A família Al-Thani do Qatar é dona de 10% das acções do Banco alemão[1] .
DECLARAÇÃO CONTRA A DISTRIBUIÇÃO PÚBLICA DO CORÃO
O parlamento do Estado da Renânia do norte Vestefália na Alemanha pronunciou-se maioritariamente contra a iniciativa muçulmana “Lê”, que distribui gratuitamente livros do Corão. O Parlamento é do parecer que a acção é uma “campanha inimiga da Constituição, recruta pessoas jovens para uma mundivisão antidemocrática e além disso torna-as propensas à violência”.
BILHETE DE COMBOIO GRATUITO DURANTE UM MÊS PARA JOVENS VIAJAREM NA EUROPA?
Corre a ideia de a União Europeia dar um presente para o/a jovem que faz 18 anos. A UE pagaria a cada cidadão um bilhete de InterRail no seu 18° aniversário. Tal medida possibilitaria o encontro de jovens, a amizade e a experiência da europa na sua diversidade.
Circula uma petição a solicitar à União Europeia que disponha para todas as pessoas jovens na UE adquirirem um passe InterRail gratuito durante um mês.
O abaixo-assinado é dirigido ao Conselho Europeu, Comissão Europeia, Parlamento Europeu.
APOIO A GAZA – ALABI PRESO POR DESVIO DE 6 MILHÕES de €
O palestiniano Mohamed Alabi que estava à frente de projectos da organização de ajuda humanitária World Vision terá desviado fundos de ajuda para a organização terrorista Hamas que governa em Gaza. Inicialmente Alabi queria ajudar crianças.
Desde 2010 terá desviado 6,5 milhões de euros do orçamento da organização não-governamental para compra de armas e construção do túnel.
Segundo a imprensa alemã, o ministro do desenvolvimento alemão já cancelou pagamentos para projectos da World-Vision em Gaza.
SEXISMO NOS PARLAMENTOS
VISÃO apresenta-se o resultado de um estudo feito com deputadas ofendidas pelo machismo envolvente. Cito: “O estudo questionou 55 deputadas de 39 países distribuídos pelo planeta: 18 de África, 15 da Europa, 10 da região Ásia-Pacífico, oito das Américas e quatro do mundo árabe. A maior parte representa partidos que estão no poder. Mais de 80% garante ter sido sujeita a actos de violência psicológica; 22% a violência sexual; 25,5% a violência física; 32,7% a violência económica. Entre as inquiridas, 65,5% diz ter sido sujeita, várias vezes, a comentários sexistas humilhantes, no decorrer do seu mandato”.
A política é um sector da vida onde o princípio da masculinidade se exerce com grande veemência. Ainda bem que na política e nos parlamentos a presença de mulheres se torna cada vez mais presente. Será de esperar que as mulheres aí presentes se tornem conscientes da sua feminilidade e a tornem presente na política não se deixando levar pelo princípio da masculinidade nela vigente.
SALÁRIO MÍNIMO NA ALEMANHA SOBE PARA 8,84 € À HORA
O governo de Merkel decidiu que o salário mínimo nacional na Alemanha passará a ser 8,84 € por hora a partir de 2017. Actualmente é de 8,50 €. O aumento de 34 cêntimos à hora corresponde à evolução geral de salários. A comissão conjunta de empregados e empregadores estiveram unanimemente de acordo neste ajuste.
O ministro das Finanças alemão criticou o Governo de António Costa.
Schäuble, afirmou recentemente que "Portugal vinha tendo muito sucesso até [à chegada] de um novo Governo”.
Esta não é a primeira frase polémica do ministro sobre a política financeira do Governo de Costa e sobre as contas de Portugal.
A Rádio Renascença recolheu e eu subscrevo algumas dessas frases:
"Portugal vinha tendo muito sucesso até [à chegada] de um novo Governo. (...) Está a acontecer da forma como eu avisei o meu colega português [Mário Centeno] porque eu disse-lhe que se seguirem esse caminho vão tomar um grande risco e eu não tomaria esse risco”. Conferência em Bucareste, na Roménia, a 26 de Outubro de 2016
“[Mário Centeno] sabe que Portugal tem de fazer tudo o que está ao seu alcance para contrariar as inseguranças nos mercados financeiros. Porque, naturalmente, sabe que Portugal estava no bom caminho. Mas este bom caminho ainda não permite a Portugal estar bem. É este o ponto da situação. Trata-se apenas do desejo de não voltar a ter de novo os problemas que existiam há alguns anos em Portugal". Conferência de imprensa que se seguiu à reunião do Conselho de Assuntos Económicos e Financeiros (Ecofin), em Bruxelas, a 12 de Fevereiro de 2016
“Portugal deve estar ciente de que pode perturbar os mercados financeiros, se der impressão de que está a inverter o caminho que tem percorrido. O que será muito delicado e perigoso para Portugal”. Declaração feita à entrada da reunião do Eurogrupo, a 11 de Fevereiro de 2016
“Portugal irá cometer um enorme erro se não cumprir o que foi acordado. Os portugueses não querem um novo pacote de resgate e não precisam dele se cumprir as regras e os compromissos europeus”. Conferência de imprensa em Berlim, a 29 de Junho de 2016
“Naturalmente tivemos um debate entre os ministros sobre se é inteligente tomar esta decisão no contexto do referendo britânico, mas eu e outros dissemos que era muito importante que as regras europeias se apliquem. Deseja-se incentivar e evitar incentivos erróneos para que os países actuem e façam o que têm de fazer.” Conferência de imprensa após a reunião dos ministros das Finanças da União Europeia, a 12 de Julho de 2016
E para que não restem dúvidas, repito que subscrevo as afirmações de Schäuble.
Nas pegadas de adversários fantasmas – clubismo de baixo e corporativismo de cima
Em Portugal, encontramo-nos num tempo de contradições em que para se defender a democracia há necessidade de, em geral, se falar contra a atitude dos partidos.
Schäuble, referindo-se à situação da economia portuguesa, com a afirmação “Portugal estava a ser bem-sucedido até entrar um novo Governo”, colocou-se fora de jogo ou em bola de futebol para os senhores dos clubes fazerem o seu jogo. Por um lado, o Ministro das Finanças alemão, como faz parte dos grandes grupos financeiros e políticos que se beneficiam da fraqueza dos menos fortes, não deveria expor-se ao ataque invadindo o campo da política interna do país; por outro lado, em questões de política internacional é aconselhada contenção.
Embora seja verdade o que diz, em termos de dados e de números, o Ministro das Finanças alemão não fez bem em dizê-lo como disse porque deste modo vem alimentar a discussão partidária em Portugal e dar oportunidade às falanges políticas para movimentarem o fervor patriótico e partidário em vez de se concentrarem na discussão da realidade da situação, dos dados e dos factos.
Na liga política internacional e de forma especial em Portugal, tudo joga a tentar meter a bola no campo do adversário sem notar o que vai na bola nem reconhecer que tanto o defesa como o atacante jogam num campo político nacional sem balizas e por isso, depois de tanta corrida, o único proveito que se espera será o duche em água fria. Uma discussão séria teria de partir do princípio de que somos bons e maus e os outros também.
