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A bem da Nação

TEATRO MUITO RÁPIDO

Pano de boca de teatro.jpg

 

 A CLAUSTROFOBIA DO AMIGO

 

ACTO ÚNICO

 

Conversam os amigos…

1º amigo – Julgo que estou com um princípio de claustrofobia.

2º amigo – Claustro quê?

1º amigo – Claustrofobia, medo de espaços fechados.

2º amigo – E por que é que achas isso?

1º amigo – Porque tenho medo de chegar ao bar e ele estar fechado.

 

Cai o pano rapidamente.

 

27 de Julho de 2018

Henrique Salles da Fonseca-16AGO16-2

 Henrique Salles da Fonseca

OS RADICAIS E OUTROS QUE TAIS

 

 

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Perguntado sobre o que penso dos políticos radicais, ocorre-me dizer que…

 

… muito jovem ainda, tomei consciência política num quadro ideológico bem definido em que a alternativa se colocava entre o fascismo e o Estado de Direito.

 

No fascismo enquadravam-se regimes políticos governados pelo capricho do ditador: Hitler, Mussolini, Stalin, Enver Hoxha, Mao Tse Tung, Franco, Péron, Somoza, Stroessner,...

 

No Estado de Direito, enquadravam-se todos os outros mais ou menos autocratas e mais ou menos democratas. Salazar, por exemplo, era autocrata mas claramente a favor do Estado de Direito (e esta minha opinião desespera os da esquerda).

 

Dentre as políticas económicas (e sociais, claro), tínhamos o comunismo (tudo era do Estado e ponto final na discussão), o socialismo (as «coisas» importantes eram do Estado e as menores eram privadas), a social democracia tributava fortemente a vulgarizada propriedade privada, o liberalismo em que vingava o «laissez faire-laissez passer» e a Administração Pública era reduzida à menor expressão. A Democracia Cristã assentava na democratização do acesso à propriedade privada, na valorização da Pessoa e na construção de um Estado Social que não esmagasse o crescimento económico.

 

Por esta minha descrição, dá para perceber que sou democrata cristão (não religioso).

 

Actualmente, a alternativa põe-se entre políticas pró-burguesas (tomados como sendo de direita) ou anti-burguesas (de esquerda, claro) assumindo as expressões mais correntes de liberalismo e de socialismo. Os actuais Partidos socialistas e social-democratas praticam o liberalismo (com mais ou menos casos de Polícia à mistura) e sem variantes que económica e socialmente os distinga.

 

Quem destabilize este cenário partidário tradicional, é apelidado de populista e de radical e tanto faz que preconize políticas económicas ou sociais mais ou menos conotadas com a direita ou com a esquerda.

 

Para mim, ser radical é não pactuar com a moderação; para o radical, tudo é branco ou preto, não há cinzentos.

 

É que, afinal, pensando maduramente, prefiro os radicais livres.

 

Julho de 2018

 

Fonte da Telha-27NOV16 (barco museu).jpg

 Henrique Salles da Fonseca

NA MORTE DE JOÃO SEMEDO

João Semedo (BE).jpg

 

Quem tem fé na vida para além da morte, encara o além com tranquilidade; João Semedo, eventualmente, não.

 

Mas nós, os seus opositores políticos, temos as nossas crenças e não é por ele ter sido nosso adversário (se não mesmo inimigo) terreno, que lhe negamos o acesso ao que desejamos para nós próprios. E isso que desejamos é uma nova dimensão tranquila, tranquilidade que por cá não nos deu ou, até, que por palavras nos negou. Só que nós não somos de rancores e, pelo contrário, somos do perdão.

 

Nós continuamos por cá a defender o que temos por verdade; ele já está na «terra» da verdade onde desejamos que tudo lhe seja leve – “sit tibi terra levis”.

 

17 de Julho de 2018

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 Henrique Salles da Fonseca

ESTRATÉGIA ISLÂMICA

 

 

Os clérigos muçulmanos mais radicais decidiram que toda a África oriental, incluindo Madagáscar, deverá ser muçulmana num prazo tão curto quanto possível. Se necessário, aterrorizando as populações não muçulmanas.

 

As imagens que seguem foram-me enviadas de Moçambique tendo sido captadas durante o mês de Junho de 2018 em Cabo Delgado:

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Seria de esperar uma reacção rápida das Autoridades moçambicanas mas, até ao momento, as tropas continuam aquarteladas ou a guerrear a Renamo na zona da Gorongosa.

 

E a primeira pergunta é: será que as Autoridades moçambicanas concordam com esta estratégia dos clérigos muçulmanos?

 

A segunda pergunta é: será que o Exército da Frelimo tem medo de ir a Cabo Delgado?

