Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

A bem da Nação

AINDA A SEXALESCÊNCIA

 

Adenauer

 Konrad Adenauer entrou na alta política aos 70 anos

 

Meu Caro HENRIQUE,

 

Belo texto, este, SEXALESCENTES. E, como sempre, BELÍSSIMA Ilustração. E como faço já parte desta TRIBO, socorro-me de outra para a reforçar. A tribo dos MASAI ou MASSAI. Dizem eles: "Os Jovens são mais Velozes, mas os Velhos já conhecem a Estrada". Sempre e sempre a minha paixão por ÁFRICA.

 

E, é claro, os e as "sexalescentes" conhecem bem a estrada, os e as "juvelescentes" ainda têm muito que aprender.

 

Mas, a seguir ao texto, vem uma frase tua: "Sim, tenho mais que fazer do que carpir". Aqui, Caro Henrique, permite-me que lhe ponha a carga que, com certeza, não lhe querias dar, mas que eu dou. É carga POLÍTICA pura e dura. E gosto da carga que lhe dou, sem pedir a tua autorização. Porque saturado de choradinhos. E ver onde se errou. Ou seja, em vez de nos limparmos ao lenço, vamos é fazer uma fábrica dos ditos, para outros, na devida altura.

 

E já agora permite-me citar PAUL AUSTER (Escritor) quando fez 65 anos. Aí vai: "Mas agora sou um homem mais velho, os meus dias estão contados, e não sei quantos é que me restam. Certamente menos do que aqueles que já vivi. Estou literalmente no inverno da minha vida. Se dividirmos a vida em quatro estações, eu cheguei à quarta estação. A porta da juventude fechou-se e abriu-se a porta da terceira idade. Talvez seja o período mais interessante de todos, quem sabe? Ainda não estive lá, apenas dei alguns passos. Fisicamente não vai ter graça nenhuma, mas mentalmente pode vir a ser uma grande aventura. Estou cheio de ideias, não quero parar, quero continuar até ser física e mentalmente capaz de o fazer. Até lá, continuarei a caminhar".

 

E, é aqui, que penso que a nossa TRIBO deve estar. E sempre, mas sempre, bem acompanhado por uma belíssima "sexalescente". Para o que me havia de dar. E deste texto, faz o que entenderes.

 

Forte Abraço. E sempre atento ao A BEM DA NAÇÃO.

 

José Augusto FonsecaJosé Augusto Fonseca

 

HÁ AINDA O «AVANTE»

 

Vasco Pulido Valente, sabedor que é de história universal e outras, explica-nos que o PCP há muito que perdeu relevância, surgida com ênfase na época do nacional-socialismo alemão, com as suas maldades e orientação capitalista e depuradora de raças pelo extermínio, além de ocupadora danosa de nações submetidas, que foi um autêntico regabofe para a raça eleita. E isso fez que as gentes da cultura enfileirassem em doutrinas que pareciam mais humanitárias, as tais do marxismo que atribuía igualdades e os mesmos direitos a toda a gente, sem distinções, e até recordo uma peça do Sartre – “La P. respectueuse” – sobre uma mulher da vida, mulher generosa que escondeu um preto perseguido pela polícia – aliás inutilmente, pois o cinismo dos poderosos prevaleceu, o que me impressionou muito, na altura. A aura marxista era, pois, valiosa no tempo da guerra, em oposição ao fascismo, e também nós tivemos o nosso Álvaro Cunhal que partiu para a Rússia, ido de Peniche, que é o sítio dos bons camaradas segundo o nosso aforisma. Na Rússia ele aprendeu melhor como era o humanitarismo comunista, embora houvesse sempre uma grande má vontade contra os russos, do lado de cá, e sobretudo contra Estaline, e a mim, que realmente os não amava, em obediência às normas do respeito pelos ditames que seguíamos (e que mantenho, velha anquilosada que me sinto), até me perguntaram, já depois do 25 de Abril se eu também era das que acreditava que os comunistas comiam meninos ao pequeno-almoço e eu confirmei. Mas foi porque estava danada com aquela movimentação tosca das nossas tropas de cravos nos canos que deitaram o governo e o país às urtigas, o que muito feriu o meu conceito de amor pátrio, embora agora já não saiba muito bem o que isso significa, depois de ter ouvido na Quadratura do Círculo desta semana José Magalhães e Pacheco Pereira apelidarem de ausência de patriotismo a satisfação dos ganha-perde eleitorais por o OE de A. Costa ter sido sujeito a questionário de explicitação por parte de Bruxelas.

 

Mas é bonita a valer essa defesa constante do PC e também do Bloco de Esquerda - que o exigem igualmente do PS - dos direitos dos trabalhadores com reposição de tudo o que lhes foi tirado e até me sinto aliviada agora, pensando que vou ter direito novamente ao meu vencimento antigo, embora já tenha ouvido que só será reposto um euro, não sei se é ironia, pois gostamos sempre das boas anedotas, valha-nos isso.

 

O certo é que Vasco Pulido Valente afirma que o PC perdeu dimensão e agora percebo porque é que o fosso – “décalage” é mais sofisticado, mas sou modesta no escrever - entre os ricos e os pobres, os com todos os direitos e os sem nenhuns, vai alargando mais e mais, que não há meio de chegarmos a um consenso de equilíbrio.

 

Não sei se isso acontece –“e isso acontece a tanta gente que não vale a pena ter pena da gente a quem isso acontece”, diria Álvaro de Campos mas por diferentes ambições de prestígio, não sei, pois, se isso do fosso entre pobres e ricos acontece pela diminuição do prestígio do PC que refere Pulido Valente. O certo é que não penso isso, dada a influência inquisitorial com que os três partidos à esquerda do PS manietam António Costa no Parlamento, não só exigindo que ele cumpra o que lhes prometeu de reposição de fundos e normas antigas ao Zé Povo, que é hábil a mandar manguitos, como – e esta é da verde Heloísa Apolónia – exigindo que ele não seja subserviente para com a UE, como foi Passos Coelho, ou seja, que não tenha pressa de pagar a dívida que o Estado Português contraiu com Bruxelas, coisa pouca.

