A presença muçulmana em Portugal durou 500 anos, sendo assim natural que tenha deixado uma forte herança. Temos alguns bairros em Portugal que preservam o mesmo aspecto do tempo dos muçulmanos (como a Mouraria e Alfama), e a casa tradicional do Alentejo e Algarve (chaminés e açoteias) com o estilo muçulmano.
Na agricultura, o tanque, a nora e os canais de rega foram invenções islâmicas. Trouxeram árvores/alimentos como o limoeiro, a laranjeira, abóbora, cenoura, arroz e a figueira. Também nos doces há intervenção muçulmana: arroz doce, aletria, açúcar. No nosso actual vocabulário, quase todas as palavras que começam por «Al» têm origem muçulmana.
Até à época da Inquisição existiam muitos judeus em Portugal com grande influência na sociedade. Muitos judeus desempenharam um trabalho relevante para o sucesso das descobertas portuguesas nos séculos XV e XVI, trabalhando na áreas da matemática, de astronomia e de cartografia.
Judeus Sefarditas
Nesse sentido, desenvolveram grandes instrumentos científicos.
Tomar e Coimbra são ainda cidades que apresentam alguns traços da arquitectura judaica do passado (como fontes).
Já em plena época de perseguição, deixaram marca na gastronomia, com a famosa alheira de Mirandela, a farinheira e outras ocultações gastronómicas.
Uma curiosidade sobre outro tipo de ocultação: os judeus de Belmonte que se diz estarem religiosamente autorizados a não serem circuncisados como forma de dissimulação da sua fé.
Mas deixaram também vestígios em costumes e crenças como, por exemplo, o temor de duas facas cruzadas (o símbolo da cruz).
É dos povos que mais heranças nos deixaram: o latim, a numeração romana, pontes, estradas, aquedutos e cidades.
O mais famoso centro urbano romano é perto de Condeixa onde se localiza Conímbriga mas existem também outros tais como Miróbriga, perto de Santiago do Cacém e a mais sumptuosa, Balsa, vizinha de Tavira, exemplos claros do desleixo cultural de que estamos penosamente afectados nestes tempos que vivemos.
Templo Romano de Évora
A calçada portuguesa é também uma criação dos romanos.
A lei do mundo ocidental ainda hoje tem uma notória influência romana.
Os Visigodos chegaram à Península Ibérica no ano de 416. Aqui fundaram um reino, submeteram os Suevos e ficaram a dominar longos anos em todo o território. O reino dos Visigodos estava organizado numa monarquia absoluta com a capital em Toledo. Publicaram o Código Visigótico e estabeleceram uma sociedade formada pelo clero, nobreza e povo. Eram grandes artistas, em especial na fabricação de jóias. A pouca arte visigótica que ainda podemos admirar em Portugal está na ourivesaria e na arquitectura.
Visigodos
No que diz respeito a edifícios, temos a Capela de S. Frutuoso de Montélios, perto de Braga, a Igreja de S. Pedro de Balsemão, nos arredores de Lamego, e a Igreja de S. Gião da Nazaré.
Claros traços visigóticos presentes em alguns espaços são o arco de ferradura e a planta em forma de cruz das igrejas.
Igreja de São Pedro de Balsemão
Também deixaram um importante trabalho na área jurídica. Escreveram Liber judiciorum, uma obra que forneceu as bases do pensamento jurídico na era medieval na Península Ibérica. Também relevantes foram o Código de Eurico, a Lex romana visigothorum.
De origem germânica, os Suevos começaram por ser lavradores mas tornaram-se conquistadores e alargaram o seu reino até ao rio Tejo. Converteram-se ao catolicismo por influência de S. Martinho de Dume.
Túmulo de S. Martinho de Dume, Braga
Fundaram o Reino dos Suevos, com a capital em Braga. Esta, tornou-se um grande centro de fé e de cultura. Com a expansão do reino para sul, os Suevos instalaram-se em Portucale, na foz do rio Douro.
Suevos
O norte de Portugal tem ainda fortes influências dos suevos. As características mais evidentes são o arado quadrado e o espigueiro. Na toponímia, nomes como Freamunde ou Guilhofrei evocam origens germânicas.
