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A bem da Nação

«A FEBRE DE SÁBADO À NOITE», EM METÁFORA

 

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Dois artigos a não perder – de Vasco Pulido Valente e de Alberto Gonçalves – que procuram servir de alerta às consciências de um país que se digladia em ira contra o Governo, em falso entusiasmo por um ridículo PS, a socorrer-se de truques e de apoio nos anciãos que procuram vir à baila da notoriedade, mais pelo seu passado “democrático” do que no desejo de salvar o presente de que muitos desses “passados” são responsáveis, que todos comeram na gamela do aproveitamento pessoal. Um país que passeia a sua má criação acentuada através também das moças do estilo Louçã, quer a soturna Mortágua quer a maternal Martins, senhoras do seu ódio, da sua demagogia, merecedores do culto paroleiro ou simplesmente juvenil nacional, porque jovens ainda, podendo seduzir com os seus discursos de serenidade e bonomia aparentes, sem tanto espumar viperino do estilo do seu antecessor, mas certeiro na penúria da argumentação assestada para o bota-abaixo do radicalismo unilateral, que se me desculpe a redundância.

Berta Brás.jpg Berta Brás

 

Há milagres?

Vasco Pulido Valente.png Vasco Pulido Valente

Público, 27/09/2015

 

O espectáculo da campanha já não se aguenta. Não deve haver ninguém em Portugal inteiro que não esteja farto de abraços, de frases, de jantares e dessa inovação que se destina a caçar à má-fé o cidadão desprevenido e que se chama “arruada”. Nenhum dos políticos que por aí se mostram diz nada que possa remotamente interessar ao país. Só varia o tom.

Passos Coelho exibe a sua voz doce com uma inacreditável paciência. Costa passou do estilo Messias para uma agressividade crescente e crescentemente disparatada. Esta semana foi buscar o BPN e o negócio dos submarinos (que tem 20 anos). Por que não os crimes de Calígula ou os pecados de Salazar? Ele grita, ele ameaça, ele promete e até dá pulinhos de entusiasmo como um índio para convocar o espírito da guerra.

Entretanto, caso muito estranho, as conferências de peritos na televisão discutem ardorosamente as razões por que ele vai perder. Estão a pôr as barbas de molho? Acreditam mesmo que percebem Costa e o seu bando? O próprio Costa acredita ou dá a impressão de acreditar. Um dia declara que não tenciona aprovar o orçamento da coligação (que ele, de resto, não conhece). No dia seguinte, anuncia que impedirá um eventual governo da direita, porque ele é o único homem capaz de criar um consenso nacional e garantir a estabilidade. Não se sabe se trouxe estas manias da Câmara de Lisboa ou se o ataque de nervos foi recente. Mas muita gente abre a boca de espanto com estas novas pretensões do homem que dividiu o PS e laboriosamente se afastou da esquerda radical com um grosso programa, que dez sábios lhe fabricaram por amor.

Seja como for, os seus fiéis lamentam que ele, a última esperança antes do desastre, ande tão sozinho. Os novos “barões” do partido (que o país nunca viu) aparecem pouco e não se recomendam. Os velhos ficam em casa. E foi preciso ir buscar ao fundo do saco antiguidades como Basílio Horta, que dois terços dos portugueses julgam que viveu na 1ª dinastia. E, no entanto, o PS persiste em transportar de autocarro a grande “base” do partido, para eleger o taumaturgo que irá resolver os problemas da Pátria com a facilidade com que o CSI descobre o assassino. É facto que ele não explica como e que não se vê no PS nenhuma tendência para o salvar das feras. Mas, de quando em quando, há milagres.

 

Oito pecados de campanha

por

Alberto Gonçalves.jpg

DN, 27/9/15

 

Currículos

Dos submarinos à "roubalheira" do BPN, passando pelo "buraco gigantesco" do Novo Banco que o programa do PS "acomodará" sem dramas, as notícias das sondagens levaram o Dr. Costa a investir na sofisticação dos argumentos. Mas nenhum vence o de acusar Passos Coelho de passar por empresas "de objecto social obscuro". É justo, dado que o Dr. Costa passou a vida inteira numa empresa cujo "objecto social" é claríssimo: o PS, especializado em estrafegar as contas públicas e deixar-nos a factura. Também por isso é ridículo sugerir que o desespero das "saídas" profissionais orienta a campanha do homem. Desde que os amigos de Sócrates e os amigos de Seguro sofram de amnésia, o Dr. Costa tem o futuro garantido. E ainda há a Quadratura do Círculo.

Economia

Mais engraçado do que o esforço de certos media para esconder os sinais de (alguma, sosseguem) recuperação económica só o desgosto da oposição ao recebê-los. Antes, o aumento do desemprego, a subida da dívida, as quedas no rating e o tombo das exportações provavam o advento do Apocalipse. Agora, as tendências inversas ou não existem ou não contam ou não são credíveis. Típico: nada ofende tanto um "activista" contra a pobreza quanto um novo-rico. Ou um ex-pobre.

Empates

Por obra e graça da licenciatura que em embaraçosos tempos adquiri (com nota 19 a Estatística, lindo menino), sei o que é uma margem de erro e um intervalo de confiança. Até o teste do chi-quadrado me é familiar. Mas não é preciso um curso para estranhar que os comentários às sondagens insistam tanto na questão do "empate técnico". Claro que, tecnicamente, o tal empate é plausível: tão plausível quanto, em certos casos, a maioria absoluta da coligação, cuja possibilidade ninguém refere. É o velho tique de confundir a análise com o desejo. E o velhíssimo problema do enviesamento na amostra dos analistas, a que o jargão do ramo também chama excentricidade. É uma palavra adequada.

Governo

Por hábito e preguiça, todos se queixam do que se discute na campanha. Ninguém se preocupa com o que a campanha discute. Um governo? Não parece. À "direita", a coligação só se aguentaria com uma maioria parlamentar que hoje se mostra improvável. À esquerda, o PS só alcançará a maioria mediante posteriores acordos, alianças ou fusões com os dois partidos comunistas. Entre a balbúrdia e a demência, nada do que sair do 4 de Outubro promete ir muito além dos seis meses da lei. Por isso, é preciso calma: no fundo, as "eleições mais importantes da história da democracia" contam pouco. Em Abril ou Maio, se o que aí vem não for de fugir entretanto, cá estaremos.

Metáforas

Apesar de a CNE considerar tratar-se de uma metáfora, o PCTP removeu os cartazes que berravam "Morte aos traidores!". É pena, e mais um passo na legitimação da hipocrisia reinante. Afinal, o PCTP era o único partido comunista com a sinceridade suficiente para confessar, ainda que metaforicamente, o desejo de tantos: matar os "traidores", leia-se os lacaios do capital, a burguesia, nós todos. Serve de consolo o facto de a retirada dos cartazes não significar o fim da ambição que move aquele bando de potenciais assassinos (metáfora). Nem da carreira do respectivo chefe, um sujeito com ar de quem não toma banho desde 1973 (metáfora) que, em países exóticos, passa por advogado (metáfora).