Neste país, o sucesso político e os critérios de avaliação da governação não dependem da eficiência e dos resultados obtidos nem de uma análise objectiva da situação mas sim do aplauso das claques. Como domina o espírito de clube e de claque (clubismo em baixo e corporativismo em cima) no momento em que algum político estrangeiro chame a atenção para a realidade, como neste caso, logo nos Média se cala a situação para se atacar a afirmação. Este fenómeno é semelhante ao que acontecia nas guerras de antigamente: era morto quem, depois da batalha, trazia a notícia de que tinham perdido a guerra.
O povo fraco e indefeso agarra-se a alguém que o conforte emocionalmente e como é agradecido entrega a esse alguém a sua confiança e admiração (espécie de desculpa para a própria inacção); por isso também aplaude quem admira os seus admirados e reprova quem os questiona.
Economia e dados sobre a produção bem como iniciativas legislativas sem cobertura económica não são aquilo que interessa à generalidade de um público com uma educação cívico-política feita na perspectiva de elogio ou censura, baseados em conceitos estabelecidos que não dão espaço para perguntas. Como a vida é uma batalha, os estrategas da política portuguesa vivem em contínua batalha soalheira ad extra et ad intra não lhes resta tempo para o essencial. Schäuble tem um estômago grande que não sofre de azia mas com as suas palavras azedas aumenta a azia da imprensa portuguesa. Esquece que não só de pão vive o homem mas também das bocas que se dão.
O cúmulo da situação vem do facto de muitos dos nossos líderes narcisistas e sobranceiros não terem respeito pelas suas claques, dizendo que não querem "soluções populistas", chegam-lhes as corporativistas. Agem segundo o mote: 'Se queremos uma democracia qualificada, ela tem um preço': o preço é a carência em que vive grande parte do povo português e uma pobreza envergonhada que não tem rosto para sair à rua. Deste modo, povo e líderes têm sempre razão.
Quem paga a paz social são as pessoas sérias que trabalham para os que vivem da paz social e dos que fazem guerra só para terem assento no parlamento.
Cheio de boas intenções está o inferno! E assim estou eu, que já prometi a mim mesmo e aos que têm coragem de ler o que escrevo para o blog, que não falaria mais sobre as “coisas brasilienses”. Mas é difícil ficar muito tempo com a garganta cheia de podridão e não a poder pôr para fora.
Nada de falar em política porque então a boca enche-se de trampa, para não usar outra palavra de tonalidade mais sonante e malcheirosa.
Vamos só a “pequenos detalhes” da vida quotidiana.
O juro anual do cartão de crédito atingiu os píncaros da insanidade: 480% ao ano! Façam as contas. Quem estiver um ano devendo dez mil reais e finalmente tiver a sorte de arranjar alguma graninha para pagar, vai ao banco e recebe uma notícia esplendorosa: afinal você SÓ deve $ 58.000! Beleza, né?
O cliente diz logo que não paga e deixa correr. Ao fim de um, dois, três anos, o banco quer resolver a situação e propõe um descontinho, quando a dívida já vai, especulativamente em centenas (58 mil no 1° ano, 116 no 2°, e 570 mil no 5°). Melhor negócio do que isto, só abrir uma igreja e fazer milagres aos domingos e dias de feriado!
Há dias, precisei de uma moto serra. Pequena, eléctrica. Pesquisei e, por acaso, fui parar a um site em Portugal. Achei estranho o preço 29,90! Só depois reparei que era em Euros, o equivalente por estas bandas a cerca de cem Reais. Depois, encontrei a mesma máquina, no Brasil, só que o precinho era um quanto diferente: $ 195,00. O dobro. Mas também não é para admirar. O Brasil é mais de 100 vezes maior que Portugal, deve vender milhares de moto-serras mais do que em Portugal e paga, de certeza, muito mais impostos.
O jornal de hoje traz mais uma notícia surpreendente: em 2015 foram cobrados a mais, por engano, SÓ mais de R$ 1.825.000.000, – isso mesmo um bilhão oitocentos e vinte cinco milhões de reais – nas contas de energia eléctrica dos consumidores. Engano curioso! Nunca mais vão devolver esse dinheiro extorquido ao zé-pagante!
Só mais uma: na semana passada, a Petrobrás, a “senhora” do maior escândalo de corrupção da história da humanidez, anunciou que ia baixar o preço da gasolina, já que o preço no Brasil é igual aos mais altos níveis do mundo! E temos petróleo. Magnífico.
No dia seguinte as distribuidoras informaram que iam aumentar 3% nos postos. Ora digam lá se isto não é sincronia perfeita. Eu disse sim, CORNIA! Um baixa, o outro sobe e assim se mantém o desequilíbrio deste insano desgoverno.
País tropical... abençoado coqueiro...
Maledetti!
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Agora vamos ao Vaticano e começo por reafirmar que sou fã do Papa Francisco e procuro seguir, tanto quanto a minha fraqueza mo permite, a palavra de Cristo.
Mas algo de estranho se passa no Reino da Dinamarca, perdão no Reino do Vaticano, quando a
Igreja Católica proíbe fiéis de jogar as cinzas dos mortos ou guardá-las em casa.
O descumprimento da medida pode impedir funeral do falecido!
A Igreja Católica ainda prefere enterrar os mortos, mas quando — por razões de higiene ou por vontade expressa do finado — se optar pela cremação, proíbe (!) a partir desta terça-feira, que as cinzas sejam espalhadas, distribuídas entre os familiares ou conservadas em casa. Segundo um documento escrito pela Congregação para a Doutrina da Fé – o famigerado e maldito para sempre, o antigo Santo Oficio – e assinado pelo Papa Francisco, a proibição destina-se a evitar qualquer “mal-entendido panteísta, naturalista ou niilista”.
O ultra-conservador líder da Congregação, o cardeal alemão Gerhard Müller, chegou a dizer durante a apresentação do documento: “Os mortos não são propriedade da família, são filhos de Deus, fazem parte de Deus e esperam em um campo santo a ressurreição”.
Que terrível engano ou presunção. Quem pensa o cardeal Müller que é? O próprio Deus? Torquemada? Ou já está senil? Deve ter feito contacto, profundo, com o seu parente Alzheimer!
Deus cedeu-nos um corpo, corrupto, corrompível, para aí depositar o seu Espírito. O Espírito pertence a Deus, o corpo às cinzas. Nós somos pó, viemos do pó e ao pó retornaremos.
O documento aprovado, intitulado Instrução Ad resurgendum cum Christo e que substitui um anterior de 1963, adverte que “não é permitida a dispersão das cinzas no ar, na terra ou na água ou em qualquer outra forma, ou a transformação das cinzas em lembranças comemorativas, peças de jóias ou outros artigos” (1). E o documento vai mais longe: “No caso em que o falecido tenha sido submetido à cremação e ocorra a dispersão de suas cinzas na natureza por razões contrárias à fé cristã (2), o seu funeral será negado”. A Congregação para a Doutrina da Fé justifica a elaboração de um documento tão drástico como reacção às novas práticas na sepultura e na cremação “contrárias à fé da Igreja”.