 

A terceira e última pergunta: será que a autoridade do Estado Moçambicano se estende mesmo até às fronteiras internacionalmente reconhecidas?

 

Quem souber que responda…

HSF-AGO16-Tavira

Henrique Salles da Fonseca

DESENCANTADOS

 

Foi num cenário de exigência de igualdade, de construção duma sociedade sem classes, de reforma agrária, invasão de terras, de latifundiários em fuga ou resignando de vastas áreas e de uma geração de jovens que se consideravam na sombra social mas que agora estavam dispostos a conquistar um lugar ao Sol que os revolucionários perceberam que podiam levar por diante a sua obsessão de implantação do comunismo. Tinham à disposição jovens universitários ávidos da motivação que lhes proporcionaria a justiça social. Todos, em idades propícias à absorção de emoções e de grande inocência perante a «lavagem ao cérebro» que lhes era feita por marxistas «plantados a dedo» nas Associações de Estudantes das Universidades. O método foi o de não transmitir argumentação crítica mas sim pensamentos emotivos baseados em ideias simples e dogmáticas, essência do fanatismo.

 

Mas, afinal, os inocentes sabiam ler e não pertenciam a outra classe que não a da burguesia. Pequena, talvez, mas burguesia e não proletariado. E mesmo que tivessem origens proletárias, as suas ambições íntimas eram burguesas.

 

O desencanto foi o destino quando viram os seus ideais de liberdade e glória social atraiçoados pela realidade da ditadura do proletariado, pelas decisões «unânimes» dos Comités Centrais, pela vigilância dos controleiros, enfim, por algo que nada – mas absolutamente nada – tinha a ver com democracia.

 

E esse continua a ser o erro da esquerda dogmática, o de julgar que lida com proletários quando, na realidade, lida com burgueses que não se deixam manipular como boçais que efectivamente não são.

 

E onde encontrar essas massas proletárias ávidas da liberdade propagandeada quando a indústria foi desmantelada pelas exigências absurdas desses dogmáticos que entretanto regem a gerontocracia em que se deixaram cair? Esse é o vazio perante o qual os velhos esbarram e só não se desmobilizam porque não conhecem outra doutrina que não a da cartilha soviética. Para esses, é tardia a mudança e só o dogmatismo lhes sustém um pouco o desespero porque se pudessem pensar por si próprios, há muito que também eles para lá teriam resvalado de corpo inteiro.

 

Pois é, o século XXI ocidental não tem o dogma como paradigma e, pelo contrário, a sua juventude puxa pela cabeça ao enfrentar a invasão de outras civilizações – essas, sim, dogmáticas – para sobreviver mantendo os Valores da liberdade democrática e algum bem comum.

 

O desencanto da geração que nasceu nos 50 não foi suficiente para prevenir o embate civilizacional neste início do séc. XXI deixando a liderança a Partidos amolecidos que terão uma séria responsabilidade no que de mal nos acontecerá depois de todos estes desencantos se somarem. Mais do que uma sociedade acomodada, os invasores encontram uma sociedade liderada maioritariamente por Partidos contentes com a suavidade do politicamente correcto que construíram; todos liberais só divergindo nas congregações mais ou menos conhecidas, mais ou menos secretas em que os seus membros se integram, todos empenhados na divisão do bolo sem que o eleitor se aperceba claramente do que lhe sonegam.

 

Mas há sempre um limite pois não se pode enganar toda a gente durante todo o tempo.

 

E, das duas, uma: ou nos resta navegar de desencanto dogmático em desencanto de moleza se não tivermos a força das convicções profundas da liberdade democrática como a temos entendido no Ocidente desde a segunda guerra mundial ou então, resta-nos seguir a sugestão de Karl Popper que é, na consumação do desespero global, irmos todos para o Inferno.

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Contudo, há mais um «mas» que é o de não nos deixarmos manipular nem nos deixarmos amolecer. E isso pode ser muito mau para quem nos tem manipulado e amolecido sob o título da governança pacífica e da continuidade dessa mesma governança. Pacífica ou podre? Eis a questão. Questão que horroriza a diplomacia do croquete perante quem fala grosso, mesmo que do nosso lado e tenha sotaque de Manhattan. Mais do que o conteúdo do discurso, o que mais horroriza a diplomacia côr-de-rosa é o tom. O que não isenta o Fulano de uma certa boçalidade. Mas não será o tempo de se usar um pouco dela perante a invasão sunita da Europa?

