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A bem da Nação

EXPRESSÕES CURIOSAS DA LÍNGUA PORTUGUESA

Tirando cavalo da chuva.jpg

 

PODE TIRAR O CAVALINHO DA CHUVA


Pode tirar o cavalinho da chuva porque não vou deixar Você sair hoje! No século XIX, quando uma visita iria ser breve, ela deixava o cavalo ao relento em frente da casa do anfitrião e se fosse demorar, colocava o cavalo num lugar protegido da chuva e do Sol. Contudo, o convidado só poderia proteger o animal da chuva se o anfitrião percebesse que a visita estava para durar e dissesse: "pode tirar o cavalo da chuva". Depois disso, a expressão passou a significar a desistência de alguma coisa.

FOI-SE … O ANO…



De La Fontaine uma breve fábula
Para o ano terminar em parca graça,
Ano que se pautou pela chalaça
E a arruaça,
Muita trapaça,
Muita pirraça
Por cá, na praça.
Uma desgraça própria
Da nossa raça
Crassa,
O que muito
Me embaraça,
Por mais que faça
Por o ignorar
E erguer a taça.
Chiça!
Ou, como diria a nossa amiga:
“Minha nossa!”

Burro.jpg

 «O Burro condutor de relíquias»


«Um Burro de relíquias carregado
Imaginou ser adorado,
Pavoneando-se ante a convicção
De a si serem dirigidos o incenso e os cânticos
Da multidão.
Um dos que o erro detectou
Com calor lhe explicou:
- Sr. Burro, tão louca vaidade,
Do espírito afastai, rapidamente.
Digo-vos, sinceramente,
Que não é a vós mas sim aos ídolos
Que levais no dorso
Que as honras são declaradas
E a glória atribuída
Pela multidão.

Moral da história:
Dum magistrado ignorante
É a veste que se saúda, não a pessoa.»

Ora não é bem assim, por cá,
Está mais que visto.
Muita gente há
Que as honras que de outros são pertença
Por ela são usurpadas,
E sem escrúpulo concedidas
A Asnos vestidos das suas próprias relíquias
- As ideologias, que disfarçam
Ambições e aleivosias -
Que os idólatras admiram com muitas bazófias
E pífias
Próprias das suas muitas carências
No que concerne os feitos
E os certos direitos
Dos reais herdeiros
Disto.
Valha-nos Cristo!
Ou, como diria a minha irmã:
“Isto só visto!”

 

 

Berta Brás 2.jpgBerta Brás

A BANCA OU A VIDA

Fechado por roubo

Não basta atirar as culpas para o "governo da direita". É preciso explicar tudo muito bem.

 

A primeira coisa a perceber sobre o BANIF é que o banco não foi comprado pelo Santander. Foi oferecido. Melhor, o Estado pagou para que o Santander ficasse com o BANIF. É o que significa o facto de o Santander ter dado 150 milhões de euros enquanto o Estado e o Fundo de Resolução da banca lá colocaram 2,3 mil milhões. Isto para além de um conjunto de garantias várias (mais o risco de não se venderem os activos que ficaram no veículo "tóxico"). Ora, para esta operação catastrófica não basta atirar as culpas para o "governo da direita". É preciso explicar tudo muito bem. Com certeza que o governo PSD-CDS tem responsabilidades, desde a decisão de ficar com cerca de 60% do capital do BANIF até à manutenção em funcionamento durante três anos daquele autêntico vegetal bancário. Mas é preciso que se explique porque é que uma "venda" feita como se não houvesse amanhã foi a solução que melhor defendeu o "interesse nacional". Desde logo, é preciso que se explique porque, na sequência da notícia da TVI, se especializou o primeiro-ministro em fazer declarações cujo único efeito foi desvalorizar ainda mais o banco. Depois, é preciso que se explique porque não foram escolhidas outras alternativas. O Governo diz que preferia a nacionalização mas que a Comissão Europeia "não queria". Não queria? Pois que não quisesse. Se a solução era melhor, o Governo que batalhasse, em vez de enterrar alegremente dinheiro público. O pior que podia acontecer era adiar o processo e ter de aplicar o novo tipo de resolução em 2016. O que nos leva, precisamente, às outras alternativas: aplicar uma resolução do estilo da do BES ou então esperar pelas tais novas regras de resolução de 2016. Em que é que poupar os depositantes de mais de 100 mil euros é melhor do que impor um valor obsceno (que pode chegar a 4 mil milhões de euros, tanto como no BES para um banco com um quarto do valor) a todos os portugueses? Isto é o que aconteceu. Mas mais importante é prever o que está para acontecer. Já vimos que o estado da banca portuguesa é de calamidade pública. O que ela precisa é de uma "reforma estrutural" (esta sim, verdadeira), talvez com apoio europeu. Mais vale gastar uma fortuna nisso do que gastá-la deixando tudo continuar a apodrecer.


CM, 28.12.2015

Luciano Amaral.pngLUCIANO AMARAL

INFELIZMENTE, SEMPRE A TEMPO – 2

 

COISAS

 

Passam-se “coisas” nesta terra (e em todas as outras), que nós, pobres ignorantes e pagantes só tomamos conhecimento quando um repórter e uma imprensa livre nos trazem ao conhecimento.