Segundo esta Congregação, as cinzas devem ser mantidas “como regra geral, em um lugar sagrado, ou seja, no cemitério, ou, se for o caso, em uma igreja ou em uma área especialmente dedicada para tal fim por autoridade eclesiástica competente”. Embora a Igreja admita que “não vê razões doutrinais” para proibir a cremação – “a cremação do cadáver não toca a alma e não impede a omnipotência divina de ressuscitar o corpo” (3) –, o Secretário da Comissão Teológica Internacional, Serge-Thomas Bonino, descreveu-a como “algo brutal”, por se tratar de “um processo que não é natural, no qual intervém a técnica e que também não permite que pessoas próximas se acostumem com a falta de um ente querido”.
Parece estranho que o Papa Francisco tenha pactuado com tamanho absurdo.
Onde assinalado com (1), a frase parece outra piada. Aliás de muito mau gosto. Desde os primórdios, a Igreja tem feito milhões na venda de relicários, 99,999% falsos, como um pedaço do lenho da Cruz, que todos juntos devem ter alcançado milhares de toneladas de madeira, ossos de alguns santos, que tanto poderiam ser do santo como de um cachorro ou de uma vaca, pedacinhos da roupa usada por alguma santa, que ninguém sabe se ela a usou ou se foram comprados a metro num tecelão, e muitos desses relicários as pessoas usavam e ainda usam como uma jóia, pendurada no pescoço ou no pulso, numa caixa, num altar, etc. E agora vem dizer que não pode! Esgotou o stock? Ou esqueceu de se desculpar, perante os incautos, sobre as toneladas de dinheiro que através dos séculos embolsou com essas falsidades?
No ponto (2) o que será que os Alzheimers do Vaticano consideram “dispersar as cinzas na natureza por razões contrárias à fé da Igreja? Para já a Igreja não tem fé. Quem tem fé ou pode tê-la são os fiéis, e não há igreja nenhuma no mundo, nem haverá, que possa impor uma fé. Fé não se adquire como um relicário. Nem o relicário protege dos ataques e tentações do demo.
E acrescenta que pode negar o funeral. Absurdo, e crime contra a consciência e fé de cada um.
Eu já vivi este problema. Não perdi a fé em Cristo, mas abominei a hierarquia que se julga ainda com direito de queimar qualquer Joana d’Arc ou Jacques de Molay!
O que terão feito com as suas cinzas?
No ponto (3) vem um choradinho que hoje já só é aceite por... por quem?
A ressurreição dos mortos, queimados, cinzas espalhadas ou não, o que eventualmente, um dia, “ressuscitará” será o Espírito que se unirá ao TODO e NADA. Nada de corpos. Do pó viestes...
Por fim, o senhor Bonino a descreveu, a cremação como “algo brutal” por se tratar de “um processo que não é natural, no qual intervém a técnica e que não permite que pessoas próximas se acostumem com a falta de um ente querido”.
O tal Bonino acha que a cremação é algo brutal, que não é natural, onde intervém a técnica, etc. Seria bom que ele se explicasse melhor, dizendo qual técnica usou a Inquisição na fogueira da Joana d’Arc e de milhares e milhares de outros e outras infelizes, que tiveram, ou não, a coragem de não dizerem sempre amém, técnicas da Igreja assistidas e aplaudidas por reis, cardeais, bispos e babacas em geral.
Nunca imaginei que o pensamento medieval continuasse a imperar no Vaticano e que obriguem o bom Papa a assinar absurdos.
Seria melhor que o cardeal Alzheimer e o secretário Bonino respeitassem o luto de cada um.
Não é por dispersar as cinzas que vamos esquecer os entes queridos. Eu sei bem disso.
Jamais seria capaz de erigir um Mausoléu em mármore e esculturas de Michelangelo para depositar o corpo de qualquer dos meus entes mais queridos, só para exibir perante a sociedade o meu, imaginário, padrão financeiro.
Papa Francisco, a minha consideração por si não diminuiu. Mas deixou-me triste.
Zombie, na cultura popular, é um morto-vivo, um ser sem vontade própria que passeia à noite por entre os vivos
Assim vão os bancos em Portugal e na Europa: movem-se mas sem rumo nem liderança. O dinheiro ganhou neles vida própria. É sugado aos cidadãos; é injectado pelo Estado nos bancos mais fracos; estes são vendidos a preço vil aos bancos mais fortes; e estes dependem do Banco Central Europeu que lhes lança dinheiro das nuvens, enquanto se aproxima o colapso do sistema montado nos longínquos anos 90 e que desde 2008 não recuperou mais.
Nunca houve tanto dinheiro na Europa – 95% dele escriturário – mas é como as areias do deserto; a ninguém aproveita e o sistema está descontrolado.
Primeiro, vem a austeridade forçada para o Estado arrecadar dinheiro. Pensionistas e reformados tentam sobreviver. Empregados e funcionários vêem os seus ordenados reduzidos, enfrentando o precariado e a pauperização. Os jovens vão saltando de emprego em emprego, na tentativa de criar condições para terem casa e família. Centenas de milhar de doentes deixam de ser assistidos de forma condigna em hospitais sobrelotados. Centenas de milhar de empresas e de famílias estão na insolvência ou com sobre-endividamento.
Depois, vem a injecção estatal. Entre 2007 e 2016 em Portugal – com as falências de BPN, BPP, BES, BANIF e as recapitalizações da CGD, mais juros sobre isto tudo – Portugal empatou 13 mil milhões de euros de ajudas ao sector financeiro, 7,3% do produto interno bruto.
A seguir, as dívidas dos bancos dos países ricos são passadas aos bancos dos países pobres. Os países europeus resgatados – Portugal Grécia e Espanha – reduziram dezenas de milhares de milhões de euros de exposição a bancos estrangeiros desde o início do resgate – mas continuam a aumentar o volume de dívida total. Ou seja, resgatados foram apenas os bancos privados dos países europeus ricos. Tudo o mais que se disser é mentira.
Em paralelo os bancos fracos são vendidos aos bancos fortes. O BCE tem uma estratégia de colocar a banca privada nacional na dependência de bancos estrangeiros”, referem os subscritores do documento de reflexão “Reconfiguração da Banca em Portugal”. Veja-se a penetração da banca espanhola em Portugal.
O Santander comprou o BCI nos anos 80. Em 2000 tornou-se o accionista maioritário do Totta & Açores. Depois criou-se o Santander Totta. Depois ficou com o Banif, após o colapso de Dezembro de 2015 pagando apenas 150 milhões de euros, a um banco resgatado que recebeu 225o milhões de Nós, o Estado. E agora poderá comprar até Agosto de 2017 o Novo Banco que custou 4,9 mil milhões ao “Fundo de Resolução” – ao qual Nós, o Estado emprestou 3,9 mil milhões de euros.
