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A bem da Nação

LACRIMOSA - 3

Õ fenómeno migratório está directamente relacionado com a determinação de melhoria das condições de vida – da guerra para a paz, do locacionismo para a liberdade de escolha de assentamento, dos condicionalismos económicos para a liberdade de estabelecimento, da autocracia para a democracia, da corrupção para a transparência, das sociedades fracturadas para as solidárias. Em suma, sempre no sentido da liberdade e da solidariedade.

Se tomarmos em conta que o conceito de solidariedade corresponde à
miscigenação dos conceitos de igualdade e de fraternidade, lá estamos todos simbolicamente «virados» para a República Francesa que, grosso modo, é o modelo ocidental.

Independentemente da localização geográfica, o modelo ocidental é alvo de imigração; outros modelos são geradores de emigração.

* * *

Durante séculos, Portugal gerou grandes fluxos migratórios porque não proporcionava aos seus nacionais as condições por que muitos ambicionavam sobretudo no plano material, o palpável.

As questões relativas ao desenvolvimento facilmente formalizam extensos conteúdos (mesmo que abandonando o plano teórico e baixando a análises de casos concretos) pelo que, para o caso português, me limito a constatar que foi a progressiva atenção dada à melhoria das condições de vida da generalidade da população sem o equivalente zelo nas questões da produção, da produtividade e, sobretudo, da competitividade que vêm gerando sucessivos colapsos financeiros do país. Mas, paralelamente, o perfil do actual emigrante português é muito diferente do do emigrante de uma ou duas gerações anteriores: o actual emigrante português não busca a sobrevivência (emigrante definitivo), escolhe entre as várias opções que o livre estabelecimento europeu ou norte-americano proporciona ao nível mais ou menos sofisticado de uma determinada condição profissional (emigrante temporário).

Em paralelo, os imigrantes em Portugal são oriundos de países que não oferecem esperanças aos seus nacionais e vêm para cá em busca de segurança e de uma «tábua de salvação» sujeitando-se a fazer o que nós, já rodeados de mordomias, não queremos fazer. O quê? Todo o trabalho braçal ou cuja remuneração seja inferior aos subsídios públicos a mândria.

Sugiro aos meus leitores em «Portugal e nos Algerves d’Aquém e d’Além mar em África, na Guiné, Arábia, Pérsia e Índia…» que façam uma análise ao caso que se lhes aplique e tirem as consequentes conclusões já que toda a emigração é simultaneamente esperançosa e lacrimosa.

Dezembro de 2021

Henrique Salles da Fonseca

LACRIMOSA - 2

À VISTA DO IMPERADOR

ou

OS ANÉIS E OS DEDOS

Hoje, a questão é: - Por que razão terá Salazar abandonado o Estado Português da Índia à voracidade dos seus cobiçosos predadores?

Como antecedentes imediatos da volatilização do Estado Português da Índia, há a registar o ataque à Esquadra da Polícia em Luanda no dia 14 de Março de 1961 e o auto-incêndio seguido de abandono da Fortaleza de São João Baptista de Ajudá no dia 31 de Julho do mesmo ano. Esse primeiro «horribilis annus» da penúltima fase do processo da dolorosa descolonização portuguesa fechou com a desistência da preservação do Estado Português da Índia.

Não sei até que ponto Francisco da Costa Gomes, então Coronel e Subsecretário de Estado do Exército, já era (secretamente) simpatizante do sovietismo como se revelou após o 25 de Abril de 1974 mas, na verdade, foi sob a sua orientação que se realizou o desarmamento da frágil guarnição militar do Estado Português da Índia.

