Português de ascendência grega, nasceu em Lisboa em 1931 e morreu ontem, 26 de Agosto de 2020, também em Lisboa.
Seria muita presunção minha vir aqui apresenta-lo – é suficientemente conhecido para que careça de apresentações e fica seguramente na Galeria da Cultura Portuguesa como o artista que procurava a essência das coisas pela pureza da pintura. A epifania das coisas através da pintura à semelhança de James Joyce e a epifania dos lugares através da escrita. A epifania joyceana e – proponho agora – a epifania skapinakiana.
Professor na década de 50 do século XX no liceu francês de Lisboa, tive-o como mestre de pintura durante um ou dois semestres. Teríamos, os meus colegas e eu, cerca de 14-15 anos mas ficou nas nossas memórias e ontem mesmo recebi alguns contactos a referirem a sua morte.
Alto, magro, dando-se naturalmente ao respeito, ensinava sobretudo as técnicas da pintura. O dom artístico não se ensina - ou se tem ou não. E da nossa classe mista não saiu nenhum Van Gogh nem nenhuma Joséfa de Óbidos. Mas todos ficámos a saber distinguir as boas pinturas das outras.
Morando na zona da Estrela, cruzávamo-nos de vez em quando e até se deu o caso de nos termos encontrado a tomar café ao balcão da «Cristal». E, cumprimentando-o, disse-lhe que fora meu professor havia então já mais de 50 anos. Obviamente, não me reconheceu mas fingiu e isso apenas confirmou que era muito civilizado.
Daqui sugiro à Câmara de Lisboa que dê o seu nome a uma rua ou parque da cidade.
Tanto pela doutrina como pela «praxis», sou antinazi. O mesmo afirmo em relação ao comunismo. Devido à ausência de doutrina, basta a «praxis» para me afirmar antifascista.
O nazismo, afirmando a superioridade da «raça alemã» – por clara deturpação do conceito nietzschiano do «Übermensch»[i] - e pugnando pelo domínio alemão das «raças inferiores», merece o meu repúdio. Pese embora eu não ser judeu, quer genética quer religiosamente, nada tenho de antissemita apear de também achar que eles não são «o povo eleito de Deus». A praxis nazi dos campos de extermínio dos «Minderwertige Menschen» (pessoas inferiores) e a conquista do Lebensraus» (espaço vital) para além do território historicamente consolidado da «Vaterland» (Mãe Pátria) com total desrespeito pelos povos vizinhos, são, em resumo, o fundamento do meu asco ao nazismo.
O marxismo é teoricamente mais elaborado que o nazismo mas, querendo acabar com o capitalismo, acabou por contribuir para que este se autocriticasse, se corrigisse e crescesse até à actualidade, nomeadamente pela via da fiscalidade e da segurança social. O marxismo é um absurdo económico e foi (é) submetido a uma «praxis» que dele fez um dos maiores flageloss por que a Humanidade tem passado. A diabolização do lucro está escrita em letras garrafais no epitáfio da economia marxista e os crimes cometidos pelo Poder Soviético contra os Direitos Humanos justificariam a repetição do julgamento de Nuremberga em que, mais do que algum quadro de Direito positivo, prevaleceram critérios inspirados no Direito Natural.
Eis, resumidamente, por que não me limito a ser «não comunista» e me afirmo anticomunista.
Quanto ao fascismo, que defino como «o capricho do ditador», quer de direita quer de esquerda, considero-o «casos de Polícia Psiquiátrica».
