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A bem da Nação

FRASES DE NIETZSCHE

 

In 3ª Consideração Intempestiva – Schopenhauer como educador

 

Temos de seguir um curso um pouco ousado e perigoso nesta vida em especial porque, aconteça o que acontecer, estamos destinados a perdê-la.

* * *

O artista está relacionado com os amantes da sua arte como um canhão pesado com um bando de pardais.

* * *

O Estado nunca tem qualquer serventia para a verdade como tal, apenas para a verdade que lhe é útil.

* * *

O Estado quer que os homens lhe prestem o mesmo culto que anteriormente prestavam à Igreja.

 

 

OS INTELECTUAIS E A ESQUERDA

ou

OS INTELECTUAIS E A MENTIRA

 

Reformistas ou reformadores opõem-se aos revolucionários, aos que querem não melhorar o capitalismo mas sim suprimi-lo. O revolucionário esforça-se, destruindo o seu meio, para se reconciliar consigo próprio, visto que o homem só está de acordo consigo se estiver de acordo com as relações sociais de que é, quer queira quer não, prisioneiro… O revolucionário não tem outro programa a não ser o demagógico. Digamos que há uma “ideologia”, ou seja, a representação de outro sistema, transcendente ao presente e talvez irrealizável. Mas só o sucesso da revolução permite discernir entre a antecipação e a utopia. Por conseguinte, se ficássemos nas ideologias, juntar-nos-íamos espontaneamente aos revolucionários que normalmente prometem mais do que os outros. É forçoso que os recursos da imaginação levem a melhor à realidade, mesmo desfigurada ou transfigurada pela mentira. Assim se explica o preconceito favorável dos intelectuais a favor dos partidos avançados.

Raymond Aron.jpg

Raymond Aron

In “Memórias”, Raymond Aron, ed. GUERRA & PAZ, 1ª edição portuguesa, Fevereiro de 2018, pág. 129

EFEMÉRIDE

Jaime Neves.png

25 DE NOVEMBRO DE 1975

Faz hoje 44 anos que a democracia chegou a Portugal derrubando o comunismo que desde o 25 de Abril de 1974 tentava destruir a Nação pondo o país ao serviço da União Soviética.

Foi um punhado de valentes sob a liderança do então Coronel Jaime Neves que tomou a iniciativa de pôr fim ao desmando total a que estávamos a ser submetidos e de proclamar que estava na hora de se estabelecer efectivamente uma democracia de base pluripartidária, parlamentar.

Passadas as colónias portuguesas para a esfera do Império Soviético, estava cumprido o maior desígnio da “revolução dos cravos” perpetrada por uns quantos “anjinhos” e minada por alguns traidores. Eis por que o Dr. Álvaro Cunhal foi condecorado herói soviético já depois de 25 de Novembro de 1975.

No que então restava de Portugal, resolveu-se o problema com meia dúzia de sopapos bem dados em alguns adeptos do totalitarismo mas nas antigas colónias portuguesas começavam os sovietizados as chacinas contra as populações que queriam submeter pelo terror. Assim começaram as guerras civis em Angola e em Moçambique. Mas o sangue também jorrou – e muito - na Guiné e em Timor.

Passados 44 anos, eis-nos em Portugal numa democracia parlamentar consolidada e cheia de problemas conhecidos de toda a gente, discutidos por todos em público e sem constrangimentos.  Esta, sim, a liberdade real, não a da propaganda com que os abrilistas nos enchem as parangonas dos jornais. Mas a tranquilidade destes 44 anos levou-nos ao doce remanso das águas planas. E tudo é vida corrente, sem mais objectivos do que o bem-estar, o enriquecimento tão rápido quanto cada um consiga mesmo que sem olhar a meios; liberdade económica tão desregulamentada quanto os princípios do liberalismo sugerem, o crédito como um direito a dar suporte ao hedonismo, o género humano a apregoar que é híbrido, o vazio quanto a valores colectivos, nacionais, desígnios superiores.