 

Contrariamente, pois, ao que Vasco Pulido Valente define como perda de relevo do PC, eu diria que cada vez este tem mais, pelo menos cá no país, sobretudo se se tiver em conta a tripla aliança Verdes, PC e BE, juntamente com os sindicatos das reivindicações, por via da governabilidade do PS.

 

Eu até dou uma forcinha, extraindo da Internet o Hino do PC que estive a escutar, não para libertar os antigos heróis das masmorras, mas para erradicar a fome do mundo. Ou pelo menos do nosso país. Que as promessas são para se cumprir. E a um euro – valemos pouco - Bruxelas não vai negar o Orçamento, ora essa!.

 

As desgraças do PCP

Vasco Pulido Valente.pngVasco Pulido Valente

Público, 29/01/2016

 

 

O prestígio do Partido Comunista Português começou a diminuir depois da guerra, com as purgas de Estaline aos judeus da Rússia e aos “desviacionistas” da Hungria a da Checoslováquia. Sem a ameaça de Hitler, as barbaridades do Generalíssimo já não eram engolidas com a mesma credulidade. O PCP não percebeu isto e nem sequer seriamente notou como estava a ser tratado pelos seus próprios “simpatizantes”, que desprezavam a orientação dos funcionários e lhes chamavam batatulinas*. Claro que o “Partido” (só havia aquele) ainda exercia uma considerável influência sobre a vida cultural do país (pelo que ela valia) e pouco a pouco ia infiltrando e dominando o movimento estudantil. Mas já Cunhal tinha de protestar contra os movimentos “pequeno-burgueses” de “fachada socialista”, que apareciam na Universidade e um pouco fora dela.

 

O “25 de Abril” permitiu que o PC se apoderasse de umas dúzias de oficiais, que ele catequizara a tempo na clandestinidade ou que genuinamente se julgavam “revolucionários”. Isto que naquele tempo serviu para envolver o país numa aventura sem sentido, no fim não chegou para mais do que para legar à democracia uma constituição programática e absurda. De 1975 em diante o PC arrastou uma existência mesquinha e acabou reduzido a umas Câmaras no Alentejo, com uma população envelhecida e sem qualquer importância estratégica e a uma dúzia de sindicatos do funcionalismo público e de companhias do Estado. A sua morte natural parecia próxima.

 

Só que o PCP é uma máquina financeiramente pesada e, para se sustentar, precisou de uma aliança tácita com o PS. Suponho que entre os velhos militantes ninguém desculpará a Jerónimo de Sousa essa cedência ao inimigo histórico do Partido e que a gente mais nova deixou de ter qualquer razão ideológica ou sentimental para morrer agarrada a um cadáver. Chamar, como Jerónimo, uma “rapariga engraçadinha” a uma adulta de 40 anos mostra que ele passou para lá da mais modesta compreensão do mundo real. Se o PC se vai esfumar sossegadinho no seu canto ou se vai arrastar o PS na sua queda (como os “duros” querem) é o que resta apurar. Seja como for, a agonia do comunismo irá com certeza produzir uma guerra na esquerda, que pode levar o regime à ruína.

 

* Infelizmente, não sei a origem desta palavra, mas sei que significava “fanático burro”.

 

Festa com Avante

 

PCP-AVANTE.png

 

https://www.youtube.com/watch?v=90TJ6geLBlY

 

Refrão:
Avante, camarada, avante,
Junta a tua à nossa voz!
Avante, camarada, avante, camarada
E o sol brilhará para todos nós!

 

Ergue da noite, clandestino,
À luz do dia a felicidade,
Que o novo sol vai nascendo
Em nossas vozes vai crescendo
Um novo hino à liberdade
Que o novo sol vai nascendo
Em nossas vozes vai crescendo
Um novo hino à liberdade

 

Avante, camarada, avante,
Junta a tua à nossa voz!
Avante, camarada, avante, camarada
E o sol brilhará para todos nós!

 

Cerrem os punhos, companheiros,
Já vai tombando a muralha.
Libertemos sem demora
Os companheiros da masmorra
Heróis supremos da batalha
Libertemos sem demora
Os companheiros da masmorra
Heróis supremos da batalha

 

Avante, camarada, avante,
Junta a tua à nossa voz!
Avante, camarada, avante, camarada
E o sol brilhará para todos nós!

 

Para um novo alvorecer
Junta-te a nós, companheira,
Que comigo vais levar
A cada canto, a cada lar
A nossa rubra bandeira
Que comigo vais levar
A cada canto, a cada lar
A nossa rubra bandeira

 

Avante, camarada, avante,
Junta a tua à nossa voz!
Avante, camarada, avante, camarada
E o sol brilhará para todos nós!

 

A propósito de tão vasta dimensão do PC português e satélites, extraio a seguinte notícia da Internet:

 

A Festa do Avante! é uma festa cultural e musical com a duração de 3 dias, realizada pelo Partido Comunista Português. É o maior evento político-cultural realizado em Portugal. Wikipédia

Datas: 4 de Set. – 6 de Set. de 2015

Local: Quinta da Atalaia

 

Devemos sentir orgulho patriótico, por muito que outros só encontrem gorgulho no evento cultural de três dias. Faz-me cá uma raiva! - expressão de Solnado, que também era a favor.

 

 

Berta Brás.jpg

Berta Brás

O VALE DO SILÍCIO E A ESCOLA DE SAGRES

Silicon Valley.jpg

 

MITOS DA SUSTENTABILIDADE!

 

 

A nova economia da rede digital e o correspondente pensar comercial

 

 

Cada civilização e cada época precisam dos seus mitos que lhe possibilitam a sustentabilidade de futuro. Em Torno do infante D. Henrique congregaram-se os mestres das artes e das ciências ligadas à navegação; a concentração dos sábios da época num determinado lugar possibilitou o mito de Sagres que se tornou na expressão motivadora do começo de uma nova era mundial.

 

 

Também agora, no seguimento dos líderes da Universidade de Stanford ligados ao Venture Capital (1), se acentua o mito do Vale do Silício (Silicon Valley Califórnia) que parece inaugurar, como Sagres, uma nova era. Vale do Silício é a capital do mundo da indústria de TI (tecnologia da informação) e da alta tecnologia. Aí se juntam ideias arriscadas com o capital de risco (2).