Também o Bankinter espanhol comprou em Setembro de 2015 o negócio de retalho do Barclays Portugal. O CaixaBank espanhol lançou uma OPA em Abril de 2016, sobre o Banco Português de Investimento (BPI) que parece final. Desde o início do ano, vários bancos espanhóis querem adquirir o Millenium/BCP, sendo que o Sabadell já controla 5%.
Na fase seguinte, os zombies chegam aos grandes bancos das grandes nações. O Deutsche Bank está a vacilar. O Banca Monte dei Paschi di Siena, de Itália, ( o mais antigo do mundo em funcionamento) tem 40 mil milhões de créditos mal parados.
Segundo as regras recém-criadas de “resolução de banco” – a linguagem crioula da parasitocracia para descrever a falência de um banco – os depositantes tornaram-se credores do banco contra sua vontade. Em caso de falência os accionistas pagam em primeiro lugar, em seguida, os credores e finalmente os depositantes, com mais de 100.000 euros.
Talvez o nível de literacia financeira dos bebedores de cerveja dos países do norte da Europa seja superior aos dos bebedores de vinho dos países do sul da Europa. Mas a turbulência ataca a todos. Diz o FMI, através de Peter Dattels: “Na Europa, cerca de um terço do sistema bancário – cerca de 7.500 mil milhões de euros – permanece incapaz de gerar lucros de forma sustentável ”
Finalmente, os zombies vivem no Banco Central Europeu. Como está em jogo a sobrevivência da zona euro, o BCE emite dinheiro a rodos em papel-moeda enquanto a banca zombie continua a criar dinheiro escritural através de empréstimos.
Ainda falta uma coisa: à injúria acrescenta-se o insulto, como lembra a famosa sentença de Tomás Moro. à injúria gigante infligida pela banca, junta-se o insulto dos vencimentos milionários dos administradores de um sistema condenado a falhar.
Há saída ? Há, mas só quando deixarmos de nos guiar pelas élites financeiras e políticas do momento. A dúvida instalou-se no coração da Europa: leiam a confissão de Jean-Claude Juncker a 7 de Outubro, por ocasião dos 20 anos do Instituto Jacques Delors, em Bruxelas.
Quando em 1938 Thomas Mann chegou aos Estados Unidos, fugindo ao nazismo, deu uma conferência de imprensa em que disse: - Onde eu estiver, está a cultura alemã.
Logo houve quem atribuísse esta frase a uma grande dose de arrogância e a simpatia com que foi recebido ficou claramente moldada pela impressão assim causada. Foi necessário esperar alguns anos para que essa frase fosse explicada pelo seu irmão mais velho, Henrique, quando nas suas memórias se refere ao episódio e o explica com a frase de Fausto: «Aquilo que de teus pais herdaste, merece-o para que o possuas».
Não fora, pois, arrogância mas sim um profundo sentido de responsabilidade que levara o escritor a identificar-se daquele modo com a sua própria cultura. O conhecimento do que outros fizeram antes de si já levara Hölderlin (1770 - 1843), o poeta atacado de mansa loucura, a afirmar que «Somos originais porque não sabemos nada».
Em 1518, Ulrich von Hutten (1488-1523), companheiro de Lutero, escrevia a um amigo que, embora fosse de origem nobre, não desejava sê-lo sem o merecer: «A nobreza de nascimento é puramente acidental e, por conseguinte, insignificante para mim. Procuro noutro local as fontes da nobreza e bebo dessa nascente. A verdadeira nobreza é a do espírito por via das artes, das humanidades e da filosofia que permitem à Humanidade a descoberta e reivindicação da sua forma mais elevada de dignidade, aquela que faz distinguir a pessoa daquilo que também é: um animal.»
Ou seja, a nobreza conquista-se, não se adquire por via hereditária. Afinal, era isso que Mann significava quando chegou à América.
O que é, então, a essência da cultura? É o conjunto das obras intemporais, as perenes, as que não passam de moda, as grandes obras humanistas, as que desenvolvem o pensamento especulativo. É a conjugação lógica de axiomas para a construção de novos silogismos e para a definição de doutrinas inovadoras. Eis o âmago da cultura, de uma qualquer cultura: o raciocínio especulativo, a independência relativamente à letra, a interpretação dessa mesma letra, a busca do significado. Quanto mais uma cultura se identificar com os valores humanistas e os promover, mais elevada é essa cultura.
E o que é ser culto? Será saber muitas coisas? Não, isso é próprio de uma enciclopédia. O conhecimento dos factos não define a cultura mas apenas a dimensão do conhecimento. O culto é aquele que está aberto à nova interpretação, o que busca o significado.
E o que é ser educador? É convidar os outros para o significado.
Republicanismo português embrulhado na moral dos interesses corporativos
Ética é uma filosofia aplicada, uma tentativa de dar resposta ao bem, ao belo, à verdade, à justiça e ao sentido do ser e do estar do Homem, uma tentativa de teorizar e generalizar a moral de cunho cultural. Platão, o grande filósofo da política, equacionava a ética no âmbito do verdadeiro, do belo e do bem. Aristóteles, por sua vez, no seguimento de Platão e de Sócrates acentuava o princípio da virtude colocando-a no seguimento do meio-termo; o cristianismo centra-a no carácter relacional individual e comunitário na atitude interior (matriz trinitária) regulada pela consciência (finalidade salvação da alma e criar felicidade) e o modernismo na sua expressão republicana focaliza a ética no interesse do grupo e no balance dos interesses grupais de forma pragmática na procura do útil para a polis (acentuação da ética de responsabilidade – da ponderação de interesses, sobre a ética de convicção- ponderação da verdade).
A República portuguesa animada por uma moral secular ad hoc leva o Estado ao fracasso
A ética/moral, ao contrário da filosofia, é sempre contextual (localizada) e como tal fruto da disputa entre experiência (limitada) e teoria (universal) (1), entre o bem individual e o bem da colectividade (bem espiritual e bem material).
Cada cultura, cada grupo social procura um tecto metafísico, um fundamento religioso/ filosófico em que expressa a sua identidade e enquadra o seu comportamento moral. Cada sistema religioso-filosófico-ético tem sido o resultado e o produtor de diferentes expressões culturais; entre outras criou a civilização cristã, a civilização hinduísta, a civilização budista, a civilização árabe muçulmana, todas elas com diferentes formas de organização social e legitimadoras do poder, tais como: repúblicas, monarquias, democracias e ditaduras.
Na sociedade ocidental coexistem várias maneiras de estar na vida (morais), muitas vezes externamente indiferenciáveis na sua expressão popular, embora possam ter diferentes referências e fundamentos.