 

Hoje, uma escandaleira internacional, sempre dos benditos ou malditos bancos – de acordo com a óptica por que são vistos – com aquelas monstruosidades de dinheirama, toda falsa, mas que enganam qualquer comum mortal.

 

Ainda hoje foi recebida, aqui em casa a conta do cartão de crédito que Deus, em boa hora, nos tem permitido pagar sempre sem ter que ficar a dever, porque o nosso “querido” banco, o Itaú, só cobra 336,78% de juros ao ano. Ninharia. Favor de amigos.

 

Mas vejamos primeiro as escandaleiras mundiais, para as quais os simples mortais são tragados e, como Jó, só dentro da barriga da baleia é que clamamos por piedade e, porque não, vingança. Inútil.



A MÁFIA E O CARTEL

José Casado (O Globo).jpgJosé Casado

“O Globo” 10/11/2015

Durante seis anos, entre 2007 e 2013, 30 operadores financeiros vinculados a 15 dos maiores bancos globais manipularam um dos principais indicadores económicos do Brasil - a taxa de câmbio, preço-chave para investimentos e comércio exterior.

 

Eles fizeram acordos para influenciar cotações do real, dólar e outras moedas.

 

Dividiam-se em dois grupos no sistema de chat da agência Bloomberg: um autodenominava-se "A Máfia" outro identificava-se como "O Cartel".

 

Flagradas nos EUA, as casas bancárias acaba¬ram multadas em US$ 5,6 bilhões. Em Junho uma delas foi à Procuradoria, em São Paulo. Fez acordos de leniência e delação premiada. O caso foi repassado ao Conselho Adminis¬trativo de Defesa Económica (Cade), que viu nas provas recebidas "fortes indícios de condu¬tas anticompetitivas" e "de infracção à ordem económica". O processo avança sob sigilo.

 

O Cade lista 11 protagonistas da manipula¬ção de cotações da moeda brasileira: Banco Standard de Investimentos, Barclays, Citigroup, Deutsche Bank, HSBC, Merrill Lynch, Morgan Stanley, Nomura, Royal Bank of Cana¬da, Standard Chartered e UBS.

 

Atribui a oito as maquinações com moedas es¬trangeiras: Banco Tokyo-Mitsubishi UFJ, Barclays, Citigroup, Credit Suisse, HSBC, JP Morgan Chase, Royal Bank of Scotland e UBS.

 

Indicia por conspiração, via chat, os operado¬res Alexandre Gertel Nogueira, Sérgio Correia, Zanini, Alexandre Santos, Christoph Durst, Christopher Ashton, Colin Devereux, Daniel Evans, Daniel Yúzo Shimada Kajiya, Eduardo Hargrea-1 vês, Fábio Ramalho, Felipe Leitão, Fernando Pais, Frank Cahill, James Witt, James Wynne, bhn Erratt, José Aloisio Teles Jr., Marco Christen, ïark Clark, Martin Tschachfli, MatthewJ. Gardí^ jnei; Michael Weston, Niall O'Riordan, Pablo Fri-sanco Oliveira, Paul Nash, Renato Lustosa Giffo-mi, Ralf Klonowski, Richard Gibbons, Richard Usher e Rohan Ramchandaní. (N. Tudo gente fina, finíssima)

 

Segundo o Cade, eles fizeram acordos para fixar a diferença (spread) entre o valor de compra e venda de moedas, potencializando lucros dos bancos e os prejuízos dos clientes. Combi¬naram cotações falsas e negociaram moedas a preços específicos, cartelizados. Actuaram para bloquear outros operadores (brokers) no mer¬cado de câmbio do Brasil, concorrentes ou que se recusaram a aceitar influência. Comparti-lharam informações sobre os negócios de clientes, incluindo contratos, fluxo de recursos, ordens de negociação, preços, posições con¬fidenciais, estratégias e objectivos.

 

Coordenaram, também, operações prévias às colheitas de safras agrícolas, para influen¬ciar os índices de referência num "movimen¬to de mercado” alterando as cotações dos produtos.

A federação dos bancos alega que a taxa de câmbio (PTax) é apurada e divulgada pelo BC a partir de informações de mais de 180 instituições num mercado com movimentação média de US$ 6 bilhões por dia, "o que torna practicamente impossível sua manipulação”. (Vê-se)

 

Exportadores que se sentem prejudica¬dos vislumbraram manobra governamen¬tal para esvaziar a investigação. Recorreram ao senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que levou o caso ao Senado. Não se co¬nhece, ainda, a extensão dos danos às em-presas e pessoas físicas no Brasil. É certo, porém, que o cartel e a máfia causaram perdas bilionárias.



Depois destas belezas “naturais” vejamos outras que a natureza brasílico-tropical nos tem presenteado nos últimos tempos, mercê do pouco que roubam os “lá do topo... e os outros”.

 

Por enquanto, este ano podemos contabilizar só os seguintes aumentos – os mais significativos – no custo de vida para quem tem que comer:

- o alho aumentou 60%, a batata inglesa (produzida no Brasil) 69%, o filé de boi 40%, as peras 28%, carne de segunda 20%, macarrão 11,74%, vinho e bebidas alcoólicas 10% (o que desiquilibra o meu orçamento), pão 8,73% energia elétrica entre 43 e 51% - conforme os Estados (todos os estados... moribundos), fora tudo quanto já por aqui foi informado.



