KALIMERA – 8
GÜNAYDIN
Palavras para quê, se a imagem diz tudo?
“Günaydin” significa em turco o mesmo que “kalimera” em grego e que “bom dia” em português.
E aí estamos nós, a Graça e eu, a prepararmo-nos para pôr pé em terra turca pela terceira vez.
Da primeira, foram três dias em Istambul durante os quais tivemos como guia um Professor universitário de História de Constantinopla que, para grande tristeza de alguns companheiros do nosso grupo turístico, não sabia quantos lugares tem o estádio do Galatasarai; da segunda, tivemos como cenário a «riviera» turca centrada em Antália percorrendo mais de mil quilómetros em visita a lugares históricos tão importantes como Afrodisias e Éfeso; desta terceira vez, em regime de «visita de médico», iriamos (e fomos) a Éfeso.
Relativamente à cidade moderna, há que lhe dar a conotação local, ou seja, dizendo «kuchadasi» em vez do que lá vemos escrito. Até porque essa coisa de um S com cedilha…
A cidade é hoje um polo turístico de primeira grandeza mas historicamente é a reposição de Éfeso, essa cidade onde S. Paulo pregou aos efésios. E porquê a substituição? Porque o porto de Éfeso foi assoreado e o comércio cessou. A partir do momento em que a motivação económica desapareceu, tudo o mais se desvaneceu e a cidade teve que mudar de poiso para o novo litoral, o actual. A cidade greco-romana está actualmente a cinco quilómetros da costa integrada numa zona agricolamente ubérrima. Sim, na Turquia deve funcionar um método lógico de formação dos preços agrícolas pois a agricultura é pujante.
Nesta segunda visita a Éfeso, confirmei que a liderança dos trabalhos arqueológicos continua a ser da Universidade de Viena e notei muitos progressos na recuperação de edifícios e monumentos; o «mar» de visitantes financia a bilheteira de acesso ao campus e o Estado turco não tem custos. Mas a maior parte das legendas está… em alemão.
É claro que imaginei soluções semelhantes (com legendas em português) para os nossos campus arqueológicos, nomeadamente o de Conimbriga, o de Miróbriga e o que ainda não está constituído em Balsa onde tudo está por fazer.
Eis como a Turquia está a corrigir o desleixo das gerações anteriores. Nós ainda não.
Abril de 2018
Henrique Salles da Fonseca