Os Estados, à semelhança das religiões, criaram as suas Constituições e estatutos de organização política com o correspondente fundamento da proveniência do poder, da ética e dos princípios por que se regula. Enquanto a monarquia fundamenta o seu poder e a sua moral em Deus (presente em cada pessoa), a república pretende, fundamentá-los no povo e na ideologia. Consequentemente, como o povo é heterogéneo e com crenças diferenciadas, a república secular não poderia ter uma crença determinada nem o Estado deveria ter uma ideologia exclusivista. O Estado, porém, teria de respeitar o ideário e os factores de identidade da nação. Doutro modo torna-se no administrador dos interesses anónimos e dos grupos mais fortes, reduzindo-se ao campo de batalha entre os mesmos (ao monopolizar o ensino favorece a versão correspondente à ideologia dos grupos mais fortes). A soma dos interesses congregados em diferentes corporações e reunidas no Estado não são suficientes para dar sustentabilidade à engrenagem de um país; falta-lhe a alma, o óleo de um ideal comum e de uma missão comum.
A necessidade cria o órgão mas nunca o conjunto das concorrentes necessidades conduzem a um corpo orgânico; podem quando muito assumir actividades funcionalistas sempre na provisoriedade. Uma sociedade regulada e motivada apenas por relações de interesses desumaniza-se perdendo-se em morais ad hoc que na sua dinâmica concorrente criam a impressão de sentido mas são incapazes de legitimar a sua sustentabilidade como nação. A força e o poder, congregados no aparelho do Estado, para controlar e ordenar os interesses corporativos, não tem legitimidade suficiente de vínculo ético, devido ao seu carácter mecanicista ad hoc, sem sentido nem meta. Este Estado, sem missão teleológica esgota-se em dar forma à circunstância e ao tempo toma expressão de carácter absolutista (2). Ao monopólio monárquico de uma ética de cunho cristão segue-se o monopólio da ética maçónica como substrato invisível da República.
O factor Deus relativizava o poder monárquico; o Senhor e César têm o seu devido lugar mas no respeito a Deus que também é povo. O perigo do absolutismo na monarquia é continuado na república através dos grupos fortes e das redes secretas subjacentes.
Um povo, com os seus diversificados interesses, não é fundamento suficiente para legitimar um sistema ético; a ética universal só será fundamentável na ipseidade que realiza a tensão entre o relativo (o objecto) e o absoluto (sujeito). Antoine de Saint-Exupéry especifica: “Se não houver nada acima de ti, não tens nada a receber. A não ser de ti próprio. Mas que hás-de tu ir buscar a um espelho vazio?". Saint-Exupéry pressupunha a existência de um ser absoluto pessoal. Se a pessoa não estiver acima dos interesses grupais será irremediavelmente transformada num objecto dependente dos interesses dos mais fortes.
Uma República comprometida com o bem-comum e empenhada na defesa da felicidade dos cidadãos teria de considerar as diferentes ideologias e agremiações como factor de integração e elevação social; consequentemente teria o dever de integrá-las e deixá-las desenvolver-se sob um tecto livre e aberto - só a liberdade responsável pode ser factor de felicidade e, como tal, não reduzível a um caminho religioso estreito nem a uma via secular racionalista ou materialista. Nem o ideário religioso do Islão e nem o ideário maçónico arraigado à república (sistemas de interesses grupais) podem arrogar-se como linhas directivas de imagem na civilização ocidental que assenta na dignidade da pessoa e na divisão de poderes (ao Estado o que pertence ao Estado e a Deus o que é de Deus). Uma ética universal (multifacetada) pressupõe a pessoa como sua infraestrutura e em relação com o outro; pressupõe uma relação entre sujeitos, não reduzível a uma relação entre objectos (interesses).
Tanto o sistema republicano como o sistema monárquico tem os seus quês; tudo depende dos grupos de interesse que se apoderam deles. Os grupos de interesses que se servem da democracia para se imporem, vivem bem da ilusão transmitida ao povo de que é livre e soberano.
Mau testemunho das elites republicanas: cinismo e falta de vergonha
O bem-comum obriga a direitos e a deveres que implicam relações éticas. Embora o Estado e a administração estejam ao serviço da coisa pública, uma concepção baseada em interesses, não integral de Homem e sociedade, estimula muitos dos seus representantes a abusarem do serviço público e a usarem a posição que ocupam em próprio benefício ou em benefício das suas organizações; este comportamento vai contra o ideal republicano do bem-comum por corresponder a uma privatização indevida do bem-comum; mas o ideal republicano não é congruente porque se baseia na defesa de interesses e estes assentam na rivalidade dos grupos e na defesa do ego. Consequentemente, as estruturas partidárias e organizações ideológicas dão cobertura à corrupção.
Assim temos um Estado com políticos mas sem país dado a inteligência portuguesa, fragmentada nos diferentes partidos ser colocada em função dos interesses dos grupos e não do todo (povo). A nossa matriz de Estado beneficia as corporações instaladas contra a população. Pelo que observo da História, principalmente a partir de Marquês de Pombal, o nosso Estado tem tudo menos povo; falta-lhe a inteligência colectiva, que foi privatizada. A nossa República é individualista, surgiu da luta de grupos de interesses ideológicos e de interesses de privilegiados e não do interesse nacional: A inteligência portuguesa aprendeu muito lá fora mas tornou-se estrangeirada e deste modo envergonha-se do povo que a sustenta; tornou-se numa alma sem corpo e num corpo sem alma: a nossa República é de todos mas não é nossa e o povo adora um país cm um Estado que despreza. A grelha em que assenta a república e os partidos não é nossa; o problema é de mentalidade (em parte de influência oriental e árabe) e mais recentemente alimenta-se da dependência cultural e económica, principalmente a partir do séc. XVIII; tornámo-nos dependentes da França e da Inglaterra deixando de ser europeus (agora servimos servindo-nos de uma Alemanha simbólica que repudiamos).
A república portuguesa tem sido uma história de fracassos porque fraccionada em grupos de interesses de afirmação de uns contra os outros em que a dinâmica inerente à sua ética parece ser a luta e o ser contra; por outro lado, à maneira da cultura árabe, uma condição negativa - o factor inimigo -, é transformada em causa de união dos grupos de interesses (3)!
Numa sociedade orientada por princípios éticos, a vergonha é o rosto da moral que pressupõe a dignidade como suporte (4).
O senso do estado, na república que temos, mais que servir o bem-comum é servir indivíduos e grupos perfilados em constelações de interesses (corporações), o resto são efeitos colaterais. Num ambiente assim é cínico falar de ética republicana porque não passa de uma moral local ad hoc própria de um republicanismo português sempre na dependência, sempre falhado (na primeira república falido e na terceira hipotecado). Nos finais dos anos vinte foi preciso Salazar para salvar Portugal do caos e da bancarrota da I República e no actual regime republicano vivemos de mãos estendidas suportando a canga dos outros (5).
A nossa república não pretende a criação de relações humanas, pretende relações de interesses reguladas por leis; a relação humana reserva-a, quando muito, para a loja ou para os íntimos do partido ou do clube, cultivada à sombra do interesse e do oportuno. Trata-se de redes de ligações de interesses determinadas por obediências por vezes contrárias à soberania da consciência individual e social. Condenam, e com razão, o uso do instrumento do medo em sociedades religiosas mas consideram o uso do medo na polis como instrumente essencial da sua ética. Muitos republicanos reportam-se de bom grado a Thomas Hobbes que vê no medo e no susto perante o poder central (monopólio do poder e da violência) a garantia da paz civil (no “Leviathan”): o medo é considerado instrumento para evitar a guerra civil.