Revelações

Numa almoçarada do Bloco, Catarina Martins afirmou, com alarme, que a escola pública nunca começou tão tarde quanto agora. Jura? Antes da adesão à CEE, e da mania de que a modernidade consiste em encarcerar fedelhos, o ano lectivo começava sem excepções em Outubro. À força de repetir mentiras assim desastradas, a Dra. Catarina subiu a "revelação da campanha". A política caseira beneficia de imensas "revelações". Por acaso, são quase sempre do Bloco de Esquerda (há meses, a revelação era a filha de Camilo Mortágua), e raramente produzem uma afirmação que sobreviva ao escrutínio da realidade. Os jornalistas e comentadores que atribuem a distinção saberão explicar o primeiro facto, embora não convenha questioná-los sobre o segundo.

Rua

É na "rua", no "contacto directo com o eleitorado", que os líderes políticos "sentem" que a sua "mensagem" está "a chegar às pessoas". Não importa se as pessoas são cinco transeuntes incomodados pela interpelação dos senhores do Livre ou uma excursão de tristes, com autocarro e merenda, paga pela junta de freguesia vizinha para abrilhantar as recepções ao Dr. Costa ou ao Dr. Passos. Os líderes ouvem gritar o seu nome e, naturalmente, fingem concluir que o povo os venera com zelo. Alguns, os chamados casos perdidos, começam a acreditar de facto.

Sócrates

Todos garantiam que, sobretudo depois de ser transladado para casa, José Sócrates influenciaria decisivamente a campanha. Até ver, surgiu sob a forma de exemplo a evitar no primeiro debate entre Passos e Costa, e, em fotografia anónima, num pastiche da Última Ceia. Não é impressionante: é o possível de alguém que, sob o aplauso de oportunistas, julgou ter a importância que nunca teve. E é, se não me engano, o estertor de um morto político. Claro que Sócrates ainda vai a tempo de aparecer, com auréola e pizza, à janela da Rua Abade de Faria ou em desabafos na imprensa. Mas já será o recurso cenográfico de um zombie.

 

CARAVANA PRIVADA EM BUSCA DE REFUGIADOS

 

UMA INICIATIVA À REBELDIA?

Accionismo devido a Falta de Informação objectiva

 

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Na sexta-feira passada 25.09, tal como informa VISÃO, partiram de Portugal 6 automóveis com destino à Hungria/Croácia/Eslovénia (a caminho decidir-se-ão), no intuito de voltar a Portugal com os carros “cheios de refugiados”. “Seis carros – sete, a contar com o da equipa da SIC –, cada um com duas pessoas, um piloto e um co-piloto…” reza a VISÃO. Os activistas pensam com esta acção dar uma bofetada na burocracia dos Estados europeus e “gastar provavelmente o que gastaríamos numa semana de férias” e talvez ajudá-los até ver. Que ideias fazem da situação Nuno, Pedro, Vera, Abdul e outros colaboradores da iniciativa? Tudo isto em nome e à responsabilidade de quem? Para imigrantes é suficiente a improvisação e o mostrar boa vontade?

 

Uma tal acção será legítima se as pessoas que transportam os refugiados se comprometerem a dar guarida, formação e emprego aos refugiados enquanto estes não puderem viver à custa própria e se suponha que tal acção seja coberta pelas autoridades, doutro modo correriam o perigo de serem inculpados de passadores (Na Alemanha estão 1.500 pessoas em observação por cumplicidade de negócio de tráfico com refugiados; naturalmente que estes não poderão ser comparados com sentimentos de bondade espontânea). Com acções do género servem-se, por vezes, mais os jornais do que os afectados pela injustiça.

 

Armar-se em samaritanos à custa do Estado ou de outros, que depois terão de assumir responsabilidade pelos refugiados, cheira a leviandade criticável, ingenuidade pura ou cumplicidade; tudo isto pode ser encarado como o accionismo da UE que agora começa a acordar, porque começa a sofrer as consequências dos formatos que ajudou a criar ao desestabilizar a Síria e outras nações apoiando o terrorismo daqueles que usam de movimentos populares por vezes bem-intencionados.

 

Os autoproclamados bombeiros da necessidade, agem como se refugiados, na condição de pobres estivessem dispostos a aceitar viver em qualquer condição e como se Portugal tivesse aberto as fronteiras aos imigrantes. Aqui na Alemanha tem havido revoltas entre refugiados alojados em centros de acolhimento, embora as autoridades alemãs se esforcem imensamente por os ajudar; estas são secundadas pelo povo com iniciativas de apoio e ajuda com bens materiais e no ensino da língua, condição essencial para os imigrantes se autoafirmarem no mercado! Um exemplo: refugiados acolhidos numa caserna e a viver provisoriamente como vivem os soldados em geral consideram tal situação desumana.

 

Com isto não quero levar pessoas a olharem para o lado! A responsabilidade deve perceber o que está deveras a acontecer e a complexidade da situação de uma crise reveladora de situações desumanas em que se encontram inocentes, vítimas, muitos necessitados (à procura de maior felicidade) mas também, entre eles, pessoas com energia criminosa; em tal situação só o Estado ou organizações humanitárias terão a competência para ajudarem efectivamente sem correrem o perigo de uma ajuda questionável só para inglês ver!

 

Não chega dar peixe, é necessário ensinar a pescar, já sabia o nosso povo! A Síria está a ser sangrada e a ver-se envelhecer vendo os seus jovens a fugir e estados como a Turquia interessados em continuar a guerrilha não são questionados. Com a crise dos refugiados continua a desviar-se a bola para canto.

 

Ao cinismo europeu e americano (intervenção no Afeganistão, destruição dos Estados no Iraque, na Líbia, na Síria e instabilização de toda África do norte, aos interesses concorrentes entre Turquia e Irão) segue-se uma reacção afectiva em relação ao êxodo provocado que se pode tornar tão questionável como o cinismo. O mau desenvolvimento na Europa em consequência das duas grandes guerras não pode ser argumento justificador de políticas à deriva ou à vela dos ventos de ideologias e dos interesses xiitas ou sunitas.

 

A Europa e cada europeu precisam de maior reflexão sobre o que se faz e o que se deixa de fazer: política de investimento nos referidos países para que os cidadãos não se vejam obrigados a emigrar na procura legítima de uma vida melhor! Precisa-se do empenho de todos, instituições e cidadãos, numa acção conjunta, não para fortalecer o próprio ego em actividades publicitárias de relações públicas à custa de “refugiados inocentes” mas para colocar a humanidade e a justiça no centro do agir individual e político!