Chegados ao deserto ideológico, à “vidinha” corriqueira, onde está quem nos sugira um sonho?

Eis o desígnio a que os políticos se deveriam dedicar durante os próximos 44 anos, sob pena de descrédito pessoal se o não fizerem e de diluição da Nação na voragem chinesa de mando no mundo.

25 de Novembro de 2019

Henrique Salles da Fonseca

DA BOA OU DA MÁ AUDIÇÃO

Teatro de Bayreuth.jpg

Foi no dia 13 de Agosto de 1876 que se inaugurou o Festival de Bayreuth no teatro cujo projecto e construção foram supervisionados pelo próprio Wagner. Tudo começou com «O anel dos Nibelungos» em que Siegfried mata o dragão. Este, ameaçado pelo herói, abana vigorosamente a cauda, revira os olhos e deita fumo pelas narinas.

É Cosima Wagner que nos conta nos seus diários que a única oficina que encontraram para fabricar uma máquina que, devidamente revestida imitando um dragão, abanasse a cauda, revirasse os olhos e contivesse depósitos que permitissem no momento certo fazer sair fumo pelas narinas do «boneco», se situava em Inglaterra. Adjudicado o trabalho, foi o dragão fabricado mas a montagem final das três partes, cauda, corpo e pescoço (e cabeça, presumo), deveria ser feita no destino.

Quase tudo bem. A cauda e o corpo chegaram a Bayreuth a tempo e horas mas o pescoço foi enviado para Beirute porque o funcionário do Despachante encarregado do envio dessa peça tinha problemas de audição. Ou seria o mandante do despacho que tinha problemas de dicção? Cosima não esclarece quem a lê mas o Festival foi inaugurado na data prevista, sem que nem o dragão nem Wagner perdessem a cabeça.

Imagine-se a gritaria histriónica que haveria e quantas cabeças rolariam se nas vésperas da inauguração do primeiro festival de folclore de Santa Marta de Tornozelo faltassem as pandeiretas…

Novembro de 2019

Henrique Salles da Fonseca

COSIMA, A CRONISTA

Hans von Bülow deu-lhe três filhas e Richard Wagner mais duas e um filho, Siegfried. E isto, tendo o que à época se dizia uma «cara de cavalo». Teria por certo outras virtudes.

Cosima Wagner.jpg

 

Passou à História da Cultura Alemã como Cosima Wagner mas se não fosse a austeridade teutónica, teria por certo assumido o nome completo de Cosima Francesca Gaetana (nomes próprios), d’Agoult et Flavigny (da mãe), Liszt (do pai), von Bülow (do primeiro marido) e Wagner (do segundo marido). Com um nome desses, haveria de parecer espanhola ou viúva americana.

Nasceu em Bellagio, Itália, em 24 de Dezembro de 1837 e morreu aos 92 anos de idade em Bayreuth em 1 de Abril de 1930. Entre a morte de Richard Wagner em 1883 e 1914, assumiu a direcção do Festival anual no teatro que ajudou a erigir.

Não fora o seu diário e ter-se-ia perdido muita informação sobre si própria e, principalmente, sobre as personalidades que a rodearam ao longo da vida, nomeadamente Nietzsche. Ela terá sido a única pessoa por quem o filósofo se apaixonou. Não consta que o vice-versa tivesse fundamento. Mas foi ela que interpretou ao piano várias composições musicais de Nietzsche e estas não ficaram para a História se bem que uma ou outra tenha chegado a ser orquestrada.

No meio da paixão (não correspondida), Nietzsche decidiu fazer de Cosima uma escritora sugerindo-lhe que passasse a um estilo mais contido, sem tantas exclamações como Oh! e Ah! e construindo frases mais curtas. Ou seja, pedindo-lhe que deixasse de ser o que ela era. Felizmente, Cosima também não correspondeu a estas sugestões e manteve-se fiel a si própria até ao fim. Para o bem das crónicas que nos legou.

