KALIMERA – 7
PELO MAR EGEU
Diz quem sabe que a Grécia tem uma das maiores frotas comerciais a nível mundial mas as bandeiras de conveniência relegam-na para os níveis medianos da tabela. Este, em que embarcámos, o “Celestyal Majesty”, tem bandeira de Malta e Valeta como porto de amarração. Mentira, claro. É grego e tudo se trata no Pireu. Porquê isto? Porque o quadro legal grego é mais pesado que o homólogo maltês e só paga mais quem não pode pagar menos.
Lançado ao mar em 1992 no estaleiro turco que o viu nascer, tem 40 mil toneladas, uma tripulação de 600 profissionais e alberga 1200 folgazões.
Formalidades de embarque cumpridas logo pela manhã nascente, eis-nos confortavelmente instalados e prontos a assistir ao início da viagem rumo a Mykonos, lá para a meia distância da Turquia. Chegados, ficou o navio ao largo e desembarcámos em lanchas. Fomos de autocarro até à «cidade», demos um giro, fizemos umas fotos e tomámos o autocarro de volta antes que nos cansássemos mais do que nos apetecia.
E o que se faz por ali? Pois creio que pouco ou mesmo muito pouco. Ver o mar será monótono quando as ondas nem sequer existem mas disseram-nos que quando as há, que entram pelas casas dentro. Sim, creio que isso faça algum «frisson», o que em grego se escreve συγκίνηση e se diz “synkínisi”. Mas, pelo que vimos, isso só acontece de vez em quando porque os ventos predominantes sopram do lado oposto da ilha.
Fazendo jus ao estilo local, foi com muita calma que regressámos ao navio, jantámos e zarpámos para uma navegação nocturna rumo ao Império de Erdogan para aportarmos um bocado a sul do sítio onde os outros se intrometeram com um cavalo de pau.
Abril de 2018
Henrique Salles da Fonseca