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A bem da Nação

MEMÓRIAS DE UM PROGRESSISTA DESILUDIDO

 Vasco Pulido Valente.png

 

Vou respigar alguns parágrafos de duas crónicas que Vasco Pulido Valente escreveu, em devido tempo, no jornal Público.

Em 13/07/2014 escrevia:

«Para a minha geração..., o 25 de Abril chegou a tempo. Andávamos pelos 30 anos, com uma profissão e uma longa vida à nossa frente. Íamos finalmente mudar Portugal. Fazer um novo cinema, um novo teatro, uma nova literatura, uma universidade exemplar e um Estado democrático. Íamos varrer a miséria atávica do país, que manifestamente nos seguiria.

Em vez disso... Infelizmente, a nossa "sorte" incluía também uma certa esterilidade pessoal e a amargura duma colectiva desilusão. E à nossa volta sucessivos governos criavam as ruínas da nossa velhice».

Em 04/03/2006 escrevia:

«De facto, cada vez mais releio os livros de antigamente, suponho que à procura de um pequeno canto de sossego e sanidade. O Estado também aflige. Por favor, não tomem isto como propaganda política. Imaginem o Estado durante Salazar e Caetano. Existia a PIDE e a censura: e mil tiranetes por aqui e por ali. Não vale a pena repetir o óbvio. Em compensação, o Estado não queria mandar na vida de ninguém. Não proibia que se fumasse. Deixava o trânsito largamente entregue a si próprio. Não andava obcecado com a saúde e a segurança. Não regulava, não fiscalizava, não espremia o imposto até ao último tostão. Um indivíduo, pelo menos da classe média, passava anos sem encontrar o Estado: em Portugal, em Inglaterra, em Itália, na Europa. Acreditam que nunca voltei a sentir o espaço e a liberdade desse tempo?»

 

Jorge Nogueira Vaz

SOB A BURKA DO ESTRANHO NA DIFERENÇA

 

Burkas.jpg

 

É proibido proibir
Das costeletas grelhadas o odor
Das burcas engradeadas o suor

 

É proibido proibir
As carnes ostentadas
Das carnes tapadas

 

É proibido proibir
A presença da ausência
Na ausência presente

 

É proibido proibir
A experiência do estranho
No estranho do existir

 

É proibido proibir
A diferença manifesta
No sentido do viver

 

É proibido proibir
A proibição de proibir

 

É proibido proibir
A permissão de permitir

 

Tolerância é viver
No estranho da diferença.

 

ACDJ-Prof. Justo-2.jpgAntónio da Cunha Duarte Justo

OS REGATINHOS DE EÇA

 

 

 

Foi na juventude que li algumas obras de Eça de Queiroz e gostei. Comecei pelos Maias e depois lembro-me de ter passado pela Relíquia sendo que esta última também vi posta em teatro interpretada pela inesquecível Elvira Velez. Um fartote de riso. Ah sim, também li O crime do Padre Amaro e As minas de Salomão, traduções que amiúde passam por originais queirozianos. Foi há pouco tempo que fui conduzido à leitura da Vida de Santos.

 

Inquestionavelmente, um bom escritor.

 

E o que resulta da obra de Eça? Uma crítica bem assertiva à sociedade portuguesa, sem dúvida, mas pondo-nos a ridículo de um modo que a partir de certa idade me começou a irritar. Deve ter tudo a ver com o 25 de Abril, época a partir da qual a comunicação social se dedicou a apontar-nos todos os defeitos do mundo, os que temos e os que os jornalistas inventam. E fá-lo a tempo inteiro. Então, como não posso mandar calar a comunicação social nem sequer mandá-la fuzilar sem julgamento prévio, decidi aligeirar o mais possível toda a maledicência que me rodeia e pus Eça de Queiroz na prateleira sem tencionar voltar a lê-lo enquanto o pesado ambiente crítico me rodear. Já bastam os telejornais!

Regato.jpg

Eis por que nunca li A cidade e as serras nem todas as outras obras de Eça que não citei até aqui. Et pour cause, não conhecia a bela frase que consta algures (já não recordo em que página) dessa Vida de Santos em que Eça bucoliza os «Espertos regatinhos (que) fugiam rindo com os seixos, dentre as patas da égua e do burro». E como não a conhecia, estava com uma ideia truncada de Eça pois não o estava a ver muito fora da trama social.

 

Então, como homem do asfalto, sorriu-me o bucolismo da paisagem atravessada por um regato a cantar nos seixos e eu montado na égua a molhar as mãos e os pés na água fria (para nós, homens de cavalos, não há patas mas sim mãos e pés a que mais correctamente deveríamos chamar braços e pernas; mas não, sempre dizemos mãos e pés).