Cosima, a cronista de virtudes ocultas.

Novembro de 2019

Henrique Salles da Fonseca

NOTA: Para saber mais, ver, por exemplo, em

 http://www.archivowagner.com/indice-de-autores/93-indice-de-autores/k/kraft-zdenko-von-1886-1979/270-los-diarios-de-cosima-wagner

MOVENDO MONTANHAS

No seu livro «O mundo como vontade e representação», Schopenhauer considera que o que conhecemos através dos nossos sentidos, o conhecimento empírico, é a simples representação das coisas mas que a realidade dessas mesmas coisas é praticamente inacessível ao comum dos mortais.

Daí, Sue Prideaux, na sua biografia sobre Nietzsche intitulada «EU SOU DINAMITE» afirmar no final da pág. 69 que…

Toda a vida é anseio por um estado impossível [o da compatibilização entre a representação e a realidade] e, por conseguinte, toda a vida é sofrimento. Kant escreve de um ponto de vista cristão que tornava suportável o estado sempre imperfeito e sempre desejoso do mundo empírico porque seria possível esperar uma espécie de final feliz, caso se fizesse o esforço suficiente. A redenção era sempre possível através de Cristo.

* * *

Esta «saída» kantiana faz-me lembrar que só a fé move montanhas.

 

Julho de 2019

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Henrique Salles da Fonseca

 

MANIPULAÇÃO EXPERIMENTAL

 

Os obstinados são isso mesmo: obstinados, teimosos, insistentes e mais o que os dicionários de sinónimos dirão. E quem é desta vez? Ora bem, os mesmos de sempre, os que querem mandar nos outros, os do «tira-te tu para me pôr eu».

A estratégia é sempre a mesma e, daí, ficar o gato escondido com o rabo de fora: cortar aos grandes o acesso às riquezas da Terra. Foi assim com o cerco soviético à Europa que em 1974 culminou com o 25 de Abril em Lisboa e, daí, a passagem do Império Português para a esfera soviética, é agora com a destabilização da América Latina para enfraquecer os EUA.

Mas desta vez pode haver uma mudança de «artistas» com os chineses a substituírem os russos. É que a Rússia tem petróleo e a China está ávida dele, especialmente o da Venezuela, antes que o Estreito de Ormuz fique intransitável. Assim, tudo se justifica para que o petróleo venezuelano deixe de ser exportado para o mundo ocidental e passa para a sua, chinesa, esfera de interesses.

E agora que tudo estava a correr às mil maravilhas com o norte de Moçambique «no papo» e com a América Latina em polvorosa, logo vem aquela chatice de Hong Kong… Só faltava agora que a «coisa» alastrasse a outras cidades chinesas com um Sindicato Livre qualquer ao estilo do «Solidariedade». A ver…

E estava eu nestas confabulações quando o Embaixador Francisco Henrique da Silva me envia um vídeo com o assalto e saque a uma igreja no Chile. Seguiu-se o diálogo que transcrevo:

Eu – Quem semeia ventos, colhe tempestades e a uma acção segue-se sempre uma reacção.

Embaixador - Pois tem toda a razão, (…) a uma acção segue-se uma reacção e quem brinca com o fogo queima-se. O certo é que na América Latina o rumo político é quase sempre incerto e as coisas mudam inopinadamente. A Argentina pode mudar para muito pior agora que os Kirchner voltam ao poder; o México prossegue uma via de esquerdização pela mão de um demagogo , que, aliás, conheci bem, AMLO; na Bolívia, Moralez teve de bater com a porta; na Venezuela, tudo como dantes, afinal, Maduro não cai de…maduro..; no Brasil, Bolsonaro, apesar da ondulação, aqui e além, agitada, mantém-se; no Equador, com alguns sobressaltos, a situação parece agora estar controlada; no Chile, o caos continua, com características anárquicas, como se vê. No céu, as nuvens acumulam-se, o que é que se segue é uma incógnita.