E o meu espanto é: - Como é possível, depois de sabermos o que a História nos tem contado, que em pleno século XXI ainda haja quem siga essas ideias e se dedique ao respectivo proselitismo não apenas com assiduidade mas mesmo com fervor. Excluo ab initio a idiotia e, portanto, resta a nostalgia de épocas em que prevalecia a propaganda que anunciava «horizontes de esperança» e em que se badalava a fraternidade. A realidade veio a mostrar horizontes de sucata e tratamentos privilegiados para as «nomenklaturas» partidárias e total desprezo pelas massas populares. A hegemonia intelectual gramsciana revela-se como puro folclore totalmente desenquadrado das realidades macroeconómicas anunciando irrealismos que só conduzem à desagregação social. Mais uma vez, reveja-se a História (neste caso, italiana do pós guerra) em que esse mesmo irrealismo se revelou afugentador das massas populares.
Resta a tradição familiar para justificar atitudes presentes por cópia do que há 50 e 60 anos se tinha por verdadeiro. Só que, entretanto, sabemos que tudo era utopia, propaganda e miséria.
Utopia, porque não se cria um «homem novo» com base na chacina dos opositores; propaganda, porque não é possível assegurar o futuro mentindo durante muito tempo a muita gente; miséria, porque o modelo económico marxista é totalmente absurdo na teoria e na «praxis» castra todo o voluntarismo inovador. Daqui, a desmotivação humana em vez dos falsíssimos «horizontes de esperança».
CONCLUSÃO: sou tão antifascista como sou antinazi e anticomunista.
Agosto de 2020
Henrique Salles da Fonseca
[i] Super homem – conceito não rácico em que o homem se eleva acima da média humana pelo nível cultural, pela rectidão, pela coragem…
Nascido em 1945, lembro-me muito bem de, por vezes, aparecer na nossa caixa de correio um jornal chamado «Avante» impresso num papel muito fino quase ao estilo do que então se usava para o correio aéreo. Lembro-me de por mais de uma vez ter tentado ler o dito jornal e de logo às primeiras linhas ter desistido da leitura por total falta de interesse. Não dei por que mais alguém lá em casa se interessasse por ele. Lembro-me dele, sim, no lixo quando lá fui despejar qualquer sebência. Conversando à mesa de jantar na ocorrência duma dessas raras aparições jornalísticas então clandestinas,, constatei que só a minha mãe e os meus avós tinham dado pelo jornal e ficámos a saber que tinha sido o meu avô que, depois de lhe dar uma fugaz mirada, o pusera a caminho do húmus. Foi o meu pai que explicou ser aquele o jornal do Partido Comunista e que, se um dia chegasse ao Poder, nos tirava os prédios. Adolescente, não precisei de mais explicações para me tornar anticomunista. Até hoje. Só que, hoje, com mais alguns argumentos…
Apesar de aqueles serem tempos da clandestinidade do PCP, eles eram também os das vacas gordas pois a URSS investia fortemente no derrube de Salazar e de Franco para os respectivos Partidos Comunistas tomarem o Poder e, daí, se estrangular a Europa entre a Cortina de Ferro e uma Península Ibérica comunizada. E assim continuou até à falência do comunismo em finais de 1989.
Caída a URSS, cessaram os apoios financeiros ao PCP tendo este que passar a fazer pela própria vida. Emagreceram as vacas mas o monolitismo doutrinário manteve-se. O enorme património imobiliária adquirido nos tempos delas gordas, não rende pois continua, romanticamente, a albergar os «Centros de Trabalho» onde nada se produz e tudo se consome; os descontos obrigatórios que os eleitos em listas comunistas fazem para apoio à tesouraria do Partido estão queda pois os eleitos são cada vez menos e o mesmo se diga da tendência dos apoios públicos (uma verba fixa por cada voto recebido nas urnas).
Numa perspectiva claramente minguante, o PCP vê-se a braços com as consequências do seu dogmatismo: perda de comunicação, perda de peso político, perda de receitas.
E as vacas cada vez mais magras…
Resta-lhes um punhado de erva, a que cresce na «Quinta da Atalaia».
Não sei adivinhar o futuro mas creio que o BE dificilmente aceitará a integração do PCP sob pena de se esgatanharem todos e o caldo se entornar por completo. Até não é má ideia; aqui fica a sugestão.
