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A bem da Nação

ARÁBIA FELIX – 8

 

Ainda a propósito do Ibadismo, alternativa ao Sunismo e ao Xiismo, fiquei a saber que Omã vem servindo de intermediário entre aquelas duas facções do Islamismo não só em termos diplomáticos na guerra (civil?) que actualmente assola o Iémen mas também nas coisas mais comezinhas que se pode imaginar. Por exemplo, a Arábia Saudita tem falta de cabras e o Irão é um grande produtor desses simpáticos cornúpetos pelo que se servem da intermediação omanita para fazerem o comércio que não ousam estabelecer directamente. E quem gere essa intermediação? Pois bem, foi-me dito pelo guia egípcio que são esses tais «portugueses abandonados» lá pelas paragens do Estreito de Ormuz que, para além da actividade pesqueira, vão buscar carregamentos de cabras ao Irão e as vendem aos encarniçados sunitas de Meca.

 

Se esta informação se confirmar, dá para recordar que o Império Português teve o comércio como uma das suas bases essenciais pois havia que ganhar dimensão «lá fora» para resistir à pressão raiana exercida por «nuestros hermanos».

 

A propósito da guerra em curso no Iémen, contou-me outro egípcio que, mais do que uma divergência religiosa, se trata duma quezília com motivos bem prosaicos.

 

Assim, recordou-me ele que a etnia árabe teve a sua origem no Iémen o que dá aos iemenitas um sentido de grande superioridade em relação aos outros árabes, os que eles consideram na diáspora. E aqui entra em acção o conceito de que é aos filhos que cumpre cuidar dos pais aquando da velhice destes.

 

Como assim?

 

Pois saiba-se que o Iémen não tem petróleo (se o teve, já o consumiu – não fui investigar) e que a Arábia Saudita ainda não explorou uma gota das suas reservas centrais.

 

Então, os iemenitas querem uma redefinição das fronteiras de modo a que possam chegar à vertical dessas tais reservas inexploradas. Está-se mesmo a ver que os sauditas vão mobilizar todos os topógrafos à superfície da Terra para redesenharem o traçado da fronteira como os iemenitas paternalisticamente exigem.

 

Sanaá-Iémen.png

Sanaá, capital do Iémen

 

E o que tem Omã a ver com tudo isto? Então, não esqueçamos que o petróleo é a principal fonte das receitas omanitas e que logo no início do reinado de Kaboos, houve uma invasão iemenita do seu território cujo objectivo anunciado era o proselitismo comunista mas que, na verdade, já era a cobiça petrolífera.

 

Felizmente para Kaboos, não lhe foi pedido que assumisse uma posição no conflito em curso pelo que o Sultão se limita a fazer como aquele fulano muito magrinho que tentava passar entre os pingos da chuva sem se molhar. Até quando? Até que a Arábia Saudita se farte disto tudo, assuma o poder em Sanaá e diga ao mundo que o Iémen foi um país que em tempos existiu no extremo sul da sua Península. Já vimos como o príncipe herdeiro saudita age, não estranhemos que lhe chegue rapidamente a mostarda ao nariz.

 

A ver, como se diz em Oftalmologia…

 

(continua)

 

Março de 2019

Omã, algures.jpg

Henrique Salles da Fonseca

(Omã, algures)

Pág. 4/4

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