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A bem da Nação

TEOLOGIA, DA MINHA – 7

 

MATERIALISMO ESPIRITUAL

 

Materialismo espiritual parece um absurdo mas trata-se da manifestação perante os nossos sentidos de algo que só se pode associar a um espírito por falta de explicação alternativa.

 

Conforme relatei no texto inicial desta série, eu próprio testemunhei essa realidade por várias vezes: duas vezes ouvi; por vezes já incontáveis, vi. Em muitas destas vezes, fui acompanhado no testemunho pela minha mulher ou pela nossa empregada doméstica.

 

Trata-se de um conhecimento empírico, factual, não teórico.

 

Mas houve quem o teorizasse. Por exemplo, basta referir os budistas e os teólogos católicos.

 

Assim, se o Senhor Buda nunca se afirmou divino e sempre se disse um homem comum, foram os seus seguidores que lhe atribuíram milagres tanto em vida como por invocação depois da morte terrena. Aí está: morte terrena e sobrevivência do espírito que os devotos invocam.

 

Os católicos invocam os Santos da sua devoção por cuja intercepção com Deus esperam receber atenções específicas. Aí está novamente a morte terrena do Santo invocado e a sobrevivência do respectivo espírito.

 

No meu caso, não tenho a pretensão de ter testemunhado a aparição do espírito de algum ilustre membro do nosso hagiológio, pode ter sido de alguém mais chegado à minha vivência ou à minha casa. Na minha teologia cabe a possibilidade de cada um de nós, vivos, ter um anjo da guarda.

 

Sinto-me confortável ao imaginar que tenho um anjo que me guarda, aquele que me chamou na Índia e que já referi. Conforto empírico, não intelectualizado.

 

Dezembro de 2017

Buenos Aires, 2012.jpg

 Henrique Salles da Fonseca

TEOLOGIA, DA MINHA – 6

 

VIVA A DEMOCRACIA!

 

Se a plenitude do conhecimento científico é inalcançável, então o que se passa com o conhecimento total? A minha resposta é simples: o conhecimento científico é uma parcela do conhecimento humano; se a plenitude do conhecimento científico é inalcançável, então a plenitude do conhecimento é inalcançável também. Monsieur de La Palisse não seria mais óbvio.

 

E quanto às outras parcelas do conhecimento humano, as não propriamente científicas? Creio que a sua plenitude é também utópica pois haverá sempre a prevalência do ditado que nos diz que «cada cabeça, cada sentença».

 

CADA CABEÇA.jpg

 

É que basta o raciocínio humano não ser unicitário – VIVA A DEMOCRACIA! – para que haja sempre a possibilidade duma variante ao pensamento «provisoriamente definitivo» quer empírico e factual, quer doutrinário, quer filosófico, quer religioso, quer material, quer espiritual e assim por aí além…

 

Basta hoje pensarmos no que há um século era tido por definitivo para nos espantarmos (ou rirmos, até) com o atraso em que os nossos antepassados estavam há relativamente tão pouco tempo. E isso, em todos os campos do conhecimento.

 

Então, se 2+2 continuam a ser 4, já o pensamento de Nietzsche nos pode parecer inadequado para os tempos actuais, a máquina a vapor temo-la como um «pouco» ineficaz no processo de lançamento de naves espaciais, as determinações do Concílio de Trento podem não ser totalmente conformes às do Concílio Vaticano II e as teologias luterana e romana podem já não estar tão distantes como o estavam há 500 anos.

 

E que dizer do budismo tibetano e de outros espiritualistas?

 

Dezembro de 2017

Henrique à porta da Sé de Goa.JPG

 Henrique Salles da Fonseca

TEOLOGIA, DA MINHA – 5

 

UM PONTO NO INFINITO

 

Sim, creio que alguém deu a ordem de ignição para que o Big Bang acontecesse. E a esse alguém eu chamo Deus.

 

A questão que coloco de seguida é a de saber se Deus accionou a grande explosão e se retirou de seguida ou se se manteve a assistir ao resultado da acção desencadeada.

 

A esta questão respondo com a hipótese da continuação pois não encontro a quem mais se possa atribuir a autoria do inexplicável à luz dos nossos sentidos (conhecimento sensorial), do racional (lógica, a dos silogismos), do intelectual (raciocínio especulativo) nem do conhecimento científico. Autoria de inexplicável, vulgo, fazer milagres.

