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A bem da Nação

DE COMO NASCI E FUI CRESCENDO...

 

Este texto é dedicado aos curiosos. Àqueles que gostam de saber tudo da vida alheia, sobretudo aos que conhecem o “cara” desde há... uma porrada de anos.

Tenho escrito sobre muita coisa, metido o nariz até onde só aos GRANDES cientistas e professores seria admitido, aproveitando para dizer entre algumas verdades, certamente muita bobagem, e também sobre passagens da vida, minha e de amigos, cujas peripécias, ao trazê-las à memória são um bálsamo para a saudade que deixaram.

Depois de mais de 70.000 visitas ao meu site, desde há pouco mais de 7 anos (alguns milhares devem ser de idas minhas, xeretar quem viu ou leu!) começo a ter dificuldade em encontrar novos assuntos sobre os quais escrever.

Devem lá estar talvez uns setecentos textos, o que não é grande coisa, mas a idade começa a bloquear-me as meninges e, de repente (não tão de repente assim!), sinto o vazio a crescer dentro da cabeça!

Podia escrever sobre política, finanças e segurança, no Brasil e até no mundo, como muita vez fiz, mas creio que a grande maioria das pessoas está cansada destes assuntos, bem como eu.

Escrever sobre o quê?

Sobre mim. Contar algo que penso ainda não terei divulgado, e que não vai interessar a muita gente. Mas... quem não quiser não lê. Vamos nessa.

Nasci numa segunda-feira, eram 9 horas da manhã, segundo documento escrito pela minha mãe. Já estava a preparar-me para enfrentar o batente da vida, logo no comecinho da semana. E surgi com mais de 3 kilos e tal, para aguentar o tranco, e dizia a minha mãe que me deu de mamar durante um ano! Por isso tenho aguentado, até hoje! Terceiro filho.

Inverno, lá fora devia fazer um frio do cão e o “chalé” onde vivíamos na ocasião, na Rua das Valas, na Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto,

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freguesia de Cedofeita, a mais antiga, seria certamente do século XIX, teria algum aquecimento (talvez uma braseira!) porque não consta que alguém tivesse enregelado, mas não era lá aquelas coisas porque:

- um dia a casa foi a baixo e fizeram um prédio bem desajeitado com cinco andares, que já está com ar de podre;

- mudaram o nome da rua para Nossa Senhora de Fátima, depois que em 1933, um pouco mais adiante e na mesma rua, construíram a igreja dedicada à Mãe de Portugal e do mundo. Mas o nome de Rua das Valas aguentou-se até 20 de Agosto de 1942! Porque se chamou assim, ainda não descobri!

 

Mas a família não ficou muito tempo por ali. Mudou-se para a Rua de Faria Guimarães, para uma casa bem melhor, que nunca mais consegui identificar qual será! Mas o senhor Joaquim Ribeiro de Faria Guimarães foi um importante empresário oitocentista do Porto. Criou a Fábrica de Lanifícios do Lordelo, era proprietário da tipografia onde se fazia a impressão de vários periódicos (O Athleta, A Coallisão e O Nacional), geriu a Fundição do Bolhão, fundada pelo seu pai, e desempenhou cargos em várias instituições. Foi vice-presidente da Câmara Municipal do Porto e o primeiro presidente da Associação Industrial Portuense.

 

Para quem sai das valas, não há dúvida que foi uma bela promoção... habitacional.

 

Aqui, um belo pátio atrás, só vizinhos nos lados, casa desafogada, entrada para carro. Óptima, tanto quanto lembro. E foi ocasião para se arranjar um cão.

 

Um fox terrier, pelo duro, o Boby (assim se deviam chamar metade dos cães em Portugal), que os irmãos mais velhos adoravam, que volta e meia ficava encarregado de tomar conta de mim, que teria um a dois anos. Se fosse a mãe a dizer “toma conta do bebé”, o meu pai, ao aproximar-se ouvia um rosnar! O contrário também era válido.

 

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A mãe e os três primeiros filhos: Luis, Helena e o “autor” do texto

 

Reza a história que um dia foram dar com o tal “bebé” a cuspir pelos do cão! Alguém tinha visto a cena: a criança estava a comer um biscoito e o Boby não resistiu ao agradável aroma e mordeu metade do tal biscoito. O lesado, como vingança, mordeu o seu fiel amigo, que não deve ter-se incomodado muito porque engoliu o seu biscoito sem mais nada dizer!