 

Mas quanto à correcção da ideia truncada que eu tinha de Eça, fica por aqui já que não a tenciono colmatar nos tempos mais próximos. Cesse a maledicência e, então e só então, encararei a hipótese de completar o que está incompleto, o meu conhecimento queiroziano.

 

E, já agora, espero que me façam justiça reconhecendo que os espertos regatinhos são muito bem apanhados e que a vida continuará a ser bela enquanto eles rirem nos seixos.

 

Continuemos...

 

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 Henrique Salles da Fonseca

IMPOSTO SOLAR

 

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GOVERNO PORTUGUÊS APLICA LEI DE CONFISCAÇÃO DO SOL CONTRA A QUALIDADE DE VIDA

 

Casas com boa exposição ao sol são agravadas no imposto IMI até 20%

 

Casas com meios de transporte públicos à porta, casa com boa exposição solar poderão ver o seu IMI aumentado. O Artigo 43º (1) contempla um imposto para casas com localização excepcional, “quando o prédio ou parte do prédio possua vistas panorâmicas sobre o mar, rios, montanhas ou outros elementos visuais que influenciem o respectivo valor de mercado”: https://sites.google.com/a/pttax.net/imi/cimi/vi-do-valor-patrimonial-dos-predios-urbanos/artigo-043

O imposto municipal (IMI) pode incidir nas regalias que a natureza distribui gratuitamente; a boa exposição ao sol pode agravar até 20% o imposto IMI; a localização sombria pode desagravar até 10%. No meio de tanto cinismo e despudor só há que esperar o bom senso dos municípios.

 

A aplicação dos critérios do artigo 43 torna-se numa medida de incentivo à construção precária. As novas construções, para se tornarem menos caras, terão certamente de evitar varandas e terraços… Quem pagará as persianas para impedir o calor? Qual será o benefício para as casas viradas à ventania e à chuva embora com boa exposição ao sol. Quem paga o bolor e o mofo e os dias chuvosos em que não há sol?

 

O Estado já quebrou mais impostos a quem comprou em lugar de construção mais cara.

 

Um desabafo: A Governança colocou o povo à caça de gambuzinos

 

Imagine-se que a EU determinava que os países do Sul, por serem mais soalheiros, deveriam pagar mais contribuições à Comunidade! Na lógica do governo português seria legítima a cobrança de imposto do privilégio soalheiro!

 

Esta é uma medida de comunismo a entrar pela porta do cavalo em casa de um povo distraído e cada vez mais reduzido a “proletário”. Este socialismo até das regalias da natureza se quer apropriar para concretizar o seu conceito de igualdade pois tudo o que cheire a qualidade é suspeito ou monopólio reservado à nomenclatura. Qual a razão por que temos em Portugal uma esquerda tão bem alimentada pelo Estado mas tão vesga, invejosa e radical que não suporta sequer que o sol seja de graça! Será que só tem para disponibilizar o que rouba ou o que herda, nada entendendo de empreendimento nem de trabalho produtivo? A ideologia jacobina tem investido no desconforto não tolerando o conforto de quem trabalha e paga já demasiados impostos. Na sua função militante implementa uma sociedade proletária dependente só do Estado, esquecendo que uma das missões do Estado civilizado é possibilitar a felicidade do cidadão. Os critérios da sua orientação encontram-se invertidos ao terem como padrão a infelicidade.

 

Também aqui se nota o conceito de igualdade da esquerda radical equacionada no governo Geringonça; esta é a realidade que avassala um povo colocado à caça de gambuzinos.

 

Os chupistas do regime formam uma casta sem moral, sempre à caça dos impostos. (Cf. Dívidas e cultura cooperativa: http://antonio-justo.eu/?p=3261)

 

Estamos mesmo arrumados neste mundo de oportunismo interesseiro em que uns nos confiscam o sol e os outros o trabalho. A vida cada vez parece estar melhor para sanguessugas que viverem dos postos sobranceiros do Estado e se comprazem em levantar impostos não se preocupando em fomentar a rentabilidade nem o trabalho produtivo. Que esquizofrenia esta, de um Portugal com tão bom sol e boas gentes mas com políticos parasitas sem bom senso nem respeito por quem trabalha!

 

Os parasitas da governança vivem bem à custa da crise e dos impostos mas, com tal actuar não passam de pessoas frustradas e cínicas que sentem satisfação em ferirem a inteligência e em frustrarem o povo. A corrupção do pensamento chega a ser mais dolorosa para quem pensa do que a degradação e a entropia de que os corruptos vivem.

