KALIMERA – 9
PATMOS
Zarpando de Kusadasi pelas bandas do almoço, foram poucas as horas de navegação até Patmos, uma ilha um pouco maior que minúscula mas onde se exilou o Apóstolo S. João. Diz-se que morreu com cerca de 90 anos, o que não deixa de ser um quase milagre para os tempos de então.
A presença do Apóstolo fundamenta uma enorme devoção e são vários os mosteiros (masculinos) e conventos (femininos) que lá existem. Mas também por lá rareiam as vocações e os religiosos (tanto eles como elas) vêm cada vez mais sendo cada vez menos.
Por exemplo, no mosteiro da meia encosta em que o Apóstolo viveu e onde escreveu o respectivo Evangelho, só há hoje um único residente mas é ali que afluem multidões para tocarem na laje de pedra em que S. João escrevia (de pé), ao lado da outra em que ele descansava. Ali não se celebram ofícios religiosos mas é ali que os visitantes fazem as suas preces mais sentidas.
No mosteiro do topo do monte há vários residentes e nota-se uma actividade intensa. Quanto mais não seja porque é lá que se localiza o muito visitado Museu de Arte Sacra. E ali, sim, celebra-se regularmente. Mas foi lá que um pequeno grupo de turistas (4 ou 5) pediu a bênção a um Padre que se encontrava à porta da igreja e ele não os benzeu. Porquê? Não percebi. Talvez a intérprete não tenha traduzido convenientemente o pedido dos turistas e o Padre não tenha querido esbanjar uma bênção a não ortodoxos. Talvez…
Uma nota quase final: Patmos é seca e a água tem que vir de Rodes em navio tanque. O mesmo se diga de tudo o que a população (pouco mais de 3 mil residentes, fora os turistas no Verão) precise de consumir com excepção do peixe que é pescado localmente.
Já era noite quando descemos por baixo duma Lua esplendorosa - a mesma que o Apóstolo terá visto - até à «cidade», nos metemos nas lanchas e regressámos ao navio que ficara ao largo.
Abril de 2018
Henrique Salles da Fonseca