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A bem da Nação

TEMAS DA LÍNGUA PORTUGUESA

«A MÃO» ou «À MÃO»

Tem ou não tem crase [1]?

Será «a mão» quando o «a» é o artigo definido feminino singular; haverá crase quando se tratar da conjugação do mesmo artigo definido com o advérbio de localização «em» transposto para «na» (em a) e absorvido pela crase em «à» (em a a mão). Neste caso, será «à mão».

Exemplos:

  • - Esta é a minha mão direita, a de semear.
  • - O lápis está à mão de semear (significando que o lápis está perto da mão que eu uso para semear o cereal)
  • - Ele cose a mão - “a mão” aqui é a parte do corpo humano que estava ferida por objecto cortante e estava precisada de ser cosida (suturada)
  • - Ele cose à mão aqui, “à mão” é locução adverbial, que dá ideia de maneira.

Henrique Salles da Fonseca

(por adaptação de lição do Professor Pedro Valadares)

 

[1] - Crase - substantivo feminino - contracção ou fusão de sons vogais num só

O QUE ELES DIZEM...

 

The Economist” – 17 de Fevereiro de 2020

Stuck in the middle

America urges Europe to join forces against China

But European leaders want to stake out an independent position between the two superpowers

E PERGUNTO EU:

O que é hoje a Europa à escala mundial se tem uma unidade política colada com cuspo, não tem uma política externa, não tem forças armadas de comando unificado?

 

Henrique Salles da Fonseca

FRANCISCO GOMES DE AMORIM – I

Como diria Monsieur de La Palisse, comecemos pelo princípio. E o princípio é o nome.

Verdade, verdadinha, «A ver o mar» não é terra do interior e antes de ser absorvida pela malha urbana que por ali cresceu, era uma das aldeias pertencentes à Freguesia de Amorim, Concelho da Póvoa de Varzim. E porque aos naturais de «A ver o mar» se lhes chama averomarenses, mais fácil foi o Senhor Francisco Gomes associar-se a Amorim. Assim foi que, de ajuda geográfica, passou a nome. Nome dinástico, posto que o ora biografado foi o fundador do nome, o filho foi o II, não houve neto adulto que se chamasse Francisco, o bisneto é o meu Amigo Francisco Gomes de Amorim, o III, cujo filho do mesmo nome é o IV e neto é o V. A mais ver… que não apenas o mar.

E foi muito mais o que Francisco Gomes de Amorim I viu.

Criança de 9 anos, quase analfabeto apesar dos cinco anos de escola, foi para o Brasil acompanhando outra criança, o irmão de 11 anos. Chegados ao destino, Belém do Pará, foram vendidos como escravos e separados por dois donos diferentes. Mas o dono de Francisco I não deve ter sido muito mau pois que lhe deve ter dado a alforria, lhe terá permitido aprender mesmo a ler e a escrever e, muito importante, o terá deixado entusiasmar-se pelas artes literárias. O resto foi a força de vontade.

Foi com essa tenacidade que se relacionou com vultos confirmados da nossa cultura, nomeadamente Almeida Garrett que lhe escreveu informando  que não o poderia ajudar estando ele tão longe.

Tinha 19 anos quando regressou a Portugal e, com a ajuda de Almeida Garrett, empregou-se como aprendiz numa alfaiataria em Lisboa. Não tardou a ficar conhecido como o «poeta operário». Seguiram-se colaborações em jornais tanto em poesia coimo em prosa e foi ficando cada vez mais conhecido.

Escreveu, escreveu, escreveu - prosa, poesia, teatro, folhetins… Os anos foram passando, fez-se homem e casou. Correspondente em Lisboa de jornais brasileiros, a produção literária, as crónicas sociais e políticas, tudo foi oportuno para hoje o termos como um homem que viveu intensamente, testemunha dos seus tempos, personalidade notável.

Eis o resumo duma vida plena de entusiasmo e muito inspiradora para quem o leia directamente nos seus escritos ou indirectamente como eu fiz numa pequena obra de pouco mais de 90 páginas intitulada «Francisco Gomes de Amorim – revolucionário e repórter de rua» da autoria de José Rodrigo da Costa Carvalho e editada pela Biblioteca Municipal da Póvoa de Varzim.

Last but not least, uma nota de muito apreço pela iniciativa editorial da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim que, através da sua Biblioteca, edita a colecção “Na linha do horizonte” onde congrega obras de Autores poveiros e de forasteiros sobre temas poveiros. Se todos os municípios seguissem este exemplo, a vida cultural seria ainda mais rica.

Fevereiro de 2020

Henrique Salles da Fonseca

 

UM MAU SERVIÇO PRESTADO À NAÇÃO

O Acordo Ortográfico de 1990 cabimenta aquilo a que antigamente chamávamos erros de ortografia, privilegia a fonia e ignora a etimologia. Ou seja, numa penada, a língua portuguesa perdeu o seu caracter maioritariamente erudito e transformou-se numa forma de expressão da boçalidade de caipiras, jagunços e outros iletrados. Claramente, o tão medíocre «nivelar por baixo».

Nestes últimos dois séculos, as tentativas de aproximação da nossa escrita à fonia são tão antigas quanto António Feliciano de Castilho cuja proposta «viu»[i] chumbada por quem então tinha poderes para decidir sobre esse tipo de matérias.

Muito mais recentemente, foi o brasileiro Paulo Freire que preferiu combater o flagelo do analfabetismo adulto por uma via de escrita fónica que os destinatários conseguissem entender, ou seja, uma forma despojada da erudição que os sertanejos não conseguiriam absorver.

Pessoalmente, aceito o método fónico como transitório, destinado a uma classe etária já avançada que não criará raízes nas normas oficiais mas que passa assim a ter um meio de comunicação de que anteriormente não dispunha. Contudo, se essa escrita fónica me parece aceitável quando dirigida aos mais velhos, já não a tenho como aceitável junto das crianças.

Foi precisamente o contrário que aconteceu em Portugal: nós, os adultos, preferimos usar a forma erudita e às crianças foi imposta a boçalidade.

Claramente, um mau serviço prestado à Nação.

Fevereiro de 2020

Henrique Salles da Fonseca

[i] - Castilho era cego

  NA MORTE DE MALACA CASTELEIRO

Malaca Casteleiro.jpg

Morreu o Professor João Malaca Casteleiro, principal responsável português do Acordo Ortográfico de 1990.

A minha frontal oposição ao dito Acordo fundamenta-se sobretudo em argumentos políticos e não em razões de técnica linguística.

Não me parece oportuno trazer aqui essa argumentação e, pelo contrário, merece referir agora um sentimento real pela perda de alguém que prosseguiu um ideal e que o defendeu até ao fim da vida.

Ideal que não é o meu mas isso é matéria que não vem ao caso.

João Malaca Casteleiro, RIP

Fevereiro de 2020

Henrique Salles da Fonseca

O QUE ELES DIZEM...

DIZ O «FORUM PARA A COMPETITIVIDADE» QUE:

Portugal tem um duplo problema de ter demasiado emprego nas microempresas (com menos de 10 trabalhadores): porque está claramente acima da média europeia; porque, no nosso país, as microempresas têm uma produtividade muito inferior à das outras. Se Portugal tivesse uma distribuição do emprego por dimensão das empresas em linha com a média da UE, poderíamos ter um PIB cerca de 15% superior ao actual.

E DIGO EU QUE:

Para que esses 15% a mais no PIB existissem, era necessário que a mão de obra em causa soubesse fazer alguma coisa para além de fritar batatas e servir às mesas.

Fevereiro de 2020

Henrique Salles da Fonseca

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