 

Encontramo-nos num estado tal que parece já não haver lixívia que consiga lavar a democracia!

 

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António da Cunha Duarte Justo

«GRANA PADANO»

 

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Sempre tive para mim que grana padana era um queijo ralado italiano. Até ao momento em que me apercebi de que os naturais de Pádua não são os padovanos mas sim os patavinos. E o queijo é padano e não padana como eu dizia.

 

E, de surpresa em surpresa, eis-me a aprender algumas coisas...

 

Então, no meio daquela extensa planície do norte de Itália, corre o rio Pó que, à semelhança de todos os demais rios deste mundo criado por Deus, tem duas margens que são a esquerda e a direita mas que, neste caso, são a do norte e a do sul. E, à semelhança dos Açores, em toda a parte há vacas que comem, ruminam, estrumam e produzem leite. É deste que se produzem todos os respectivos derivados de que, neste caso, só me interessam os queijos. Na margem norte produz-se o chamado Grana Padano; na margem sul, o Parmigiano.

 

O termo “grana” significa “granuloso”, que é uma das caraterísticas deste queijo do vale do Pó; o adjectivo “padano” tem por etimologia o nome do rio em latim, “Padus”. O queijo pode ser comido às fatias ou ralado e eis que, afinal, eu não andava assim tão desavisado.

 

E, de descoberta em descoberta, lá fui parar a Pádua que no período romano se chamava Patávio e que na Idade Média foi um centro de grande importância no estudo e divulgação do Direito e da Teologia. Por aqui se percebe por que razão São Francisco de Assis cuidou de mandar o «seu Bispo» (professor de Ciências Sagradas 1) para a sua congregação naquela cidade. Refiro-me ao nosso Fernão de Bulhões que passou à História como Santo António de Lisboa e de Pádua.

 

Assim se compreende que os naturais de Patávio fossem os patavinos e que de quem nada soubesse de Direito nem de Teologia se dissesse que não sabia mesmo patavina daquelas matérias.

 

Fica a dúvida sobre se o nosso Santo António comia grana padano ou parmigiano às fatias ou ralados ou ainda se… nem sequer gostava de queijo. Contudo, estou em crer que teologicamente a dúvida é despicienda.

 

Junto a Balsa, Agosto de 2016

 

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Henrique Salles da Fonseca

 

A OLIMPÍADA DO SÉCULO...

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OU DO SEXO ???

 

Com a liberdade séquissual, agora permanentemente exposta aos nossos olhos, em jornais, revistas, cinema, televisão, e até exibições de línguas e apalpanços em lugares públicos, desde há vários anos que a organização das Olimpíadas põe, à disposição dos “atletas” uma enorme quantidade de camisinhas, os tais condom.

 

Em Londres foram 150.000, mas no Rio – isto aqui é muito mais sexy – começaram por 450.000, mas houve um reforça de mais 100.000!

 

Isto para 11.000 atletas, aliás menos porque nem todos ficaram alojados na Vila Olímpica. Mas considerando que lá terão ficado também treinadores, massagistas, chefes de equipas, etc, calcula-se que nessa Vila passaram umas 15.000 pessoas. E boa parte delas saiu antes do fim da festa, alguns dirigentes estão capengando, dá uma média de 40 a 50 camisinhas por pessoa o que para duas semanas de “trabalho” dá 3,5 por dia.

 

Acontece que nalguns prédios dessa Vila, em todos os corredores, as/os arrumadeiras têm tido que repor, nas caixas, cheias, à disposição, até 7 vezes por dia, as tais camisinhas que somem durante as tardes e noites.

 

Já se noticiou que o mais famoso, o Bolt, quando ganhou em Londres passou a noite com 3 atletas suecas no quarto. Bom, mas Bolt é Bolt e suecas são suecas.

 

Houve um outro atleta que disse que a média dele nas penúltimas Olimpíadas foi de 3 por noite. Bota espírito atlético nisso!

 

Aqui um corredor americano tomou uns comprimidos para melhorar o comportamento séquissual e teve que tomar depois algo para anular o seu efeito porque seria detectado no doping. Dopou-se para a prova noturna!

 

Mulheres beijam-se apaixonadamente quando uma das parceiras tem um bom desempenho no estádio “e il publico aplaude rindo alegremente”. “Un tal gioco, credetemi, é meglio giocarlo con me”. (Música de fundo, a abertura, de I Paglacci”)

 

Agora que se aproxima o fim destas – MAGNÍFICAS – Olimpíadas, era bom saber-se quem levaria a medalhada de ouro dos homens, das mulheres, dos pares mistos e dos pares... pares, com o conveniente anúncio das “performances” de cada medalhado.