Uma forma de Estado (República) construída na base de uma auto-imagem ateia ou contra a Igreja que conferiu a identidade à nação deslegitima-se porque incapaz de exercer auto-moderação. Como o cidadão é considerado objecto e não sujeito, a lei deve substituir a consciência do indivíduo. Chega um certo dogmatismo de opinião que confunde razão com lógica e confere à opinião ideológica foros de argumentação objectiva.
A elite da República portuguesa, nos trilhos do Marquês de Pombal, é altiva e dissonante repelindo o sentir da alma popular que despreza e olha com desdém não suportando a sua expressão religiosa e cultural popular (símbolos de inimigos a desprezar: Fátima, futebol e fado). Arvora-se em dona da República, e em intérprete da cultura querendo para si o monopólio da influência (interpretação), o que a leva a definir-se contra o outro e não com o outro. Deste modo não poderá haver um crescimento normal do indivíduo nem de grupo.
A ética republicana portuguesa baseia-se na defesa de interesses e de grupos e expressa-se na afirmação dos interesses corporativos. A ética de cariz cristão baseia-se na relação pessoal e parte da pessoa como soberana investida de competência interior, que lhe vem da dignidade de filha de Deus que tudo irmana e se expressa na consciência individual que é soberana. A ética de cariz republicano é de carácter mais funcional, vincula por motivações externas ou por interesses de grupos (obediência à lei, à confissão ou partido (6).
A lei, tal como a ética de responsabilidade, assume um carácter exterior de interesses, sem vínculo pessoal interior e, como tal, negociável, independentemente do processo ser ou não corrupto. Também por isso muitos dos detentores do poder público se aproveitam da sua posição e conhecimento para beneficiar amigos e companheiros. (Li sobre a existência de estatutos maçónicos que defendem o perjuro até em tribunal desde que em defesa de um irmão; a mesma norma se encontra no Corão que solicita o crente a mentir desde que em proveito do Islão (Norma da etakia). No caso uma relação ética republicana exigiria a mera relação objectiva mas o interesse privatiza a norma ética que perde assim o seu carácter universal, refugiando-se numa moral de situação.
De tábuas com caruncho não se faz bom soalho. A lei, mesmo a constitucional, vem de fora, não é interior, por isso não vincula necessariamente a consciência humana, dado só o sujeito poder ser responsável; este não age por obediência mas em sintonia inter-relacional. Não são as leis que baseiam os costumes mas os costumes que baseiam as leis, numa dialéctica de experiência e teoria, de ética de responsabilidade e de ética de convicção. A moral de tez republicana também tem bons objectivos mas nunca pode ser universalizada, também por não reconhecer a soberania da consciência humana em relação ao Estado. Reduz o valor cívico à actividade legal intelectual identificando a cidadania adulta com uma intelectualidade de lógica materialista, deixando o cidadão no adro da confusão ou no arraial da anarquia (7).
Sem o empenho activo dos leigos católicos na política cria-se a impressão pública de que a razão está do lado dos activistas republicanos anticatólicos, numa sociedade com uma igreja fraca e para os fracos. Em Portugal, onde a maçonaria se tornou no sustentáculo da República, domina publicamente o espírito anticlerical jacobino e a má gerência do Estado, ao contrário da república Alemã onde os partidos de timbre cristão determinam o desenvolvimento da República.
Para complicar a situação portuguesa, também os intelectuais portugueses abdicaram da sua responsabilidade de intervenção pública cedendo, em grande parte, o palco da nação aos políticos interesseiros ou interessados numa ética ad hoc, pragmática e utilitarista, concebida em termos de períodos alternativos de legislaturas governativas.
A ética republicana anda de braço dado com as ideias revolucionárias marxistas e vê no trabalho o fundamento da condição de ser sujeito e o factor de sociabilidade na troca de serviços. É fraca uma sociedade ou ideologia que reduza a moralidade a relações de trabalho ou de mercadoria. O filósofo Karl Popper, defensor da sociedade aberta, desmascara o profetismo marxista como seu inimigo.
Para o cristianismo a pessoa é sujeito soberano e realiza-se em comunidade, reconhecendo o trabalho como um direito da pessoa humana e considerando o capital em função da pessoa e da comunidade (encíclicas sociais) enquanto o marxismo embora também dê relevância ao indivíduo em relação ao capital, acaba por diluir a sua personalidade na massa: o valor do cidadão vem da sua função em relação à construção da utópica ditadura do proletariado, perde-se no emaranhado dos interesses. Para o cristianismo, na economia, não é o produto humano que está em primeiro plano mas sim o processo da produção que deve expressar a relação humana entre sujeitos (8).
A ideologia dominante republicana tem sido imposta e conduzida por grupos de influência (neoburgueses entre eles os homens do avental – impondo-se, como rescrito de vida, o racionalismo e o materialismo). Substituiu-se a velha ideologia monárquica pela dominante burguesa (e novos ricos) agora expressa na opinião do politicamente correcto de expressão socialista e capitalista.
Uma ética de carácter universal não pode ser baseada numa utopia histórica (uma sociedade de iguais), com uma classe única, como quer o marxismo através de um proletariado pioneiro na conquista do poder político pela revolução.
Enfim andamos no e com o tempo; quem vai no comboio tem a sensação de que quem anda é a paisagem e não o comboio; não se torna consciente da própria realidade nem do seu contexto, projectando-a fora, nos outros; o analfabetismo mental de hoje não será menor que o da Idade Média.
Conclusão
Diria que a república portuguesa tem sido a ilusão de muitos em proveito de poucos, para parafrasear Alexander Pope que dizia: “O partido é a loucura de muitos em proveito de poucos”.
Uma filosofia universal não pode instalar-se em nenhuma casa política (Este foi o erro cometido pelos filósofos Sartre que apoiava o totalitarismo soviético e Heidegger que apoiou o nazismo): uma filosofia de tecto universal tem que ter lugar para todos e viver com todos, apostando na dignidade da pessoa humana e não numa matriz exterior (supraestrutura capitalista ou marxista). Uma ética universal integral tem um carácter católico a realizar-se num processo de aculturação e inculturação, e que embora de forma limitada e imperfeita, procura dar forma ao futuro.
Uma ética laicista equivoca-se ao querer construir um tecto universal sem metafísica no sentido de uma transformação socialista da sociedade. A sua visão de Homem é materialista-racionalista e como tal reduzida a um pequeno grupo social. O homem não pode ser reduzido a uma mera expressão de contexto histórico como quer o marxismo.
A III república, muito embora de cunho marxista, protege os seus melhores privilégios tal como fazia a classe social da sociedade burguesa, que Marx condenava.