ACDJ-Prof. Justo-1.jpg

António da Cunha Duarte Justo

«COM QUE ENTÃO CAIU NA ASNEIRA»

 

 

O Artur e a Beatriz fazem anos neste dia:

Comprei na papelaria

Um postal para escrever

Uns dizeres a condizer

Com o desenho requintado

Que em cada um havia.

O postal da Beatriz

Continha uma princesinha

Numa torre bela e esguia

E enigmática;

O do Artur uma mota azul

Bem bonita por sinal,

E carismática,

Que foi tema doutra escrita

Na rima tão corriqueira

Da brincadeira,

Que termina num abraço

A festejar este dia

De estardalhaço -

- Pelo menos na escola

Onde cada aniversário

É festejado

Com um bolo no recreio

Que sou eu que faço

Porque a mãe da Beatriz

Diz

Que não tem jeito

E é meu o feito

Do bolo de laranja

Sem defeito

Que nem canja.

No postal do Artur

Com a tal mota azul

Foi escrito com calor:

BB-moto azul.png

Que o motor da tua mota

Seja um motor a valer

Na estrada por vezes torta

Que a vida nem sempre atenta

Se lembra de desdobrar

Para nós sem muito tento,

Dentro do nosso parecer.

Mas tudo será melhor

Se soubermos bem olhar

E admirar

O que a vida oferecer

Em todo o seu pormenor…

Com um beijinho de amor

Da tua mãe e do teu pai

Sem mota mas com motor.

No postal da Beatriz

Uma menina feliz:

BB-Princeza na torre do castelo.jpg

Uma década passou

E tanto que aconteceu!!!

Nem sei como isto conte!

E a princesa de dez anos

Na torre do seu castelo

Perscruta o horizonte

Com um óculo semelhante

Ao dum pirata assaltante

De uma nau do Oriente.

E eis que vê lá adiante

Subindo por trás dum monte

Um belo balão vermelho

Que a faz ficar radiante,

A pensar que o ano à frente

Vai ser de sucesso igual

Ao que passou, afinal,

Pois não há razão para crer

Que ele seja diferente.

Parabéns com muito amor

À princesa Beatriz

Do Vitorino e da avó Berta

Neste dia de um natal

Especial…

Berta Brás 2.jpg Berta Brás

UM ELEVADOR TRANSFORMADO EM FERRADURAS

 

Da Revista OLISIPO de Outubro – 1943

 

O Diário Ilustrado, jornal da velha Lisboa, datado de 10 de Abril de 1896, entre muitas notícias, como uma “de um tal sr. Décio que dizia: “só os cretinos podem afrontar o génio poético do sr. Guerra Junqueiro”, também relata largamente o lançamento da ponte do ascensor da Biblioteca, que teve lugar dois dias antes, obra da extinta Empresa Industrial Portuguesa dirigida então pelos Eng. Baerleim, Lacombe e Rolim Júnior, na qual trabalhou Raul Mesnier de Ponsard e Stuart Mac-Nair, que é hoje missionário evangélico no Brasil e onde também exerceram enorme acti­vidade três homens ainda de grande nomeada no círculo metalúrgico nacional: Lambert Dargent e os já falecidos Manuel Cardoso e Silvério Vieira que mais tarde uniram os esforços na firma Cardoso, Dargent & Ciª., de que são actualmente sucessores José Marques Cardoso, Tomás de Azevedo e Silva, Eng. Martinho, João Matos e Manuel Hipólito, sob a firma L. Dargent, Ldª.

 

A ponte do elevador, que há poucos anos ainda cruzava a Calçada de S. Francisco, tinha dezasseis metros e foi corrida, desde o jardim do Visconde de Coruche até à coluna do ascensor. «O hábil assentador, sr. António Silvério Vieira, – dizia o Diário Illustrado – com os seus operários a postos, podendo transmitir do cimo da torre, por meio de porta-voz, para os guinchos, as suas ordens, colocou à boca do porta-voz, ao cimo das torres, para maior confiança, o mestre Joaquim Silvério Ferreira, seu irmão, duplamente irmão pelo sangue e pelo merecimento”. Estava-se então em 8 de Abril de 1896.

 

O objectivo do Dr. Aires de Campos, animador da iniciativa e seu financiador, não teve o êxito de ordem material que se esperava. O elevador sempre deu pouco. Em 1915 foi doado à Câmara, que poucos anos decorridos, acabou com a exploração. Os portões do Largo de S. Julião e do da Biblioteca (ambos com o N.º 13) foram encerrados.

 

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Calçada de São Francisco ainda sem os famosos eléctricos “28”

 

O óxido de ferro começou então, qual sarampelo, a atacar a coluna e a ponte do elevador e, já quando o mal alastrava em demasia, a Câmara resolveu desmon­tá-las. Da primeira destas tentativas já fizemos referência no Diário de Notícias, de 14 de Outubro de 1937, ao relatar o convite feito pelo construtor José Maria Simões Júnior ao técnico montador António Silvério Vieira para dirigir a desmon­tagem. Era tarde demais. A avançada velhice já lhe tinha feito estragos tão grandes que a empresa era-lhe impossível. A Câmara Municipal pôs então o ascensor em praça em Dezembro de 1926, e a União de Sucatas, Ldª, ou mais popularmente, o Nobre das Sucatas, rematara-o por cinco mil escudos, desmontagem de sua conta e com isenção de licenças camarárias. Na Imprensa, porém, houve quem se insurgisse contra o desaparecimento do elevador, pelo que a arrematação foi invalidada. Passados tempos, contudo, a Câmara tornou a pô-lo em hasta pública e, como ninguém aparecesse para licitar, o ascensor foi a leilão pela terceira vez, tendo sido novamente arrematado pela União de Sucatas, Ldª, mas, então, só por 1.209$00, ficando, todavia, pertença da C.M. L. a cadeira e o maquinismo.

 

Ainda não há muito vimos num dos armazéns do Nobre a lápida de bronze, com o brasão da cidade, que esteve afixada à entrada do elevador, desde que o antigo proprietário o doara à Câmara:

 

FGA-Conde do Ameal.jpg

 

Um belo dia, porém, entrou na União das Sucatas um ferrador de Bucelas – o Artur Felisberto – que viu no ferro todos os requisitos para o poder transformar em ferraduras. Associou à compra um ferreiro da localidade, Manuel Maurício, hoje já falecido, e o velho ascensor da Biblioteca desceu então – desceu pela última vez – desceu ingloriamente à categoria de ferraduras das alimárias que calcorreiam os povoados dos vales pingues dos rios Trancão e Arranhó *.