Entretanto no Texas, com o aumento de instalação de energia eólica, há excesso de produção! Solução: entre as 21h00 e as 06H00 a energia é de graça. Copiaram do Brasil.



Mas tem mais belezas endémico-brasilienses:

- nos últimos oito anos foram assassinadas 13.000 mulheres... por ano! Começaram a faltar os indispensáveis elementos do sexo interessante.

- a economia do país deve sofrer uma retração de 5% até ao fim deste anos. E no próximo?



Pelo mundo todo as “coisas também não estão brilhantes: o aumento de temperatura global passou este ano de 1% - foi de 1,02%. Não se preocupem: quando chegar a 2% a rainha Elisabeth vai abrir o Parlamento de barco ou de biquíni! Um show a não perder.

 

E em Lisboa o pessoal não precisará ir ao Estoril para tomar banho: toma na Baixa.

 

No Rio de Janeiro... também.

E assim vai o mundo, e o pior é que vai muito mal o que, aqui, nos rodeia!

11/10/2015

FGA-2OUT15.jpgFrancisco Gomes de Amorim

AS PÚSTULAS DO ANO QUE ACABA

 

pustules.jpg

 

Charlie Hebdo e as farsas da sensibilite social, Syriza e as farsas dos pretensiosismos individuais, Sócrates e os seus amigalhaços da rede, o “abcesso” Tap, a irrupção de Sampaio da Nóvoa no tablado das banalidades protegidas, a bacoquice de uma comunicação que faz de Jorge Jesus tema de discussão nacional, as manifestações em favor da Grécia, outra bacoquice alvarmente perpetrada por quem se prepara para furar as malhas do bom senso e da ética no capítulo da auto eleição governativa, e essa farsa e esse governo, e a firmeza de um corajoso ataque de alguém que troça e que sofre, reconhecendo a inutilidade das suas farpas neste país pequenino.

Berta Brás.jpg Berta Brás

 

O balanço em síntese de Alberto Gonçalves:

 

O ano de todos os perigos (e mais alguns)

Alberto Gonçalves.jpgAlberto Gonçalves

DN, 24/12/15

 

Janeiro

Em Paris, terroristas islâmicos matam meia redacção do jornal satírico Charlie Hebdo. Os europeus reagem à altura: espalham dísticos pelo Facebook a jurar "Je Suis Charlie" e, em simultâneo, empenham-se em evitar e até a condenar o exacto tipo de "blasfémias" que suscitaram a matança. Só não é a homenagem mais disparatada possível porque, numa espécie de concurso de malucos, também há - há sempre - aqueles que culpam o capitalismo e a "exclusão social".

Fevereiro

A palavra do momento é "Syriza", o partido grego que desafia a austeridade decretada pela Alemanha enquanto roga, por todos os santinhos, que a Alemanha continue a emprestar-lhe dinheiro. Por cá, correm duas teorias. Uma, subscrita por autoconsagrados intelectuais e pelo Dr. Costa, é a de que o Syriza inaugura uma Europa insubmissa e solidária. A outra é a de que, de catástrofe em catástrofe, a Grécia servirá de "vacina" para arroubos extremistas. Chega a espantar que Portugal não exporte videntes, mas em poucos meses se perceberá a razão.

Março

Quem tem amigos não morre na cadeia? Talvez não, mas arrisca-se a viver lá uns tempos. José Sócrates, o preso político mais célebre e imaginário do país, não se livrou de uma temporada em Évora. E tem excelentes amigos, dos que emprestam fortunas, cedem apartamentos de luxo, arranjam empregos de categoria, compram a "tese" aos milhares, amigos enfim como eu nunca tive. Mas também não tive de suportar visitas sucessivas do Dr. Soares, um relativo consolo.

Abril

Enquanto o país se entretém a descobrir eventuais candidatos à presidência, o extraordinário talento de António Costa e o "movimento", algo estático, Não TAP Os Olhos, aproveito a única virtude da "companhia de bandeira" e fujo da pátria amada durante três semanas. Saudades? Aquelas que se têm de um abcesso: embora maçador e escusado, é nosso.

Maio

Sampaio da Nóvoa explica a função do Presidente da República: é o que "abre o futuro quando caminha ao lado das pessoas". Já a função do Prof. Nóvoa é colar palavrinhas umas às outras e produzir o tipo de frases "inspiradoras" que ficam impecáveis nas redacções de crianças de todas as idades. Depois da reitoria, deve haver algum lugar adequado ao homem. Segundo as sondagens, Belém não é um deles.

Junho

Um treinador de futebol troca de clube e o país confunde isso com um assunto. De súbito, toda a gente (não é força de expressão) desata a analisar com detalhe laboratorial as acções, o pensamento, as palavras e os silêncios do Sr. Jorge Jesus. Visto de fora (isto é que é força de expressão), é um espectáculo peculiar. E impossível de acompanhar até ao fim, quer por não haver fim aparente quer por não haver tradução para português do que diz o homem e do que dizem os seus estudiosos.