Mais uma vez, o determinismo histórico marxista a revelar-se às avessas contando-se já as costelas às vacas do Avante.
Qualquer português que tenha feito o Serviço Militar em Moçambique sabe que, como organização militar, a Frelimo inexiste.
Bastaram-nos «meia dúzia» de verdadeiros operacionais do Exército, da Marinha e da Força Aérea apoiados por civis fardados para sustermos e rechaçarmos as investidas pontuais que a Frelimo fazia. Com excepção de zonas inseguras para os portugueses (mas não dominadas e muito menos administradas pela Frelimo), a quase totalidade do território moçambicano era terra de paz. Disso fiz prova ao viajar no meu carro privado de Nampula a Lourenço Marques na companhia de dois amigos totalmente desarmados em Julho de 1972. Eu sou o «documento coevo» e quem disser que a guerra em Moçambique era difícil para os portugueses, mente descaradamente. Sobre esta viagem, escrevi «POR ESSA PICADA ALÉM…» que está publicada em http://abemdanacao.blogs.sapo.pt
As zonas em que os civis portugueses não se deslocavam tranquilamente eram a parte norte de Cabo Delgado e o perímetro da barragem de Cabora Bassa. Mas a administração era portuguesa e havia comerciantes portugueses residentes.
Foi no Largo do Carmo, em Lisboa, que as colónias portuguesas passaram para as mãos dos movimentos independentistas. Os militares portugueses estacionados em Moçambique receberam ordem de se perfilarem perante o até então inimigo.
Seguiu-se a História que as esquerdas políticas fizeram passar como verdadeira.
Entretanto, a Frelimo perdeu o pouco ânimo político que possuía enquanto combatia os portugueses. Sentou-se na cadeira do Poder, deixou-se envolver na corrupção, não voltou a encontrar uma liderança carismática que entusiasmasse os moçambicanos e se desse ao respeito na cena internacional e continua a ser um «bluff» militar. Até porque, na tradição marxista, as Forças Armadas são partidárias e quem disser que são nacionais sabe que está a mentir.
Eis como o DAESH hasteou a sua Bandeira numa das Mocímboas e que a hasteará na outra logo que lhe apetecer pois «os mercenários de Moçambique chegam tarde».
Dá para imaginar que anda Xicuembo por trás de tanto milando.
Mas há que suster o desespero dos moçambicanos inocentes: o problema tem solução militar – como teve noutros tempo - só que, agora, com muito mais sabedoria.
Já casada, a então Princesa Isabel estava de visita ao Quénia quando soube que o seu pai, o Rei Jorge VI, tinha morrido. Regressou de imediato a Inglaterra para os cerimoniais apropriados à circunstância os quais culminaram com a sua coroação dando início ao longu+issimo reinado de Isabel II. Apetecia-me dizer «o longuíssimo e simpático reinado…» mas acho que me devo conter na adjectivação.
A imagem que transparece de Isabel II é claramente a de uma pessoa muito digna, irradiando a simpatia suficiente para não ser efusiva nem macambuzia. E pronto, pouco mais dela se espera. E esse pouco mais restringe-se a um conjunto de cerimónias protocolares em que lhe está sempre reservado o papel central mas em que os verddeiros protagonistas são alguns dos seus súbditos. Por exemplo, Isabel II é o símbolo máximo da Igreja Anglicana mas ninguém no seu perfeito juízo espera que a Rainha se pronuncie «motu próprio» em matérias de fé. Esta matéria é o foro do Arcebispo de Cantuária. O mesmo se diga das matérias profanas em que o protagonismo é do Primeiro Ministro. E assim é que a figura real não tem sido beliscada apesar de Isabel II nunca ter defendido o cumprimento da (inexistente) Constituição e de, tendo começado por ser Raonha de dimensão imperial, ser ver hoje na contingência de perder a Escócia. Mas tudo isso se deveu aos políticos, não à Chefe de um Estado minguante.