 

 

O génio ocidental sempre soube juntar o saber (a verdade) à dúvida que se revela como a incrementadora de desenvolvimento e futuro (a característica da civilização ocidental). Esta mensagem original encontra-se já na alegoria bíblica de “Adão e Eva” onde se junta o saber divino à dúvida humana na pessoa de Eva que inicia assim o desenvolvimento humano e a cultura civilizacional.

 

 

Numa dinâmica de tentativa e erro o ser humano tem encontrado maneira de dar forma ao seu desenvolvimento. Neste sentido tal como na relação do dia-noite se expressam, tal como na Bíblia, duas dinâmicas de pensamento complementares: o pensar optimista e o pensar pessimista.

 

 

Em relação ao novo mito da economia virtual, o publicista alemão Christoph Keese, que creio nas pegadas do Adão e Eva dos nossos dias, faz uma análise do Silicon Valley no sentido de se fazer uma ideia do que se pode esperar do vale mais poderoso do mundo. Keese, no seu livro “Silicon Valley”, movimenta-se entre medo e admiração na análise que faz da Economia de Rede Digital cada vez mais orientada para o mercado e cada vez mais fomentadora de uma nova maneira de pensar: o pensar comercial (3).

 

 

 

A Ideologia eclética do Risco

 

 

O empreendimento digital possibilita novas conquistas da realidade e do globo, transformando a práxis das antigas empresas em movimentos empresariais. Der Spiegel n°10,2015, refere que a capitalização bolsista das 30 empresas mais valiosas do mercado Silicon-Valley já é mais do dobro da capitalização das 30 empresas de Dax. Grande parte das empresas mundiais actuais nasceu no Vale do Silício (4). Por aqui se nota que o futuro irá, em parte ou em grande parte, no sentido da filosofia das empresas “Vale do Silício” que têm como credo a inovação cientes de que “quem não arrisca não petisca”.

 

 

A mesma revista faz referência aos quatro líderes do pensamento da elite tecnológica Vale do Silício: Ray Kurzweil chefe de Google, intitulado de “o profeta”, prevê que os computadores em 2029 conseguirão fazer tudo o que o Homem faz hoje mas ainda melhor.

 

 

Para Sebastian Thurn, o “engenheiro alemão”, o optimista é quem muda o mundo, não o pessimista. De facto o optimismo baseia-se na esperança e na realização de um mundo melhor. O optimismo assemelha-se à água que não destrói mas apenas se desvia deixando com o tempo as marcas da sua presença. Trata-se de um optimismo humilde por não ter a certeza de saber para onde vai nem saber onde termina a viagem.

 

 

 

Joe Gebbia (o conquistador), criador de Airbnb, pensou revolucionar o turismo e fazer concorrência a actores financeiros internacionais que manobram a indústria hoteleira. Gebbia possibilita, como monopolista, uma certa democratização da economia. Estão presentes em 190 países ou seja em 34.000 cidades. Por um lado os novos monopolistas cibernéticos fomentam mais transparência concorrendo com os chefes locais a nível de economia e de política, por outro lado despersonalizam o indivíduo tornando-o objecto transparente.

 

 

Peter Thiel, “o ideólogo”, defende o princípio liberalista: Prosperidade e felicidade querem-se para todos através de tanta autonomia quanta possível e de tão pouco estado quanto necessário. Para o alemão, Peter Thiel, o mundo dos Bits conquistou o mundo por ser isento de regras retardantes, ao contrário do mundo dos átomos, como medicina e transportes, que devido à regulamentação estatal não se desenvolve tanto. Thiel defende os monopólios e quer a construção de cidades navegantes em águas internacionais (Já serão de prever as contendas que surgirão na luta pela ocupação das águas marítimas internacionais, isto certamente na lógica da Conferência de Berlim de 1815!). Thiel justifica os monopólios: “Monopólios criativos possibilitam novos produtos, dos quais todos têm proveito”.

 

 

Para os cientistas do Google a política, com as suas regulamentações, desacelera o progresso porque “tudo acontece globalmente mas as leis são locais. Isto já não se enquadra no nosso tempo”.

 

 

O novo tipo de empresas tenta reunir em si a economia, o pensar esotérico, o socialismo cultural e o capitalismo liberal. Os impérios digitais parecem interessados apenas na prosperidade e na satisfação individual; a manutenção da multiplicidade dos biótopos culturais não lhes interessa. Um dos preços a pagar começa pela perda da esfera privada e pela renúncia à protecção de dados, como todos já sentimos no Google, Facebook, Yahoo, etc. O preço da própria satisfação é desnudarmo-nos.

 

 

Da Era dos Coches e dos Cavalos para a Era dos Automóveis e da Internet

 

 

O movimento de autonomia individual vê, na Elite tecnológica, a possibilidade da sua maior extensão; por outro lado o movimento tecnológico globalista e a economia virtual em via esvaziam as autonomias regionais, porque tentam ordenar a sociedade numa perspectiva de cima para baixo ao contrário de uma natureza que se desenvolvia de baixo para cima. A realidade global determina contínuos desafios. A política e a pastoral dos temos da era da velocidade do coche puxado a cavalo terão de ser aferidas à era dos aviões e dos computadores. Num mundo da eficiência para quem quer ser eficiente, a estratégia de Gebbia é “pensar como a pessoa que vai utilizar a tua ideia”.

 

 

A “ideologia califórnica” pretende a felicidade e a autodeterminação do indivíduo. Vale do Silício prossegue essa ideologia no sentido de “tornar o mundo um melhor lugar”.

 

 

As boas intenções do Vale do Silício esbarram com a dúvida, ao serem confrontadas com a verdade dos Goldman Sachs, Stanley, Lehman, etc, instituições sem alma, onde o proveito e a ganância são lei.

