um dia em que, estando todos a almoçar depois de uns quantos mergulhos no Mediterrânio, salta de um qualquer lugar um obus que estrondeia perto da tasca do primo do beduíno e um bocado da caliça do tecto cai mesmo dentro do prato do Ricardo. Esparramado molho e camarões na camisa e calções, o Ricardo deu um salto que fez a cadeira ir parar às urtigas, declamou afirmações que não reproduzo aqui e jurou nunca mais voltar à Faixa de Gaza. É que, enfim, obuses são coisas normais numa praia de aventureiros, mas caliça nos camarões é que é inadmissível.
Nunca mais voltaram à Faixa de Gaza.
E escolheram Eilat como alternativa, mas ali os camarões já tinham sido comidos pelos tubarões do Mar Vermelho. Naquelas praias nem os primos dos beduínos mergulham afoitos.
Entretanto, o trabalho na base militar chegou ao fim e o meu amigo Ricardo Louro passou-se para a Fonte da Telha onde os camarões não são servidos com caliça.
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A «Nau Catrineta» é a história da nossa diáspora e, olhando com atenção, facilmente concluímos que, afinal, a Epopeia dos Descobrimentos foi apenas o dealbar da Lusitânia Armilar. Sim, a universalidade portuguesa continua a ser uma realidade a que sobram escribas, mas faltam cronistas.
É a 8 de Dezembro que se celebra o Dogma da Imaculada Conceição para o que a República laica oportunamente decretou Feriado Nacional. Mas se os leigos democraticamente eleitos assim decretaram, a História conta-nos que o assunto não foi pacífico mesmo entre os católicos.
Assim, no reinado de D. João V, o então Escrivão da Puridade, D. Miguel da Silva, Bispo de Viseu, escandalizou o Rei quando informou que a Ordem da Santa Cruz de Coimbra não defendia o dito Dogma nem o ministrava na Universidade que administrava. Vai daí, o Rei emitiu Decreto impondo à Universidade de Coimbra que defendesse o Dogma da Imaculada Conceição.
Fica por saber se a deserção do cargo de Escrivão da Puridade, hoje Primeiro Ministro, em fuga para Roma teve algo a ver com esta imposição de Dogma por Decreto Real. O que se sabe sem qualquer espécie de dúvida é que, na fuga, D. Miguel levou documentos relativos a segredos de Estado. Talvez estejam nos Arquivo Secretos do Vaticano pelo que, não fazendo mais falta à Santa Sé, daqui requeiro a Sua Eminência o Cardeal D. José Tolentino de Mendonça que promova a devolução dos originais a Portugal retendo apenas fotocópias para memória vaticana futura.
NAÇÃO e população étnica e culturalente homogénea e solidária
RESTAURADORES DA SOBERANIA NACIONAL
EM 1 DE DEZEMBRO DE 1640
Afonso de Menezes, D.
Álvaro Coutinho da Câmara, D.
Antão Vaz d’Almada, D. António de Alcáçova Carneiro, D. – Alcaide-mor de Campo Maior António Álvares da Cunha, D. – 17º Senhor de Tábua António da Costa, D. António Luís de Menezes, D. – 1º Marquês de Marialva António de Mascarenhas, D. António de Melo e Castro António de Saldanha – Alcaide-mor de Vila Real António Teles da Silva – Governador do Brasil António Telo, D. Carlos de Noronha, D. Estêvão da Cunha Fernando Teles de Faro, D. Fernão Teles de Menezes – 1º Conde de Vilar Maior Francisco Coutinho, D. Francisco de Melo Francisco de Melo e Torres – 1º Marquês de Sande Francisco de Noronha, D. Francisco de São Paio Francisco de Sousa, D. – 1º Marquês das Minas Gaspar de Brito Freire Gastão Coutinho, D. Gomes Freire de Andrade Gonçalo Tavares de Távora Jerónimo de Ataíde, D. – 6º Conde de Atouguia João da Costa, D. – 1º Conde de