No sentido inverso, quero crer que o então Presidente da Alemanha tenha presidido às cerimónias da reunificação mas quem ficou no retrato e na nossa memória foi o então Chanceler Helmut Kohl.
Para o bem ou para o mal, o responsável pelo andamento da carruagem é quem tem as mãos nas rédeas, não o «dono dos cavalos».
* * *~
Aqui ai lado, o Símbolo não é apenas simbólico, cumpre-lhe também «pôr as mãos nas rédeas» e, vai daí, correr o risco de alguns salpicos. Só que, com o regime pluviométrico mediterrânico, em vez de alguns salpicos, pode ser uma grande chapuçada de lama ou pode mesmo a carruagem atolar-se e os passageiros terem que ser evacuados à pressa.
Deixando-me de figuras de retórica, não vai bem o reinado de Filipe VI de Espanha e a pandemia só juntou achas à fogueira Estão em perigo a unidade espanhola e a Monarquia.
Quem está muito embrenhado na situação, pode já estar muito assoberbado por detalhes e perder a necessária visão do conjunto da cena mas quem está de fora e sabe pouco tem mais facilidade em ver a floresta.
Assim, sem pretender ensinar o «Pai Noss ao Vigário, estou em crer que a unidade de Espanha ainda (?) possa ser salva por uma alteração constitucional que transforme a Espanha actual num Estado Federal – não vejo qualquer incompatibilidade entre um Estado Federal monárquico com alguns Estados federados regendo-se como Repúblicas[i]. Mas isto só será possível se o Rei, por uma última vez, agir como efectivo polarizador da cena global promovendo a criação duma maioria pró ocidental (PSOE, PP, Ciudadanos, Vox,…) chamando-os a todos em simultâneo à Zarzuela e dizendo-lhes: - Esta reunião começa agora e só terminará quando me garantirem uma solução política salvadora de Espanha.
Quanto à imagem da Monarquia – e porque é pública a vida privada dos Chefes de Estado – o «núcleo central» deve ser expurgado de elementos menos simpáticos aos olhos da opinião pública. Sugestão: uma temporada a arejar em Lanzarote. O rude Saramago esteve lá e ganhou um Nobel. Aquela ilha faz maravilhas.
FIM
Agosto de 2020
Henrique Salles da Fonseca
[i] - Como alternativa à Federação há a Confederação
TAPAS Y CASTAÑOÇAS – 3 O Chefe de um Estado é um Rei, um Presidente ou um Papa. Não me lembro de outras possibilidades. Sim, há o Dalai Lama que equiparo aos Papas e há os Imperadores que são Reis turbo. Espiritualidades à parte, resta o mundo temporal que se divide entre Reis e Presidentes. Num plano de grande generalidade, ao Chefe de Estado actual, seja ele Rei ou Presidente, cumpre garantir a unidade nacional e o cumprimento da Constituição. No que se refere ao modo como exercem essas tarefas, vão desde o simbolismo da Rainha de Inglaterra e do Presidente da Alemanha aos executivos Presidentes americanos e russos. A meio da tabela estão o Presidente de Portugal e o Rei de Espanha, cada um com as especificidades que as respectivas Constituições determinam. * * * Para mim, português, é relativamente fácil abordar a questão espanhola - o que não significa que o não faça com alguma preocupação . Com base na vitória militar (numa primeira fase), à custa da ditadura (numa segunda fase) e da autocracia e do garrote (numa terceira fase e até final do seu Regime), Franco assegurou a integridade territorial de Espanha e o cumprimento da sua própria Constituição; D. Juan Carlos assegurou a integridade territorial e o cumprimento de uma Constituição democrática sem outros instrumentos para além da sua capacidade de diálogo, o seu inegável Sentido de Estado e, a partir do momento que em 1981 se afirmou (e foi claramente reconhecido pela