Em resultado desse desmantelamento, acentuou-se o contraste entre as Forças militares em presença num putativo teatro de operações. Sendo este, de problemática defesa tendo em conta a descontinuidade geográfica do território a defender e o tipo de armamento típico na segunda metade do séc. XX de que a União Indiana dispunha profusamente no próprio local das potenciais operações. As forças terrestres indianas especificamente afectas à extinção do Estado Português da Índia eram constituídas por um efectivo de 45 mil homens (contando com uma reserva próxima de 25 mil e um «back support» de um milhão)  contando com eficaz apoio aéreo e naval. Ao que Portugal tinha para opor 3500 homens (mal?) distribuídos por Goa, por Damão e por Diu. Devíamos ter pudor em referir o armamento de que dispunham as nossas tropas mas manda a verdade histórica que refiramos as espingardas Kropatschek adquiridas na década de 80 do séc. XIX, algumas Mauser que estavam desactualizadas desde finais da II Guerra Mundial, duas (ou três?) autometralhadoras, sem apoio aéreo e com apoio naval ao nível do simbolismo.

A frase de Salazar «para Angola rapidamente e em força» significou mais do que a mobilização huna a partir da Metrópole. Pelos vistos, tratou-se também de mobilizar tudo quanto pudesse ser material com algum interesse operacional. De Goa, para Angola rapidamente e em força!

Não é crível que Costa Gomes tivesse desarmado o Estado Português da Índia contra a orientação de Salazar e tivesse mantido os cargos militares e políticos que vinha desempenhando.

* * *

Só se pode concluir que…

- Salazar sacrificou o Estado Português da Índia para acudir a Angola; a ordem de rendição não foi oficialmente bradada em Lisboa mas estava implícita nas condições criadas pelo desarmamento intencional;

- Os discursos políticos que se seguiram, não passaram de bravata choramingosa para puxar pelo patriotismo dos desprevenidos e as punições militares não passaram de bravata fardada.

* * *

Eis, pois, a visão do «Imperador»: - Vão-se os anéis para que fiquem os dedos.

Dos «dedos» se encarregou Costa Gomes treze anos mais tarde e, talvez para alívio da consciência, mandou reintegrar o General Vassalo e Silva.

Dezembro de 2021

Henrique Salles da Fonseca

NOTA FINAL - Informação sobre efectivos militares por obséquio do Coronel Pedro Calado Gomes da Silva

CITANDO...

… Bento Mântua

«O homem, quando entra para o Regimento, perde a sua personalidade. Começa por trocar um nome por um número, deixa de ter vontade própria para passar a ser um autómato, um instrumento da vontade dos que se dizem superiores».

In «PAZ, GUERRA E FORÇAS ARMADAS», Óscar Gomes da Silva, DG Edições, Janeiro de 2019, pág. 18

Mas (e há sempre outras versões), tudo depende…

  • Da qualidade do comando próximo que ou trata o homem como homem ou o trata como carna para canhão;
  • Do sentido de missão induzido pelo comando do Regimento;
  • Do sentido de missão absorvido pelo homem;
  • Da solidariedade inerente ao espírito de corpo.

Se assim for, o homem aceita o número como um complemento anódino do seu nome, assume a missão colecyiva como um compromisso da sua própria vontade e reconhece na hierarquia os dotes inerentes a um Comando de qualidade.

 

Foi desta «tropa» que me coube e que cumpri com muita honra a bem da Nação.

«LACRIMOSA» - 1

18 DE DEZEMBRO DE 1961

Morte do Estado Português da Índia

Os efectivos militares portugueses em Goa, Damão e Diu nos finais de 1961 eram de 3500 homens[1] com armamento obsoleto, sem apoio aéreo e com presença simbólica da Marinha.

O então Tenente (mais tarde, General) Mário de Jesus Silva relata no seu livro «O sortilégio da cobra – descolonização obrigatória» que os poucos armamentos menos obsoletos foram retirados de Goa nos inícios de 1961 e enviados para Angola, «pérola» a salvaguardar a todo o custo, por ordem do então Subsecretário de Estado do Exército (?) Coronel (mais tarde, Marechal) Francisco da Costa Gomes.

Com apoio aéreo e naval, as forças terrestres invasoras contavam com 45 mil efectivos mais 25 mil de reserva e um «back support» que ultrapassava o milhão.