António da Cunha Duarte Justo
Teólogo e Pedagogo (português e história)
(1) Entre o saber adquirido através do método indutivo e o saber resultante do método dedutivo e da consequente interpretação filosófica. A prova dos nove da moral é tirada sempre pela experiência (processo indutivo) virada para o concreto, para a ortopraxia; a ortodoxia é mais abstracta, mais geral e como tal de perspectivas universais. No dia-a-dia o que importa é a praxis, a orto-praxia como se realizava no protótipo JC.
(2) A sociedade é formada por pessoas de diferentes caracteres, mentalidades e interesses. Há pessoas com uma matriz de carácter mais introvertido e outras de carácter mais extrovertido, mais espiritual ou mais material, mais orgânico ou mais mecanicista; umas de carácter mais racional e outras de carácter mais intuitivo e emocional (Em termos de folclore poderíamos dizer que umas se expressam melhor no flamengo e outras no fado). A diferentes caracteres, correspondem também diferentes maneiras de estar e a consequente a afirmação de diferentes necessidades e interesses (concorrência!) que se organizam e formulam na sociedade.
(3) Neste contexto tenha-se presente o caso das PPPs e da crise dos Bancos; a corrupção é facto mas as castas que as cometem estão ilibadas, cf.
(4) Onde se encontram, no regime de Abril, os políticos, os banqueiros e outros beneficiados da república com vergonha? (Falo do regime de Abril porque estamos na III República e esta se anunciou com elevada reivindicação da qualidade moral; a corrupção vigente não é tema de Estado e faz lembrar a I República a que se seguiu o golpe de estado que levou à II). Quem sobressai na nossa sociedade? Com o 25 de Abril, começou também a era da libertinagem. A palavra virtude passou a não ser moderna nem favorecedora dos progressistas, de modo que desapareceu do foro público; quase se torna impossível expressá-la e a paleta das virtudes foi resumida nas palavras tolerância, abertura e liberdade.
(6) Muitos filiados como não têm conhecimento de base em relação à filosofia do seu grémio, sem conhecimento programático, encostam-se à autoridade do seu líder: isto fomenta no grupo o espírito de oportunismo e de subserviência em relação ao clube que deste modo não se desenvolve – temos pessoas em vez de programas e estratégias; temos um comportamento social sem exigências porque sem fundamento ético).
(7) Uma arrogância jacobina observável em certos republicanos deve-se à sua história de vitórias agressivas perante um catolicismo demasiado reservado ao âmbito individual, incompatível com a liderança de movimentos extremistas pró ou anti-republicanos (esta atitude tem a sua lógica por apostar no desenvolvimento da pessoa humana e não nos interesses de organizações (respeitando os âmbitos do empenho secular e do espiritual). Não seria legítimo usurpar o conhecimento e nele amarrar o pensamento, para perspectivar e objectivar a capacidade de pensar e melhor subjugar ou fazer dele instrumento de subjugação através da lógica dos grupos de influência. A inteligência humana não pode ser reduzida à lógica, nem uma ética, uma filosofia pode ser minorada a uma vontade política, a uma ideologia, nem ser condicionada a uma só capacidade humana (a razão). Um tal intento comporta a utilização da corrupção ou do suborno como métodos de auto- afirmação, dado ser selectiva e não inclusiva.
(8) Por isso, na idade média a Igreja era contra o capital ganho sem o suor do próprio rosto e proibia o levantamento de juros por empréstimos, o que deu oportunidade aos judeus de suprirem o vácuo criado da necessidade de empréstimo de capital na passagem da sociedade da suserania medieval para a sociedade burguesa). O marxismo também não quer ver o indivíduo reduzido a mercadoria no mundo da produção capitalista mas reduz o valor do indivíduo à massa, como acontece na filosofia budista onde a pessoa não passa de uma gota que desaparece no oceano ou no Islão onde o indivíduo só tem arbítrio de existência subjugado ao grupo (daí o problema dos direitos humanos em sociedades islâmicas). Tornam o capitalismo como responsável pelas diferenças sociais como se o ser humano a nível individual ou a nível social fosse reduzível ao homo economicus, ao homo faber.
Mais algumas memórias, rebuscadas com saudade e tristeza. O trazê-las de novo à vida faz que não desapareçam.
Num dos últimos textos falei de um grande amigo, o Renato Lima, e só me faz bem relembrar mais uma pequena passagem da sua vida. Como já disse o Renato era um bom garfo e um razoável copo. Nada demais, e sobretudo um grande e alegre companheiro.
No tempo em que ainda se caçava, com disciplina e sem destruir o meio ambiente, lá fomos, num fim-de-semana, um grupo normalmente “capitaneado por outro Grande Amigo, o Zé Neto – José Ferreira Neto – grande caçador e também um magnífico companheiro.
Tanto o Renato como o Zé Neto teriam uns 15 a 17 anos mais do que eu, mas considerávamo-nos como irmãos.
Renato Lima aí por 1960 e... tal
Nesse dia, depois de muito penar, caçou-se um antílope, talvez um Sembo ou Nunce (Redunca arundinum), macho solitário, bem grandinho, que devia pesar uns 65 a 70 kilos. E sempre a carne destes antílopes era coisa de reis. Melhor, de imperadores!
De Portugal, por navio, um amigo tinha mandado ao Zé Neto dois garrafões dum vinho, safra “especial” da sua propriedade! Então, face a essa gulosa perspectiva, assentou-se que seria em sua casa que se faria a almoçarada acompanhada da viajada preciosidade.
Como eu era parte do espólio cinegético, propus levar mais um convidado, o Renato, que não conhecia os donos da casa.
A dona da casa, Arlete, era uma excelente pessoa. Nunca a vi reclamar de nada e sempre recebia os amigos com uma especial lhaneza. Uma senhora e mãe de família que sempre admirei e muito estimei. E tinha um óptimo cozinheiro.
Zé Neto, grande amigo e grande caçador
Antes do almoço chegar à mesa, abre-se o primeiro garrafão... estragado! E o segundo. As rolhas não aguentaram a viagem e o tal “magnífico”... azedou. (Por isso o bom vinho de garrafão seguia de Portugal para África com um grande capacete de gesso). A garrafeira da casa supria esse lamentável prejuízo, além das Cucas que eu podia providenciar. Entretanto, avança sala dentro o magnífico Sembo, assado, lindas batatas bem coradas à ilharga, que se foi sempre regando, indirectamente, com uns quantos copos de vinho ou de cerveja.
No fim do pantagruélico repasto, o Renato, com os seus 90 ou mais kilos estava com um tremendo peso nas pálpebras e só conseguiu dizer que precisava dormir um pouco. Ninguém causou problema.
- Nesta casa está à vontade.
Foi-se deitar na cama de um dos quatro filhos e roncou umas boas duas horas! Quando acordou estava envergonhadíssimo. Mas fazer cerimónia, em Angola, entre amigos, era coisa inexistente, apesar de ir dormir a sesta quando se vai pela primeira vez a casa de alguém...
Voltemos ao meu secretário, o famoso António
Como disse em texto anterior, o António era o guardião da minha casa quando eu me ausentava de Benguela, antes da minha mulher lá ter ido.
