L'ancien ministre giscardien, Michel Poniatowski, écrivait dans son livre-testament une conclusion dont on ne voit pas quelle ligne on pourrait changer 21 ans plus tard.
"Son âme, la France est en train de la perdre, non seulement à cause de la mondialisation, mais aussi, et surtout, à cause de la société à la fois pluriethnique et pluriculturelle que l'on s'acharne avec de fausses idées et de vrais mensonges, à lui imposer.
Si cet essai a permis à quelques-uns de mesurer devant quels périls nous nous trouvons placés, il aura déjà atteint son but. (...)
Ces pages peuvent apparaître cruelles. Mais elles correspondent à un sentiment très profond.
Le moment est venu de traiter énergiquement le problème de l'immigration africaine et notamment musulmane.
Si tel n'est pas le cas, la France aura deux visages : celui du «cher et vieux pays» et celui du campement avancé du tiers monde africain.
Si nous désirons voir les choses dégénérer ainsi, il suffit de leur laisser suivre leur cours.
Le campement africain toujours plus grand, plus vaste, plus illégal, grignotera d'abord, puis rongera, avant de faire disparaître tout entier le cher vieux pays, dont la défaite sera annoncée du haut des minarets de nos nombreuses mosquées.
Nos temps sont assez graves pour ne pas faire appel à de médiocres facilités politiciennes.Nous allons vers des Saint-Barthélemy si l'immigration africaine n'est pas strictement contrôlée, limitée, réduite et expurgée de ses éléments négatifs et dangereux, si un effort d'intégration ne vient pas aussi compléter cette nécessaire répression.
Les mesures à prendre sont sévères et il ne faudra pas que le vieux pays frémisse de réprobation chaque fois qu'un charter rapatriera des envahisseurs illégaux.
Il faut donc ainsi que ce cher vieux pays restitue à l'état sa place normale.
Les libéraux l'ont affaibli, les socialistes l'ont détruit. " Où sont les grandes tâches dévolues à l'État ? La Justice, l'Armée, l'Éducation nationale, la Sécurité, la Police, notre place en Europe ? En miettes.
La France est à l'abandon, est en décomposition à travers le monde.
Sa recomposition est dans un retour énergique à l'unité et à la cohérence, et de la Nation et de l'État."
"Si la vérité vous choque, faites en sorte qu'elle devienne acceptable, mais ne bâillonnez pas celui qui en dénonce l'absurdité, l'injustice ou l'horreur."
Michel Poniatowski (*)
In «QUE SURVIVE LA FRANCE»
(*) Michel Poniatowski, né le 16 mai 1922 à Paris et mort le 15 janvier 2002 au Rouret (Alpes-Maritimes), est un homme politique français. Résistant, député et maire de l'Isle-Adam, il est ministre de la Santé publique et de la Sécurité sociale de 1973 à 1974, ministre d'État, ministre de l'Intérieur de 1974 à 1977. Il est ensuite député européen et sénateur du Val-d'Oise. Proche de Valéry Giscard d'Estaing, il est l'un des dirigeants fondateurs de la FNRI, du Parti républicain et de l'UDF.
Quando Artur Semedo faleceu em 2001, o técnico encarnado Toni – desde Salazar que não se chama vermelhos aos lampiões – teve esta frase lapidar: Os benfiquistas e os portugueses perderam um vulto da cultura e um homem que fez do Benfica uma religião.
Aqui começa o nacional-benfiquismo: na redução do desporto à bola e na elevação da bola a liturgia. Uma religião do sucesso, antes de mais. Dizem os números que o Benfica ganhou mais campeonatos de futebol que os outros clubes durante o Estado Novo, mas também durante os anos 70 e 80, após o 25 de Abril. Um passado de glória, um futuro de vitória, diz o lema que talvez passe para o Euro 2016.
Nacional-Benfiquismo é o Benfica ser o clube europeu com maior percentagem de adeptos no próprio país, segundo a UEFA. Fala-se de 4 a 6 milhões. Para as teorias da conspiração tipo Bolinha, o Benfica é clube do poder desde que Salazar aproveitou a composição multiracial para propaganda e proibiu Eusébio de envergar pelo Milano e pelo Inter. Não adianta mostrar fotos da equipa a fazer a saudação fascista (o Sporting e o Porto também) e dizer que estava ligada ao regime (o Sporting muito mais). Até fazia eleições democráticas portas adentro, na antiga senhora.