 

É evidente que tínhamos de mudar de casa: logo foram nascendo mais irmãos, primeiro uma irmã, alfacinha, e depois outro tripeiro. Cinco filhos, o mais velho com seis anos e, este que vos escreve, remexido, não tardou a ser mandado para um colégio infantil, perto da nossa casa.

 

Lembra pouco desse estabelecimento de ensino superior! Um dia entrou em casa, correu para a mãe a pedir dinheiro. Para quê? Para comprar flores para pôr na cama da dona... (nome...?) A mãe averiguou. Tinha morrido a esposa do Director da escolinha e as flores eram para a campa!

 

Desde cedo que à chegada do tempo quente uma forte alergia lhe deixava as curvas dos braços e das pernas com uma enorme coceira, ao ponto de sangrar. E isto durava todo o Verão.

 

O médico, o Dr. Vasco Nogueira de Oliveira, quase me adoptou como neto! Muita vez telefonava aos meus pais a perguntar se eu podia dormir lá em casa dele, e que, sem falta me devolveria bem cedo no dia seguinte. Mais velho do que o meu pai, o doutor Vasco era uma figura simpática. Tinha um filho na marinha e vivia só com a mulher, de modo que uma criança em sua casa dava uma sobrevida ao casal.

 

Numa das vezes que ia devolver a criança parou numa loja de brinquedos para me comprar um qualquer. A tal criança, aí com cinco anos, ficou à porta da loja, onde estavam exposto um monte de bonecos. Bonequinhos ou carrinhos, coisa pequena. Lembrou-se dos irmãos e deitou a mão a outros quatro que levou para casa e distribuiu à irmandade.

 

Os pais pensaram que tinha sido amabilidade do Dr. Vasco, que à tarde telefona a perguntar se eu tinha levado para casa mais do que um brinquedo. A mãe, que atendeu o telefone (já havia telefone nesse tempo, ou pensam o que?) disse que sim, que tinha dado um a cada irmão. Porque? – É que telefonou o homem da loja a dizer que o menino tinha levado uns brinquedos e que eu não tinha pago!

 

Ladrão em casa! Quase um pânico! Começava cedo (Para os devidos efeitos afirmo que nunca fui para a política, e só me lembro de outro furto, consciente, aí por 1972, mas contarei na devida época!).

 

Mas o bom do Dr. Vasco até achou graça, disse que não tinha a menor importância, chegando a louvar a atitude social do seu “neto” e cliente, e pagou o valor do valioso furto!

 

O tratamento para aquela irritação da alergia, como se pode imaginar era à moda antiga.

 

Colocavam a coitada da criança em cima de uma mesa, só de cuequinha e, com um daqueles pincéis, brocha de pintar paredes, pincelavam-lhe as curvas dos braços e das pernas, com uma mistureba de álcool puro, oxido de zinco, talco, nitrato de chumbo, flor de enxofre e, às vezes, para dar um cheirinho... água de rosas!

Não é difícil imaginar que em cima de áreas feridas aquelas pinceladas ardiam bem, e o coitado não tinha outra alternativa se não chorar! Mas creio que me deve ter feito muito bem. O álcool hoje é consumido sobretudo para uso interno e proveniente de uvas boas. O óxido de zinco, agente secante não deixou que a barriga crescesse... até há meia dúzia de anos, a flor de enxofre entre outras coisas afastou o demo, e dizem que é também responsável por manter a entrada necessária de oxigénio no cérebro, o que me tem permitido escrever tanta coisa. O chumbo é que é o pior: cada vez estou mais preguiçoso; deve ser o peso!

 

Em 1936 ou 37 a família regressou a Lisboa, e instalaram-se na rua Padre António Vieira, num prédio de esquina, esquina arredondada, no primeiro andar (ou era no rés-do-chão?), do número 20, à porta do qual o motorista da Câmara, todas as manhãs parava o carrão, de trabalho, que vinha buscar o nosso pai. Ao domingo não tinha carro.

 

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Tinha uma placa que jamais esquecemos: BI -10-?? Era o bidés!

 

Terá sido a estadia na rua de Vieira que viera (largas décadas mais tarde) a suscitar-me o interesse para ler a História do Futuro, para chegar à conclusão que esse tal de futuro só existiu na privilegiada cabeça desse senhor! Passado, nós imaginamos que houve, porque garantir, mesmo com documentos ditos irrefutáveis, como o que se encontra em arqueologia, escritos, fotos, etc., têm sempre algo de duvidoso. Presente, todos sabemos o que é, mas futuro?

 

Futuro só existe na verborreia dos políticos. Veja-se o Brasil, o país do futuro! Qual futuro? Quando? Como?