 

Julho de 2018

 

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 Henrique Salles da Fonseca

LIDO COM INTERESSE – 77

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Título – O VERMELHO E O NEGRO

Autor – Stendhal

Tradutor – Maria Manuel e Branquinho da Fonseca

Editor – Abril Controljornal Edipress

Edição – Junho de 2000

 

 

Sobre esta obra já terá havido recensões mais do que suficientes para que eu possa agora referir alguma perspectiva que tivesse passado despercebida à multidão de eruditos que a leram antes de mim. E lendo-a na tradução, muito provavelmente me poderá escapar a pureza do estilo literário do Autor, Stendhal.

 

Perguntar-se-á então o meu leitor, por que razão venho aqui tratar de algo sobre que já tudo foi dito e cujo estilo original pode não estar preservado.

 

Muito bem, venho apenas ler a tradução e quase dispensaria o original de cujo enredo me permitiria prescindir se ele não fosse fundamental para o que me interessa que, como já disse, é o trabalho dos tradutores.

 

Então, foi assim: João Gaspar Simões disse ao meu tio António José Branquinho da Fonseca que não gostara nada da tradução que por aí andava e que seria bom tratar de arranjar nova versão portuguesa que não achincalhasse Stendhal. Se ele, o meu tio, sabia de quem pudesse deitar mãos a uma nova tradução. Era óbvia a «cunha» que Gaspar Simões estava a meter ao meu tio para ser ele a fazer o trabalho. Mas, entre gerir as Bibliotecas Itinerantes da Gulbenkian e escrever obra nova, o meu tio tinha muito mais que fazer e ficou de pensar em alguém que pudesse fazer o trabalho. E, sim, lembrou-se. Lembrou-se da mulher dele, a minha tia Maria Manuel.

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Eis como se chegou a um compromisso de a obra ser traduzida (claro que a partir do original e não da má tradução anterior), por ela, a minha tia, com a supervisão do meu tio. A função de cada um ficando previamente definida cabendo a Maria Manuel o grosso do trabalho e a ele a garantia da maior fidelidade ao estilo de Stendhal.

 

Eis por que na ficha técnica vem referido que a tradução é de Maria Manuel e Branquinho da Fonseca.

 

E eu, que já sabia disto tudo há mais de 50 anos, nunca lera o livro quer em francês (em casa dos meus pais havia um exemplar em francês que desapareceu na voragem das mudanças póstumas) quer nesta tradução. A outra, a chamada má por Gaspar Simões, nem sei qual era. Até que há dias deparei com esta edição relativamente recente numa prateleira da biblioteca da casa que tomo de renda numa praia próxima de Lisboa.

 

Suspendi as leituras que trazia e dediquei-me a esta com o à-vontade que me dá a certeza de uma obra notável traduzida por quem não trabalhava ao cronómetro e sabia ser fiel ao estilo do Autor traduzido.

 

E só para dar um cheirinho do que tenho estado a ler entre dois mergulhos nas salsas atlânticas, passo a transcrever pequenos trechos que chamaram a minha atenção. São só três citações e não maço mais.

 

«Para se obter a consideração pública em Verrières é preciso não adoptar (…) qualquer plano trazido de Itália (…). Tal inovação acarretaria sobre o imprudente a eterna reputação de má cabeça, ficando perdido para sempre no conceito das pessoas sensatas e moderadas que distribuem a consideração no Franco Condado. Com efeito, essas pessoas exercem ali o mais aborrecido dos despotismos; e por causa desta feia palavra é que a vida nas cidades pequenas se torna insuportável para quem viveu na grande república que se chama Paris. A tirania da opinião – e que opinião! – é tão estúpida nas pequenas cidades de França como nos Estados Unidos da América.» (pág. 8)

 

Fala o Presidente da Câmara de Verrières à «esposa»:

«- Eu falo, Senhora, como o falecido Senhor Príncipe de Condé, apresentando os camaristas à sua nova esposa: Todos estes homens, disse ele, são nossos criados. (…) Todos os que não são fidalgos e vivem em nossa casa recebendo um salário, são nossos criados.» (pág. 46)

 

«Desde a queda de Napoleão, todas as aparências de galanteria foram severamente banidas dos costumes da província. Receia-se ser-se demitido. Os patifes procuram apoio na congregação; a hipocrisia fez os maiores progressos, mesmo nas classes liberais. O tédio aumenta. Os únicos prazeres que restam são a leitura e a agricultura.» (pág. 50)

 

E muito mais haveria a referir mas o meu leitor tem muito mais que fazer como o meu tio também tinha quando Gaspar Simões lhe «encomendou um sermão» que ele não queria proferir.

 

Continuemos…

 

Fonte da Telha, Julho de 2018

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 Henrique Salles da Fonseca

(lendo por osmose ao estilo do Facebook)

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