maioria dos espanhóis) como «o Pai da Democracia espanhola», com o seu prestígio pessoal. Mas abdicou porque é pública a vida privada de qualquer Chefe de Estado. Então, quando muitos espanhóis e alguns estrangeiros esperávamos que D. Juan Carlos tivesse passado à História, eis que lhe acendem as luzes negras da ribalta. E a pergunta é: - Quem acendeu toda essa negritude? Segue-se a resposta: - As luzes negras da nova ribalta de D. Juan Carlos não foram acesas pelos puritanos moralistas, os «ayatollahs» da nossa praça, foram acesas precisamente pelos inimigos (adversários numa escala letal) da Espanha unitária e liberal. Inimigos da Espanha unitária porque adeptos dos vários nacionalismos a que – para facilitação de linguagem - chamamos espanhóis; inimigos da Espanha liberal porque adeptos do marxismo nas suas formas mais brutas (stalinismo, trotskismo, maoismo…) ou mais sofisticadas (gramscianismo, berlinguerismo…). A gravidade maior foi terem-se misturado nacionalistas com revolucionários num «caldinho» que faz lembrar a «geringonça» de Manuel Azaña. Ou seja, está-se na iminência de entornar o caldo. A menos que… (continua) Agosto de 2020 Henrique Salles da Fonseca
O determinismo histórico de Marx autoproclamou-se uma falácia.
O mundo em que vivemos é quântico, não é um tabuleiro de xadrez e os modelos econométricos não passam de exercícios académicos cujas erroníssimas previsões deviam de ter pudor em sair pelas portas das Academias.
Mais vale recorrer a declarações sapientíssimas como aquela dos «prognósticos, só no fim do jogo».
Assim também o raciocínio falacioso de que qualquer pessoa – e não a+enas o Rei D. Juan Carlos - poderia ter conseguido fazer a transição da Espanha hermética e autocrática para a Espanha democrática e liberal. Trata-se (a da outra pessoa) cd uma experiência não experimentada a que é impossível conhecer os resultados. Que essa transformação era inevitável face aos condicionalismos da época. Sim! Isso ou exactamente o contrário. Em Espanha, como já o demonstraram inúmeras vezes ao longo da História, eles não hesitam muito para se ferrarem todos a chapada.
Deixemo-nos, pois, de especulações e assentemos numa realidade indesmentível: quem fez a transição pacífica foi o Rei D. Juan Carlos e mais ninguém.
* * *
Corre por aí que o Rei D. Juan Carlos recebeu luvas do seu «irmão», o Rei da Arábia Saudita, no âmbito de um negócio de equipamento ferroviário. Aqui, sim, confesso a minha perplexidade e total incapacidade para defender o Rei emérito de Espanha. De facto, eu não sabia que a Arábia Saudita produz equipamento ferroviário e que D. Juan Carlos recebera luvas para convencer a Renfe a comprar o equipamento saudita. Também parece muito mal o Rei árabe andar por aí fora a corromper clientes. Faz-me lembrar Jacques Chirac que foi à África do Sul vender Mirages e, diz-se, distribuir algumas caixas de marrons glacés. Neste negócio também era o vendedor a corromper o comprador, o que dá para perceber como «argumento» de opção de compra. É feio, muito feio, mas percebe-se a tentação do infiel sobre o Rei cristão. O equipamento ferroviário (sobretudo o de última geração e topo de gama) de fabrico saudita é muito melhor que o homólogo alemão, inglês ou mesmo espanhol.
Afastando a ironia e regressando à seriedade, a distorção das condições normais de mercado a que vulgarmente chamamos corrupção, exerce-se do lado da oferta sobre a procura de modo a influenciar o comprador. O contrário seria um absurdo que apenas iria encarecer o produto comprado sem qualquer vantagem para quem tem a opção de compra.