Não farei aqui um tratado sobre os condicionalismos estratégicos e tácticos duma putativa luta pela posse militar do território de Goa, do de Damão e muito menos do de Diu, mas resumo que o fim do Estado Português da Índia resultou da decisão da invasão militar indiana e da decisão portuguesa de não opor resistência.

A esterilidade da discussão sobre se se tratou de uma invasão ou de uma libertação é ultrapassável pela evidência militar da invasão ficando a libertação para perspectiva dos sathiagrahis.

Efeméride com 60 anos, tantos quantos em Portugal suportámos o jugo filipino. Mas…

Contudo, foram quase cinco séculos de vida em comum e se não faz mais qualquer sentido pensar em neocolonialismos, colhe, isso sim, alcandorar a riquíssima Cultura Indo-Portuguesa a Património da Humanidade.

18 de Dezembro de 2021

Henrique Salles da Fonseca

 

[1] - in «A queda da Índia Portuguesa», Cor. Carlos Alexandre Morais - informação bibliográfica fornecida pelo Coronel Pedro Calado Gomes da Silva

DO CROMELEQUE DOS ALMENDRES

 

O texto de Francisco Gomes de Amorim intitulado «OS CELTAS» que publiquei em Maio de 2015, cuja (re)leitura sugiro vivamente em …

https://abemdanacao.blogs.sapo.pt/os-celtas-1422373

… mereceu ao longo dos anos alguns comentários de que destaco os seguintes:

Berta Brás  31.05.2015  19:24

Curiosíssimo. Os bordados e trajes e profusão dos ouros minhotos vêm então da costela céltica.

Berta Brás

 

 Pereira B. Benjamim  18.09.2019  09:03

Os Minhotos e os Durienses - Douro Litoral, etc expressam bem a cultura Celta tal como em algumas regiões da Inglaterra , Irlanda , Escócia.

 Pereira B. Benjamim  18.09.2019  08:59

Prezado Sr. Amorim. Gostei da descrição. Ando há + 9 anos , desde que me aposentei a pesquisar e a escrever sobre os Kolkoi e Mysios/Fenícios , que presentemente são considerados o povo , que mais contribuiu para o desenvolvimento da sociedade planetária, ao contrário dos Latinos/Sabinos/Etruscos e outros tribos confederados, se limitaram a alargar as vias Celtas ou Fenicias, para poder circular com as carroças de 2 ou 4 rodas , semelhantes às utilizadas pelos Hunos. A ap lo içar pesados tributos, aos viandantes ou comerciantes que viviam ou passavam nos territórios conquistas pela força. Segundo contactos e pesquisas, efectuadas nos locais de origem e/ou assentamentos permanentes Celtas - Suécia, Polônia, Republica Checa, Grão Bretanha ,antiga Galiza, não eram os tais barbaros ou vândalos , como os Helenos e Romanos os apontavam. Como sabe são originários da Anatólia, rumaram pelo Danúbio ate Escandinávia e outros via Mediterrâneo em barcos, deslocar-mam-se pela via Atlântica até Irlanda e Inglaterra, aonde chegaram no ano 8.000 a.C. confirme vestígios recolhidos recentemente . No dia respeito aos Fenícios são originários no Monte Tur Abdin, no planalto Ariano/Iraniano, deslocaram-se para a Mysia, outros para Tyro em data +/- 5.000 a.C.Tomaram vários nomes, tais como Sardanas etc, sendo os pioneiros na arte de bem navegar, muito antes dos Anatólios Aqueus , Jonios, Aeolios, etc, depois naturalizados Helenos, apos terem ocupado o território dos Pelasgos. Muitos escritores do antigamente realçam os seus feitos marítimos, que afinal são dos Fenícios, enfim escreviam para agradar a quem.lhes pagava .Aqui deixo um pequeno excerto, do que irei publicar não para corrigir ou contrariar . Cumprimentos

 Francisco G. de Amorim  18.09.2019  13:38

Senhor Benjamim

Gostei muito dos seus comentários.Obrigado. Assim vou aprendendo.