 

Será então que à medida que o homem avança no conhecimento, Deus recua nos milagres?

 

Aqui recorro novamente a Karl Popper[1] quando afirma que o avanço científico se faz pela sucessão de

problema inicial => tentativa de formação de teoria => discussão crítica para eliminação de erros => reformulação do problema => nova teoria => despiste de erros => …

Erros e Verdade.jpg

 

… e assim sucessivamente com destino à verdade que consiste num ponto no infinito.

 

Ou seja, o homem avança mas Deus não recua porque o homem culto e sabedor despista erros mas descobre que a verdade é esse tal ponto no infinito. E o inexplicável continuará até que o homem atinja a verdade total lá no infinito…

 

Dezembro de 2017

Mar e cabelo revoltos.jpg

 Henrique Salles da Fonseca

 

[1] «A VIDA É APRENDIZAGEM – Epistemologia evolutiva e sociedade aberta», Karl Popper, ed. Edições 70, 1ª edição, Janeiro de 2011, pág. 30 e seg.

TEOLOGIA, DA MINHA – 4

 

 

Então, como ia dizendo, se os cientistas actuais admitem a existência de outro Universo (no singular ou no plural) a que futuramente se acederá pelos buracos negros espaciais, quem sou eu para duvidar?

 

Assim, admitido o desaparecimento da unicidade do nosso Universo, podemos também admitir outras dimensões que não apenas as três dos eixos cartesianos mais a do tempo, as tradicionais quatro dimensões em que navegamos diariamente[1].

 

Mais duas questões:

  • Em que dimensões funcionam os ultra rápidos OVNI’s?
  • Quem nos diz que noutros Universos as «coisas» funcionem como no nosso? É que, tanto quanto se supõe, no nosso tudo começou com o big bang.

E a partir deste ponto, cessa o esotérico e entra o exotérico.

 

E os outros Universos terão tido o mesmo big bang que nós tivemos ou foi de outro modo que nasceram? E mesmo no nosso, o quê ou quem provocou o big bang?

BIG BANG.png

 

Os animistas dizem que foi um Ser que não identificam, os hindus dizem que foi Brama, os budistas referem-se ao Ser Supremo, os judeus atribuem a criação do Universo a Javé, os cristãos a Deus, os muçulmanos a Alá e assim por aí além…

 

O nome e a teologia que cada grupo de homens lhe deu, é questão menor quando o que está em causa é saber se Deus existe ou não.

 

Eu creio que alguém provocou o big bang.

 

Dezembro de 2017

 

Henrique-Ushuaia, MAR12.jpg

 Henrique Salles da Fonseca

 

[1] Recordemos que os matemáticos também têm modelos para mais do que estas dimensões

TEOLOGIA, DA MINHA – 3

 

 

Educado fora da religião – não contra – sempre fui céptico relativamente a questões exotéricas mas as histórias que narrei no texto inicial fizeram-me um click determinante na aceitação da dimensão imaterial, direi mesmo que da vida para além da morte.

 

A partir dos acontecimentos das histórias que contei, ficámos a ver por vezes - pelo canto do olho, não de frente - certas «nuvens» passageiras a que não fomos capazes de atribuir uma forma específica de modo a que conseguíssemos identificar do que (ou de quem) se tratava.

 

E isto significa o quê? Para já, significa que deixei de considerar exclusiva a dimensão tridimensional a que estamos habituados. Mas significa também que essa outra dimensão continua a ser misteriosa pelo que tenho que a abordar de um modo diferente para descortinar algo mais, tentando encontrar uma explicação para o que nas tradicionais três dimensões é inexplicável.

 

buraco negro.jpg

Sou assim levado a perguntar-me o que se passa com os buracos negros existentes por esse Universo além que tudo absorvem de tal modo que nem a luz lhes escapa. Para onde vai tudo? E a explicação que «homens de Ciência» me apresentaram consiste na hipótese de os buracos negros serem pontos de contacto com outro Universo (no singular ou mesmo no plural), quer dizer, com mundos nossos desconhecidos, com outras dimensões.