Há quem refira o caso BES como exemplo, o que, novamente, é um absurdo. Efectivamente, se isso acontecia, seria o dito banco a oferecer condições bancárias excepcionais a quem procurava um local para guardar o seu dinheiro. Mais uma vez, a oferta a agir pois o inverso não faz qualquer sentido. E como, apesar dos baldados esforços dos marxistas, a Lei da Oferta e da Procura ainda não foi revogada, a das suas corruptelas também está a funcionar.
Portanto, daqui lanço uma sugestão aos que querem atacar D. Juan Carlos: arranjem outros exemplos pois com estes não atingem a honorabilidade do Pai da Democracia Espanhola.
E eu, filosoficamente republicano, não tenho envergadura para merecer mandato para a defesa de um Chefe de Estado ímpar que, afinal, é Rei.
Correu aí pelos meios de comunicação uma reportagem sobre uma ocorrência no sul de Espanha em que o dono de um estabelecimento (de comes e bebes?) a quem as Autoridades queriam impor o encerramento temporário por causa da pandemia, ele dizia às televisões que o filmavam que aquele era o seu modo de vida e que defenderia a tiro o seu negócio. E repetiu várias vezes que - Moriré matando!
Não me aterei na apreciação de que lado estava a razão, apenas constato a seriedade e a violência da afirmação.
Para melhor percebermos Espanha, pode ser de alguma utilidade que o «povo de brandos costumes» tome nota de que os métodos ali ao lado são muito diferentes dos nossos. Por lá, aplaudem a morte pública do toiro; por cá, pegamo-lo de caras. Eles fazem os ciganos subir ao «tablau»[i]; nós, não. Somos diferentes, nem melhores nem piores.
* * *
Juan Calos de Borbon y Borbon é, quer se queira quer não, o único símbolo vivo da Espanha unitária e liberal.
Muitas foram as dúvidas que se levantaram quando o Cadlillo do «fascio» espanhol o nomeou seu sucessor passando por cima do candidato à Corôa, D. Juan, Conde de Barcelona, Pai do então indigitado. Desconheço totalmente que conversações terão decorrido entre os representantes do «usurpador»[ii] e o da Casa Real Espanhola para conseguirem que o Conde abdicasse do Trono a favor do filho. Objectivamente, D. Juan Carlos foi entronizado de acordo com o protocolo então em vigor e tudo começou…
Os historiadores, se forem minimamente imparciais, terão muito mais bem a dizer desse reinado do que mal mas eu não sou historiador e não preciso de ir aos arquivos à procura de informação. Eu sou o documento coevo, eu olhei a prudente distância (sem envolvimentos nem paixões que me fizessem imiscuir em assuntos estrangeiros) para todo o reinado de D. Juan Carlos. E desde já digo que o meu distanciamento se deve não só por ser estrangeiro como devido ao facto de ser filosoficamente republicano. Em compensação, a minha declarada simpatia para com o hoje Rei emérito se deve a que, com ele comungo do sentido liberal em que a sociedade se deve movimentar. Outro motivo de simpatia tem a ver com a descontração com que o ainda Príncipe (e não se mesmo, incógnito, já Rei), convivia com o vulgo da sociedade portuguesa frequentadora duma discoteca específica em Cascais. Lá estava com parentes e amigos e, todos nós, os outros, lhe respeitávamos a privacidade. Mas ninguém abandonava a pista de dança se o Príncipe/Rei ia dançar. E assim era que um Rei dançava tranquilamente perto de republicanos, monárquicos e agníosticos. Não seria ne3cessário mais para que a simpatia fosse uma realidade. Nem formal nem informalmente fui apresentado a D. Juan Carlos mas sempre pensei que quem se comportava daquele modo não podia ser mau rapaz.
Foi, pois, à distância geográfica e institucional que fui vendo a evolução de Espanha.