 

 

Para se não ser prisioneiro do tempo é preciso compreender o tempo. De facto, o que provocou os Descobrimentos foi a dedicação ao saber científico e tecnológico da altura, o saber e a vontade concentrados em Sagres e tudo iluminado pela fé numa missão ambiciosa; esta fé tinha porém uma componente religiosa de humanismo global bem determinado e arreigado no coração de um povo inteiro que afirmava ao mesmo tempo o valor da pessoa e o valor da comunidade.

 

 

No tempo dos coches, quando apareceu o automóvel, os pessimistas condenavam os carros por assustarem os cavalos, hoje condenam a internet por prender as pessoas. Não há que parar o tempo nem o desenvolvimento; a função do Homem será acompanhá-los e dar-lhes sentido a função do Homem será acompanhá-los e dar-lhes sentido à imagem do que aconteceu em torno de Sagres.

 

 

Se observamos o desenvolvimento da sociedade e da História verificamos uma constante mudança a nível exterior; uma mudança que vem servindo um satus quo sustentável pela ilusão da mudança que, de facto, não muda a essência das relações sociais e humanas porque a mudança adquirida é provocada pelos detentores do poder e seus herdeiros que reduzem a mudança à mera adaptação às circunstâncias e às necessidades do tempo. A política fracassada afirma-se no mesmo erro aceite que lhe dá continuidade. O Homem muda para não se mudar.

 

A reflexão continua no próximo artigo sob o título: “OS RISCOS DO CRENTE AD HOC COM UMA IDENTIDADE INTERNET”

 

ACDJ-Prof. Justo-2.jpg

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e pedagogo

 

 

  1. Venture Capital = capital de risco; em 2014, os investidores aplicaram no Vale do Silício, em cerca de 1.700 negócios, um total de 26 bilhões de dólares, o que corresponde a 30% do capital de risco mundial, http://blog.wiwo.de/look-at-it/2015/01/14/venture-capital-2014-silicon-valley-26-milliarden-dollar-deutschland-3-milliarden-dollar/

  2. No “Silicon Valley” trabalham as pessoas mais qualificadas do mundo, entre elas 20.000 alemães (cf. http://www.capital.de/dasmagazin/silicon-valley-nicht-nur-was-fuer-milliardaere-4457.html).

  3. Com o tempo nas escolas as aulas de programação farão parte da aprendizagem regular tal como ler, escrever e fazer contas.

  4. No Vale do Silicon nasceram, entre outras, as empresas mundiais: Apple Inc., Altera, Google, Facebook, NVIDIA Corporation, Electronic Arts, Symantec, Advanced Micro Devices (AMD), eBay, Maxtor, Yahoo!, Hewlett-Packard (HP), Intel, Foursys, Microsoft etc.

 

 

TURISMO DE SAÚDE, ECONOMIA E SABER

 

Hotel Forte Aguada.png

 

Há abordagens inteligentes que mostram o profundo entendimento das realidades humanas. A Gilead Sciences Inc descobriu um remédio eficaz e curativo em 90% dos casos da hepatite C. O seu custo para um tratamento completo de 12 semanas à razão de um comprimido diário ronda os 94 500 dólares.

 

Cerca de 54% dos que têm este tipo de hepatite vivem nos países pobres com um rendimento per capita de 1900 dólares. Só na Índia, cerca de 4,5 milhões estão infectados com a hepatite C, genotipo 1, para o qual aquele remédio é indicado.

 

Laboratórios indianos recorrem às cláusulas da OMC (Organização Mundial do Comércio) para terem autorização de fabricar produtos genéricos com os mesmos princípios activos a um custo muito baixo, acessível aos utilizadores locais. Antes da adesão à OMC, a cópia só se podia fazer ao expirar a patente. Antes disso, parte dos doentes pobres estaria condenada sem esperança de cura a não ser que algum laboratório não respeitasse a patente por respeito aos doentes.

 

Em 2001 Yussuf Hamied presidente da CIPLA, laboratório indiano de grande prestígio, convocou uma conferência de imprensa em Londres para anunciar que o seu laboratório iria vender o genérico para o HIV por 350 dólares a dose para o ano

Inteiro. Só ouviu protestos dos laboratórios ocidentais que tinham descoberto o remédio pois eles vendiam-no por 10 000 dólares a dose para um ano. Hamied foi para a frente com a sua pois eram muitos os doentes dos países pobres que poderiam sucumbir a breve trecho sem o remédio.

 

A decisão da Gilead foi de dar licença de fabricação não exclusiva a mais de dez laboratórios indianos pagando estes um royalty de 7% das vendas podendo distribui-lo na Índia e em mais 91 países pobres especificados.

 

É uma decisão muito esclarecida e felicito o seu presidente. Não cria atritos nem uma detestação por parte dos pobres e ao mesmo tempo revela um grande sentido de justiça.

 

Não vai agradar o que digo mas pense-se quais são os países pobres. São quase toda a Ásia espoliada pelos colonizadores ingleses, franceses e holandeses, a África despedaçada pela colonização europeia e a América Latina e do Sul, colónias sempre pobres. Daí que os países ricos, em geral colonizadores com meios para investigar, devam no mínimo ter em conta o passado para actuarem como o fez agora a Gilead. Esta abriu um novo caminho cooperante e de compreensão que espero venha a ter seguidores. Merecerá o reconhecimento de todos os pobres e pode ser que a desconfiança gananciosa dos laboratórios ocidentais face aos indianos venha a esbater-se, confrontados com a generosidade da Gilead.

 

O preço de venda do genérico desse produto na Índia é de 1000 dólares. É muito tentador mesmo nos países com um Sistema Nacional de Saúde que paga parte dos custos mas não tudo ou nos países ricos onde há uma faixa de pessoas sem cobertura dos custos de saúde nem seguros à altura e mesmo havendo se eles têm um tecto muito baixo para ir à Índia comprar ou tratar-se localmente.

 

Na pior hipótese de ter de passar as 12 semanas na Índia confirmado que os genéricos são de alta qualidade e eficácia, as pessoas de reduzidos rendimentos dos países ricos poderão ter os custos totais abaixo de 12 000 dólares incluindo viagens para o próprio doente e cônjuge, estadia e alimentação num bom hotel de três ou quatro estrelas e o custo dos remédios.