 

Sugiro ao COI que nas próximas Olimpíadas equipem todos estes, e outros, atletas sequissuais com um dispositivo eletrónico, ligado ao pulso, por exemplo, ou tornezeleira eletrónica, e daí a um computador central, para se apurar quem “deu” mais e possa no final receber a competente medalha. Não precisa de ter presente um juiz para ver se o comportamento foi perfeito, o que poderia, ou não, prejudicar o desempenho, nem para saber se “pisou” o risco. Hoje a tecnologia informativa pode tudo à distância.

 

Até, outra sugestão, seria colocar um vibrador em cada cama!

 

E assim vai a vida dos atletas. Correm e saltam de dia e fazem abdominais de noite.

 

Ou... será que os atletas roubaram as camisinhas para as revender nos seus países????

 

Sempre a aprender.

 

18/08/2016

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Francisco Gomes de Amorim

PORTUGAL ATAFEGADO COM O FUMO DOS FOGOS E DA CORRUPÇÃO

 

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O Eucalipto é gasolina na floresta e fonte de emprego

 

e rendimento: UMA PROPOSTA

 

No rosto das populações vê-se o desespero e o medo perante a catástrofe da sua terra a arder. Portugal anda a arder  no corpo e na alma, levado por ventos de interesses vindos de fora, de longe da terra e da razão. Pela reacção de políticos, chega-se mesmo a ter a impressão que tudo fala e age sem ter nada a perder. A fauna e a flora sofrem e com ela o povo também sob o destino da incúria instalada.

 

Por onde anda o Ministério da Agricultura, Florestas

 

e Desenvolvimento?

 

O MAFD teria a obrigação de implementar e co-financiar a indústria de recuperação dos resíduos da limpeza das florestas e de madeiras com fundos próprios e da União Europeia. As florestas ocupam mais de um terço do território nacional. A limpeza das florestas tornar-se-ia rentável e reduziria imensamente o risco de incêndio e de dependência energética se o Estado fomentasse economicamente o engajamento cívico das cidades e municípios no aproveitamento ecológico de resíduos vegetais.

 

Os resíduos da limpeza das florestas e dos desperdícios da indústria da madeira podem ser utilizados para sistemas de aquecimento biomassa e pellets (uma forma de energia absolutamente limpa) e cujo fomento criaria imensos lugares de emprego na província e tornaria Portugal mais independente da importação de energias. Uma outra política corresponderá a implementar a indústria de fogos.

 

A Alemanha fomenta economicamente "Aldeias com bioenergia” implementando a criação de corporativas de serviços industriais com a finalidade de tornar rentável o lixo e aproveitar para abastecer as cidades e aldeias com a bioenergia verde ou para produção de pellets. Em vez de criticarem os alemães, os políticos deveriam ir à Alemanha para aprenderem como fazer para terem um povo bem alimentado e sem necessidade de se andarem a queixar dos outros. Se os políticos portugueses tivessem a coragem de apreender e de servir o povo português, Portugal transformar-se-ia numa Suíça do sul.

 

Não há orçamentos gratuitos e menos ainda num país em que “o trabalho voluntário é uma treta”; isto, dito por uma política irresponsável (Catarina Martins) que deveria fomentar e agradecer o máximo possível o honroso e enriquecedor serviço de todos os que prestam trabalhos voluntários.

 

O vermelho dos fogos de um Portugal a arder é um sinal de alerta a amarelos, laranjas e vermelhos para acordarem. O Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais não pode esgotar-se no apoio aos bombeiros por muito auxílio que estes precisem… não chega o anúncio de medidas com mera intenção para efeito de tranquilizar o público. O Estado falhou e falha sistematicamente se temos em conta o resultado da acção política portuguesa.

 

Vantagens e desvantagens dos eucaliptos

 

Assiste-se à exploração latifundiária da floresta a transformar-se em monocultura tal como se dá na agricultura em plantações de cultura extensiva de batata, cereais e também na exploração das espécies animais e na exploração das entranhas da terra.

 

Segundo a VISAO, Portugal é o país na Europa com maior área plantada de eucaliptos: 812 mil hectares o que corresponde a 8% da área de Portugal e a 26% de toda a área florestal e proporciona uma grande receita económica para o país a nível de exportação. 1 m3 de biomassa de eucalipto rende mais que qualquer outra árvore e traz grande lucro até à idade de 8-9 anos (faz lembrar a industrialização dos frangos!). A indústria de celuloses, de cosméticos e de farmacêuticas, devido ao seu f O eucalipto, a acácia e a mimosa, onde se encontram, comportam-se de maneira agressiva contra os seus semelhantes vegetais, se não forem controlados transformam-se na ruina da flora. Mais que fazer guerra emotiva e gritar contra o eucalipto ou contra isto ou contra aquilo, o importante é criar medidas racionais que possibilitem a melhor convivência e o proveito de todos.