 

E se os cientistas actuais admitem que haja dimensões nossas desconhecidas…

 

Dezembro de 2017

Henrique em Praga.jpg

 Henrique Salles da Fonseca

TEOLOGIA, DA MINHA – 2

sol e núvens.png

 

Claramente pretensiosa a atribuição a estes pequenos textos da dimensão de matéria teológica. Mas que outro nome lhes hei-de atribuir? Metafísica? Sim, estou a referir-me ao que fica para além da física, ao imaterial. Mas na Metafísica cabe muito mais do que na Teologia e esta, sim, é a questão relativa à dimensão que tem a fé como inerência, em paralelo com a racionalidade. A Metafísica pode basear-se apenas na racionalidade; Deus exige fé. Nem Santo Anselmo conseguiu eximir-se à fé para elaborar o seu argumento ontológico. Nem Descartes, nem Pascal,… como já nem os teólogos da era patrística cristã ou aqueles que transformaram a filosofia budista em religião passando por todos os teólogos judeus, muçulmanos, hindus, xintoístas e até animistas. A Teologia existe para dar racionalidade à fé, para explicar o que aparentemente é inexplicável.

 

E cito Karl Popper a págs. 32 da sua autobiografia intelectual, «BUSCA INACABADA»[1] em que afirma que “a teologia (...) é devida à falta de fé”, conceito com que também não deixo de concordar pois quem tem fé não precisa de explicações e a quem a não tem, pode não haver explicações que bastem. Foi especialmente para estes últimos que a Teologia foi edificada.

 

Mantenho, pois, o título. Mas para descer ao nível que na realidade cabe às elucubrações que desenvolvo, aconchego tudo à cautelosa dimensão da «minhidade». E assim fica ab initio admitida a falibilidade.

 

 

Dezembro de 2017

 

Henrique Salles da Fonseca-16AGO16-2

Henrique Salles da Fonseca

 

[1] - ESFERA DO CAOS, 1ª edição, Fevereiro de 2008

PENSANDO…

 

Apesar do título, inspirando racionalidade, começo com um dogma que, por definição, dispensa a tal racionalidade.

 

DOGMA - Uma pessoa de bem, paga o que deve.

 

divida-paga.jpg

 

Este meu dogma aplica-se tanto na dimensão micro como na macro, ou seja, às pessoas e aos Estados. Porque, ao contrário do que disse um «sem-vergonha dos quatro costados», as dívidas são para pagar.

 

Então, deixando a definição da dívida micro ao cuidado dos contabilistas, a nível macro a dívida global tem duas vertentes: a pública e a privada.

 

A dívida pública é a que vem sendo mais referida pela comunicação social mas a privada também tem que se lhe diga.

 

A dívida pública, constituída para financiar os défices públicos, só pode ser reduzida na medida dos superávites públicos; a dívida privada só pode ser reduzida na medida dos saldos positivos da balança de transacções correntes.

 

Enquanto não tivermos saldos positivos nas contas públicas, não reduziremos o stock da dívida pública; se não tivermos saldos positivos na balança de transacções correntes, o sistema bancário nacional continuará a endividar-se sobre o exterior persistindo na via da falência ou, no mínimo, da absorção pela banca estrangeira.

 

PRIORIDADES:

  • Obtenção urgente de saldos positivos nas contas públicas;
  • Reforço da produção de bens e serviços transacionáveis; contenção do consumo.

 

Estes, os meus silogismos dogmáticos para hoje.

 

Dezembro de 2017

Henrique Salles da Fonseca.png

 Henrique Salles da Fonseca

TEOLOGIA, DA MINHA - 1

 

CONTRA FACTOS NÃO HÁ ARGUMENTOS

 

HISTÓRIA 1

 

Cenário - em minha casa, durante os trabalhos finais de derrube, esquartejamento e remoção da palmeira centenária que no nosso jardim fora atacada pelo «besouro do Nilo».

 

palmeira.jpg

 

- Henrique!!!??? – ouvi claramente chamar por mim num tom interrogativo como se quem me chamava, de tão desorientado, pedisse que lhe dissesse o que se iria passar de seguida. Levantei-me de imediato à procura de quem me chamara em tom tão aflito e… não vi ninguém. A Graça, minha mulher, estava junto de mim mas só ouviu …ique!!!??? e a empregada doméstica disse que não ouvira nada mas veio lá da outra ponta da casa com os olhos esbugalhados a olhar para mim à espera que eu lhe explicasse o que passara por ela e lhe fizera um arrepio.

 

HISTÓRIA 2

 

Cenário – zona anexa ao hall do hotel em que nos hospedáramos no interior do Estado do Kerala, Índia, depois de enorme tensão por causa da saúde da Graça (problema paralisante de ciática).