 

Se a escolha for Goa, terá ainda vantagens adicionais de estar num local paradisíaco onde cada recanto recorda factos históricos, um destino privilegiado de turistas indianos e ocidentais, de ocupar o tempo em algo interessante como aperfeiçoar o inglês, recordar a história de Goa e em especial aprender o manejo de computadores e da Internet. Tudo isso com lições particulares a bons preços.

 

Um complemento à estadia pode ser um check up completo nos modernos hospitais de Goa e eventualmente adquirir óculos novos com lentes das melhores marcas e tratar dos dentes ou pôr implantes, tudo a preços muito bons - menos de 50% dos

Europeus.

 

27JAN16

Eugénio Viassa Monteiro

Eugénio Viassa Monteiro

Professor da AESE – Business School

Dirigente da AAPI-Associação de Amizade Portugal-Índia

UM PAÍS DE BRINCADEIRA

 

Mais um texto que desejo guardar, de alguém do meu país que admiro na sua escrita desassombrada, inteligente, descodificadora das realidades sociais, sociólogo inventariador dos muitos casos que aqui e além são denunciadores de incompetência, trafulhice, vaidade, parolice, hipocrisia, atrevimento específico de ignorância, falsa bondade, pedantismo vazio e insensato, embora destruidor da ordem, como pretendem e se admite, em actuação de demagogia a que se pode conceder a designação de ditadura do proletariado.

 

Alberto Gonçalves aí está, inteiro, no orgulho de quem paira muito acima da mediocridade de um país de mândria, subserviência e atraso. Foi o caso da conferência de um Varoufakis convidado – pela esquerda que empunha actualmente a faca e o queijo – para vir cá mostrar como se faz para desorganizar a Europa, proeza de que os senhores e senhoras da esquerda de cá também se consideraram capazes, apesar dos nulos êxitos de Varoufakis no capítulo, mas que o alcandoraram a uma determinada proeminência, de efémera expressão, é certo, e mais para os costumeiros babados pelos êxitos da moda. Alberto Gonçalves o desmistifica na sua arrogância, vaidade e tolice, tal como caricatura actuações de António Costa, de foro familiar ou confessional, o que para mim é o menos simpático da sua crónica. Mas as referências a uma Catarina Martins decidindo sobre redução de exames, no facilitismo abjecto de quem se está nas tintas para um desenvolvimento cultural necessário a um país ainda hoje na cauda e que mais aí continuará, com estes exemplares de opróbrio, a quem se entregam os destinos de uma pobre nação, são por demais justas, num país de brincalhões.

 

Berta Brás.jpg Berta Brás

 

Caras-de-pau

Alberto Gonçalves.jpgAlberto Gonçalves

DN, 6/12/15

 

Varoufakis.jpg

 

Mal chegou ao poder, a entretanto falecida esperança do terceiro-mundismo europeu, o Sr. Varoufakis, tomou medidas imediatas: uma entrevista, com esposa, varanda e saladas, à Paris Match. Decerto pela predominância de fotografias em detrimento do texto, foi das ocasiões em que proferiu menos disparates.

 

Por cá, talvez porque os disparates que emite estão em dialecto só vagamente próximo do português, talvez porque o peso da periferia seja maior em Lisboa do que em Atenas, o Dr. Costa teve de contentar-se com o que havia. Por um lado, não havia interesse da Paris Match, da Burda Moden e do suplemento desportivo do The Guardian. Por outro, os media indígenas têm censurado inexplicavelmente o Dr. Costa, vergonha manifesta na escassa cobertura das respectivas gafes, perdão, intervenções. Embora não veja "telejornais", garantiram-me que, para citar caso recente, as atoardas, perdão, os assertivos bitaites do Dr. Costa acerca da Turquia e da NATO não foram destacados em nenhum. Sobrava a imprensa da especialidade, leia-se a especialidade do Dr. Costa, leia-se a Caras, na qual a espécie de chefe desta espécie de governo apresentou a família a uma nação ansiosa.

 

Valeu a pena esperar. Ao exibir Fernanda (esposa), Pedro e Catarina (filhos), o "marido atento" e o "pai carinhoso" mostrou a "faceta privada", precisamente aquela que as pessoas costumam escarrapachar nas páginas das revistas populares. Pirosice sem limites? Nada disso. Visto que o Dr. Costa é dado a tropeçar nas sílabas e na verdade, além de "extremamente inteligente" (palavras de Fernanda), aproveitou uma entrevista em princípio superficial para permitir à cônjuge revelar em código a visão que ele possui da realidade, o seu método de acção política e os truques a que recorre a fim de alcançar qualquer coisa similar a uma carreira.

 

Ficámos por exemplo a saber que o Dr. Costa "não constrói projectos sozinho" e que "os outros estão sempre na sua cabeça" (tradução: derrotado nas "legislativas", o Dr. Costa ouve vozes - as dos leninistas que lhe puxam os fios). E que "quando os miúdos eram pequenos, precisávamos de ir jantar fora uma vez por semana para falarmos" (tradução: os encontros secretos, as conversas em recato e os acordos conspirados à socapa são passatempos antigos). E que o Dr. Costa "está sempre a enviar-nos SMS" (tradução: os jornalistas insolentes que se cuidem). E que, a propósito dos filhos adultos, o Dr. Costa acha difícil "largar os pintainhos" e "deixá-los voar" (tradução: à conta de impostos, "investimento", falências, favoritismos, habilidades, excentricidades, proibições e silêncios forçados, este Portugal com tiques venezuelanos não irá longe). E que o Dr. Costa "gosta muito de cozinhar, mas falta-lhe começar a arrumar a cozinha" (tradução: após instaurar o pandemónio, é melhor que alguém venha pagar a despesa).

 

Não admira que o Dr. Costa "procure sempre ouvir a Fernanda" sobre as "questões fundamentais". Nós também tivemos de o fazer para confirmar as piores suspeitas: com a família resignada à necessidade de espalhar o "bem comum", o novo emprego do Dr. Costa é "uma aventura", ainda assim irrisória se comparada com a nossa. Acrescente-se, a título ilustrativo da lisura de processos, que a casa (o "refúgio") onde o agregado recebeu o fotógrafo da Caras é um palacete alheio, que Sua Excelência ocupou com a mesma jovialidade com que penetrou o de São Bento.