Julho

Através de referendo, a Grécia volta a dizer "não" à ditadura do capital. No dia seguinte, volta a dizer "sim" a cheques ao portador ou transferências em numerário. Em Portugal, multiplicam-se as manifestações de solidariedade para com a valentia helénica. Escritores partilham o prémio (mas não o respectivo dinheiro) com os gregos. Deputados levantam cartazes (mas não depositam verbas) pelos gregos. "Personalidades" organizam conferências (mas não peditórios) em favor dos gregos. Imperturbável, a realidade avança.

Agosto

Arranca, oficiosamente, a campanha eleitoral ou, no caso do PS, uma sucessão de rábulas cómicas. A tendência nas sondagens leva os media a notar, com espanto, que os socialistas ainda podem vir a perder as "legislativas". Eu também noto espantadíssimo que, com um ex-líder na cadeia e um líder que parece foragido da creche, além da fabulosa bancarrota "socrática", o PS ainda era tido por muitos "analistas" como o vencedor "natural". Subjugar a análise ao desejo causa transtornos assim.

Setembro

Perante a vaga crescente de refugiados do Médio Oriente e arredores, apurou-se com perspicácia que, embora sendo em grande maioria muçulmanos em fuga dos excessos (?) do islão, a solução ideal consiste em culpar a "resposta" europeia, acolhê-los a todos e observar rigoroso respeito pela exacta cultura que transformou as respectivas vidas num inferno. Nos intervalos de tanta lucidez, há vigílias e noticiário sentimental.

Outubro

A "direita" ganha as eleições, facto que confirma de vez a idiotia do povo. Felizmente, em poucas horas percebe-se a iminência de uma golpadazinha a cargo da alegada maioria parlamentar, pelo que o povo volta a ser soberano, lindo e avisado. Passada a surpresa inicial, a "direita" acredita na sensatez dos deputados do PS, exercício semelhante a acreditar na costela feminista do ayatollah Khomeini.

Novembro

Cavaco convoca dois terços da sociedade ao Palácio de Belém. O Dr. Costa conspira com os partidos comunistas a fim de derrubar muros. E a esquerda, que chama coisas irreproduzíveis à "direita", acusa esta de mau perder e má-criação. Nos tempos livres, os comentadores que começaram por achar o arranjinho perigoso e que depois passaram a achá-lo impossível, agora explicam que tudo é normal e democrático. No fim do mês, o Dr. Costa é "primeiro-ministro" (os venezuelófilos ficam dispensados das aspas).

Dezembro

Portugal entra no Terceiro Mundo com galhardia. O Dr. Costa decide afugentar qualquer sombra de investimento estrangeiro ao jurar anular à força o negócio da TAP. De seguida irrompe o "caso" Banif e acabamos o ano a suspeitar que temos um governo do PCP representado por relíquias do PS e suportado pelo PSD, com o BE a providenciar bombos e exotismo. Em 2016 não haverá quem nos apanhe. Até porque todos correm na direcção oposta.

 

TRETAS #12

 

Capacidade-Necessidade de financiamento.jpg

Necessidade-Capacidade Líquida de Financiamento da Economia Portuguesa

 


DEIXEMO-NOS DE TRETAS!

 

Muitos dos problemas com que hoje nos confrontamos, fomos nós que os criámos. Não foram a globalização, a concorrência internacional, uma localização periférica, o invejável dinamismo da vizinhança, a seca ou a chuva. Não. São obra muito nossa.

 

Exemplos? Leis compreensíveis, coerentes e fáceis de fazer cumprir não são connosco, mas legislamos com grande à vontade e maior minúcia sobre tudo e sobre nada, esperando passivamente que a norma ganhe voz e se imponha por ela própria – aos outros, naturalmente, pois cada um de nós se considera justo credor de um tratamento de excepção. Iluminados, cultivamos com desvelo a autorização prévia e discricionária, a licença avulsa – e, por isso, a insegurança jurídica, tal como os expedientes para a colmatar (vulgo, corrupção), são o que são. Sempre movidos pelas melhores intenções, e infalíveis, se somos chamados a dar uma justificação sensata, ou a prestar contas, sentimo-lo como uma ofensa pessoal – talvez por isso, nunca sabemos a quantas andamos. Ineptos, não conseguimos preparar minimamente os nossos filhos para um mundo cada vez mais moldado pela ciência e pelo progresso tecnológico, pelo comércio e pela competição global. Moralistas, vendo na “especulação” (que a ignorância atávica nos leva a confundir com “manipulação de preços”) a origem de todos os males, nunca cuidámos de criar um mercado eficiente para a primeira transacção dos produtos da terra e do mar – por isso, a agricultura e as pescas, obrigadas a suportar todos os riscos, estão como sempre estiveram: de rastos e à mercê de intermediários. Ávidos de dinheiro, de preferência sob a forma de subsídios em moeda forte, corremos a abater a nossa frota de pesca – para, agora, nos lamentarmos porque outros querem vir pescar nas nossas águas. Com assinalável perícia, transformámos uma oportunidade de oiro (a integração, generosamente subsidiada, numa união monetária de economias ricas) num pesadelo. No afã interesseiro de redistribuir o que não nos pertence, reduzimos a uns míseros 9% a parcela da despesa pública corrente que se deixa gerir – mas persistimos em lançar as culpas para o PEC e a mobília (e tudo o mais que vier à mão) para a fogueira do deficit orçamental. Bradando permanentemente contra a evasão fiscal, recusamos ver que o melhor aliado dos Ministros das Finanças é o sócio minoritário interessado, antes do mais, em receber lucros – e os dividendos lá continuam a ser objecto de dupla tributação, tal como as empresas continuam de um só patrão, fortemente endividadas e a jogar às escondidas com o Fisco. Aflitos com o desemprego, proclamamos que é imperioso investir, mas tratamos com desmedida suspeição o empresário mal sucedido - como se a incerteza e o risco não estivessem profundamente inscritos em todas as actividades económicas. Para afectar capitais e distribuir rendimentos confiamos, não no mercado, mas na intermediação (do OGE, da Banca) – sem nos apercebermos que isto tem custos elevados, além de concentrar perigosamente o risco. Com pouca perspicácia, damos por adquirido que do outro lado de um qualquer direito constitucional deverá estar sempre um funcionário público pronto a satisfazê-lo – mas estarrecemos ao tomarmos consciência do peso dos gastos com o pessoal na despesa pública corrente (e no PIB). E por aí adiante.