E vi o Rei a construir a paz social trazendo Santiago Carrillo a conversar com ele na Zarzuela, vi o Rei a impor a ordem democrática quando, aos tiros nas Cortes, a quiseram derrubar, vi uma Espanha ainda estigmatizada na cena internacional transformar-se numa potência europeia, vi o característico orgulho espanhol a desviar-se do doentio irredentismo para a via económica, vi a Peseta a ultrapassar o Escudo, vi uma Espanha aberta ao mundo, vi a redução drástica do fluxo emigratório e vi uma nova realidade em que a maioria passou a ter o gosto de nela viver.
Para muito melhor, a Espanha que era no dia da entronização de D. Juan Carlos não «chegava aos calcanhares» da Espanha unitária e liberal que legou ao seu sucessor.
É do conhecimento público que há uma nova rota de migração do Norte de África com origem em Marrocos e desembarque nas ilhas barreira frente a Olhão - Armona, Culatra, Deserta… até mais ver…
Diz o povo que os radares instalados ao longo da costa são capazes de detectar movimentos marítimos quase desde Marrocos mas que, na realidade, são os pescadores que detectam os migrantes e que, por telemóvel, alertam a Guarda Costeira. Mais se diz tanta coisa que o melhor é calar para não enrubescermos.
Como é possível fazerem a travessia entre os dois Algarves (os d’Além e d’Aquém mar) em botes mal equipados? Diz quem conhece o mar que isso só é possível se rebocados ou até mesmo embarcados em barcos capazes dessa travessia e desembarcados (ou largados) perto da nossa costa.
Informa a comunicação social que estes migrantes, equipados com sapatilhas de marcas famosas ,não andrajosos e até relativamente bem vestidos e com telemóveis de última geração e topo de gama, são acolhidos pelas nossas Autoridades com toda a humanidade e quase carinho.
Pela forma como se diz trajarem, pelo equipamento de comunicações que se diz usarem, pelo modo dissimulado como parece fazerem a travessia marítima, reúnem muitas características que os distingue de pobres miseráveis em busca de sobrevivência ou de uma condição de dignidade que até ali lhes tivesse sido negada por algum regime esclavagista. São, isso sim, características que levam o cidadão comum – eu – a desconfiar deles. E desconfiar muito.
Mas, pelos vistos, trata-se de tema que não preocupa a Guarda Costeira seja ela da Marinha ou da GNR, embarcadas ou em terra, a informação e contra-informação dos três Ramos das Forças Armadas e as homólogas civis. Por mera coincidência, trata-se de processo migratório com semelhanças aos que puseram Itália e Espanha em polvorosa mas, os nossos imigrantes são diferentes, é tudo boa gente.
Se, dois ou três meses depois de lhes perdermos o rasto, estoiram mais algumas bombas em França ou Aragança, isso nada tem a ver connosco. NADA! E que isso fique bem claro. O problema é dos franceses e dos aragonenses.
Em todo o caso, pode ter alguma utilidade para a nossa própria opinião, ler a entrevista que se segue dada por Gérard Collomb a uma órgão de comunicação francês. A entrevista foi em Julho passado mas escapou-me o dia.
* * *
«VALEURS ACTUELLES» - (?), juillet 2020
Un avis lucide et éclairé de quelqu'un qui a vu et vécu les choses de près comme ministre de l'intérieur de Macron en 2018.
Gérard Collomb annonce la guerre en France dans cinq ans!
“Aujourd’hui, les quartiers sont soumis à la loi du plus fort, qui n’est plus la nôtre.”
“Nous vivons côte à côte, je crains que demain nous ne vivions face à face.”
Voici ce que disait Gérard Collomb, encore ministre de l’Intérieur :
«Les rapports entre les gens sont très durs, les gens ne veulent pas vivre ensemble… Je crains la sécession.»
– Quelle est la part de responsabilité de l’immigration?
Énorme.
– Vous pensez qu’on n’a plus besoin d’immigration en France?