 

Todos os impérios ruíram e de alguns a história já nem sabe se existiram. Os que agora crescem não tarda encontram o mesmo futuro.

 

O Padre António Vieira entusiasmou muita gente, sobretudo o grande Mestre George Agostinho da Silva, mas onde agora estão podem calmamente esquecer esse futuro, visto que lá no etéreo tudo é presente e não existe passado nem futuro. Se não princípio nem fim, como vai ter futuro?

 

Continua no próximo “capítulo”!

 

29/11/2016

Francisco Gomes de Amorim, 1954

Feancisco Gomes de Amorim

PÁTRIA PEQUENA

POEMAS MAIATOS

 

Pelourinho da Moreira, Maia.jpeg

 

MOREIRA

 

Fomos Mouros em Moreira

Antes das estradas dos Romanos

Antes, bem antes de Gonçalo Mendes,

Da Maia Lidador;

E como em todas as vidas

Fomos donos da paixão

Que o tempo ainda não destruiu…

 

 

Pela estrada que leva ao Cabo do Mundo

Deixei um rasto de conchas,

Caso me queiras seguir.

Se não vieres,

Levo na mão um búzio

Raiado de azul

Para me mandares notícias.

 

Maria Mamede - 2 Maria Mamede

FRAQUEZA SISTÉMICA DA POLÍTICA INTERNA PORTUGUESA

 

 

A REPÚBLICA PRODUZIU PARTIDOS OU AGREMIAÇÕES?

 

Quando observo partidos na Alemanha e os comparo com partidos portugueses fico triste com a amarga impressão que Portugal não tem partidos do povo, quando muito tem corporações de interesses rivais ou cooperantes, dentro da população.

 

Por vezes fica-se com a sensação que os políticos portugueses fazem política para o seu Estado e não para o povo (país). A eleição de Trump é um acto desesperado e um apelo do povo ocidental aos políticos para que mudem de atitude e de política. O povo no mundo ocidental já não se encontra numa idade escura, ele já vai pensando também, não se contentando com o devaneio do sentir-se honrado com a companhia de algum político ou doutor ou simplesmente ambientado com o embalar de alguma cassete.

 

A democracia portuguesa não está forte nem fraca, apenas vegeta cronicamente porque é dirigida por interesses de alguns grupos que não precisam de prestar contas sérias a ninguém (quando muito a Bruxelas e aos bancos internacionais!) e estão-se marimbando para o bem-comum e para o bem nacional; na formação da opinião pública domina ainda o proselitismo jacobino: o que conta são os sentimentos, estratagemas e não os factos.

 

Que país é este tão endividado mas tão engravatado?

 

Já Luís de Camões desabafava acerca dos líderes da nação dizendo: “O fraco rei faz fraca a forte gente”. Fracos são os que têm o privilégio da informação e o monopólio da interpretação; fracos são os deputados que se permitem aumentos salariais nos cargos políticos quando a maioria dos reformados e da população tem ordenados de fome! (Imagine-se só a diferença que vai de um reformado em Portugal com 290 euros por mês e a de um senhor com uma reforma de 50.000 euros por mês? E Isto num país em que a esquerda influente não come menos que os adversários que oficialmente combate!). E alguns ainda se queixam do povo para justificarem o mal da governação ou do próprio partido.

 

A população é como as crianças: dá a mão a quem a leva e come o pão que lhe dão! Portugal não tem povo, tem população e a razão disso está no facto dos partidos serem grupos corporativistas com interesses próprios satisfeitos à custa do Estado e das suas instituições. A vida pública nacional parece surgir da ilusão de uma vida nacional gerada sobretudo pela dinâmica de lutas das diferentes corporativas entre si. É sintomático aqui o facto de a população encontrar sempre uma desculpa para não se preocupar com as causas de um Estado quase bancarrota e não questionar a capacidade dos próprios governantes, sejam eles de que cor sejam. Os grupos corporativistas conseguiram legitimar os seus interesses apenas com sentimentos à margem dos factos porque se apoderaram do Estado e suas instituições. Para ascender ao poder e bem governar não deveria ser suficiente ter a administração pública, os funcionários do Estado e algumas agremiações mais ou menos satisfeitos!