 

Os eucaliptais esterilizam o terreno e facilitam a erosão. Fazem lembrar outros biótopos humanos: onde se implantam não deixam vingar outras culturas.

 

No país onde a raiva impera e a razão

 

política definha

 

Vivemos em tempos barbáricos em que a exploração da natureza através dos recursos fósseis, das monoculturas e do povo se tornou normalidade. O problema está mais numa política florestal que falha e falta devido a uma mentalidade política perdida no dia-a-dia que não descobriu ainda as imensas possibilidades económicas da floresta deixando-a à deriva de interesses descontrolados.

 

O Portugal da província fica demasiado longe de Lisboa! Tudo continuará a acontecer como nos anos passados, conversa em vão, se por trás das tentativas de solução não houver um conceito económico rentável para todos; enquanto em política uns se sentirem de férias e outros a olhar para São Pedro, Portugal continuará à espera e a repetir-se de período eleitoral em período eleitoral.

 

Portugal a arder sem que surja mais luz; um país de terra queimada, sem aproveitar os recursos que tem, sem faixas corta-fogo, deixa a solução do problema a empresas de aviões que ganham com o fogo.

 

Acabaram com a guarda-florestal, deixaram a FAP e o pessoal especializado de combates aos fogos nos quarteis, não criam espaços livres corta-fogos nem regularam, de maneira racional e rentável, a economia florestal. Com os fogos ganha muita gente: comerciantes, construtores e os fumadores de corrupção.

 

Há incentivos económicos para o fomento dos incêndios: madeireiros pagam um terço pela madeira queimada e que se aproveita na mesma para a produção de celulose; os fogos também fomentam a exportação da celulose, fomentam a urbanização de terrenos ardidos e muitos outros interesses escondidos.

 

Qual a razão por que os Governos em cumplicidade com o Parlamento acabaram com os cantoneiros, com os guardas florestais, com a Forca Aérea das Forças Armadas e com os seus aviões especializados para combate de incêndios? Fazem política para os seus, o pessoal engravatado das 35 horas e compram submarinos para que os nossos políticos possam sentir-se mais bonitos na Nato e iludirem a imagem, que dão ao estrangeiro, de incompetentes de fato polido e gravata empertigada, que não sabem sequer ter as contas em dia nem alimentar o próprio povo que obrigam a emigrar?

 

Os fogos nos nossos montes e vales e os fumos que nos atafegam já chegam tão alto como as labaredas da corrupção nos lugares altos do Estado e dos ministérios.

 

O corpo e a alma de Portugal andam, já há muito, a arder: no corpo as labaredas do fogo, na alma as labaredas da corrupção. O povo, tal como a natureza, mantem-se em atitude de espera, enquanto umas e outras labaredas se renovam.

 

A grande ilusão deste país é pensar que a solução dos problemas virá da direita ou da esquerda e não do trabalho produtivo da iniciativa privada e do Estado! Há interesses instalados que fazem lembrar Nero a estimular a veia poética no ver o espectáculo de Roma a arder e no ouvir as vozes dos cidadãos a discutir sobre bodes expiatórios!

 

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António da Cunha Duarte Justo

 

GUERRA À GUERRA?

 

Mobilizar a Europa contra o fundamentalismo
Estará a Europa em guerra? Após cada ataque terrorista, há discursos políticos e acções policiais mas a sequência não tem fim à vista. Os Conselhos de Ministros não se reúnem no Verão

 

Os presidentes viajam para a abertura dos Jogos Olímpicos. Na Síria, prosseguem as operações militares. Na África subsahariana, os meios de intervenção ocidental são muito limitados.

 

As autoridades nacionais continuam a falar em “guerra contra o terrorismo”, o que desafia a lógica: não se faz guerra contra um método de combate.

 

A Europa não está em guerra porque os apelos à mobilização são seguidos por mensagens que só dão armas ao inimigo. Quem fala em ataques à “comunidade católica” ou à “comunidade judaica”, esquece que uma nação de cidadãos é o contrário de um mosaico de comunidades.

 

A Europa não está em guerra porque não aplica soluções para impedir o financiamento de locais de culto radical nem corta os financiamentos da propaganda Salafi-Wahhabique que favorecem as ações jihadistas.

 

A luta contra as redes islamitas exige desenvolvimento económico e social, mas também um forte compromisso das forças políticas em não tolerar pactos com os fundamentalistas islâmicos e seus agentes de países como Arábia Saudita, Qatar, e Líbia.