 

* O rio Trancão nasce em Póvoa da Galega e entra no Tejo perto de Sacavém, e o Arranhó... devia ter existido entre Arruda dos Vinhos, Bucelas e Arranhó!

 

Vale a pena, a quem se interessar, ver o blog

http://historiaschistoria.blogspot.com.br

de onde se tiraram estas informações complementares

 

 

 

Francisco Gomes de Amorim, Junho 2013, Lisboa.jpg Francisco Gomes de Amorim

SIMPLESMENTE QUADRATURA

 

Quadratura do Círculo.png

 

Quando as coisas correm a favor dos nossos ideais, as sondagens até que nos dão descanso e podemos dizer coisas amáveis, ou, pelo menos, aparentemente isentas. Mas as sondagens ultimamente mostram vantagens para a Coligação e a Quadratura do Círculo revelou-se extraordinariamente assomadiça, no que toca a Pacheco Pereira e a Jorge Coelho, via-se bem que estavam irados aquando das explicações rancorosas de tal descalabro em que nenhum deles quer acreditar, Jorge Coelho explicando que só no dia 4/10 é que se decide o ganhador, Pacheco Pereira, com ar modestamente iluminado, de quem descobriu a pólvora - que Lobo Xavier, aliás, desmascararia como coisa explicável pelo conhecido - (não de mim, confesso) - método de Hondt - munido de papel e marcador vermelho, dividindo um rectângulo em duas partes desiguais – direita e esquerda – com vantagem para a esquerda, contendo todos os grupos da não governação, estranhando que num país nitidamente virado à esquerda, pois passou a incluir nela o PS, sem ressalvas, era uma escassa direita que governava. Lobo Xavier também achou que era cedo para triunfalismos, e que a tendência das sondagens era para um empate técnico, o que, aliás, Jorge Coelho igualmente corroborou, mais desanuviado. Mas Pacheco Pereira via-se que estava extremamente nervoso, falando na empáfia do PSD e acusando Paulo Portas de ser afrontoso para o país, ao percorrer os estaleiros de Viana como território ocupado, embora Lobo Xavier desmascarasse a perfídia de Pacheco, lembrando que essas passeatas são vulgares nas campanhas eleitorais e que, se o passeio fosse do PS já isso faria sentido para Pacheco Pereira…

 

Enfim, eu estava a ouvir meio abananada, e logo comentei com o meu marido a atitude de “mau perder” de P.P, embora nem sequer houvesse motivos para crer em derrota do PS, num país de tantos PPs presunçosos e não seguidores do lema latino que os três ou quatro mosqueteiros seguiam, já nos tempos de Richelieu – «Unus pro omnibus, omnes pro uno» – cada um avaramente apenas seguidor da sua própria pessoa, de um modo geral. E o meu marido falou naqueles outros heróis antigos, dos princípios da revolução – Freitas do Amaral, Basílio Horta … - que já foram CDS e agora apoiam Costa, com todo o peso das suas importâncias, chamariz de outros amigalhaços. Como se pode mudar assim? Nesses tempos da Revolução eu era jovem, Freitas fora meu herói, ele sabia dizer coisas equilibradas, que eu precisava de ouvir, na revolta contra a destruição pátria que vivia. Mas realmente, nunca Freitas se pronunciou sobre o meu “Cravos Roxos” que lhe enviei, com o calor da minha admiração de então. Os cravos para ele nunca foram, de facto, roxos, tal como para os manobradores da nova pátria.

 

Quanto a Pacheco Pereira, ainda nos interrogámos sobre se ele faria parte do mesmo grupo apoiante de Costa, mas achámos que não. Também ele mudara, diz-se, de MRPP para PSD, mas as suas flutuações levam-no indiscutivelmente, por dever de consciência – talvez quadrada - ao primitivo grupo revolucionário. Ou, definitivamente, a si próprio.

 

Berta Brás.jpg Berta Brás

POLÍTICOS SOMOS TODOS NÓS

 

ANKARA - Parlamento.jpg

 

 Há dias, num diálogo animado sobre as próximas eleições de 4 de Outubro, um amigo meu dizia-me que só não voltará a abster-se se alguém, integrando uma força política, lhe garantir a observância escrupulosa dos seguintes requisitos: Ética; Integridade; Responsabilidade; Respeito pela lei; Respeito pelos direitos do próximo; Transparência. Em suma, ele queria ver rostos humanos que incarnassem a expressão inequívoca daqueles princípios. E poder-se-ia até adiantar mais alguns princípios, mas o risco seria o de se acotovelarem, tal a largura da ética que deve presidir ao exercício da política.

 

Retorqui-lhe que há momentos na vida em que temos de largar o balão da utopia para aterrar no chão firme da realidade, já que esta é inevitavelmente o resultado daquilo que somos e construímos. Percebi que o desencanto do meu amigo se deve em parte ao sistema eleitoral vigente, que nos impede de votar directamente em quem nos representa, circunstância ainda mais perniciosa quando o comum das pessoas vota num programa eleitoral sem sequer o ler e, portanto, sem conhecer o seu conteúdo concreto. No entanto, a descrença do meu amigo tem um fundamento mais amplo que, diga-se de passagem, é comum à generalidade dos cidadãos: o pouco crédito da nossa classe política, tida como inepta, incompetente e corrupta.

 

Mas deve tal situação ser encarada como uma fatalidade, a ponto de afrouxar o engajamento dos cidadãos nas causas públicas, desviando-os até do elementar dever do exercício do voto? Penso seguramente que não.

 

Deduzi que para esse amigo aqueles requisitos que considera essenciais para o merecimento do seu voto só podem habitar no espírito de homens providenciais ou predestinados. Homens que flutuem acima do comum dos cidadãos, que vivam numa redoma que os mantenha imunes às contaminações da vida real. E então perguntei-lhe se temos de imitar Diógenes e andar por aí em pleno dia com uma candeia acesa à procura de um “Homem” para nos guiar. Saber se é mesmo imperioso descobrir um “Homem”, que o mais certo é não existir, para revitalizarmos as nossas esperanças de arrumar condignamente a casa comum.