 

O caso do funcionalismo público é, a este respeito, exemplar. Durante muitos anos entendeu-se que as grandes funções de soberania (a defesa, a ordem pública, a justiça, a representação e a cooperação externas, a administração fiscal, alguma regulação e supervisão) deveriam ser mantidas ao abrigo de quaisquer conflitos de interesses. Daí se concluía que, para não comprometer nunca o primado absoluto do interesse público, quem as exercesse teria de ficar sujeito a um regime laboral específico (hoje, o Regime Geral da Função Pública/RGFP), onde deveres mais apertados (a exclusividade, o quadro disciplinar) eram contrabalançados por direitos mais amplos (emprego garantido, reforma garantida, horários de trabalho mais curtos). Funções do Estado e RGFP eram assim vistos como as duas faces de uma mesma moeda - e o facto de se tratar de funções cujo exercício não passava pelo mercado contribuiu para fazer desta asserção uma verdade indiscutível.

 

A dado momento, porém, a lista das funções estaduais foi aumentada com vários direitos (como o direito à saúde e o direito à educação) que, entretanto, haviam recebido consagração constitucional. Perante esta concepção mais alargada do que fosse a esfera pública, a resposta encontrada parecia assentar numa lógica inabalável: tratando-se de novas funções do Estado, que o funcionalismo público as assegurasse também - gratuitamente, ou quase. Afinal, à imagem do que acontecia, sem sobressalto, com as tradicionais funções de soberania. E lá vieram os profissionais de saúde/funcionários públicos, os profes-sores/funcionários públicos, e mais uns quantos funcionários públicos para executarem variadas tarefas.

 

Contudo, não era forçoso que assim fosse. Mesmo sem pôr em causa o princípio da gratuitidade, o Estado poderia reservar-se, apenas, o financiamento de tais direitos (colectando aqui para pagar acolá, servindo-se, para o efeito, do dispositivo fiscal) e confiar na iniciativa privada para os satisfazer. Tanto mais que os serviços que esses direitos requeriam, além de terem, havia muito, um mercado, não davam origem a conflitos de interesse substancialmente diferentes daqueles que ocorriam em qualquer empresa. Mas não. Entendeu-se, vá-se lá saber porquê, que não bastava ao Estado ser financiador – ele teria de ser, também, provedor desses direitos individuais que a Constituição reconhecia. E o número de pessoas abrangidas pelo RGFP, tal como o leque das profissões que o Estado teria de gerir, não mais parou de crescer. Dir-se-á que no plano estritamente financeiro a diferença entre Estado-financiador e Estado-financiador/provedor não é grande – sempre se poupando o lucro que a iniciativa privada, certamente, não desistiria de cobrar. Mas o argumento é, a vários títulos, falacioso: pressupõe que o custo de tais serviços é dado, independentemente de quem os prestar (o que está longe de ser verdade: a pressão da concorrência e a gestão também contam); introduz na administração pública um sem número de actividades que, por estarem dirigidas à satisfação de procuras individualizadas, pouco terão a ver com aquelas outras ligadas às tradicionais funções de soberania (com a consequente erosão da acção governativa); coloca sob o pesado acervo de direitos e deveres que compõem o RGFP profissões que vivem paredes-meias com o mercado (as discussões sem fim em torno da aplicação do princípio da exclusividade a médicos, enfermeiros ou professores são, disto, prova); conta com o dinheiro dos contribuintes para custear, sem perguntas incómodas, falhas e tempos de inactividade (o que não será propriamente um estímulo à eficiência); mais geralmente, arreda a iniciativa privada das funções que o Estado se arroga (deixando assim quem se pretendia proteger completamente exposto às vicissitudes financeiras de uma só entidade, o Estado).