 

Quinta-feira, 6 de Dezembro

Rir da desgraça própria

 

Já é lendária a meta de Catarina Martins para o ensino básico: providenciar "as bases de que se faz o conhecimento todo", o que é uma ambição nobre e típica de quem não tem conhecimento nenhum. Em vez de um lugar de esforço, disciplina e exigência, a escola deve ser um espaço de felicidade (cito, juro que cito), onde as crianças crescem a rir dos Monty Python, do Blackadder e de Ricardo Araújo Pereira até, como será inevitável, chegarem a físicos, historiadores, filósofos e cirurgiões de renome. Isto enquanto irrompem às gargalhadas a cada degrau na escada da Sabedoria.

 

Não conheço em pormenor o percurso do estudante Pedro Passos Coelho. Mas, a julgar pela galhofa que dedicou à estreia parlamentar de Mário Centeno, a sua capacidade de ser feliz não foi maculada por exames da quarta classe. Também é verdade que o Dr. Centeno ajuda. O homem é engraçado quando repete os argumentos da "direita" acerca do Novo Banco. O homem é engraçado quando, à revelia das maravilhosas promessas socialistas, não consegue esboçar a sombra de uma fundamentação plausível. Sobretudo o homem tem graça quando é confrontado pelo deputado Miguel Morgado com os próprios trabalhos académicos, em particular um em que afirmava as consequências negativas do aumento do salário mínimo na criação e manutenção de empregos: "Não tente transpor conclusões de artigos científicos para a legislação nacional, porque se tentar fazer isso é um passo para o desastre."

 

Numa singela frase, o ministro das Finanças (desculpem, que isto é igualmente cómico) demoliu a sua coluna vertebral, a sua competência técnica e a seriedade das instituições que lhe dão guarida, a começar pela actual. E, ao contrário do que por acaso (?) lhe é habitual, o Dr. Centeno disse isto sem se rir. Era impossível que Pedro Passos Coelho e a metade do país imune aos encantos da Frente Popular não o fizessem. Dado o que nos espera, trata-se, claro, de um riso nervoso.

«SEXALESCENTES»

Meryl-Streep-gente madura.png

 

Se estivermos atentos, podemos notar que está a surgir uma nova faixa social, a das pessoas que estão em torno dos sessenta/setenta anos de idade, os sexalescentes – é a geração que rejeita a palavra "sexagenário", porque simplesmente não está nos seus planos deixar-se envelhecer.


Trata-se de uma verdadeira novidade demográfica - parecida com a que, em meados do século XX, se deu com a consciência da idade da adolescência, que deu identidade a uma massa jovens oprimidos em corpos desenvolvidos, que até então não sabiam onde meter-se nem como vestir-se.


Este novo grupo humano, que hoje ronda os sessenta/setenta, teve uma vida razoavelmente satisfatória.


São homens e mulheres independentes, que trabalham há muitos anos e que conseguiram mudar o significado tétrico que tantos autores deram, durante décadas, ao conceito de trabalho. Que procuraram e encontraram há muito a actividade de que mais gostavam e que com ela ganharam a vida.


Talvez seja por isso que se sentem realizados... Alguns nem sonham em aposentar-se. E os que já se aposentaram gozam plenamente cada dia sem medo do ócio ou solidão. Desfrutam a situação, porque depois de anos de trabalho, criação dos filhos, preocupações, fracassos e sucessos, sabe bem olhar para o mar sem pensar em mais nada, ou seguir o voo de um pássaro da janela de um 5.º andar...


Neste universo de pessoas saudáveis, curiosas e activas, a mulher tem um papel destacado. Traz décadas de experiência de fazer a sua vontade, quando as suas mães só podiam obedecer e de ocupar lugares na sociedade que as suas mães nem tinham sonhado ocupar.


Esta mulher sexalescente sobreviveu à bebedeira do poder que lhe deu o feminismo dos anos 60. Naqueles momentos da sua juventude em que eram tantas as mudanças, parou e reflectiu sobre o que na realidade queria.


Algumas optaram por viver sozinhas, outras fizeram carreiras que sempre tinham sido exclusivamente para homens, outras escolheram ter filhos, outras não, foram jornalistas, atletas, juízas, médicas, diplomatas... Mas cada uma fez o que quis: reconheçamos que não foi fácil e, no entanto, continuam a fazê-lo todos os dias.


Algumas coisas podem dar-se por adquiridas.


Por exemplo, não são pessoas que estejam paradas no tempo: a geração dos "sessenta/setenta", homens e mulheres, lida com o computador como se o tivesse feito toda a vida. Escrevem aos filhos que estão longe e até se esquecem do velho telefone para contactar os amigos – mandam e-mails com as suas notícias, ideias e vivências.


De uma maneira geral estão satisfeitos com o seu estado civil e quando não estão, não se conformam e procuram mudá-lo. Raramente se desfazem em prantos sentimentais.


Ao contrário dos jovens, os sexalescentes conhecem e pesam todos os riscos. Ninguém se põe a chorar quando perde: apenas reflecte, toma nota, e parte para outra...


... Os homens não invejam a aparência das jovens estrelas do desporto, ou dos que ostentam um terno Armani, nem as mulheres sonham em ter as formas perfeitas de um modelo. Em vez disso, conhecem a importância de um olhar cúmplice, de uma frase inteligente ou de um sorriso iluminado pela experiência.


Hoje, as pessoas na década dos sessenta/setenta, como tem sido seu costume ao longo da sua vida, estão estreando uma idade que não tem nome. Antes seriam velhos e agora já não o são. Hoje estão de boa saúde, física e mental, recordam a juventude mas sem nostalgias parvas, porque a juventude ela própria também está cheia de nostalgias e de problemas.


Celebram o Sol em cada manhã e sorriem para si próprios... talvez por alguma secreta razão que só sabem e saberão os que chegam aos 60/70 no século XXI!