 

As nossas elites nunca gostaram do cheiro a povo

 

A República nunca se deu bem com o povo e o povo também não a compreendeu! E isto porque em Portugal não há a tradição de partidos populares, o que há são corporações, sem organizações de base fortes que tenham capacidade para imporem aos órgãos superiores dos partidos os seus representantes; então quando muito há organizações de base fracas que resignam e por isso aceitam os paraquedistas que a elite do partido ou do sindicato nomeia. Isto provoca uma relação mafiosa e vaidosa de representantes apresentados ao povo mas que foram gerados no espírito antipopular. Temos assim um Estado enredado em interesses corporativos sem a consciência de que nele há país e povo porque as elites podem viver do Estado e do fraco copianço do que acontece politica e socialmente no estrangeiro, sem precisarem de povo. A população que o país tem vai chegando para manter as necessidades dos que se governam. De uma maneira geral, estes, nas suas campanhas eleitorais, dão umas corridas no meio dos arraiais e uma vez eleitos fazem o que lhes interessa sem que alguém lhes Peça contas; no máximo os eleitores castigam-nos com uma legislatura de tipo sabático até às sequentes eleições. A população não foi habituada a orientar-se pelos factos, foi educada a seguir apenas os sentimentos num país em que os beneficiados do Estado não se interessam pelos factos porque sempre fomentaram uma política de decisões orientadas para oscilações sentimentais.

 

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António da Cunha Duarte Justo

 

ATE À VISTA NO ALÉM

 

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A Consciência humana é infinita

 

A experiência da quase-morte (ou EQM) e do depois-morte (EDM) são uma constante histórica testemunhada nas diferentes culturas. No evangelho de Marcos, capítulo nove, é narrada a experiência do depois da morte, uma nova maneira de ser para além do estar, e na segunda carta aos corintos, capítulo 12, Paulo descreve a experiência da quase-morte, isto é uma experiência fora do corpo em que a consciência (alma) se revela sem limites por participar da infinidade divina.

 

A morte não tem a última palavra a dizer, como se vai constatando também na investigação científica que cada vez mais se dedica ao estudo dos fenómenos em torno da morte. A experiência, com moribundos ou com pacientes em coma, motivou médicos e outros cientistas a investigar as causas e o significado desses fenómenos: presença de um "ser de luz", "emancipação da alma", "experiência fora do corpo", "desdobramento espiritual", “contacto com o além”, “aparelhos imobilizados”, etc..

 

A crença materialista científica, das ideologias do século XIX, agora também posta em dúvida pela física quântica, começa a abandonar as cercas da sua certeza para admirar o que se estende para lá delas. Perante o resultado de estudos feitos vão deixando de se fixar na qualificação de tais fenómenos apenas como alucinações causadas pela falta de oxigénio no cérebro. No passado, muitos cientistas tinham medo de manifestar as suas experiências para não serem ridicularizados ou para serem conformes ao credo da ciência materialista. Charles Chaplin dizia “Não creio em nada e de nada descreio. O que concebe a imaginação aproxima-nos tanto da verdade como o que pode provar a matemática”! De facto, a experiência do inefável (Deus) deixa de crer para saber, sem poder provar a vivência porque é acontecer.

 

A consciência do ser humano existe independentemente do cérebro

 

Segundo a visão materialista, com a morte cerebral deveria morrer a consciência de ser. Muitos cientistas da medicina e da biologia chegam agora à conclusão que a consciência humana não se extingue com o apagar-se do corpo mas que continua a existir.

 

Raymond A. Moody, psiquiatra e filósofo investigou sistematicamente o que acontece depois da morte clínica; o mesmo se diga da psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross e de muitos outros. Eben Alexander descreve agora o que experimentou depois do cérebro deixar de funcionar. Uma experiência que pode tornar-se numa luz para quem só está habituado a avistar a matéria.

 

Eben Alexander, especialista do cérebro, esteve 7 dias em profundo coma com uma grave meningite bacteriana com uma chance de sobrevivência de 3% mas apenas como gravemente incapacitado. Sem funções cerebrais activas teve, apesar disso, a experiência extracorporal de uma consciência sem limites (Livro “Prova do Céu“). Neste estádio encontrou também familiares desconhecidos que depois veio a conhecer e familiares falecidos e amigos. Passados sete dias aconteceu o impossível na medicina: o neurobiólogo regressou da visagem com novas forças e experiências. Eben Alexander teve a experiência de que a consciência humana existe independentemente do cérebro.

 

Não há que ter medos. Deus é maior que as nossas morais aritméticas e do que os nossos conceitos e ideias de justiça. No fundo do túnel escuro a luz brilha em ti para te incrementar o sentimento de segurança, amor e felicidade, o antes e o depois num presente eterno.

 

Conclusões possíveis de tirar com base também nas novas investigações: pensar a vida a partir do fim, a partir do nós, do outro. A morte só é uma estacão, no caminho para Deus, onde a infinidade eterna se torna o espaço da nova consciência.