 

Uma vez dado o passo leviano do Estado-financiador/provedor, como arrepiar caminho? “Entrar a matar” (tão ao gosto português), banindo da administração pública, de supetão, quem passe a ser considerado supérfluo, só adicionaria mais problemas (instabilidade, desmotivação, reacção, rupturas) a um problema já basto intrincado, sem melhorar, no imediato, a situação orçamental (o que se deixasse de pagar como remunerações pagar-se-ia como subsídios e prestações sociais, desconhecendo-se ainda hoje qual viria a ser o saldo de tudo isto). Esperar que o tempo remedeie seria prolongar por mais alguns anos uma situação de desequilíbrio financeiro que se agrava todos os dias (as outras rubricas da despesa pública, como as transferências para a segurança social, resistirão à espera?). E tanto num cenário, como no outro, o problema de fundo subsistiria incólume: a rigidez que o RGFP imprime às relações laborais do Estado-empregador. Enquanto se não desmontar a asserção que referi mais acima - enquanto o RGFP não ficar circunscrito, exclusivamente, às funções tradicionais de soberania, aplicando-se ao restante o regime geral dos contratos individuais de trabalho - conter a despesa de pessoal sem prejudicar o interesse público estará para lá do nosso horizonte. E, entretanto, que fazer? Perguntará o leitor. Boa pergunta!

 

Março de 2005

António Palhinha MachadoA.PALHINHA MACHADO

«O LODAÇAL»

Carlos Maia e Maria Eduarda.jpg


Apenas Carlos se sentou ao pé dela, D. Maria perguntou-lhe logo por esse aventureiro do Ega. Esse aventureiro, disse Carlos, estava em Celorico compondo uma comédia para se vingar de Lisboa, chamada o Lodaçal...
- Entra o Cohen? perguntou ela, rindo.
- Entramos todos, Sr.ª D. Maria. Todos nós somos lodaçal...

(Cap. X de “Os Maias”)


Vem o texto de Eça a propósito do artigo de João Miguel Tavares, bastante explícito na questão do dinheiro que nos foi emprestado para revitalizar o país e pagar a dívida pública e privada, apenas, a banca estando de boa saúde, ao que se pensava. João Miguel Tavares prova, contudo, que assim não foi, sucessivamente a nossa banca vai falindo, aqui, ali, acolá, os banqueiros fraudulentos usando os dinheiros públicos não para os guardar honestamente e os devolver quando lhes for pedido, mas em proveito próprio, não resistindo ao poderoso atractivo do sinistro “metal” que pode melhorar as vidas dos pobres, em súbitos paraísos de possibilidades, e as vidas dos ricos em concretizações de ilimitado poder, esquecidos uns e outros, dos efeitos desastrosos do toque da campainha para “matar o mandarim”, ainda segundo a concepção de Eça de Queirós, para se enriquecer, mesmo à custa da miséria que vai causar na família do mandarim.


Ninguém, obviamente, resiste a “matar o Mandarim” para ficar milionário e experimentar os eflúvios do poder e da riqueza sobre o mundo, esquecidos do conceito “pó” em que nos tornamos segundo a Bíblia, que ainda desconhecia os componentes galácticos em que os astrónomos recentes e os telescópios potentes nos submergem – pó, gases e estrelas à mistura, mais o buraco negro da absorção final aterradora.


Quando Ega recolhe à quinta da mãe, em Celorico de Basto, para se lavar dos maus sucessos da sua “estreia” em Lisboa, que julgara conquistar com o sucesso da sua verve satírica e da sua veia literária de contínua promessa irrealizada, já desde Coimbra, das suas “Memórias dum Átomo” e afinal descambando no escândalo da relação com a judia Raquel Cohen, mulher do banqueiro Cohen, não se tratava ainda das fraudes bancárias, pão nosso de cada dia dos nossos dias. De facto, o banqueiro Cohen, tendo descoberto o adultério da esposa na sua sordidez real, propusera as bengaladas indignadas da purificação, mas a precaução social fizera-o retroceder para a viagem de recreio e de esquecimento do casal apaziguado. Quanto ao humilhado Ega, promete – promessa naturalmente não cumprida - desancar Lisboa na comédia “O Lodaçal”, escrita à sombra das faias de Celorico. Um “Lodaçal” sobre uma Lisboa pedantemente instalada nas suas vaidades e hipocrisias convencionais, a par da pelintrice decadente de uma estrutura social de eterna mesquinhez cultural e física.


De facto, não se tratava ainda deste escândalo dos nossos tempos, de desvergonha e aproveitamento fraudulento do dinheiro alheio de que somos impunemente espoliados e que João Miguel Tavares põe a nu no seu artigo.


As perversões de oitocentos serviram à sátira mas não favoreceram a ética. E é provável que os nossos “banqueiros” consigam voar para outros Celoricos, não para esconder a vergonha que lhes falta, mas para provar ao mundo que se deve sempre matar o “mandarim”.

 

Berta Brás.jpgBerta Brás


Vem aí um novo resgate?

João Miguel Tavares.jpgJoão Miguel Tavares


Público, 24/12/2015


Durante anos, venderam-nos que o grande problema de Portugal – e a grande razão para a intervenção da troika – era a dimensão desmesurada da dívida pública e da dívida privada, e não a falta de solidez do sistema bancário. A falta de solidez do sistema bancário era o problema da Irlanda e da Espanha. A dimensão da dívida era o problema de Portugal e da Grécia. Só que, de repente, a gente olha à volta e percebe o quão profunda é a nossa miséria: afinal, o problema do país é tudo. É a dívida pública. É a dívida privada. E é a falta de solidez do sistema bancário.