 

Ora, é a história do fenómeno político que demonstra que o caminho não pode ser esse, porque não leva a parte alguma. Tempo houve em que se acreditou que Salazar era conjunturalmente esse “Homem”. Hoje sabemos bem no que isso deu. Salazar arrumou as contas públicas e acumulou ouro, é certo, mas deixou um país pobre, atrasado, desindustrializado, analfabeto, privado de liberdades cívicas e isolado internacionalmente. Mais recentemente, outros terão visto no Cavaco Silva um homem providencial em determinado momento, ainda que poucas provas públicas tenha dado antes para merecer semelhante crédito. Hoje, sabemos o que verdadeiramente vale Cavaco Silva como político. Governou em tempo de vacas gordas, mas não teve rasgo, sequer coragem política, para ousar empreender as grandes reformas do Estado que poderiam ter carrilado o país para um futuro de maior progresso social e estabilidade das contas públicas. Fora do poder, apareceria mais tarde a criticar o “monstro da despesa pública”, quando foi ele o seu criador e o principal responsável pelo esbanjamento perdulário dos fundos comunitários. No actual cargo de presidente da república, a máscara caiu-lhe de forma tão flagrante que ele acaba por ser um perfeito paradigma da falácia do homem providencial.

 

Sucede que a maioria dos votos dos portugueses tem sido canalizada para aquilo que alguns designam por “Centrão”, constituído pelos partidos do arco do poder. Não será uma grande descoberta sociológica concluir que os que normalmente votam no “Centrão” são os mesmos que apoiaram Salazar ou votaram maioritariamente em Cavaco Silva. De resto, convém recordar aos esquecidos que cerca de uma semana antes do golpe militar do 25 de Abril, o chefe do governo, Marcelo Caetano, foi alvo de uma mega manifestação de apoio popular na Praça do Comércio. Terá certamente incorporado muitos dos que consagraram a Revolução de Abril no primeiro de Maio seguinte. Não há que iludir, há uma maioria sociológica que pendularmente oscila entre o PSD e o PS, maioria que, para o bem e para o mal, espelha o que somos e o que queremos, o que permite inferir que os defeitos genéricos dos nossos políticos mais representativos só podem provir do húmus nacional.

 

Em 2007, o filósofo José Gil publicou o seu ensaio intitulado “O Medo de Existir” em que denuncia as características negativas da sociedade portuguesa, considerando-nos imersos num nevoeiro existencial que não nos liberta para a “Inscrição” nas grandes causas colectivas. É a sua teoria da “Não Inscrição”. É de uma evidência inegável que todos nós padecemos dos mesmos defeitos que não queremos ver nos nossos políticos, como se fosse possível aos genes reconverterem-se em função do estatuto social e cultural. A inveja, o queixume, a insídia, o despeito, o conformismo, a fuga à responsabilidade e aos deveres cívicos elementares (abstencionismo eleitoral), a atitude emotiva e superficial, tudo isto é o que nos aprisiona efectivamente no círculo de uma distopia que não conseguimos esconjurar nem com o arranque daquele “dia inicial inteiro e limpo” em que acreditou piamente a Sophia Mello Breyner. Antes de questionarmos a ausência de virtudes em quem nos representa, temos de indagar em que medida podemos ver legitimadas as nossas queixas, se afinal de contas é a nação no seu todo, sem exclusões elitistas, que padece do vício da “Não Inscrição”. Muitos se referem depreciativamente ao “Centrão”, mas não se lembram de que essa construção sociológica traduz uma vontade maioritária e fideliza uma escolha de meridiana identificação ideológica, que exclui epidermicamente a via para as opções de cariz totalitário ou aventureiro. Só por isso, razão há para alguma tranquilidade cívica, fazendo-nos supor que em princípio o nosso país estará arredado de uma instabilidade política e social como aquela que assolou recentemente a Grécia.

 

Quanto ao resto, e designadamente sobre as causas genéticas dos nossos bloqueamentos cíclicos ou das enfermidades da nossa classe política, poderia insinuar-se a conclusão de que talvez não estejamos talhados para a democracia. Não me atrevo sequer a ir por aí, até porque a solução homem-providencial também já demonstrou que nada vale. Contudo, será sempre necessário pôr o dedo nas nossas feridas colectivas, e isso passa por revisitar as malogradas experiências liberais do passado. Observando o falhanço da monarquia constitucional e da primeira experiência republicana, poderíamos inferir, sem perigo de grande calinada na análise histórica, que o Liberalismo pode não ter contribuído desde logo para cimentar a consciência cívica nacional, ao invés do que pensaram os seus mentores, dentro dos princípios abstractos e genéricos de que a soberania nas mãos do povo só poderá trazer benefícios à Nação, nomeadamente o fortalecimento do sentimento de patriotismo e de unidade nacional. Mas, como diz Karl Popper, “uma utopia liberal é inexequível quando um Estado é projectado racionalisticamente sobre uma tábua rasa destituída de quaisquer tradições”. Esta afirmação obriga, com efeito, a questionar se a sociedade portuguesa cultivava tradições e práticas quotidianas que permitissem o encaixamento mais ou menos ajustado da filosofia política do Liberalismo ou se este não foi imposto de supetão por uns quantos intelectuais bem-intencionados, mas talvez irrealistas, que se limitaram a importar ideias que fermentavam para lá da fronteira. A resposta temo-la com o que se seguiu: queda de uma Monarquia desprestigiada pelo próprio constitucionalismo e implantação de uma República que acabaria por enredar-se nas suas contradições e insanáveis antagonismos e bloqueios, abrindo portas à instauração da ditadura de Salazar.

 

Diz-se que o caminho se faz caminhando. Tal significa que a democracia, qualquer que seja o estágio do seu amadurecimento, tem de ser encarada como algo nunca concluído e merecedor de cuidados permanentes. Por isso é que, antes de tudo o mais, considero inaceitável o abstencionismo eleitoral, uma vez que o voto é o que temos ao nosso alcance para escolher quem nos governa e como deve governar.

 

Tomar, 7 de Setembro de 2015

adriano junto a uma estátua

Adriano Miranda Lima

REFUGIADOS E ALMA POPULAR A AQUECER EM BANHO-MARIA

 

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O Discurso sobre Refugiados parece esgotar-se no “a Favor” e “no Contra” a sua Admissão

 

A Europa é um continente aberto às culturas, à mudança e até à improvisação. Perante a imigração em curso, os excessivos desejos e pretensões de muitos refugiados colidem com o medo popular; muitos detalhes passam à margem dos feitores da opinião pública que, com a tesoura na cabeça a nível de apresentação dos factos, procuram evitar que surja no povo mais medo e uma atitude contra estranhos. Os políticos e as autoridades religiosas cristãs e de outras confissões assumem, publicamente e na prática uma atitude de defesa e empenho pelos refugiados. Nos meios sociais mais “livres” e nos comentários particulares da internet depara-se, por toda a parte, com uma opinião pública determinada mas indiferenciada: de um lado os bonzinhos desprendidos que têm tudo para dar e do outro os mauzinhos sempre prontos a defenderem os direitos adquiridos e o que julgam seu. Explicações simples, como “capitalismo desumano” e “islão agressor”, encontram-se subjacentes a muitas opiniões.