Oui, absolument. Des communautés en France s’affrontent de plus en plus et ça devient très violent. Je dirais que, d’ici à 5 ans, la situation pourrait devenir irréversible. Oui, on a cinq, six ans, pour éviter le pire. Après…
Voilà le résultat de 40 années de lâcheté, 40 années de trahisons, 40 années de mensonges de nos élites, qui ont livré le pays à la loi des caïds et des barbus, laissant des pans entiers du territoire s’ensauvager et se transformer en mini-califats.
La France est désormais au bord de la guerre civile.
Le pire est que tout cela était annoncé depuis des décennies. Nombreux sont les lanceurs d’alerte qui ont sonné le tocsin, à commencer par Charles De Gaulle puis Jean-Marie Le Pen, qu’on a préféré diaboliser, et les services de renseignement qu’aucun chef d’État n’ont écoutéss.
Il n’y a pas que les musulmans qui pratiquent la taqîya. Nos politiques sont passés maîtres dans l’art de la dissimulation.
Fillon avait enterré en 2004 le rapport Obin qui sonnait l’alarme sur la dramatique islamisation de l’école.... Les profs ont peur. La violence, impensable il y a trente ans, a envahi l’école.
Commissariats et forces de police sont régulièrement attaqués en toute impunité. L’État de droit est chaque jour bafoué.
Nous avons eu des mutineries de marins musulmans dans la Marine Nationale, des soldats musulmans ont refusé de partir en Afghanistan, au prétexte qu’un musulman ne peut tuer d’autres musulmans. Foutaises, puisque ça fait 14 siècles que sunnites et chiites s’entre-tuent!!
Tout a été caché ou minimisé, alors que ces incidents au sein de notre Armée étaient gravissimes.
–Voilà où mènent la lâcheté, le renoncement permanent et la soumission du pouvoir à l’islam, par peur de faire des vagues, par crainte des émeutes.
–Nos policiers ont été littéralement désarmés et ont été privés de toute autorité, par peur d’un embrasement généralisé de type 2005 à la puissance 10. Capituler, encore et toujours, tel est le credo de nos élus, qui ne pensent qu’à leur réélection mais jamais à la France.
– Tous nos responsables politiques ont imposé l’omerta, alors que les islamistes n’ont jamais caché leur volonté de soumettre l’Europe à la charia.
–Youssef al-Qaradawi, Marwan Muhammad et bien d’autres, ont toujours annoncé la couleur. On ne peut les taxer d’hypocrisie. Les sournois, ce sont nos dirigeants, parfaitement informés, mais complices de la destruction du pays.
–Nos élites sont tous coupables d’avoir mis la France en grand danger, élus, journalistes, intellectuels et autres faiseurs d’opinion, tous sont responsables de l’éclatement de la société et du chaos généralisé qui s’annonce.
–La justice s’est montrée implacable envers les opposants à la pensée unique politiquement correcte. On ne compte plus les victimes du terrorisme intellectuel qui ont été broyées par cette mécanique totalitaire implacable.
–Comme le dit Philippe de Villiers dans son nouveau livre, “Le Mystère Clovis”, nous vivons la fin de la civilisation occidentale, comme la chute de l’Empire romain.
Vous n'avez rien vu venir? Et bien vous êtes aveugles!
Croyez-vous que vos enfants et petits enfants vous pardonneront d'avoir laissé depuis presque 40 ans ces canailles et ripoux de politiques sans vergogne livrer notre pays à l'Islam ?
Si vous n'avez rien vu venir, ouvrez enfin vos yeux et agissez car dans 5 ans, selon Gérard COLLOMB, il sera trop tard !!!!!
* * *
Minha conclusão:
- Cada marroquino que desembarca no Algarve e a quem rapidamente se perde o rasto, é mais um passo que Marine Le Pen dá em direcção ao Eliseu.
Minha recomendação:
»- Depois, queridos amigos do «politicamente correcto», não se queixem porque parte substancial da culpa será vossa.