 

O amor é o laço que une para lá da morte e que permanece na nova maneira de ser para lá das finitudes temporais. O amor é o folgo de Deus em tudo e em todos, a relação que mantém também o cosmos.

 

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António da Cunha Duarte Justo

Teólogo

SE A MINHA ILHA SOUBESSE…

 

 

Ontem, quando fui à cidade,

Já ouvi por lá grasnar os patos bravos.

Na subida de regresso

Vi que as galinholas

Também tinham voltado!

 

O chão das cumeadas

Atapetado de urze e queiró

Tem cá de longe o encanto

Do rasteiro colorido

Como num quadro!

 

Pelos rigores do Verão

Sou hortênsia que desmaia

Nas encostas do Pico!

 

Faz muitos anos que não ia às piscinas de S. Roque…

Com o tempo sereno e quente

Hoje levantei-me mais cedo e fui até lá.

Levei comigo o bloco, a bic,

Os óculos escuros e o chapéu.

E quedei-me

Algumas horas,

Esquecida do tempo

Escrevendo, sonhando

E recordando…

Há tanto que não sonhava!...

 

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 Maria Mamede

NA MORTE DE FIDEL CASTRO

 

 

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CUBA, HASTA LUEGO!

 

 

Manuel (Manolo) Pairó era um jovem advogado cubano de origem galega. Casou com uma portuguesa cuja família era proprietária de uma famosa livraria de Lisboa e assim se manteve por cá até que foi convidado para leccionar na Universidade de Havana.

 

Zarpou do Tejo e saltitou de porto em porto até chegar ao destino. Instalou-se, começou a dar aulas e chamou a mulher. Tiveram dois filhos e a vida correu com tanta normalidade que se perderam histórias que nunca entraram na História... até que alguém por aquelas paragens decidiu fazer História e o “Tio Manolo” se ia vendo metido em sarilhos.

 

Fidel Castro tinha sido seu aluno e quando a revolução triunfou, o “Tio Manolo” não foi obrigado a fazer juras, não foi saneado da Faculdade de Direito onde manteve a cátedra de Direito Civil e foi-lhe permitido continuar a viver na casa que em tempos comprara mas que acabava de lhe ser expropriada. Conseguiu autorização para que a filha viesse definitivamente viver para Portugal e que a mulher cá viesse de vez em quando passar umas temporadas mas ele e o filho ficavam lá (como reféns?).

 

E que perspectivas podia haver para um jovem talentoso para o mundo empresarial num país que banira a actividade privada e expurgara o lucro dos objectivos? Tinham que tirar o filho daquela frustração: simularam-lhe uma doença e passado o prazo conveniente encenaram-lhe um enterro; o destino do féretro foi um cemitério ermo algures próximo de uma praia e na primeira noite o “morto” ressuscitou e como que por acaso ou mera coincidência pairava por ali uma traineira que o transportou para o «Inferno» do capitalismo abandonando o «Paraíso» socialista. Até hoje.

 

Os meus tios morreram mesmo de morte natural e sem simulações e quando fui a Cuba pensei neles mas não lhes procurei as campas não arranjasse algum sarilho com que um turista não sabe lidar.

 

Vim a saber mais tarde que o comandante do avião português que nos levou de Lisboa a Varadero era um comunista convicto que juntava a pensão de reforma da nossa companhia de Bandeira ao ordenado da “charter” em que entretanto transportava “gado pagador” ao regime da sua predilecção.

 

A chegada a Cuba foi semelhante à partida de qualquer outro aeroporto num país democrático: “o que trazem?” em vez de “o que levam?”. As máquinas de filmar pouco interesse despertaram à Alfândega; os filmes, esses, foram todos visionados não fosse alguém tentar introduzir no país qualquer veneno poluidor das puras mentes revolucionárias. À minha volta não houve problemas pois os filmes estavam todos como era previsível: como a flor da laranjeira, virgens e em branco.

 

Apanhámos um transporte com uma “guia turística” que nos levou a Havana. Com as dimensões de uma guarda prisional, a fulana falava português com fluência e teve muita oportunidade de o evidenciar pois não se calou um momento durante as duas horas de viagem. A certo momento convenci-me de que o objectivo consistia precisamente em monopolizar a nossa atenção de modo a que não reparássemos em qualquer coisa que o Governo considerasse menos apropriado para ser visto por um estrangeiro, capitalista nojento para cúmulo. Liguei à terra e passei a olhar para tudo quanto era exterior.