 

A Europa não estará em guerra enquanto não lutar contra os jihadistas usando as regras de direito comum e dando advertências aos media que se sobreponham aos pareceres técnicos das Entidades Reguladoras da Comunicação. Os velhos partidos políticos que cohabitam com os proprietários dos meios de comunicação e as vedetas dos media pouco fazem. Falta o envolvimento dos cidadãos.

 

Quase se pode dizer que alguns media são coprodutores dos eventos terroristas. Os canais de notícias informam mal, espalham boatos e rumores, difundem imagens que disseminam o medo, e ostentam a tagarelice dos auto-proclamados especialistas. Tudo isto reforça a propaganda jihadista.

 

A informação séria vem do Ministério Público e das Administrações Internas . O resto do tempo dos media é emoção e, a cada cinco minutos, o nome do canal informativo, porque a concorrência é dura. Esta histeria dos media desestabiliza as pessoas e encoraja os actos terroristas.

 

O objectivo remoto dos fundamentalistas é desencadear guerras civis na Europa a partir dos conflitos identitários e comunitários que acendem com cada atentado. Assim procede o Daesh e assim declara o sírio Abu Musab al-Suri, como explicado por Gilles Kepel .

 

Al-Suri prega a luta contra os apóstatas, islamófobos e judeus, as vítimas escolhidas. Uma vez que os políticos clássicos estão desacreditados e não servem para vítimas – o Daesh não ataca ministros, nem deputados nem banqueiros – os fundamentalistas procuram pessoas com que a sociedade se identifique. Escolhem alvos como Cabu, Wolinski, Charb, em França, ou gente anónima nas ruas, metros, ou centros comerciais, para criar a revolta e abrir as portas à guerra civil.

 

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O objectivo é sempre o mesmo: promover a guerra entre grupos, entre comunidades imaginárias sobre cujos escombros nasceria um imaginário califado da Europa.

 

Na Europa de hoje, tal como na ex-Jugoslávia não é o ódio religioso que causa os atentados: são os extremistas de ambos os lados que querem destruir a boa vizinhança.

 

Não se trata de guerra religiosa. Tanto o Papa Francisco como as autoridades religiosas das outras duas grandes religiões defendem exemplarmente a paz. Após cada ataque têm renovado as mensagens e manifestações de repúdio do terrorismo. Podemos ter a certeza de que qualquer escalada de provocações trará nova manifestação de reconciliação entre as autoridades religiosas.

 

Jean-Yves Camus, diretor do Observatório da Fundação Jean Jaurès afirma que os ataques jihadistas visam provocar a extrema-direita. Não há, de momento, risco de crescimento da extrema-direita.

 

Face a este panorama, é importante identificar as propostas que mobilizam contra o fundamentalismo.

 

O primeiro esforço é a escolha das palavras. Falar de guerra será aceitável quando ela se impuser . Se queremos a Europa mobilizada contra o terrorismo, devemos começar por dizer que esta mobilização é pela cidadania. Em particular isso deve ser explicado aos jovens, suscetíveis de incorporarem as forças armadas e as forças de segurança.

 

Depois, a batalha da informação. É preciso que as cadeias de televisão não sejam co -produtoras dos ataques terroristas. A informação em tv’s, jornais e redes sociais deve ser complementada por informações pessoais procuradas noutras fontes que divulgam o trabalho de pesquisadores em filosofia, economia, religião, direito, geopolítica …

 

Depois, vem a batalha contra o medo: é uma luta pessoal e uma exigência coletiva. É preciso evitar que o medo se espalhe e degenere em pânico. Nunca esquecer que os terroristas são empreiteiros do medo. A batalha da informação ajuda a conter medos e dirige a energia para as acções necessárias.

 

Vem seguidamente a luta no terreno contra os fundamentalistas islâmicos na Europa onde operam através do salafismo-wahhabismo com correntes de transmissão em França, Alemanha e Espanha.

 

Finalmente, vem a guerra com operações militares. Os campos de batalha de hoje podem não ser os de amanhã. Os jihaddistas infestam os territórios iraquianos e sírios e a África subsahariana mas amanhã poderão saltar para a Turquia, ou Líbia. Para um país como Portugal poderá ser interessante cooperar com as operações do exército francês no Sahel, barrando a África contra o jihadismo.

 

A Europa precisa de uma mobilização pela cidadania contra os fundamentalistas islâmicos que visam criar um ambiente de guerra civil entre “comunidades”. Os jihadistas agrupam-se em pequenos células mas não representam uma verdadeira alternativa ao estilo de vida ocidental.