E também contei que tinha ido fazer um estágio numa fábrica na África do Sul. No final do estágio e do jantar de despedida, a fábrica entregou a cada um seu diploma, constando que tinha feito o estágio, de tal a tal dia, assinado por dois diretores, e autenticado, como era de praxe, com um selo de lacre e duas fitinhas de gorgorão (também sei coisas femininas!) nas cores vermelha e amarela, as cores das máquinas. Muito bonitinho.
Um mês ou dois depois do regresso, da sede da Lusolanda, em Luanda, o patrão mandou dizer-me que devia emoldurar o diploma e colocá-lo na loja para valorizar a nossa organização perante os clientes. Tudo bem.
Como a casa era espaçosa para um jovem casal, um dos quartos serviu durante muito tempo para guardar as tralhas que aos poucos se iam arrumando. Em casa, dei volta a tudo, sobretudo nesse quarto da arrumação, que era uma desarrumação, com o pouco que tínhamos no princípio da nossa vida, mas o tal de diploma, aparecer é que nada. A minha mulher já estava lá em casa e nada sabia do bendito diploma. Mistério!
Mesmo com a dona de casa em casa, no início da sua estadia, quase todos os dias, depois do trabalho, o António ia até lá para ajudar a arrumar caixas e minudências, ganhando assim mais um trocado.
O António era um tipo sensacional.
Foi ele que me ajudou a desencaixotar os trastes, idos de Lisboa, que em Angola viraram imbambas ou bicuatas.
Bom a conversa está muito boa, mas e o diploma? Cadê o diploma?
É verdade. Depois de me certificar que não o encontrava, conclui que só o António poderia saber do seu paradeiro, visto ser a única pessoa, além do casal, que tinha acesso a nossa casa e àquele quarto, donde nunca, nunca, tirou uma migalha. Já tínhamos contratado um cozinheiro, mas além de mim e da minha mulher só ele entrava no quarto que tinha espalhado no chão um monte de coisas, como louças, livros, bibelôs, etc. Não só não tínhamos móveis suficientes onde os guardar, precisavam de ser separados e arrumados, mesmo que ficassem no chão.
Ali, algures, por cima daquela tralha, daquela bagulhada, tinha sido guardado o diploma.
O António quando lhe falei nisso fez-se vermelho (é verdade, sim, os pretos também coram, lá por terem a pele escura, vê-se muito bem) e quase jurou que não tinha visto o tal papel bonitinho.
Cacei o mistério!
- António! Eu quero esse diploma aqui, amanhã! Sem falta.
No amanhã o diploma estava lá! Um pouco amarrotado com a viagem de ida e volta até casa do António, claro, mas... o lacre e as fitinhas de gorgorão não regressaram!
Aquelas fitinhas e o lacre foram mais fortes do que a resistência do António contra tentações! Pratos, copos e outros quejandos ele conhecia bem, havia visto muitos toda a sua vida, mas um papel com aquele enfeite bonito...
Resultado: não se emoldurou o diploma, não voltei a falar nele ao pobre homem que caíra naquela terrível tentação, guardei-o por muito tempo, amarrotado e sujo, porque a história me enternecia e por culpa agora das nossas muitas outras viagens mundo fora, com a casa às costas, o diploma... sumiu!
Ficou a saudade. Grande António! Saravá António!
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O cozinheiro e as pescadinhas
Como não é difícil de imaginar, a dona da casa... não demorou a ficar à espera do primeiro filho. E passou por aquela clássica fase do enjoo!
Um dia chego a casa para almoçar, mamãe deitada, enjoada, nem sequer podia ouvir falar em comida! Almocinho, que é bom, nada!
O cozinheiro aguardava instruções, paciente, sentado na mureta exterior da entrada da cozinha, em equilíbrio de fazer inveja ao Cirque du Soleil, e a uns 4 ou 5 metros de altura dormia que nem um justo, que era.
Passo-lhe a mão por fora, para que ele não se assustasse quando o chamasse, não fosse cair dali abaixo, dou um grito (meio grito!) perto do ouvido dele, que em vez de se assustar, abriu tranquilamente os olhos.
- Sebastião (faz de conta que ele se chamava assim), não tem almoço!
- Não, patrão.
- E agora?
- Se o patrão quisereu vou ali ao mercado e compro umas pescadinhas.
- Quando custam?
- Um e quinhenta, seis.
Achei um disparate. Seis pescadinhas por um angolar e meio! Dei-lhe meia cinco, isto é, dois e cinquenta, e lá foi ele. E eu fiquei à espera que ele voltasse a dizer que o dinheiro não tinha chegado.
O mercado era perto da nossa casa. Não tardou muito o Sebastião voltou com as seis pescadinhas, lindas, fresquinhas, enfiadas num junco e... um angolar de troco!
Fê-las de “rabo na boca”, batatinhas cozinhas, eu almocei correndinho e voltei para o trabalho.
Mamãe, mesmo o cheiro, magnífico, das pescadinhas não quis testar!
Ah! Como eram lindos aqueles tempos!
E como era, e ainda é, maravilhoso o peixe daquelas águas!
Quando, em Janeiro de 2004, fiz o meu blog “A bem da Nação” em http://abemdanacao.blogs.sapo.pt/, era demolidora a quantidade de comentários a despropósito, ordinários, obscenos, pornográficos e de vulgar transcendência pelo que decidi submeter à aprovação prévia todo e qualquer comentário que aparecesse.
Sempre considerei essa aprovação prévia como a emissão de um atestado de «capito diminutia» ao comum internauta e, portanto, sempre o lastimei. Mas, entretanto, essa vulgaridade deixou de me assoberbar no blog e admito que o passa-palavra entre vulgares ordinários, obscenos e pornógrafos tenha funcionado no sentido de que seria perda de tempo incomodarem-me.
Mas, entretanto, no Facebook há quem me submeta a esse tipo de censura prévia e eu tenho-me demitido dos grupos que fazem essa selecção pois não admito que a minha hombridade seja posta em causa.
Então, o que é válido para mim no blog não vale para os outros no Facebook? Há aqui uma clara incompatibilidade que me urge reconhecer porque os vulgares ordinários, obscenos e pornógrafos continuam a poluir, apenas evoluíram para as novas plataformas tecnológicas.
Para agravar a situação, o Facebook passou a enquadrar todos os comentadores na classe dos delinquentes pois fez desaparecer a possibilidade de aprovação automática dos comentários de quem merecesse a confiança prévia dos Administradores dos diversos grupos. Ou seja, todos passámos à condição de putativos energúmenos cujos comentários devem ser submetidos a censura prévia.
Culpados enquanto não ilibados, a contrario censu de inocentes enquanto não culpabilizados.
Eis uma inversão dos nossos Valores, ocorrência que por certo nem sequer passa pela cabeça dos técnicos do Facebook.
Não será caso de acefalia mas apenas de ignorância.
Perante esta arbitrariedade ditada por algum desconfiado, decido agora não mais me demitir dos grupos em que a minha colaboração seja submetida a tal vilania. Quanto mais não seja para provar que há gente séria que não deve ser confundida com vulgares, por mais transcendentes que aparentem ser.