Os celtiberos são o povo que resultou, segundo alguns autores, da fusão da cultura do povo Céltico e da do povo Ibero. Habitavam nas regiões montanhosas onde nascem os rios Douro, Tejo e Guadiana desde o século VI a.C. Não há, contudo, unanimidade entre os historiadores quanto à origem destes povos.
Celtiberos
Tratar-se-ia, talvez, de um povo Celta que adoptou costumes e tradições iberas. Estavam organizados em gens, clãs familiares que ligavam as tribos, embora cada uma destas fosse autónoma, numa espécie de federação. Esta organização social e a sua belicosidade permitiram a estes povos resistir tenazmente aos invasores Romanos até cerca de 133 a.C., com a Queda de Numância.
Deste povo desenvolveram-se, na parte ocidental da Península, os Lusitanos, considerados pelos historiadores como os antecessores dos portugueses, que viriam a ser subjugados ao Império Romano no século II a.C.
Os Cartagineses descendiam dos Fenícios. Estes dedicavam-se ao comércio de metais e à salga de peixe. Atribui-se-lhes a fundação de Portimão e outras colónias de pescadores na costa algarvia. Além de grandes comerciantes, os cartagineses eram também grandes exploradores. Algures entre o ano 500 aC e 420 aC, o almirante cartaginês Hanão organizou uma expedição para efectuar comércio marítimo em torno da costa africana, possivelmente para fundar colónias a sul.
Depois, os Gregos chegaram à Península. Concorrentes comerciais dos Fenícios, fundaram várias colónias, tais como Alcácer do Sal. Introduziram a civilização helénica no Sul e Leste da Península. Como vestígios da sua presença deixaram a ânfora (uma das primeiras peças para armazenar mantimentos), vasos e moedas. Embora se considerem lendas, diz-se que Ulisses fundou Lisboa e o filho deste, Abidis, que fundou Santarém.
Navio Grego
A maior contribuição grega na cultura das populações que já se encontravam no nosso território foi sem dúvida a noção de moeda que começou a ser cunhada localmente em Emporion no século V a.C. e em Rodes no século seguinte. Esta prática, porém, só se tornou corrente nos restantes territórios da Península Ibérica nos anos posteriores e sob a influência de Cartago.
Os Fenícios eram um povo de navegadores e comerciantes originário do actual Líbano e da zona costeira da moderna Síria. A abundância de peixe das nossas costas interessou os Fenícios na pesca e na salga de peixe, mas também na procura de metais, como a prata, o cobre e o estanho.
Civilização Fenícia
Traziam produtos, como tecidos, vidros, porcelanas, armas e objectos de adorno para fazerem trocas comerciais. Fundaram Feitorias, isto é, postos comerciais, no litoral. Criaram o alfabeto constituído por 22 consoantes e utilizaram o papiro para escreverem. Infelizmente, em termos arquitectónicos temos poucos vestígios sobre este povo (o subsolo do claustro da Sé de Lisboa é um dos poucos exemplos) mas há oliveiras em Tavira e em Santa Iria de Azóia que, devidamente datadas, se concluiu terem sido plantadas pelos fenícios.
Os lusitanos são normalmente vistos como uns dos antepassados dos portugueses do centro e sul do país e dos extremenhos. Eram um povo celtibérico que viveu na parte ocidental da Península Ibérica. Primeiramente, uma única tribo que vivia entre os rios Douro e Tejo ou Tejo e Guadiana. Ao norte do Douro limitavam com os galaicos e astures – que constituem a maior parte dos habitantes do norte de Portugal – na província romana de Galécia, ao sul com os béticos e ao oeste com os celtiberos na área mais central da Hispânia Tarraconense.
Lusitanos
A figura mais notável entre os lusitanos foi Viriato, um dos seus líderes no combate aos romanos. Apesar de as fronteiras da Lusitânia não coincidirem perfeitamente com as de Portugal de hoje, os povos que aqui habitaram são uma das bases etnológicas dos portugueses do centro e sul e também dos extremenhos (da Extremadura espanhola).