João Duque escreveu há dois dias no DN que nós estamos “a pagar pela reputação do sistema financeiro”. Mas qual reputação, por amor de Deus? O BPN foi ao fundo e passámos um cheque de cinco mil milhões para salvar a reputação do sistema financeiro. O BES foi ao fundo e passámos mais um cheque de três mil milhões para salvar a reputação do sistema financeiro. O Banif vai ao fundo e passamos outro cheque de três mil milhões para salvar a reputação do sistema financeiro. E eu pergunto: quanto mais é preciso pagar para salvar a reputação do sistema financeiro? Não será preferível admitir de uma vez por todas que a reputação do sistema financeiro português está ao nível da reputação nocturna das esquinas do Técnico e partir dessa triste, mas muito simples, constatação para tentar encontrar uma solução definitiva para o problema, como fizeram os irlandeses e os espanhóis?


Se bem se recordam, aquando do resgate de 2011, no pacote dos 78 mil milhões de euros que a troika entregou a Portugal estavam previstos 12 mil milhões para a recapitalização dos bancos nacionais. Ao mesmo tempo que em Espanha se injectavam mais de 40 mil milhões nos bancos, com a possibilidade de chegar aos 100 mil milhões, em Portugal só metade do pacote financeiro disponível foi então utilizado. A banca parecia sólida, o BES dispensou ajuda para evitar que o FMI metesse o nariz nas suas contas, o país celebrou uma “saída limpa”, e o resultado é o que se está a ver: a troika partiu, a linha dos 12 mil milhões foi entretanto extinta, e subitamente as necessidades de capitalização dos bancos não param de aumentar.
Recordo que há 10 dias o economista João César das Neves já afirmava que o buraco do Banif poderia ser demasiado grande para as actuais capacidades do sistema financeiro português. “É possível que tenhamos de pedir ajuda internacional”, dizia ele. Eu sei que nestas coisas é preciso ter cuidado com os alarmismos – mas não me parece que até agora as práticas não-alarmistas tenham sido particularmente eficazes. Aquilo que estamos a assistir no Banif é a uma nova falha da regulação, a uma nova ocultação da dimensão do problema e a uma nova nacionalização de dívidas privadas, sem que, mais uma vez, haja tempo para discutir o que quer que seja.


Mas há mais. O buraco no Banif é astronómico, o último Expresso anunciava que a Caixa reclama 400 milhões de euros, toda a gente fala nas necessidades de capitalização do Novo Banco e de como esse número pode ser assustador, quase ninguém fala nas necessidades de capitalização do Montepio para que o país não morra de susto; junte-se a Caixa ao Banif, o Banif ao Novo Banco, o Novo Banco ao Montepio, e há uma pergunta que tem obrigatoriamente de ser feita: o país tem dinheiro para pagar tudo isto? Ou temos um segundo resgate à vista? Não me alarmem – mas digam-me, por favor, que eu gostava de saber.

NATAL BLOQUEADO

 

O Governo da Somália proibiu que se festeje o Natal. O ministro Sheikh Mohamed Kheyroow deu ordem às forças de segurança para impedirem festas de Natal em todo o país. O ministro anunciou o decreto no dia anterior ao Natal na rádio Mogadishu.


Enquanto a cristandade, na Europa, procura pôr em prática a solidariedade cristã com os muçulmanos abrindo-lhes as portas, os cristãos são descriminados e até perseguidos nos países de religião muçulmana maioritária; também no BRUNEI foi proibido festejar o Natal com o argumento de pôr em risco a “fé dos muçulmanos”!

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Mesquita no Brunei


Nos centros do poder não há coisa mais incómoda e atemorizadora, para os seus detentores, do que um bebé na gruta que inverte a perspectiva de consideração do poder.



POLÍTICA DE CLIENTELA – FAMILIARES DE TRABALHADORES DA CP COM TRANSPORTE GRATUITO

 

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No sentido do novo governo, a Comboios de Portugal (CP) concede, a partir de 1.01.2016, o acesso gratuito às viagens de comboio dos trabalhadores no activo, cônjuges e filhos (até 25 anos) e aos trabalhadores reformados. Atendendo aos bons ordenados dos trabalhadores da CP em relação a outros trabalhadores portugueses, torna-se questionável tal medida (natural para eles mas não para a família), dado quem paga a gratuitidade das viagens dos familiares dos trabalhadores da CP serem os contribuintes e os outros clientes da CP que têm de comprar os bilhetes mais caros. Seguindo a mesma lógica, os empregados bancários e familiares não precisariam de pagar juros, os professores e empregados do Estado deveriam ser isentos de impostos, etc. O mesmo desperdício e irresponsabilidade se encontra no que toca à utilização das viaturas do estado muitas vezes utilizadas privadamente. Menos partidária seria uma medida em que as viagens de alunos e estudantes fossem gratuitas. Isto fomenta a realidade de que para muitos o Estado se torna para muitos numa vaca leiteira.