 

Autor não identificado

 

(Eu, Henrique Salles da Fonseca, sou septalescente pois tenho 70 anos, recebi este admirável texto por e-mail e publico-o no meu blog que já tem 12 anos. Sim, tenho muito mais que fazer do que carpir)

 

 

DIÁLOGOS DISTANTES

 

Conversa telefónica.png

 

Ela (noutro continente) – A Europa está a tornar-se um lugar mau. 

Eu (em Portugal) – E porquê? 

Ela – Por causa dos jihadistas.

Eu – Sim, concordo. Mas por que é que há jihadistas na Europa?

Ela – Porque as fronteiras estão abertas.

Eu – E por que é que as fronteiras estão abertas?

Ela – Porque a Europa tem a mania de ser um espaço onde todos cabem.

Eu – Então, se é lugar de acolhimento para todos, por que razão é um lugar mau? 

Ela – Porque um lugar onde há de tudo torna-se incaracterístico, sem coesão, corre o risco de perder a sua própria Civilização ou desta deixar de ser predominante.

Eu – E acha que deixa de ser civilizado?

Ela – Sim, passa a ser de tudo e de todos e deixa de ter uma Civilização. Como dizem os brasileiros, passa a ser uma bagunça. É essa bagunça que faz da Europa um lugar mau por passar a ser perigoso.

Eu – Mas os que vêem de fora são uma minoria comparados com os europeus indígenas.

Ela – Mas já há muitos europeus indígenas descendentes de imigrantes que têm outros parâmetros civilizacionais. A Civilização Ocidental está a deixar-se abafar por outros. E isso é um perigo para ela própria. E não me fale na coesão das religiões abrahâmicas porque essa coesão não existe pura e simplesmente. Se actualmente as relações entre o judaísmo e o cristianismo estão bem, veja o que acontece com os muçulmanos...

Eu – Os muçulmanos sunitas não têm um clero hierarquizado, responsável pela exegese dos textos sagrados. Não se consegue falar com quem os represente globalmente porque esse alguém não existe. Com os judeus pode-se falar e também com os muçulmanos xiitas porque têm as respectivas hierarquias que fazem a exegese dos textos e definem uma doutrina. Os sunitas não têm nada disso e é cada imã por si próprio. Se há imãs cultos, outros há que são boçais e outros até que são verdadeiros terroristas. E o mais grave é que não têm quem os ponha na ordem. Portanto, não podemos pôr todos os muçulmanos no mesmo saco. Os xiitas e os sunitas nada têm a ver uns com os outros e até andam à bulha.

Ela – Então, dá-me razão quando digo que a Europa está em perigo de se transformar num saco de gatos assanhados, um sítio perigoso, mau.

Eu – Sim, mas acho que há muito que fazer antes de se alinhar pelo diapasão do Front National da Marine Le Pen e outros Partidos quejandos.

Ela – Pois olhe que se eu fosse francesa já estaria a votar nela.

Eu – Eu não. Acho que temos urgentemente que reabilitar a ética e combater o hedonismo, o facilitismo e a demagogia. Depois...

Ela – ... e depois lá dirão que se acaba com a democracia.

Eu – A democracia – como ela vem sendo interpretada – tem que evoluir de modo a que não haja mais situações como estas que aconteceram em Portugal e vão acontecer amanhã ou depois em Espanha em que os ganhadores perdem e em que os perdedores ganham. A própria Alemanha, tão sorumbática, tem agora um Governo híbrido de ganhadores e perdedores que lhe dilui as políticas e acaba por dar mostras de incerteza. É o caso da deriva em que andam por lá com os refugiados em que uns dizem assim e os outros dizem assado tudo resultando numa incerteza que ninguém entende.

Ela – Creio que a Europa vai ter que se deixar de tantos punhos de renda.

Eu – Vejo a evolução europeia mais no sentido americano do que no de Le Pen.

Ela – Uns Estados Unidos da Europa?

Eu – Não, abrenúncio! Cada Estado europeu a inspirar-se no modelo americano para a revisão da respectiva Constituição. Mais: com as actuais regras constitucionais, estou mesmo a ver que nem sequer o Espaço Schengen se aguenta quanto mais uns Estados Unidos. Nem pensar!

Ela – Mas olhe que os europeus têm mesmo que enveredar por sistemas mais platónicos, por exemplo só dando o direito de voto a quem tenha cumprido o ensino obrigatório; têm que ser mais elitistas contrariando a actual propensão para a boçalidade.

Eu – E onde irá parar o mercado negro de diplomas? Sabe, esses temas são muito giros de abordar quando se vive noutro continente mas, na Europa, temo que esse tipo de discussões ainda não tenha perninhas para andar. A ver vamos...

Ela – Mas agora tenho que desligar porque a chamada está a ficar muito cara. Até amanhã, abraço.

Eu – Muito bem, até à próxima. Abraço.

 

Janeiro de 2016

 

Henrique, Casa Museu de Loutolim, Goa.JPG

Henrique Salles da Fonseca

(em Loutolim, Goa, Novembro de 2015)

PROFESSOR EXTRAORDINÁRIO

  

Comentário do Professor Miguel Mota ao texto

“Há quase 70 anos”

de Francisco Gomes de Amorim

 

Eng. Sardinha de Oliveira.png 

Nós tínhamos um professor extraordinário

 

Esta frase é perfeita para definir a pessoa do meu saudoso colega e grande amigo António José Sardinha de Oliveira. Foi um prazer ler esta prosa e recordar pessoas, locais e episódios que me foram familiares, em duas épocas diferentes. Primeiro, com o Sardinha de Oliveira; mais tarde com os locais que tinham sido a Escola de Regentes Agrícolas de Évora, depois entregues à Universidade de Évora. Quando, na década de 1950, trabalhei em Elvas, como Chefe do Laboratório de Citogenética da Estação de Melhoramento de Plantas, muitas vezes fui a Monforte visitar esse colega. Depois do jantar a conversa, sempre interessantíssima, prologava-se até à meia-noite ou uma hora. Numa dessas vezes, em que não estava a mulher do Sardinha e eu dormi lá, a conversa foi, sem darmos por isso, até às cinco da manhã. Técnico de muito elevada craveira e um apaixonado pelas máquinas agrícolas, inventou uma, que patenteou e construía, que substituía, com grande vantagem, o charrueco americano, então muito usado no Alentejo, para a armação do solo em espigoado . Quando deixou de se usar a tracção por muares e vieram os tractores, a máquina deixou de ter interesse. Um outro assunto a que dedicou excelente trabalho foi relacionar a meteorologia com a produção de trigo no Alentejo, que lhe permitia fazer, em Fevereiro, uma estimativa de como seria a produção de trigo, no Alentejo, nesse ano. Já depois da sua morte, várias vezes usei esses dados, em artigos para a agricultura, sobre a produção de trigo no Alentejo. E deram sempre certo. No “A bem da Nação” de Dezembro de 2013 relatei vários casos da acção do Eng.º Sardinha de Oliveira.  