O que conta é que o futebol em geral, e o Benfica em particular, tomaram conta dos portugueses na sociedade de informação, ainda com mais virulência do que no Estado Novo. Atente-se bem: agora há Champions, TV’s cabo, 11 estrangeiros por equipa, transferências milionárias, dezenas de programas de comentários, apitos dourados, sociedades desportivas, claques, hooligans, a Bola, Record, CM, CMTV e TVI em constantes referências ao glorioso. E só agora os sportinguistas acordaram para o domínio já enfrentado pelos portistas de Pinto da Costa.
Acresce que o futebol é a única actividade social de massas em que os portugueses estão realmente organizados. Cá dentro do país, com milhares de equipas, dezenas de torneios, e recintos para todos os gostos a começar pela “Catedral” da Luz; há media desportivos que escrutinam tudo, dentro e fora dos estádios. Três jornais diários. Comentadores a dar com um pau. Noticiários a abrir com a bola. Lá fora, os jogadores milionários, os treinadores de escol, os clubes nos rankings na UEFA.
Com tudo isto, não estou a partilhar o lamento do intelectual Teixeira de Pascoaes que culpava o tiro aos pombos, o futebol e o ateísmo de serem forças dissolventes da alma portuguesa. Como muitos outros, aprecio o espírito de equipa, a competitividade, o exercício físico, o tirar das misérias os “quaresmas”, as academias de futebol. Muita estética existe no jogo e alguma nos estádios. Sobretudo, o futebol dá alegrias a um país que já não acredita em nada, sobretudo na sua classe política.
E, pormenor pessoal, tal como 99% dos portugueses, também eu joguei futebol. Talvez devesse dizer “até eu joguei futebol”. Defesa-esquerdo, caneleiro e fraquinho, numa das equipas do Externato Marista. Vi um só desafio, o Portugal-Rússia, no José Alvalade. Assisti a inúmeros jogos na televisão. Joguei o futebol de praia e de quinta com os meus filhos e familiares. Joguei em professores contra alunos e, na fase da barriga a crescer, até arbitrei entre equipas da universidade.
Agora, nacional-benfiquismo é querer curar os males da nação com os bens do Benfica. A promiscuidade entre futebol e política até foi mais forte noutros países e épocas. Mas que uns ocupam-se em enganar e os outros em iludir, servindo-se do país, ai isso ocupam-se! É o pão e circo. Falta o pão? Dêem-lhes circo, como se fez em Bizâncio no ano de 500 d.C, quando as bigas verdes, vermelhas, brancas e azuis disputavam a vitória com o apoio de clientelas. Até revoluções começaram em estádios no tempo do imperador Justiniano (que era dos azuis).
O nacional-benfiquismo consiste numa paranóia emocional de grau socialmente aceitável. É comum na prosa lírico-asfáltica da imprensa desportiva. Às vezes, tem recorte literário acima da média. Como escreveu o sr. Joel Neto no romance sobre o futebol: Os Sítios Sem Resposta, 2012: Nenhuma literatura alguma vez fez isto por mim. Nenhuma poesia, nenhuma arte, nenhuma filosofia. Fê-lo o futebol. A boa notícia é que ele conhece literatura, arte e filosofia. A má notícia é que dele se apoderou a religião do futebol de um modo tão avassalador que tudo deita abaixo.
Não. O problema não é a política, nem o dinheiro, nem os árbitros, nem a cultura, mesmo que com K, ou soletrada pelo Jorge Jesus. O problema do nacional-benfiquismo é deixar que a indústria do espectáculo da bola – com tudo o que uma indústria tem, desde os estádios aos off-shores – se tenha apoderado do espírito desportivo, do exercício sadio, da competição entre clubes, até ao ponto de monopolizar energias e servir de sentido da vida. Afinal, um reflexo da sociedade neo-liberal. Os jogadores milionários são bons com os pés. Mas tal como se diz ne sutor ultra crepidam poder-se ia afirmar, digo eu, ne lusor ultra caligam. O mercado das transferências é dos mais opacos que nós conhecemos.
A indústria do nacional-benfiquismo faz mal ao mundo com a sua paranóia emocional? Eu creio é que faz mal aos adeptos, desmobilizando-os de lutar por outras causas que não sejam a religião da “catedral da luz”. Amanhã há jogo? Vem aí o 35º? Então não há problemas!
Dito isto, espero não ser assaltado na rua.
Mendo Castro Henriques
Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Católica Portuguesa