 

- Henrique!!! Henrique!!! – ouvi claramente chamar por mim e logo passei de um estado ansioso para uma calma que eu próprio estranhei. Eu tinha ido ao hall do hotel para agradecer aos polícias que, à falta de outro meio de transporte, nos tinham trazido de jeep da borda do lago em que navegáramos até ao hotel. No local em que eu estava não encontrei ninguém e foi quando me voltei para regressar ao quarto que ouvi o chamamento.

 

CONCLUSÃO

 

Há acontecimentos inexplicáveis na dimensão a que estamos habituados.

 

Dezembro de 2017

Henrique, navegando na baía de Cochim-NOV15.jpg

Henrique Salles da Fonseca

(navegando na baía de Cochim, Kerala, Índia, poucos dias depois da história nº 2)

 

MEMÓRIAS TROPICAIS

Aranha ornamental do Sri Lanka.jpg

 

Foi algures no Sri Lanka que, ao deambular pelas cercanias duma plantação de chá, me chamaram a atenção para um certo ramo duma árvore por baixo da qual eu estivera pouco antes. Estava ali, com algumas gotas de humidade a tremeluzir, uma teia da maior aranha que eu alguma vez vi. Era seguramente do tamanho da mão de um homem se não mesmo maior. Patas, inclusivé, claro está. Até porque o corpo era relativamente pequeno quando comparado com o tamanho das patas. Mas, mais do que isso, a aranha tinha várias tonalidades de azul, direi mesmo que era bonita.

 

Foi já regressado a casa que procurei identifica-la. Pelas imagens que encontrei na Internet, não a reconheci mas, em compensação, fiquei a saber que no Sri Lanka há aranhas decorativas, tratadas como animais de estimação a quem os donos prodigalizam uma dieta da profusa mosquitada local.

 

Dá mesmo para nos perguntarmos se as ditas aranhas são de estimação porque são bonitas ou se o são como devoradoras da mosquitada. Ou por ambas as razões. Não encontrei por cá quem me esclarecesse. Talvez tenha que voltar ao Sri Lanka e fazer a pergunta localmente.

 

Dezembro de 2017

Henrique-piscina dos monges em Kandy, Sri Lanka.JP

 Henrique Salles da Fonseca

O FILHO DAS SALSAS ERVAS

 

Ervas daninhas.jpg

 

 

Até ele nascer, o pai teve catorze filhos sendo quatro do casamento e dez fora do dito.

 

Este rapaz que vos estou a referir, foi o único daquela mãe e esta não passava de uma das empregadas do pai, comerciante e fazendeiro numa terriola perdida num vale andino, no Peru. Para ela, o filho era um empecilho que não lhe permitia alternar o trabalho com os folguedos. Por isso, logo que conseguiu amealhar uns dinheiritos, comprou um bilhete de ida e volta na camioneta que os levaria a umas centenas de quilómetros, a uma terriola na costa peruana onde tinha parentes que por certo não se importariam de criar o petiz. Levou-o, deixou-o e regressou à origem antes que os tais parentes se arrependessem.

 

Os parentes, espantados, não tiveram tempo para manifestar qualquer arrependimento antes de a rapariga desaparecer pelo que a criança ficou em casa deles. Mas as atenções dispensadas foram apenas as necessárias para que não morresse de fome ou de frio. Deambulou uns tempos pela praia mas não chegou a fazer amizades pois as crianças da sua idade estavam no afago das respectivas famílias, o que ele não tinha. Foi o Padre local que lhe ensinou as primeiras letras mas ninguém controlava as idas às aulas e a instrução primária ficou-se pela precaridade.

 

Até que aqueles parentes se fartaram do rapazito e o mandaram para casa de outros parentes que viviam em Lima, a capital, a mais não sei quantas centenas de quilómetros e cada vez mais longe do local de origem em que a mãe continuaria. Aliás, nunca mais na vida voltou a ver a mãe.

 

Depois de longuíssima viagem, chegou a Lima e conseguiu descobrir a casa dos novos parentes que ele nunca vira. Tudo bem, deram-lhe um quarto para dormir, mandaram-no à escola para completar o ensino elementar mas exigiram-lhe em contrapartida que fizesse trabalhos domésticos. E foi como serviçal que estudou até meio do ensino secundário.