Aceite um abraço

Francisco

 Anónimo  12.04.2020  17:56

Andamos a aprender uns com os outros

 Tiago Machado  08.12.2021  10:43

Penso que, hoje em dia, é aceite por toda a comunidade científica (principalmente os nossos irmãos académicos galegos) que a Cultura Celta é proveniente da região Ocidental da Península Ibérica sendo uma continuidade do Megalitismo Atlântico que tem as suas raízes, talvez, no Cromeleque dos Almendres que data de 6000 ac, o mais antigo da Europa. Eles navegaram até ás Ilhas Britânicas e depois, por terra, ocuparam progressivamente toda a Europa Central e de Leste, celtizando e miscigenando com os locais.

link do comentárioresponderdiscussão

Imagem de perfil

 Henrique Salles da Fonseca  08.12.2021  11:14

PERGUNTA

Nesse processo ibérico, onde se enquadra Ofiuza?

link do comentárioresponderinício da discussão

Sem imagem de perfil

 Tiago Machado  12.12.2021  23:34

Ofiúsa seria um nome ainda mais antigo dado à Lusitânia. Entendendo Lusitânia como toda a Orla Atlântica desde o Algarve até à Galiza. Aliás, esta Lusitânia é descrita por Estrabão e Festus Avieno.

A Lusitânia Província Administrativa Romana foi desenhada num mapa pelos romanos, com interesses políticos e económicos e não corresponde à Nação étnica Galaica ou Celta que habitava a Lusitânia (Portugal+Galiza hoje em dia.)

Ofiússa é um nome muito arcaico que descreve a mesma região mas está associada a uma lenda, que é a lenda das origens dos Lusitanos: foi um povo que teve de abandonar as suas terras de origem (talvez no Norte de África, talvez a Âtlantida como afirma António Quadros no seu interessantíssimo livro "Portugal, Razão e Mistério") devido a uma invasão de serpentes. E era conhecido como o "Povo das Serpentes". Este povo de várias tribos veio habitar o Ocidente Ibérico.

Nas aldeias de Portugal ainda se fala, hoje em dia, de cobras voadoras que assobiam sons estridentes. É um assunto ainda muito presente no imaginário popular passando em de pais para filhos e de avós para netos em histórias e lendas. Uma cobra alada não é mais que um dragão. (simbologia presente no Escudo da Casa de Bragança ou até mesmo no escudo da cidade do Porto).

É sabido que para os Celtas as serpentes tinham um significado mágico e é uma simbologia muito presente na arte céltica até 700 AC. De notar que em Portugal e na Galiza as antigas cidades celtas (Cultura Castreja no Norte e Centro mas não só- Google Citânia de Briteiros; Citânia de Sanfins; Castro de Santa Luzia; Castro de Monte Mozinho ou Castro de Santa Trega na Galiza) são muito mais antigas do que os acervos arqueológicos celtas da Europa Central. Assim acontece também na Irlanda, Escócia e Ocidente da Inglaterra. Nestes países os vestigíos celtas e Proto-Celtas são bastante mais antigos do que Lá Téne e Halstadt.

Alguns estudiosos afirmam que a capital da Ofiússa seria Ofir, um antigo Castro Celta agora transformado em cidade. Mas é difícil encontrar evidência arqueológica concreta.

O que sabemos é que algumas grandes cidades portuguesas foram fundadas ainda pelos celtas pela etimologia dos seus nomes antigos e por evidências arqueológicas e documentação romana. Por exemplo, Setúbal, chamava-se Cetóbriga (nome+sufixo "Briga" que significa forte ou castelo em gaélico, gálico ou língua celta). O rio Douro chamava-se Dwr (significa água em Galês, Dour em Bretão, dialecto celta da Bretanha, França). Depois temos Sintra (Cyntia); Mértola (Myrtilys); Évora (Ebora); etc.