 

Não vi nada que me chocasse e confesso que esperava ter um espectáculo semelhante ao que tive em 1961 quando percorri o corredor entre Braunschweig e Berlim com os campos a serem trabalhados à mão por gente demonstrando pouca ou nenhuma motivação. Não, em Cuba não vi nada disso. No que se refere à agricultura, não vi mesmo absolutamente nada. Depois lembrei-me de que a monocultura da cana-de-açúcar devia estar numa época intercalar entre a ceifa e a lavra e por isso o vazio completo a perder de vista até ao horizonte. Portanto, vi campos vazios com edifícios paralelipipédicos com dois ou três pisos e janelas corridas de uma ponta à outra no meio do nada que – vim a saber por outro “guia turístico” – eram escolas. Pode ser que um dia eu venha a perceber a razão pela qual se instala uma escola a quilómetros de distância do povoado mais próximo. Por agora, mantenho a incógnita.

 

Chegámos a Havana e a sensação que tive foi a de que chegáramos logo depois de um grande bombardeamento aéreo, de tão degradado o parque imobiliário. Pudera, as casas tinham sido entregues à ocupação popular a título quase gracioso e deixaram de gerar os rendimentos necessários à imprescindível conservação. Estas concepções políticas poderão ter grandes fundamentos filosóficos de justiça social mas a verdade é que conduzem a uma flagrante degradação da qualidade de vida e com isso se esvaem as lógicas engendradas em gabinetes de professores de filosofia política que nunca pensaram ganhar a vida em função do seu real contributo para o Produto Nacional Bruto. É claro que bastaria pouco tempo para reabilitar Havana mas duvido que isso fosse compatível com a manutenção do actual regime de propriedade. Aliás, nós em Portugal, tivemos um regime de arrendamento urbano tão especial que não podemos ainda hoje cantar de coxixo a plenos pulmões.

 

Mas há edifícios em bom estado de conservação, nomeadamente os que têm vocação turística pois aí estamos nós, os turistas, a pagar para que isso seja possível.

 

Ficámos no “Hotel Nacional”, os nossos quartos tinham acabado de ser renovados, tudo cheirava a novo e a qualidade era o timbre predominante. O que não cheirava a novo era o “botones” que nos ajudou a levar as malas para os quartos pois em qualquer outro país já estaria reformado há uns anos. É claro que não o deixei pegar nas malas mais pesadas e deixei-o com a carga leve para ter a certeza de que o velhote não caía para o lado com um enfarte do miocárdio. Mas quando chegámos ao quarto, a minha mulher constatou que não tinha moedas e que a nota mais pequena era de dez dólares americanos. Foi aí que o velhote ia tendo um ataque de coração pois com essa gorjeta recebeu o equivalente a dois vencimentos mensais. É claro que nunca mais nos largou durante a nossa estadia no hotel e deve ter sido ele – e não o Comité Central do Partido Comunista Cubano – que espalhou a notícia de que éramos os maiores do mundo pois todo o pessoal se desfazia em sorrisos e mesuras.

 

O jardim do hotel dá para cima do Malecón, a marginal mais badalada de Havana que passa por ser a montra das “relações públicas” da cidade. Este, o eufemismo para prostituição, expressão a que não deixo de reconhecer uma certa lógica semântica. Nesse mesmo jardim estão os canhões que em 1898 defenderam a cidade da invasão durante a Guerra hispano-americana e para ele dão as galerias envidraçadas que em tempos foram assiduamente frequentadas por Ernest Hemingway, Pablo Casals e várias estrelas do music-hall que ali têm fotografias dedicadas ao hotel. Nada lá consta quanto à presença ou ausência de Guilhermina Suggia então casada com Casals. Mas é sabido que por lá passou.

 

Sublime, o aspecto da alimentação mas alguns produtos totalmente sensaborões a dizerem-nos que tinham mais congelamento do que o previsto inicialmente. A pianista que acompanhava o jantar era da mesma geração do “botones” das malas, tocava muito bem, interpretava uma música a condizer com a nacionalidade dos turistas presentes mas, disseram as Senhoras que são disso observadoras, tinha as meias rotas. Não fora o grupo etário da artista e quem repararia nas meias seríamos nós, os homens.

 

Um dia, Havana voltará a ser uma cidade linda...

 

Voltámos para Varadero e instalámo-nos num hotel espanhol com tudo incluído e de fita verde no pulso a significar que éramos gado daquele curral e não de outro.