 

A finalizar, sugiro que vejam o filme britânico Eyes in the Sky de 2016. É um retrato dos dilemas em que se chocam as duas grandes tradições de direitos no Ocidente usadas contra os fundamentalistas: o direito supremo da comunidade sobreviver – salus populi suprema lex esto – como diziam os romanos; e os direitos humanos levados ao ponto extremo de fazer justiça, mesmo que o mundo se perca.

 

É este dilema que está no centro da mobilização das nações europeias.

 

11 Agosto, 2016

 

Mendo Castro Henriques.jpg

Professor na Universidade Católica Portuguesa

 

SAUDAÇÃO

 

Ave madrugadora.png

 

 

Ave

Gloriosa manhã que dissipas a treva

Ave

Força indomável da natura

Que chegas cada dia

Na prematura

Hora de saudar o Sol…

Eu te saúdo e te amo

Rainha da abundância

E te oferto

Das flores a fragrância

Do teu romper

A noite inaugurada!

Ave

Ó tu, senhora bem amada

Por quem te oferece a cruz

Nos perfeitos

Dias do sofrer;

Ave, ave

Ungida do saber

Na intemporal neblina da prece…

Eu te saúdo manhã,

Feita de vida

E te peço a luz

Em meu viver!

 

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 Maria Mamede

 

OS FOGOS FLORESTAIS EM PORTUGAL

 

Mais um Verão, mais uma série de incêndios florestais. Talvez o próximo ano seja melhor. Talvez seja pior. Ninguém sabe. De qualquer forma, o tempo passa. Eventualmente toda a gente se esquece. Até que os incêndios voltam a acontecer. E o ciclo se repete.

Após uma semana non-stop de notícias e debates sobre este assunto em que o meu concelho (Águeda) foi um dos mais afectados, reflecti um pouco mais sobre este ciclo e em duas questões em particular:

Será que tudo isto é normal noutros lados? Ou será que somos os únicos a passar pelo mesmo todos os anos?

Posso dizer que este mini-período de reflexão veio mesmo a tempo. Encontrando-me a fazer uma viagem de longa duração, deparei-me com bastante tempo livre. Decidi, então, mergulhar nestas questões e enfrentá-las.

A abordagem não podia ter sido mais simples. Fui ao Google, fiz o download de todos os estudos que encontrei e li-os de uma ponta à outra. Como eu achei os números surpreendentes, comecei a apontá-los num notebook. Quando reparei, vi que tinha conteúdo suficiente para criar um blog post dos pés à cabeça. E é assim que nós nos encontramos aqui. :)

Este artigo é então um highlight desses números que permitem que qualquer pessoa possa adquirir uma opinião informada sobre incêndios florestais em Portugal. Se tem algum interesse sobre este assunto, acredito que os próximos 10 minutos valerão a pena:

1. Os incêndios florestais acontecem muito frequentemente ou nem por isso?

Sim, são bastante frequentes. Entre 1990 e 2012, ocorreram 516,061 incêndios. Exacto, mais de meio milhão de ocorrências. 64 incêndios por dia, todos os dias, durante 22 anos. Ininterruptamente.

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O quadro é bastante claro… A tendência é para agravar, tanto a nível de pequenos fogos (<100 hectares) como a nível de grandes fogos (>1000 ha):

  • 1980–89: +70,000 ocorrências

  • 1990–99: +200,000 ocorrências

  • 2000–12: +300,000 ocorrências

Tendo em conta que a esmagadora maioria dos fogos tem causa humana, é impressionante que um país de 10 milhões de pessoas consiga alcançar tais números.

2. Os incêndios florestais são também muito frequentes noutros países do Sul da Europa?

Incêndios são frequentes em países como a Espanha, Itália e Grécia, mas não com a mesma dimensão que em Portugal. Daí que os números apresentados na questão anterior serem verdadeiramente surpreendentes.

Por exemplo, em 2000, 2003 e 2008, 38% de todos os incêndios no sul da Europa ocorreram em Portugal.

Igualmente, Portugal teve o maior número de incêndios entre 2007 e 2013. E não estamos a falar apenas da soma total. Estamos a falar de cada ano também:

NSBP-2.png

Às vezes a diferença entre Portugal e os outros é bastante grande. Em 2010, ocorreram em Portugal 22,026 incêndios. Em 2º lugar veio a Espanha com… 11,721 incêndios, o que é quase metade.