* * *

 

Considero notável o conjunto formado pelo texto base e pelos comentários transcritos.

Creio que se pode concluir ainda haver muita matéria a merecer estudo, desafio que aqui deixo a quem se interesse pelo conhecimento das nossas raízes mais profundas. Por exemplo, o que aconteceu entre Ofiuza e o Cromeleque dos Almendres? E por onde andava Endovélico?

Dezembro de 2021

Henrique Salles da Fonseca

PORQUE HOJE FOI DOMINGO...

…desobrigado, decidi nada fazer ficando a pensar. E pensei que já era tempo de saber alguma coisa sobre o célebre Tenente Valadim,

Vai daí, os olhos a não decretarem greve e lá fui eu a caminho da Wikipédia.

Eduardo António Prieto Valadim, nasceu em Lisboa em Julho de 1856 e morreu no Niassa, norte de Moçambique, em Janeiro de 1890. Decapitado de um só golpe desferido por Mataka III, o Sultão que tanto incomodava portugueses como os ingleses da então Niassalandia (hoje, Malawi) como os alemães do Tanganika.

O jovem Tenente cometeu o erro de acreditar na palavra do Sultão com quem combinara hastear a Bandeira Nacional Portuguesa no terreiro da sede do Sultanato e logo após a cerimónia não teve sequer tempo para esboçar um gesto de defesa. Os demais membros da sua expedição acabaram todos degolados. Só em 1912 o dito Sultão foi submetido sem opor resistência. Insubmisso, foi autorizado a abandonar Moçambique refugiando-se no Tanganika. Fez-se acompanhar por 45 mil dos seus súbditos.

Talvez consigamos assim compreender mais facilmente a actual situação em Cabo Delgado e no Niassa,

Tudo, à distância de um ou dois clicks, sem sair de casa e sem necessidade de recorrer aos Serviços Secretos de qualquer país, nosso ou alheio.

Lisboa, 12 de Dezembro de 2021

PELO TOQUE DA ALVORADA - 17

Hoje, acordei a lembrar-me de um pensamento de André Maurois que li algures no qual – se não me engano muito - ele considera que a paz amolece os povos como aconteceu com os Celtas britânicos que perderam a sua tradicional vitalidade com a longa paz que os romanos lhes proporcionaram. Logo de seguida me lembrei de que todos conhecemos a Civilização de génese ateniense e tendemos a esquecer a homóloga espartana. Ou seja, mais vale viver em paz e manter uma reserva aguerrida, essa a que chamamos Forças Armadas. E que estas não amoleçam para que o povo não tenha que ir às armas.

PORTUGAL E O JAPÃO

Corria o ano de 1543 quando Fernão Mendes Pinto e Francisco Zeimoto chegaram à ilha japonesa de Tageshima e…

… tudo começou…

… até os japoneses perceberem que nós eramos comerciantes e não piratas. Assim, vendo grande utilidade na nossa presença, atribuíram-nos a gestão de Nagasaki onde estabelecemos uma feitoria. Ali aportava a «nau do trato» que, por concessão do nosso Rei, procedia à comercialização da prata japonesa na China (através da já nossa Macau) e sedas e porcelanas chinesas no Japão.  Este, o trato (comércio) que foi de grande proveito a portugueses, chineses e japoneses. A ponto de ainda hoje Nagasaki celebrar Portugal.

 

O porto de Nagasaki fez 450 anos, no dia 20 de novembro, e para comemorar o feito, o coro masculino daquela cidade cantou o hino nacional português para simbolizar a importância de Portugal na sua história, uma vez que foi o povo português que abriu as portas de Nagasáqui ao mundo, em 1571.

https://youtu.be/akLA3M-2y-k

Mas – e há sempre um «mas» que muda as coisas – no período filipino, os Dominicanos espanhóis de Manila (sua sede no Oriente) quiseram expulsar os Jesu´ptas portugueses do Japão (sedeados em Nagasaki) e tantas fizeram que Toiotomi Hideiochy (equivalente a Primeiro Ministro) se zangou e expulsou os católicos do seu país. Na sucessão de intrigas religiosas se enquadram as piores consequências dentre as quais a penalização pelo fogo dos que a Santa Sé reconhece como «os 16 mártires do Japão» que, curiosamente, são 18.