Eu - Muito obrigado, Senhor Embaixador! Não é todos os dias que sou beneficiado com um "tour d'horizont" tão elucidativo e sintético. Peço autorização para enquadrar a sua exposição em texto a publicar no "A bem da Nação".

Embaixador - Pode utilizar o texto como lhe aprouver. A minha intenção não era publicá-lo como está, pois é demasiado sintético, pouco analítico e teria de lhe dar alguns retoques, aqui e além. Mas se entender que é de publicar…esteja à vontade.

O rumo da América Latina, por razões históricas, políticas, económicas e sociais está em permanente redefinição e tanto se por esboçar no sentido de uma direita musculada como de uma esquerda demagógica. 

* * *

E a pergunta, agora, é: - E agora?

Dado que não sou Ministro dos Negócios Estrangeiros, posso especular e não definir uma política autónoma ou concertada com os demais países nossos aliados mas, para já, olho para a América Latina e vejo-a como o laboratório onde os gananciosos obstinados de um lado, do outro ou de todos, manipulam as experiências políticas que servem aos seus objectivos de subjugação dos povos desamparados e respectivas riquezas naturais.

Pobres países ricos!

Novembro de 2019

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Henrique Salles da Fonseca

DA CAUSA E DO EFEITO

Na minha busca das causas do modo alemão e do nosso, dei por mim a pensar se os filósofos são causa ou consequência do comportamento dos povos a que pertencem. E cheguei à conclusão de que começam por ser consequência, passam a influenciar as classes letradas e daí - mais geração, menos geração - chegam à generalidade da sociedade.

Nestas deambulações, «encontrei-me» com os hiperbóreos, com a mitologia nórdica (a que, por redução, há quem chame germânica), com Lutero, Göthe, Nietzsche, Wagner, Schopenhauer… e, de toda esta erudição, cheguei à boçalidade hitleriana.

E se a minha grande motivação era a de perceber menos superficialmente por que é que a Alemanha se recompôs rapidamente de derrotas militares devastadoras enquanto nós, em paz, temos ciclicamente que recorrer à esmola internacional das Troikas, acabei por dar um ar jocoso à causa  através das condições climáticas que induzem os alemães a trabalhar (é claro que não e que aqui impera a fé inicialmente calvinista e depois luterana de que o trabalho serve Deus) e as doces praias atlânticas nos induzem a folgar (é claro que não, o analfabetismo é a causa mais clamorosa do nosso subdesenvolvimento). Neste interim dei por mim a vasculhar outros Autores que me trouxessem a filosofia devidamente «empacotada» para eu não ter que ler montanhas de livros e, no final, ter baralhado tudo e continuado na grande ignorância. Assim encontrei Peter Sloterdejk e o seu pequeno livro «Temperamentos filosóficos» sobre que escrevi em https://abemdanacao.blogs.sapo.pt/temperamentos-filosoficos-1702900

E, de conversa em conversa, referi este livro à Dr.ª. Maria Emília Gonçalves, nossa «colega» de blog, que assim me respondeu:

Estimado Dr. Henrique Salles da Fonseca,

Fiquei de tal forma entusiasmada com o excerto que transcreveu no seu blog,  relativamente aos prefácios de Peter Sloterdijk, que já encomendei  o livro na FNAC. Tenho sempre um grande interesse por esta temática.

Entretanto e enquanto não leio o livro, e  mais uma vez recorrendo  aos meus apontamentos,  “atrevo-me” a deixar  algo do que aprendi,  sobre alguns dos filósofos que citou.

A ordem pela qual me refiro aos filósofos é absolutamente aleatória.

PLATÃO

Filósofo idealista , discípulo de Sócrates,  Platão defendia uma concepção idealista do mundo e lutou activamente contra  as teorias materialistas do seu tempo.

O homem para Platão é dualista ( corpo e alma ) sua filosofia não se interessa pelo homem em sociedade e sim o divino no homem.

O mundo das ideias, o mundo das formas e o mundo dos conceitos passam a serem primordiais em sua filosofia.