 

Aluno mediano, lá se viu novamente em bolandas para uma cidade no interior do país onde alguém descobriu o pai dele e respectiva família que, entretanto, já era outra relativamente à da época em que ele nascera. E da mãe, nem rastos… esfumara-se.

 

Muito severo, o pai não lhe ligava patavina (nem aos outros irmãos), apenas se preocupava com os negócios e se dedicava a fazer mais filhos um pouco por toda a parte. Mas a madrasta, ao contrário das histórias para crianças, prestou-lhe atenção e, pela primeira (e talvez única) vez ele sentiu que alguém se interessava por ele. A única obrigação que lhe foi imposta foi a de estudar. O quê? O que ele quisesse desde que fosse na Universidade. Mas ele queria ir para a Escola do Exército. Não, isso é que não! Para a Universidade e não havia discussão. E ele foi…

 

Licenciou-se em Direito, escolheu a carreira docente e chegou a Catedrático. Como assim, tão rapidamente?

 

É que lá pelo final do ensino secundário alguém lhe havia falado de um tal Marx, de um Fulano chamado Engels e de um russo a quem chamavam Lenine por cujos livros (de distribuição clandestina) o jovem estudante se interessara. Mais: livros que devorou e passou a citar de cor.

 

Então, assumindo-se comunista, caiu nas graças do Reitor da Universidade que o recrutou para a carreira docente logo que o jovem concluiu a licenciatura, o foi encarregando de missões políticas dentro e fora do curriculum académico e o promoveu sucessivamente até que – sem grandes discussões científicas – se viu alcandorado a uma cátedra.

 

À boa maneira dos comunistas, o nosso homem não ria nem sequer sorria, não tinha amigos e apenas se relacionava com camaradas – eles e elas. E foi com uma dessas elas que ele casou. Ele com 31 anos de idade; ela com 17.

 

Subidos na hierarquia do Partido Comunista Peruano, puseram em prática a cartilha da organização partidária e de doutrinação das hostes.

 

Só que, a certa altura do «campeonato», chegaram-lhes às mãos os livrinhos vermelhos do Presidente Mao e, vai daí, os nossos «artistas» dão-se de amores por esse chinês e decidem formar um novo Partido Comunista mas de prática maoista e não mais «revisionista» como eles passariam a chamar aos de observância moscovita. Este, sim, o verdadeiro caminho das luzes – em espanhol, o Sendero Luminoso.

 

Frustrado com o facto de não lhe ter sido possível seguir a carreira militar, o nosso homem decidiu militarizar o seu novo Partido, o maoista, mas quem se encarregou da missão foi ela, a mulher.

 

Seguiu-se o lançamento de acções de terror por todo o país, clandestinidade, guerra de guerrilha, milhares de mortos… uma verdadeira desgraça nacional. Foram 18 anos de pesadelo até que uma sociedade destroçada conseguiu reunir algum ânimo, dar guerra aos assassinos lunáticos, derrotá-los e prendê-los.

 

Ela, a grande guerrilheira «Norah», Augusta La Torre de seu nome oficial, já tinha desaparecido da circulação numa morte misteriosa e sem prova de corpo. Quanto a ele, preso, julgado e condenado a duas prisões perpétuas, já passou os 80 anos de idade e cumpre pena no mesmo estabelecimento prisional que os seus arqui-inimigos, ex-Presidentes corruptos do Peru, Alberto Fujimori e Alejandro Toledo, ambos condenados a 25 anos de cadeia pela cleptomania que praticaram no exercício do cargo presidencial.

 

O «artista» que acompanhamos desde a infância fora baptizado como Ruben Manuel Abimael Guzman Reinoso, toda a vida usou apenas Abimael Guzman, passou por ser o «camarada Álvaro» e acabou a clandestinidade como «Presidente Gonzalo». Então, fruto que é do abandono familiar e do desprezo social, fez do Peru um antro de terror horrível para todos os seus concidadãos e por isso eu prefiro chamar-lhe «o filho das salsas ervas» para não lhe chamar aquilo que o leitor está a imaginar…

 

Dezembro de 2017

 Henrique Machu Picchu.jpg

Henrique Salles da Fonseca

 

BIBLIOGRAFIA:

ABIMAEL – EL SENDERO DEL TERROR, Umberto Jara, ed. Planeta, Lima – Peru, 1ª edição - Agosto de 2017

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