Eis como no Império do Sol Bascente – a que então chamávamos Cipango – o catolicismo foi substituído pelo calvinismo com os holandeses a esfregarem as mãos de contentes.

Mas é Portugal que ainda hoje os japoneses celebram.

Apaguemos os telejornais e honremos os nossos maiores.

HISTÓRIA DE FAMÍLIA

José Tomás da Fonseca (16 de Março de 1877-12 de Fevereiro de 1968) quase 91 anos

José Lopes de Oliveira (25 de Dezembro de 1881-3 de Agosto de 1971)

António de Oliveira Salazar (28 de Abril de 1889-27 de Julho de 1970)

Tomas da Fonseca tinha mais 12 anos que Salazar.

Quando Salazar, aos 11 anos, foi para o Seminário de Viseu, Tomás da Fonseca tinha 23 anos; quando Salazar, com 19 anos, terminou o Seminário, Tomás da Fonseca tinha 31 anos.

Lopes de Oliveira tinha mais 8 anos que Salazar.

Quando Salazar, com 19 anos, ingressou na Universidade de Coimbra, Lopes de Oliveira tinha 27 anos e quando Salazar atingiu a maioridade (então, aos 21 anos), Lopes de Oliveira tinha 29 anos.

* * *

Posta esta relatividade etária em evidência, resulta a plausibilidade da história que se conta na família segundo a qual Tomás da Fonseca foi encarregado de educação de Salazar durante o período em que este esteve no Seminário de Viseu e que Lopes de Oliveira desempenhou função equivalente nos dois primeiros anos em que Salazar esteve em Coimbra enquanto menor de idade.

À minha frente, os «educadores» nunca se gabaram da função e a única informação que recordo o meu avô me ter dado foi algo como «o rapaz era bom aluno e nunca lhe deu preocupações naquele período. As preocupações vieram mais tarde…». A Lopes de Oliveira nunca ouvi qualquer referência à dita função e concluo que em ambos os casos se tratou do cumprimento de um formalismo legal de tutela de um menor a pedido da respectiva família.

Tutores e tutelado seguiram ideais muito diferentes e que os puseram em campos opostos até ao fim das vidas de quem se foi finando.

Logo que Salazar chegou ao poder, decidiu moderar os ímpetos voluntariosos dos idealistas republicanos e mandou Tomás da Fonseca fazer um «estágio» no Aljube e enviou Lopes de Oliveira num cruzeiro até ao Tarrafal onde o ex-tutor permaneceu um ano. A sucessão de «estágios» não se fez rogada mas nenhum dos «estagiários» foi alguma vez molestado fisicamente.  A Tomás da Fonseca couberam 12 «estágios, tantos quantos os livros que ia publicando. Creio que a Lopes de Oliveira apenas coube o «cruzeiro» inicial.

Foi o meu pai que me contou que, certa vez, alguém da roda de Salazar arengou coisas tremendas sobre Lopes de Oliveira ao que se seguiu o seguinte diálogo (ou parecido):

Salazar – Mas o Senhor conhece o Dr. Lopes de Oliveira?

Salazarista - Não, Senhor Presidente, não o conheço pessoalmente.

Salazar – Pois eu conheço-o e deve ser a pessoa mais inteligente que alguma vez conheci.

Fim de conversa.

Alguém ouviu e contou ao meu pai, sobrinho do visado, o «Tio Lopes» como era conhecido em família.

Como facilmente se compreende, não há fotografia conjunta dos três personagens desta história.

 

Lisboa, Dezembro de 2021

Henrique Salles da Fonseca

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  264. M
  265. A
  266. M
  267. J
  268. J
  269. A
  270. S
  271. O
  272. N
  273. D