Sua crítica à democracia ateniense e a procura de soluções políticas do mundo grego foram preocupações centrais da vida e da obra daquele que é por muitos o maior pensador da Antiguidade.

Achei muito interessante o que diz  Peter Sloterdijk:  que a tradição platónica  concorda com a doutrina estóica , posteriormente, com a epicurista no facto de definir o filósofo como aquele que é versado na pesquisa da paz das almas.

 

Sobre Aristóteles também achei muito curiosa a referência que faz, dizendo que o cérebro de Aristóteles era como que o senado de uma universidade rica de faculdades.

 

Quanto a Descartes diz ele no seu livro  que “a filosofia moderna de tipo cartesiano permanece caracteristicamente suspensa entre a teologia e a teoria das máquinas, não tendo sido em vão que os grandes arquitectos de sistemas do Idealismo alemão celebraram em Descartes o seu predecessor.

 

DESCARTES

Descartes julgava necessário colocar  previamente em dúvida tudo quanto existe. Este principio, é aquele de que “Penso, logo existo”. Desta tese, Descartes tentava também inferir a existência de Deus  e depois a convicção de que o mundo exterior é real.

Descartes é o fundador do racionalismo que se formou como consequência de entender o carácter lógico do conhecimento matemático.

LEIBNIZ

No seu discurso da Metafísica, Leibniz refere-se a: “fazer sempre o que for mais perfeito e realizar o que parecer ser o melhor. À razão cabe, como regra, a escolha do melhor, que será reconhecido pelos homens segundo o bem aparente, segundo o que parece ser o melhor”.

O racionalismo de Leibniz muito difundido no séc. XVII  tornou-se a filosofia  academicamente mais influente da época.

Refere  Peter Sloterdijk,   que o seu papel intelectual é de uma ponta à outra o do diplomata hábil na palavra, do cortesão na teoria e conselheiro do príncipe(…)

 

Igualmente  interessante a referência  a Schelling.  Diz-nos que o rei Maximiliano da Baviera, que foi aluno dele, mandou colocar no monumento de 1854 ao filósofo as seguintes palavras: “Ao primeiro pensador da Alemanha”.

 

Quase no final do livro, Peter Sloterdijk ,referindo-se a Marx, Nietzsche e Freud, diz que os três desangelistas parecem proclamar  um e o mesmo destino, quando referiram “A verdade avassalar-vos-á”.

E refere ainda que todos eles procuraram e acharam leitores ágeis que reconheceram nos seus escritos as palavras –chave para carreiras, e até pretextos para golpes de estado, fundações de sociedades e revoluções radicais do modo de pensar e viver.

HEGEL

Para Hegel, não existe algo que seja impossível de ser pensado. Ele afirma que o real é racional e o racional é real. Não é possível separar o mundo do sujeito, o objecto e o conhecimento, o universal e o particular.

A sua dialéctica é fundamentada na tese e na antítese.

MARX

Se Hegel era um idealista em termos filosóficos, Marx era um materialista, ou seja, para Hegel as ideias  vêm antes das coisas, para Marx, as relações sociais é que precedem as ideias.

Para Marx, a história humana desenvolve-se a partir da acção concreta dos seres humanos em sociedade.  Por isso Marx é um materialista, ao contrário de Hegel .

Marx inspirou-se na dialéctica de Hegel para propor os possíveis caminhos revolucionários. A contradição existente entre a classe dominante (burguesa) e a classe proletária, deve fazer surgir uma nova síntese.

O Estado e o capital fazem parte do sistema dominante.

SARTRE

Existe uma certa ligação entre  a sua filosofia e a de Kierkegaard. Tem sido escrito que Freud também o influenciou.

Sartre empreende a tentativa de demonstrar o existencialismo recorrendo à filosofia do marxismo. Ele participou na Resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial  e lutou activamente contra o renascimento do fascismo, em defesa da paz.

É um representante do existencialismo “ateu”.