 

De resto, no que toca ao tema refugiados confrontamo-nos com o medo domado e com uma sociedade desorientada e sobrecarregada que se sente castigada por “invasão„ tal que só parece poder ter explicação nalgum pecado algures cometido ou por outrem perpetrado.

 

Alemanha - Um País privilegiado por e para Refugiados

 

É confortador constatar como a sociedade alemã, a imprensa, as instituições religiosas e políticas reagem tão positivamente à nova imigração. A nível popular observam-se imensas iniciativas de ajuda e a nível de autoridades todas as comunas se empenham imensamente no sentido de receberem os hóspedes com dignidade humana. Nota-se a preocupação de reagendar dinheiros públicos e de se criarem enquadramentos que sirvam e ao mesmo tempo comprometam os hóspedes com os valores desta sociedade que motivou a sua escolha como centro da sua vida.

 

Para o fenómeno não há respostas simples. A difícil situação dos refugiados vem acrescentar-se à pobreza de muitos cidadãos e ao medo suposto ou real da perda de identidade.

 

Na Alemanha esperava-se, no princípio do ano, a entrada de 400.00 refugiados, depois corrigiu-se a perspectiva para 800.000 e agora, a realidade leva membros do governo a prever a entrada de um milhão durante 2015.

 

O governo federal, os estados federados e os municípios já começaram a reestruturar o seu orçamento de milhares de milhões de euros no sentido de elaborar programas de construção de casas, de criação de novos lugares na administração, professores, assistentes sociais, tradutores, educadores de infância, etc. Além dos desafios que os recém-chegados colocam a nível de aprendizagem da língua, de mercado de trabalho e de integração vêm os problemas culturais e de mentalidade. A sociedade alemã é minuciosa e pensa em pormenor: consciente de que a Europa, ao contrário dos “árabes”, tem uma orientação individualista, emancipadora e de igualdade entre os sexos, já se preocupa também com a criação de cursos de formação para imigrantes masculinos para que estes adquiram competência neste sector, doutro modo não aceitarão instruções de mulheres chefes no seu lugar de trabalho. Um grande problema para a administração está também nas exigências de muitos refugiados que só querem ser albergados nas grandes cidades e por terem reivindicações irreais incutidas por traficantes em relação à sociedade acolhedora, o que os pode desencorajar dado a realidade que encontram não corresponder aos seus sonhos.

 

A Europa precisa de gente nova para equilibrar o seu défice de nascimentos mas devido à maioria de emigrantes masculinos está a criar-se uma desproporção e um excesso masculino, observam alguns. Por outro lado os recém-chegados não poderão preencher o buraco demográfico da sociedade que terá de lhes dar formação profissional e trabalho, pensam as autoridades. A Alemanha precisa de trabalhadores especializados e em especial artesãos, pensam os industriais. Os recém-chegados vêm de países não industrializados e por isso não podem solucionar, para já o problema do emprego, é preciso primeiro formá-los, pensam políticos.

 

Na Alemanha, muitas das pessoas no desemprego (quota de desemprego 6,7% e de pobres 15,5%) ou com fraca qualificação profissional e aqueles que têm o emprego em perigo e os que ocupam os lugares do “resto” temem a chegada dos novos imigrantes que serão os seus directos concorrentes no mercado de trabalho. Por isso o sindicato apela para que não haja uma concorrência desleal entre pessoas alemãs e estrangeiras em situação precária e para que o salário mínimo bruto à hora passe de 8,5 € para 10 €.

 

O comércio, advogados, médicos, assistentes sociais, professores e educadores alegram-se com a chegada dos novos clientes.

 

Pessoas talvez mais levadas pelo pensamento que pelo sentimento perguntam-se do porquê de, países islâmicos ricos como a Arábia Saudita, Oman e kuweit, não abrirem as portas aos refugiados. Outros, talvez mais levados pelo sentimento do que pelo pensamento advertem no sentido do Daily Mail que cita um islâmico da mesquita de Jerusalém: “o líder islâmico pede aos migrantes sírios que "aproveitem" a oportunidade para "procriar". Sheikh Muhammad Ayed diz: "Nós dar-lhe-emos a fertilidade. Procriem com eles e nós conquistaremos os seus países, como sempre foi a vontade de Alá". Como se vê híper-reacções de pessoas complexadas e de uma sociedade doente que não encontra solução para os seus cidadãos apesar das riquezas naturais que possui. Se não fosse o militantismo islâmico, a imigração em via seria menos controversa e um grande bem para a Europa que envelhece a olhos vistos (com os inerentes problemas anexos à produtividade para pagar as reformas); só a Alemanha para contrariar o défice de natalidade teria de ter uma imigração de 600.000 estrangeiros por ano, segundo as contas feitas por especialistas. A Alemanha do pós-guerra com grande deficiência de homens conseguiu integrar 11 milhões de deslocados alemães que tinham a mesma cultura e a possibilidade imediata de trabalho dado a Alemanha precisar de ser totalmente reconstruída.

 

Outros questionam-se pelo facto de ainda não ter sido possível integrar a massa dos trabalhadores migrantes vindos a partir dos anos 60 e que vivem aqui já na terceira geração; para estes, o máximo que se poderá alcançar e já não será mau, é uma coexistência pacífica de uns ao lado dos outros, pensam muitos. Mutos receiam que se formem sociedades paralelas ou zonas em que a polícia já não entre, como já se vai observando em grandes cidades; outros fazem comparação com a antiga Alemanha socialista que já custou um trilhão de euros e continua a custar muito dinheiro para vie a conseguir atingir o nível da Alemanha capitalista. Outros têm medo dos guerreiros islâmicos do Estado Islâmico que poderão remodelar a democracia em seu favor.

 

Outros questionam-se sobre o que acontecerá quando as receitas fiscais diminuírem. Quem pagará os benefícios sociais de que dependem. Outros ainda reconhecem os refugiados como consequência da má política europeia como no caso da Síria e do Iraque mas não estão de acordo em receber refugiados doutras zonas africanas e dos Balcãs.

 

O mais importante é que os que encontram acolhimento na Europa se devem comprometer com a Constituição e com os princípios que orientam as regras de vida europeias. Todo o receio de uns e outros seria descabido se hospedeiros e hóspedes se deixassem orientar por princípios humanitários. Vítimas de fome, guerras e ideologias chegam até nós na procura de felicidade e nós que de maneira mais ténue nos guerreamos ditando sentenças que substituem as antigas armas, já não em nome de Deus mas dos nossos interesses, dos nossos enfraquecidos valores e da nossa opinião/verdade.

 

Muitos têm medo do islão mas creio que exageram nas suas prognoses porque a História do futuro não seguirá os mesmos critérios da do passado que se afirmava pela violência, pela espada. O bem-estar adquirido e a formação cultural das pessoas provocarão uma nova consciência e uma nova forma de convívio e de estar que levará as pessoas a ser menos influenciáveis por ideologias sejam elas de caracter religioso ou político.