 

Varadero é uma península na costa norte de Cuba, está completamente lotada com hotéis e nela se passeia com total à-vontade. Só que no istmo há uma fronteira e só lá entra quem tem autorização para tal. Não é qualquer um que lá entra: ou se é turista encartado ou, sendo cubano, tendo um contrato específico de trabalho num dos hotéis. Chocante, esta separação. É nestas situações que me lembro de que os comunistas, quando cantam hinos à liberdade o fazem como um louvor à liberdade de nos mandarem prender, aos outros que não somos comunistas.

 

Nunca vimos tantos canadianos. Aliás, um pouco por toda a parte em que se via alguma cooperação externa, já tínhamos reparado numa profusão enorme de bandeiras canadianas. Foi aqui que começámos a admitir que estes deviam ser...  “canadianos do sul” ou, por outras palavras, gente natural de algures a sul do Canadá. «A bon entendeur...». E houve uma banhista dessas que achou conveniente falar comigo em francês para me convencer de que era canadiana. Só que os canadianos francófonos têm um sotaque inconfundível e então é que eu fiquei mesmo com a certeza de que todos aqueles «canadianos» eram mesmo desses, dos do sul.

 

Já em Havana tinha olhado para os cavalos dos trens dos circuitos turísticos e reparado nos pescoços formidáveis que todos tinham. O resto poderia ser um monte de ossos e peles mas os pescoços eram notáveis. E quem sabe alguma coisa de cavalos, sabe que o pescoço é uma parte fundamental da anatomia equestre não só na perspectiva estética mas principalmente na funcional. Em Varadero, confirmei que as pilecas de aluguer tinham pescoços muito bons mas abstive-me de as alugar ou sequer de lhes tocar pois vi que tinham umas peladas muito pouco convidativas à vista e por certo contagiosas ao tacto. Bastava olhar para os cães completamente carecas com que nos cruzávamos na rua para sabermos que se tratava de tinha. Já não fui a tempo de impedir no hotel uma criancinha turista de afagar um cachorro adorável cheio dessas peladas e não consigo imaginar quantos turistas alugaram cavalos e ficaram com o rabo tinhoso. Pelos exemplos que ostenta, o regime cubano pode não propagandear muito bem o comunismo mas propaga por certo a tinha com grande eficácia.

 

Foi de Varadero que partimos para duas itinerâncias bem interessantes.

 

De autocarro fomos à Baía dos Porcos. Lembram-se da tentativa de invasão americana nos idos de 60 do século passado? Tomámos banho nessa baía, desistimos de perder o pé e ficámo-nos com água pelo meio do peito à conversa com os vendedores ambulantes que estão proibidos de fazer o seu comércio em terra mas que aproveitam uma lacuna da Lei que não os impede de o fazer dentro de água. E eu que julgava que nós, os portugueses, é que éramos os grandes mestres na descoberta das lacunas legais... Água excessivamente quente para conseguir ser agradável. Foi no regresso que passámos por uma “finca” modelo sem nada de assinalável a não ser um sumo não alcoólico da cana-de-açúcar exprimido à nossa frente e a possibilidade que se me ofereceu de escarranchar um enorme boi zebu ali posto para a fotografia. Não posei mas, em compensação, pedi ao fulano que me deixasse dar uma volta à guia. O movimento é muito diferente do do cavalo. No cavalo nós montamos em cima dum arco côncavo; no boi não cheguei a perceber como era o movimento e nem sequer tive prazer.

 

De avião fomos a Caio Largo – ao largo (passe o pleonasmo) da costa sul de Cuba quase a meio caminho da República Dominicana – num trireactor «Yak 40» de fabrico russo com capacidade para uma trintena de passageiros. O catering servido a bordo consistia num copo de água e num rebuçado; a camarada hospedeira deve ter engraçado com o meu bigode e tive direito a dois rebuçados e um segundo copo de água pelo que desse modo tive catering duplo. O avião é bem giro mas vim a saber mais tarde que aqueles aviões foram pensados para voar sobre as nórdicas estepes russas e que as adaptações aos trópicos não foram muito bem sucedidas pelo que de vez em quando há um que vem cá parar a baixo mais depressa do que o previsto. Não foi o que aconteceu nesta viagem e até tivemos oportunidade de bordejar dois cúmulos, coisa que nunca tinha feito com tanta emoção. No destino navegámos num catamaran de grande luxo nada tendo a ver com qualquer regime socialista, almoçámos num restaurante sobre uma praia de coral que nos espantou porque achámos que a “areia” era fria e comemos lagostas acabadas de pescar que não se justifica repetir de tão sensaboronas.