 

Passemos para um período mais recente. As instalações da extinta Escola de Regentes Agrícolas, em Valverde, foram entregues à Universidade de Évora, para os seus cursos de Engenharia Agronómica. O edifício que se mostra na figura, antiga residência do bispo, que estava em mau estado, foi recuperado e transformado em residência, muito usado no período, em que a universidade tinha vários professores que vinham de fora, como foi o meu caso. É nas instalações da antiga Escola de Regentes Agrícolas que meu filho, também Professor, tem o seu laboratório de Nematologia. Recentemente, a Casa Sardinha de Oliveira, onde ele ficava durante os dias da semana, foi completamente remodelada, para melhoria dos serviços ali instalados.

 

Prof. Miguel Mota 

Miguel Mota

O NOSSO PÉ FROUXO

 

Hoje o Jorge Coelho não apareceu na Quadratura do Círculo, substituído por José Magalhães, lá terá os seus afazeres, não com certeza como o pobre do Onzeneiro vicentino a quem Saturno deu quebranto na safra do apanhar, pois nestes tempos irrequietos esses papéis de absorção pecuniária vão sendo encaminhados para as Bancas, de colheita desumanizada, embora muitos rostos depois saltem à vista, ainda sem barqueiros a conduzi-los ao porto de abrigo final, lá nos fundos, inferno se chama, em derivação substantiva imprópria, sendo ele o superlativo absoluto sintético do adjectivo “baixo”, juntamente com o seu parceiro “ínfimo”, coisas do arco da velha de somenos importância, é certo, como tudo o resto, de resto. Estava lá José Magalhães, esplêndido de loquacidade brilhante, a fazer pendant com Pacheco Pereira, qual deles o mais sabedor. E indignado, também. Porque, mais cedo do que julgavam, aquela aliança de esquerdas, usurpadora da governação, parece insegura, caso o Orçamento do Estado, que favorece a nossa auto-estima e a nossa sobrevivência, seja mesmo chumbado em Bruxelas, o que para todos os efeitos porá de rastos a muitos de nós, que vivemos do empréstimo e morremos do imposto, como sempre se fez para nos modernizarmos e não só. Que também gostamos de nos divertir, o que é natural, tanto tempo na penúria!

 

Eu repito o que mais ou menos se passou com o governo anterior, que se comprometeu a pagar um empréstimo necessário para a nossa auto-estima e foi assim equilibrando a orçamento, que bem sentimos na pele, mas que nos deu a satisfação do dever cumprido. Lobo Xavier, equilibrado que é, sempre defendeu esse governo da austeridade, mas os outros não, espumando condenações, achando, certamente, que o dinheiro dos outros não precisava de regressar à origem, os verdadeiros princípios democráticos da União Europeia deviam estender-se esmolermente sobre os países em risco, como crianças em risco, e ajudá-los a voar, ou sequer a esvoaçar, usufruindo livremente dos bens materiais, como tantos de nós, afinal, fizemos. Assim o entendeu também a tal esquerda usurpadora da governança da nação, e a Troika voltou a penetrar no nosso espaço rectangular, e Bruxelas a pedir explicações sobre a nossa proposta de Orçamento, parece que pouco explícita e com mazelas.

 

Foi a desordem. Mesas redondas se formaram na TV, o PS indignado, os outros questionando, no fundo todos muito preocupados.

 

E José Magalhães a falar de patriotismo, e Pacheco Pereira a secundá-lo, achando que PSD e CDS se rebolam de gozo, porque previram o desastre e foram troçados, sempre atacados nas medidas de empobrecimento tomadas então, prevendo que esse empobrecimento terá que continuar, mau grado as medidas que o novo governo está a tomar, para comprazimento da aliança, despreocupada em pagar, caras bonitas e donairosas do atrevimento ignaro e iterativo, ou velhas e rancorosas do discurso demagógico obsoleto.

 

Um espectáculo verdadeiramente chocante, dois homens espumando as barbaridades da humilhação, falando das nações que bateram o pé ao FMI (que Lobo Xavier justificou pelo poder económico, contrário à nossa fragilidade) e falseando os seus argumentos, não só condenando o espírito não democrático de Bruxelas, (que Lobo Xavier mostrou cordatamente não se tratar de um problema de usurpação de soberania a imposição do Tratado, mas de “regras desde sempre plasmadas na lei”), mas também em fúria contra a “alegria” dos actuais opositores, pela desgraça que nos vai cair em cima, como o céu sobre Abrabacourcix e a sua aldeia gaulesa. Mas este nunca chegou mesmo a cair.

 

BB-Abraracourcix.png

 

Como se não estivéssemos todos ansiosos por que António Costa consiga realizar o milagre que prometeu de reposição em fartura do que nos foi tirado! É preciso ser-se mauzinho! Ou então sentir-se mesmo humilhado, para assim apedrejar!

 

Mas então não foi Passos Coelho e o seu grupo que viabilizaram o Orçamento de Estado de António Costa?

 

Berta Brás.jpgBerta Brás

Pág. 1/10

Mais sobre mim

foto do autor

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2007
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2006
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D
  248. 2005
  249. J
  250. F
  251. M
  252. A
  253. M
  254. J
  255. J
  256. A
  257. S
  258. O
  259. N
  260. D
  261. 2004
  262. J
  263. F
  264. M
  265. A
  266. M
  267. J
  268. J
  269. A
  270. S
  271. O
  272. N
  273. D