 

Mais provável é o que diz o cientista muçulmano Hamed Abdel Samad que prognostica, no livro “Der Untergang der islamischen Welt”, a queda do mundo islâmico e vê nas reacções exasperadas do mundo islâmico o sintoma de uma sociedade a disparar os últimos cartuxos antes de ruir. De facto o que não serve o Homem está condenado a desaparecer e por outro lado a formação ajudará o cidadão a integrar fé e razão e a respeitar a opinião individual de cada qual. O mesmo autor já tinha “profetizado” o êxodo massivo de povos muçulmanos para a Europa.

 

Haja o que houver, ao sol da economia e da ponderação, o povo tudo solucionará. Vivemos em tempos em que o pensar realista se torna cada vez mais difícil, atendendo à informação pública publicada. Uma Europa ateia e sistematicamente crítica em relação ao cristianismo, com o surgir do islão na Europa, verá reduzida a sua posição secularista em relação às forças religiosas. Poder-se-á dar como que uma vingança da História: um secularismo militante, filho da cristandade, verá diminuída a sua influência por não compreender o fenómeno religioso e os espíritos subjacentes que este fomenta e devido à sua adversidade religiosa em relação ao cristianismo. As sociedades encontram-se doentes e continuam atadas aos males do passado que se renovam no mundo islâmico e aos males da modernidade que culminou, sob a perspectiva europeia, nos socialismos de Estaline e Hitler e num capitalismo avassalador. A sociedade e o ser humano trazem o bem e o mal em si mas vai evoluindo, pouco a pouco. O sol deita-se todas as tardes mas também se levanta todas as manhãs para dar continuidade à vida!

ACDJ-Prof. Justo-1.jpg António da Cunha Duarte Justo

QUANDO AS AMIGAS CONVERSAM

 

OSSOS DO OFÍCIO – Sou uma vítima

 

Muitas vezes sinto precisão de aplicar também à minha pessoa este queixume, que geralmente serve para usar na 3ª pessoa, em referência às do espectáculo mediático, quer se trate das vítimas das tragédias diárias, distantes ou mais próximas, quer das referidas pelas pessoas da humanidade prestável, que passa de largo, contudo, as minhas queixas não mediáticas, mas nem me ralo, habituada que estou às desconsiderações da vida.

 

E é a minha amiga o carrasco pois, quando acorda com os azeites, só vê o mal em tudo o que vê, não desculpa nada nem ninguém, até me lembra a Catarina Martins que agora está moda, por causa das ironias que diz, capazes de consertar o mundo de um governo que não lhe serve, e o que todos nós acima de tudo prezamos é o bota abaixo dela, por isso está na moda, fazendo sentir a todos que, se fosse ela que mandasse, tudo seria melhor na questão das vítimas e dos direitos, passando de lado a questão das dívidas, coisa de somenos, por isso não esclarece sobre como faria para não entrar neste clima de austeridade que é o nosso e que ela ironiza em ademanes faceiros.

 

Todos estes queixumes de vitimização me vêm do café do domingo passado, que não passámos com a minha irmã, em Paris com a filha mais velha e os netos, em passeios de fazer inveja, embora eu pense que agora já ninguém me arrancaria do doce lar do meu reumático, até porque nele também me passeio em belezas trazidas pelo progresso que a gente inteligente fabrica, limitando-me à caminhada suavemente deslizante na calçada das compras - quando não enfio, é certo, o sapato nalgum buraco disponível, o que me obriga a andar de olhos baixos, na preocupação da pesquisa desses.

 

Foi, precisamente, o tema da conversa da minha amiga, no domingo passado, não sei se para me fazer sentir que a terra que eu deixara lá ao pé dela e nos permitia, nesses tempos, fazer saídas diárias, é muito mais chique do que esta onde me vim enfiar. Em vez de ser eu a ir ter com ela, veio ela ter comigo, trazida pelo filho, e depois do café e do queque na esplanada por baixo do meu apartamento, fomos dar uma volta até à praia, não só para andarmos um pouco, coisa que ela faz todos os dias com a elasticidade necessária e que eu recuso, no recolhimento natural da osteoporose que se preza, como também para ela rever espaços desta terra do seu conhecimento.

 

Passámos pelo parque, com lago e patos e pombas e baloiços e esplanada, onde os meus netos por vezes vão e a minha mãe já ia, e a minha amiga, sempre sagaz na observação e nos remoques, logo me perguntou como se chamava o parque, como se eu tivesse culpa de o parque não ter nome nenhum, é o parque da Parede e mais nada e nem eu nunca pensara em lhe atribuir qualquer outro distintivo. Mas lembrei os parques de Lourenço Marques, todos com nomes, o Vasco da Gama, o José Cabral, o Silva Pereira, outros havia bem conhecidos, o Bois de Boulogne, que a minha irmã visitou agora, o Hyde Park… O da Parede era incontestavelmente apenas parque, nenhum outro nome estava lá escrito, o que fez a minha amiga, sempre exigente, lançar-se em doestos contra o presidente da Câmara de Cascais. Mais moderada, expliquei-lhe que o parque já era antigo e presidentes houve muitos.

 

Depois, foi o sol que assustou a minha amiga, na praia que logo abandonámos. E a seguir a calçada, e as amigas que caíram nela recentemente, uma partindo o pé, outra, mais velha, o colo do fémur… Perguntou-me se eu sabia a origem da calçada e eu respondi-lhe que talvez esta fosse inspirada nas estradas romanas de lajes fortes, como havia tantas por cá, mas essas eram eternas, de pedra larga, ao passo que a nossa calçada era de pedra miúda, a condizer com o nosso tamanho, e de vez em quando abre buracos deixando as pedras soltas para a topada, ou os buracos para a queda, além dos altos e baixos da sua flutuação igualmente propícia aos tombos. A minha amiga gosta de saber tudo com pormenor e não acredita na minha ciência de imaginação, a respeito da origem da calçada, mandando-me ver na Internet. Ainda lhe expliquei que também ela podia procurar na dela, mas replicou que é um pouco avessa à Internet, até porque prefere os prazeres da conversa com as suas amigas diárias, não é como eu, aqui agarrada à cadeira da minha curiosidade e da minha osteopatia. Por isso docilmente, procurei na Internet e achei o longo texto explicativo, feito, naturalmente, por um brasileiro. Dele extraio o seguinte passo – mas a minha régia amiga não vai agradecer, sempre confiante na minha docilidade, vítima que sou:

 

Calçada à portuguesa.jpg

 

… A calçada à portuguesa, tal como o nome indica, é originária de Portugal, tendo surgido tal como a conhecemos em meados do século XIX. Esta é amplamente utilizada no calcetamento das áreas pedonais, em parques, praças, pátios, etc. No Brasil, este foi um dos mais populares materiais utilizados pelo paisagismo do século XIX, devido à sua flexibilidade de montagem e de composição plástica. A sua aplicação pode ser apreciada em projetos como o do Largo de São Sebastião, construído em Manaus no ano de 1901 e que inspirou o famoso calçadão da Praia de Copacabana (uma obra de Roberto Burle Marx) ou nos espaços da antiga Avenida Central, ambos no Rio de Janeiro.