SCHELLING

Aproveitou as ideias de Kant e a teoria de Leibniz tendo introduzido o conceito de desenvolvimento  na interpretação da natureza. Tentou combinar o idealismo subjectivo de Fichte com o idealismo do seu próprio sistema.

Schelling, tal como Fichte, concebia a liberdade como necessidade; não via a liberdade para o individuo isolado, mas a conquista da sociedade.

SANTO AGOSTINHO

A filosofia agostiniana é uma constante busca da verdade, que culmina na Verdade, em Cristo. É um movimento incessante, uma paixão, e, precisamente, a paixão principal: o amor.

“O amor é o peso que dá sentido à minha vida. Verdade e Amor.“Fizeste-nos, Senhor, para Ti e o nosso coração estará inquieto enquanto não descansar em Ti”, diz nas Confissões.

Em Santo Agostinho, não existem provas formais para demonstrar a existência de Deus. Ainda que toda a sua obra seja uma espécie de itinerário em direção a Deus. Tudo fala de Deus.

Já no final da sua vida, diz que o homem tem em si, enquanto é capaz, “a luz da razão eterna, na qual vê as verdades imutáveis”.

 KANT

A filosofia Transcendental de Kant delimitou o conhecimento científico, tal como era entendido à época (Aritmética, Geometria e Física), fundamentando-o nas estruturas do sujeito. Portanto, tudo aquilo que tais estruturas não abrangessem estaria fora dos domínios do saber legítimo.

Kant tentou aliar o racionalismo ao empirismo, para ele  não haveria conhecimento sem percepção sensível e, tampouco, sem entendimento. Em termos kantianos, o filósofo estaria muito longe de ser aquele que sobre tudo indaga, como se julgava em tempos remotos. Legitimamente, o filósofo investigaria as condições de possibilidade do conhecimento e também os fundamentos do dever moral.

Kant ensina-nos que o nosso conhecimento tem a base da sua validade na razão. O factor “a priori” não procede, segundo ele, da experiência mas sim do pensamento, da razão, pelo que foi o fundador do apriorismo.

Kant mostra ao longo da sua crítica quais são as condições para qualquer experiência possível, na "Estética Transcendental", analisando quais são as condições a priori para que um dado fenómeno possa ser dado na intuição, chegando às condições de "espaço", para as intuições externas, e "espaço" e "tempo" para as intuições internas.

Após a Estética, Kant prossegue para a análise da forma pela qual aquilo que é dado na experiência é organizado em relações que constituem conhecimento. Estas são as categorias do entendimento, determinadas pela razão pura e que, sendo preenchidas pela matéria proveniente da experiência, podem formar um conhecimento. Ambas as análises são feitas na chamada "Analítica Transcendental".

Em seguida ele segue para a "Dialéctica Transcendental", parte do livro na qual ele usa esse pensamento elaborado na analítica para mostrar erros de raciocínio impregnados no modo de pensar filosófico de então.

===================================

Sinta-se, por favor, perfeitamente à vontade, para publicar (ou não) o que entender, até porque  o mail é longo e será cansativo lê-lo.

Os meus melhores cumprimentos

Mª Emília Gonçalves

* * *

Agradeço à Dr.ª Maria Emília Gonçalves pois assim ficamos com um interessante resumo do que cada um foi pensando e influenciando, sendo consequência do que aprendeu e viu e causa de evolução.

Continuemos…

Novembro de 2019

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Henrique Salles da Fonseca

CONSIDERAÇÃO INTEMPESTIVA

«Considerações Intempestivas» é o título geral de um conjunto de textos de Nietzsche e que, sob a forma de opúsculos, ele foi publicando à medida que os ia considerando concluídos[1] e em condições de divulgação.

A segunda Consideração tem a ver com a historiografia, ou seja, com a ciência e com a filosofia da História e intitula-se Da utilidade e das desvantagens da História para a vida.