 

Finalmente – até porque o relato já vai longo e não gosto de extensões narrativas – notei uma clara diferença entre os cubanos que trabalham na hotelaria e os outros pois vê-se que os primeiros almoçam e jantam todos os dias e os outros... comem as senhas de racionamento.

 

Ah “Tio Manolo”! Bem fez em salvar os seus filhos de tanta miséria. Infelizes aqueles que não tiveram um pai que visse à distância nem se deixasse embarcar em aventuras revolucionárias. Nada disto aconteceu por sua causa mas apesar de si.

 

“Hasta luego, tovarichtch Comandante...“ enquanto isso for dessa maneira, não conte comigo.

 

Henrique Salles da Fonseca

Henrique Salles da Fonseca

 

Nota: tudo isto e muito mais se passou em Abril de 2000

SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO?

 

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Diz-se por aí que «no tempo da outra Senhora» o Serviço Militar era obrigatório. Mas essa é claramente mais uma mentira que por aí vagueia. Não! O Serviço Militar era voluntário.

 

Assim, dando como exemplo o meu próprio caso, aos 18 anos «dei o nome para a tropa», o que se consubstanciou num acto voluntário pois bastaria não o fazer para passar à clandestinidade como refractário. Seguiu-se um período de silêncio em que era suposto nada acontecer até que alcançasse a maioridade (que naquela época era aos 21 anos de idade) e durante o qual poderia ter-me posto a mexer para o estrangeiro, o que voluntariamente não fiz. Na Universidade, a Lei concedia-me adiamentos de incorporação enquanto eu tivesse aproveitamento e isso traduziu-se em cinco pedidos de adiamento que voluntariamente fiz para concluir o curso. Uma vez licenciado, dirigi-me voluntariamente ao meu Distrito de Recrutamento Militar, o de Lisboa, para informar que concluíra o curso e que, portanto, já não tinha mais direito a adiamentos mas um Sargento que estava a trás do «guichet» perguntou-me se eu não tinha nada de mais útil a fazer do que ir naquele ano para a tropa. Balbuciei qualquer coisa que ele não deve ter ouvido e logo me disse que voltasse ali no ano seguinte pois naquele tinham economistas a mais. Mas logo de seguida arrepiou a conversa dizendo: - Mas espere aí que nem cá volta! Vai directamente apresentar-se em Mafra numa das quatro incorporações do ano que vem. Em qual delas quer entrar? Posta a “iguaria” deste modo à minha disposição, escolhi a da Primavera no pressuposto de que em Mafra (como em qualquer outro local) o clima nessa estação seria mais ameno. Tive, pois, mais um ano durante o qual me poderia ter pisgado mas, voluntariamente, não fugi.

 

Portanto, conto nove actos de voluntariado antes de «assentar praça». Passado o ano sabático que magnanimamente me fora concedido por um Sargento que estava a trás dum «guichet», foi voluntariamente que em Abril de 1970 me apresentei à porta da Escola Prática de Infantaria, no Convento de Mafra. Eram 13,45 horas daquele dia em que voluntariamente dei um passo em frente, transpus a porta monumental que estava à minha frente e passei a fazer parte do nosso Exército, o português.

 

Mais: nesse primeiro ciclo da recruta em Mafra que durou 11 semanas, tive 10 fins de semana que passei em casa (a saída do quartel era à hora do almoço de Sábado e eu regressava sempre antes da meia noite de Domingo) pelo que foram mais 10 regressos voluntários ao quartel; no segundo ciclo da recruta, em Lisboa, na Alameda das Linhas de Torres, foram mais 10 regressos voluntários e no estágio que nós, os de Contabilidade, tínhamos que cumprir para ficarmos prontos, foram mais 10.

 

Portanto, até ficar pronto, conto 40 actos voluntários. Daqui em frente, cada dia que passava era de puro voluntariado...

 

De calendário, fiz 3 anos, 3 meses e 3 dias de Serviço Militar (admito que 3 horas também) pelo que, por nunca ter fugido, sempre me voluntariei.

 

Considerando a permanência em zonas especiais, contaram-me a antiguidade de quatro anos menos um dia. Com que posto sairia se me tivessem dado esse dia? Não imagino mas tenho a certeza de que seria a baixo de General. Fiquei Tenente da Reserva Territorial mas nunca fui chamado para qualquer acção territorialmente reservada.

 

E se depois desta história alguém ainda tiver dúvidas de que o Serviço Militar era voluntário nesses idos de antanho, diga-o agora ou cale-se para sempre.

 

 

Henrique sem bigode-1970.jpg

Henrique Salles da Fonseca

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