 Berta Brás.jpg Berta Brás

ANDANDO E LEMBRANDO

 

 

Empregada doméstica.png

 

 

Andando eu pelo nosso Ministério dos Negócios Estrangeiros à procura de um certo Cônsul Honorário acreditado em Lisboa, deparei-me na extensa lista que me foi presente com um Cavalheiro de apelido Cudell (que por acaso conheci pessoalmente nos idos dos estudos) e logo me lembrei duma história que se terá passado pelos inícios do séc. XX aqui nesta que então era capital de Império.

 

Tocam à porta da residência da Senhora Marquesa de... e a empregada doméstica (daquelas a que na época se chamava «criada de fora») vai atender e depara-se-lhe um Cavalheiro muito bem apresentado que pergunta se a Senhora Marquesa estava e, se sim, se a podia visitar. O diálogo terá sido mais ou menos assim:

- A Senhora Marquesa poderá receber-me?

- Um momento que eu vou perguntar. Quem devo anunciar?

- Olhe, diga-lhe que é o Cudell.

- É quem?

- O Cudell.

- Muito bem. Um momento. Faz favor de se sentar enquanto eu vou dizer à Senhora Marquesa.

E lá foi a empregada toda despachada para não fazer esperar o Cavalheiro...

- A Senhora Marquesa dá licença?

- Sim, que é?

- Está à porta um Senhor que pede para visitar a Senhora Marquesa.

- Sim, quem é?

E aqui a empregada embatuca e não profere palavra.

- Então, quem é que quer falar comigo?

Silêncio e um encolher de ombros de hesitação.

- Oh mulher, diz lá quem é que quer falar comigo!

- Bem, a Senhora Marquesa não se zangue comigo.

- Eu zangar-me contigo por causa do homem que quer falar comigo, porquê?

- É que o Senhor disse...

- Disse o quê, mulher de Deus que não desembuchas.

- É que o Cavalheiro disse que é o cu da Senhora.

- O quê? Ah mulher de Deus! Queres tu dizer que é o Senhor Dr. Cudell?

- Sim, minha Senhora, é isso. Mas a Senhora Marquesa não se zangue comigo, está bem?

- Claro que não me zango contigo, mulher! Manda lá entrar o Senhor Dr. Cudell e vai com Deus mais as tuas trapalhadas.

 

Conta-se... conta-se tanta coisa que alguma há-de ser verdade.

 

É que nem todos os portugueses lidam facilmente com a língua alemã.

 

Lisboa, Setembro de 2015

 

C-Henrique em Pnhom Penh.jpg

Henrique Salles da Fonseca

MORAL DAS ELEIÇÕES GREGAS

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A GRÉCIA REPENSOU CALCULOU E ELEGEU ESQUERDA

 

Moral das Eleições gregas: Portugal terá de formar uma grande Coligação de Direita e Esquerda

 

Tsypras recebeu mandato para continuar a reforma da Grécia e do Estado grego. Terá de corrigir o nepotismo e a corrupção do sistema socialista e conservador. A principal tarefa será reformar o mercado de trabalho e o sistema social tal como fez o governo alemão de esquerda em 2003 com a Agenda 2010 na Alemanha, no seguimento das decisões dos líderes da UE em 2000, na cimeira especial da UE em Portugal sob o signo: "Estratégia de Lisboa" para "a economia mais competitiva e dinâmica baseada no conhecimento do mundo". A Alemanha foi a primeira nação a aplicar tal estratégia conseguindo com isso a dianteira no mundo.

Alex Tsipras tem o povo consigo. 56,6% dos eleitores gregos acorreram às urnas (eleições de 20.09) dando a maioria à aliança esquerda “Syriza” com 35,5% (145 assentos no parlamento) e 7% (10) aos populistas de direita “Gregos Independentes” (formando os dois a coligação governamental). Os conservadores “Nea Dimokratia” conseguiram 75 mandatos, a extrema-direita “Aurora Dourada” 18, a pró-europeia “O Rio” 11, a comunista “KKE” 15, os socialistas “Alliance passok + Dimar” 17 e a “União do Centro” 9 lugares. O parlamento grego tem 300 deputados. A diminuta participação nas eleições tem a ver com a desorientação e desilusão do povo grego dos partidos.

 

Eleições na Grécia – um Aviso para Portugal formar uma Coligação de maiorias de Direita e Esquerda se quer ousar menos Corrupção e mais Reformas

 

Para lá dos abusos e da falta de iniciativa, o governo de Tsipras terá de recuperar o país e tornar o Estado eficiente. Para se manter no sistema europeu terá de criar medidas desagradáveis para salvar o país. Estas medidas só poderiam ser tomadas por um governo de esquerda ou por um governo de coligação das forças parlamentares mais fortes. Só elas conseguem comprometer os sindicatos no sentido de uma salvação nacional. Portugal, para se poder renovar, terá de, nas próximas eleições, formar um governo de coligação dos partidos que alcancem o maior número de votos. Só assim terão força para combater a corrupção e poderão tomar medidas que transcendam os interesses de clientelas.

A Grécia recebe da União Europeia subvenções anuais no valor de 10 até 12 mil milhões de euros e do “Pacote de estímulo económico de Juncker” 35 mil milhões de euros.

O governo grego é uma grande chance para o país e poderá tornar-se num exemplo para a Europa dado um governo de esquerda ser obrigado a dar respostas económicas para o país. Com a eleição de Tsypras, a Grécia confirmou o programa de poupança que Tsypras tinha assinado antes da sua demissão e consequentes eleições antecipadas. Tsypras iniciará um governo de poupança tal como fizeram o SPD e OS VERDES com Schröder na Alemanha com a “Agenda 2010” que reformou o sistema social e do mercado de trabalho; o lado escuro do seu rosto: castigará as classes menos favorecidas. Será surpreendente verificar como partidos mais habituados a adquirir pontos, com ideologia e o falar mal dos outros, irão aplicar medidas dolorosas que os outros não se atreveriam a aplicar.

 

ACDJ-Prof. Justo-1.jpg

António da Cunha Duarte Justo

 

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