PILATOS PARECE MAIS DISCRETO E HONRADO NA DEFESA DO PODER DO QUE OS RIVAIS POLÍTICOS DO PODER DE HOJE

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Pilatos não difamava o rival, lavava as mãos e o seu rosto argumentando com a vontade do povo, para o que fazia! Os adversários políticos de hoje atacam-se uns aos outros difamando-se mutuamente. Uns procuram apoderar-se da economia, os outros procuram apoderar-se do Estado e das suas instituições. Na discussão política aqueles que se encontram do lado de uma facção do poder lutam renhidamente contra a outra sem revelarem a motivação dos interesses egoístas que defendem. O povo inocente continua a acreditar que a verdade se deixa definir em termos de alternativa, acreditando que ela se encontra ou de um lado ou do outro e, deste modo, apoiam eternamente o domínio dos rivais poderosos que se alternam no exercício do poder. Por outro lado, o grande poder económico ri-se das grandes vitórias ideológicas deste ou daquele partido. Todos lhe beijam a mão.

 

O QUE DISSE O PAPA SOBRE O NATAL

 

Papa Francisco.png

“O Natal costuma ser sempre uma ruidosa festa; entretanto se faz necessário o silêncio, para que se consiga ouvir a voz do Amor.

Natal é você, quando se dispõe, todos os dias, a renascer e deixar que Deus penetre em sua alma.

O pinheiro de Natal é você, quando com sua força, resiste aos ventos e dificuldades da vida.

Você é a decoração de Natal, quando suas virtudes são cores que enfeitam sua vida.

Você é o sino de Natal, quando chama, congrega, reúne.

A luz de Natal é você quando com uma vida de bondade, paciência, alegria e generosidade consegue ser luz a iluminar o caminho dos outros.
Você é o anjo do Natal quando consegue entoar e cantar sua mensagem de paz, justiça e de amor.

A estrela-guia do Natal é você, quando consegue levar alguém, ao encontro do Senhor.

Você será os Reis Magos quando conseguir dar, de presente, o melhor de si, indistintamente a todos.

A música de Natal é você, quando consegue também sua harmonia interior.

O presente de Natal é você, quando consegue comportar-se como verdadeiro amigo e irmão de qualquer ser humano.

O cartão de Natal é você, quando a bondade está escrita no gesto de amor, de suas mãos.

Você será os “votos de Feliz Natal” quando perdoar, restabelecendo de novo, a paz, mesmo a custo de seu próprio sacrifício.

A ceia de Natal é você, quando sacia de pão e esperança, qualquer carente ao seu lado.

Você é a noite de Natal quando consciente, humilde, longe de ruídos e de grandes celebrações, em silêncio recebe o Salvador do Mundo.

Um Feliz Natal a todos que procuram assemelhar-se com esse Natal.”
Papa Francisco

 

BOAS FESTAS

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 António da Cunha Duarte Justo

AINDA O BANIF - TRÊS PERGUNTAS

 

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1. Por que razão é que duas semanas antes da venda do Banif, uma fuga de informação lançou o pânico e determinou a corrida aos depósitos, com a consequência desvalorização do banco perante investidores e a venda a preço de saldo? Os problemas no Banif não começaram em dezembro de 2015. Começaram em 2008. Acontece que em 2015, o Banif perdeu mais em 15 dias do que em vários anos anteriores. O motivo: uma simples notícia. A TVI divulgou que estava tudo "preparado para o fecho do banco". "A parte boa iria para a CGD" e haveria "perdas para os acionistas e depositantes acima dos 100 mil euros". Ato contínuo, mil milhões de euros em depósitos voaram. A divulgação cirúrgica e alarmista aconteceu no exato momento do epílogo negocial. Sucede que poucos conheciam os detalhes da operação. Sendo factual que a notícia coincidiu com a vontade do Governo, na intenção da integração do Banif na CGD. Significa que o que tinha de ser reservado trespassou para o conhecimento geral. Não foram apenas os trabalhadores, clientes e acionistas do Banif que foram prejudicados. Foram os contribuintes chamados a suportar os encargos, agravados em razão disso para valores absurdos.

 

2. Por que razão é que a solução que o Governo dos socialistas - amparado por bloquistas e comunistas - decidiu foi encontrada nove dias antes da entrada em vigor de novas regras europeias, que eventualmente determinariam menor custo para os contribuintes portugueses? No próximo dia 1 de janeiro de 2016 entrará em vigor a nova diretiva europeia do resgate bancário, que independentemente da salvaguarda de depósitos, inclui os seus titulares na hierarquia daqueles que serão chamados no auxílio dos bancos em dificuldades. Em Itália foi notícia que três bancos - Carife, Etruria e Banca Marche - seriam intervencionados segundo as novas regras. O Governo português optou pelas antigas. Porquê?

 


3. Por que razão é que o BES significava cerca de 20% de quota de mercado e o Banif cerca de 4%, mas o esforço dos contribuintes na solução não respeitará essa proporção? O Novo Banco recebeu uma injecção de capital de 4,9 mil milhões de euros. Destes, 4,4 mil milhões de euros resultaram de um empréstimo do Estado e 500 milhões de euros foram suportados pelo fundo de resolução. Significa que o Estado poderá ter a expectativa de ressarcimento do seu crédito, considerado também o valor da venda do Banco. O Banif receberá uma injecção de capital de mais de 2,1 mil milhões de euros, a suportar em cerca de 1,7 mil milhões de euros pelos contribuintes. Não serão precisas muitas contas para se perceber que algo aqui não bate certo. A geringonça terá muito que explicar.

 

Jornal de Notícias, 24.12.2015

Nuno Melo.jpgNUNO MELO

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