A título de curiosidade, Nietzsche destrinça três tipos de interventores na História: o “antiquário” que procura preservar o passado; o “monumental” que procura emular o passado; o “crítico” que procura libertar o presente do passado.

Neste texto, Nietzsche disseca a realidade alemã do seu tempo alertando para que a obsessão das elites pelo passado estava a obstar à construção racional do presente.

Tomando em conta que o filósofo morreu no dia 25 de Agosto de 1900, temos que reconhecer que a «adivinhação» das dificuldades alemãs na construção de um presente racional se repercutiu muito para além do seu desaparecimento físico entre os homens conferindo-lhe uma efectiva capacidade de antevisão dos problemas por que a Alemanha haveria de passar. Por outras palavras, a loucura colectiva que assolou os alemães através do nazismo, tem raízes bem mais antigas do que aquelas que habitualmente se referem.

E estou mesmo em crer que Wagner tem algumas culpas no Cartório. Voltarei ao tema.

Novembro de 2019

Dubrovnik-réveillon 2016-17 (1).jpg

Henrique Salles da Fonseca

[1]- Para saber mais, ver em «Considerações intempestivas – F. Nietzsche»

POUPANÇA E INVESTIMENTO

 

A sequência é mais longa do que o título pois, mesmo num esquema super-simplificado, começa em receitas e despesas cujo saldo, sendo positivo, gera poupanças e é destas que saem os investimentos. E são os investimentos que geram novas receitas e assim sucessivamente num acumular de poupanças e investimentos…[i]

Quando a série é truncada pelos impostos, a acumulação de riqueza, de poupanças e de investimentos é directamente reduzida e a pergunta que fica é a de saber se o uso público dessas reduções é mais proveitoso para o conjunto da sociedade do que a hipótese de a série cumulativa de riqueza se manter intocada.

A resposta nunca será dada com rigor matemático pois é hoje para nós óbvio que as funções de soberania, nomeadamente as Forças Armadas, têm que ser financiadas e elas são improdutivas no sentido da acumulação de riqueza na série com que abro este escrito[ii].

A imprescindibilidade dos gastos públicos financiados pelos impostos é, contudo, discutível e também aí se deveria situar a fronteira entre os vários Partidos. Rareiam as discussões políticas em torno dos custos de contexto, da análise comparativa dos benefícios sociais (globais, claro!) entre a gestão pública e a privada na Instrução (educação é a família que a ministra, não a escola) e na Saúde, os dois sectores de gestão mais sovietizada que por cá temos.

Os temas têm muito de discutível e não colhe a atitude de pré-vencidos dos Partidos que se renderam à derrota eleitoral a qual, eventualmente, resultou de não terem anunciado propostas inovadoras nestes e noutros tópicos que agora não me ocorrem. Os vencidos deixaram-se conduzir para temas que não os distinguiam dos que ganharam e sofreram as consequências que as urnas lhes ditaram por falta de imaginação ou por concordarem com o statu quo que o seu eleitorado tradicional queria ver modificado.

Não faltará numa putativa discussão desta temática quem se assanhe nas políticas de redistribuição da riqueza  e na protecção dos mais desfavorecidos mas certamente também haverá quem considere importante não se continuar a hostilizar os que criam essa riqueza, os que criam postos de trabalho, ou seja, os que financiam todos os custos públicos.

É hora de falar de ideias, não mais de factos e muito menos de pessoas.

Novembro de 2019

Urinol público Estocolmo.JPG

Henrique Salles da Fonseca

 

[i] - Os comunistas, ao combaterem o lucro, impediram a constituição de poupanças e disponibilidades para investimentos donde resultou a «glória» de Novembro de 1989

[ii] - Há, como é sabido, modos de redução da dita truncagem mas a chamada «indústria de guerra» só pode ser lucrativa por via do comércio internacional, não na dimensão doméstica. Se os lucros gerados pelas exportações de material de guerra superarem os custos internos dessa função de soberania, a minha conjectura negativa deixa de fazer sentido.

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