Mas ainda não acabou, pois não nos podemos esquecer da diferença a nível populacional entre cada país:

  • Portugal: 10,460 milhões de habitantes / 146,387 incêndios entre 2007 e 2013 / 0.14 incêndios por pessoa

  • Itália: 59,830 milhões / 43,680 incêndios / 0.0007 incêndios por pessoa

  • Espanha: 46,770 milhões / 94,498 incêndios / 0.002 incêndios por pessoa

  • Grécia: 11,030 milhões / 9,653 incêndios / 0.009 incêndios por pessoa

Não há muito mais a dizer… Temos realmente muitos mais incêndios que o resto dos países da região.

3. Podemos ter muitos incêndios mas… quanto da nossa floresta está a ser consumida?

Se compararmos Portugal com os outros países do sul da Europa, então somos novamente capazes de alcançar números incríveis:

NSBP-3.png

 Source: Elaboration from EFFIS data

 

Os anos mais recentes não foram melhores:

Portugal represented more than 50% of the burned area in South Europe in 2003 (57%), 2005 (57%) and 2010 (51%). A pattern that has remained unchanged in recent years.

E quais são as dimensões de cada país e qual a sua dimensão relativamente ao resto do sul da Europa?

  • Total (sul da Europa): 1,033,497 km2

  • Portugal: 92,212 km2 — 8.9% do território total

  • Itália: 303,338 km2 — 29.3%

  • Espanha: 505,990 km2 — 48.9%

  • Grécia: 131,957 km2 — 12.8%

Ou seja, Portugal possui 8,9% do território total, mas é o que tem a maior percentagem de área ardida recorrentemente. Um ano anormal é um ano em que Portugal não ganha esta corrida… de longe.

4. Ok, temos muitos incêndios que consomem muita floresta. Mas qual é o impacto que isso tem?

Economicamente, entre 2002 e 2006 os incêndios florestais causaram um dano superior a 300 milhões de euros anualmente.

O pior ano foi em 2003, onde a Comissão Europeia estimou que os danos chegassem a 1 bilião de euros.

Além dos danos económicos, entre 1982 e 2013, morreram 69 pessoas e 150,000 foram directa ou indirectamente afectadas pelos incêndios.

Como comparação, o dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais teve um orçamento anual, em 2015 e 2016, de… 70 milhões. (Fonte: DN, JN). E aparentemente é esta a área onde mais recursos da nossa parte são investidos. Assustador.

5. Se o impacto é assim tão grande, porque é que não recebemos mais ajuda da União Europeia?

Apesar do par de aviões que recebemos da Itália e da Espanha não terem sido uma dádiva impressionante, a verdade é que podia ter sido pior.

No total, houve 50 pedidos efectuados ao Mecanismo de Protecção Civil Europeu entre 2007 e 2013, e 20% desses pedidos não resultaram em nenhuma assistência em concreto.

NSBP-4.png

Nesses 10 casos, tal aconteceu devido a:

  • Falta de capacidade dos países em partilhar os seus recursos pois os mesmos já estavam a combater os seus próprios incêndios;

  • Melhoria rápida da situação no terreno do país que efectuou o pedido;

  • Problemas técnicos com os aviões que eram supostos serem enviados para assistência;

De louvar a ajuda providenciada por Marrocos e pela Russia. É a prova de que acordos bilaterais continuam a ter uma importância bastante grande, apesar da existência deste mecanismo na União Europeia.

6. Quais é quais devem ser os próximos passos?

Não sou um especialista, daí que sugiro que leiam os últimos capítulos dos seguintes estudos, nos quais me baseei para escrever este artigo:

Apenas sublinho esta passagem para realçar que, independentemente das soluções escolhidas, não temos muito tempo à nossa frente:

These results (…) did not find an increasing trend in large fire occurrence in Portugal, but found a cyclical pattern with a return period of 3–5 years.

7. E o que é que eu devo retirar deste artigo?

Voltando ao início…

Mais um Verão, mais uma série de incêndios florestais. Talvez o próximo ano seja melhor. Talvez seja pior. Ninguém sabe. De qualquer forma, o tempo passa. Eventualmente toda gente se esquece. Até que os incêndios voltam a acontecer. E o ciclo se repete.

Não tem que ser assim. Se ninguém se lembra, ninguém previne. Se ninguém se lembra, ninguém implementa. Se ninguém se lembra, nada muda.

Daí eu ter criado este artigo e ter partilhado estes números. Que não nos esqueçamos deles daqui a uns meses. Que não nos esqueçamos deles em tempo de eleições. Só assim é que se cria vontade política para que escolhas difíceis sejam tomadas, que certos interesses sejam derrubados e para que, finalmente, haja uma mudança.

PortugalIncêndiosFlorestaFogos

 

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Nuno São Bento Pereira

 

 

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