Germanofobia encoberta em afirmações generalizadoras e argumentação do preto ou branco
O Frankfurter Allgemeine de hoje diz: "A peça teatral ateniense é altamente medíocre". Medíocre é também uma imprensa que tendenciosamente demoniza a Alemanha como sendo a responsável pela crise da Grécia que junta em si os sintomas do seu sistema corrupto aos de uma Zona Euro desorganizada e mal ajustada.
Fala-se muito do Diktat alemão e da sua prepotência económica. Argumenta-se com as suas atrocidades da História especialmente numa imprensa que antes se virava contra o imperialismo americano e agora acha como suficiente reduzir os problemas da Europa e do globalismo à agressão económica da Alemanha. Acho graça que num país como Portugal, num jornal como o Público, um jornalista como Boaventura Sousa Santos, no artigo “A Alemanha como problema” se socorra da pedrada “nazista” para fomentar sentimentos antigermânicos em vez de colocar a problemática em termos do liberalismo económico liberalista e no contexto de uma Europa feita de nações e de mentalidades extremamente divididas.
Do colonialismo para o imperialismo económico
Não há que definir uma Alemanha como o touro da vaca Europa nem tão-pouco como seu bode expiatório! O facto é que nos encontramos num mudo extremamente complicado e em plena guerra económica. O problema da Alemanha é produzir demais e o dos outros países é produzirem de menos e consumirem demais. Numa economia meramente mercantilista querer comparar exigências de nações com 80 milhões de cidadãos e de alta tecnologia e produtividade a outras com uma dezena de milhões e pretender colocá-las em igualdade de decisão seria ingénuo ou mera ideologia que, contra a realidade, querer tornar igual o que é desigual.
Vassalos da economia ou/e vassalos das ideologias?
Aos colonialismos europeus sucederam os imperialismos dos USA e russo e agora encontramo-nos em pleno imperialismo económico selvagem. Esta é a realidade a enfrentar que tem andado pelos países em desenvolvimento e agora atinge os europeus e em especial os seus vindouros. Os tempos mudaram, antigamente havia guerras hoje há guerrilhas; ontem dominava a arrogância bélica hoje a arrogância económica; ontem prestávamos vassalagem à França e à Inglaterra, hoje prestámo-la a Bruxelas. Sejamos realistas, procuremos é reduzir o nível da vassalagem com propostas económicas sem nos tornarmos também vassalos de ideologias.
A queda do Muro de Berlim (1989) e a correspondente reunificação tiveram como consequência a fortaleza da Alemanha. Que esta tente disciplinar os países europeus como se disciplina a si é uma questão discutível tal como a das diferentes mentalidades na maneira de encarar e resolver os problemas.
Com a criação do euro é consequente a concorrência económica desigual porque se dá entre sistemas económicos e de finanças diferentes; há que corrigir o sistema e canalizar as energias para se não ser vítima delas.
No altar da democracia, os sacerdotes da crise simplificam a questão; para explicarem as desigualdades de um sistema desigual, precisam de uma vítima e de um pecador: da vítima Grécia e do pecador Alemanha. O problema não está tanto no sermos alemães, portugueses ou gregos mas no facto de nos encontrarmos todos no redemoinho financeiro que, através das dívidas, quer a subjugação das soberanias nacionais a uma soberania hegemónica económico-financeira.
Não chega defender o soberanismo dos fracos contra o soberanismo dos fortes; a discussão terá de ser no sentido da inclusão económica e cultural de uns em relação aos outros. Na época do globalismo e da reorganização das nações em zonas de influência económica, o mito de soberanismos iguais distrai-nos da ocupação no essencial, não passando de ecos da revolução marxista cultural. Partir de que “no contexto europeu, o soberanismo ou o nacionalismo entre desiguais é um convite à guerra„ é não querer compreender que o preço da União Europeia será bem caro e terá de ser pago com facturas de soberania. Como se pode construir uma Europa de bases democráticas quando a economia em todos os países europeus não se submete à democracia e, na realidade, todas as democracias pretensiosamente soberanas se submeteram à economia? Importa será como resolver o dilema.
Trabalhar mais e viver menos ou vice-versa?
Também a mim me agradaria mais o estilo da forma de viver à maneira Sul, uma maneira mais católica; só que agora que o Sul professa os mesmos actos de fé dos benefícios do capitalismo protestante não é justo que se condenem estes, porque então o problema passaria a ser a inveja.
O tão desgastado argumento do respeito pela diversidade implicaria consequentemente o reconhecimento de que o desigual para viver mais trabalhará menos e consequentemente terá de deixar o alemão trabalhar mais para que consiga poder mais à custa do seu viver menos. Não seria correcto querer comer a fatia do bolo e exigir, ao mesmo tempo, que ele fique inteiro! O espírito pacífico da convivência em dignidade democrática e o respeito pela diversidade implicaria então o aceitar a prepotência, a nível económico do irmão mais forte e tentar arranjar-se com ele na consciência de preservar a irmandade e de uma concorrência humana. O facto é que toda a Europa se encontra endividada, toda ela se tornou refém da guerra fria entre política e economia.
Os argumentos baseados num saudosismo dos tempos da guerra fria e de um mundo bipolar correspondem ao mundo de ontem. Quem não reconhece isto terá de perder as energias a mostrar os podres da Alemanha e a esconder os seus. Por vezes tem-se a impressão que a Alemanha é responsabilizada pela falta de inteligência de quem assina contratos, não aplica eficientemente os fundos ou vende a sua soberania em troca de postos a nível europeu e mundial. O que está a acontecer não é bom para a Europa nem para nenhum país europeu. A Europa para arrepiar caminho terá de moderar o turbo-capitalismo e o marxismo cultural.
O sadismo de lamber o sofrimento das próprias feridas com o sofrimento desejável para os outros nunca será bom conselheiro e não ajuda ninguém. Se não queremos continuar todos a jogar ao faz-de-conta e ao esconde-esconde das mentalidades, se queremos contribuir para um desenvolvimento humano da sociedade europeia, haverá que purgar os vícios que herdamos do tempo das invasões francesas e corrigi-los com uma aproximação comedida à Europa nórdica ou renunciar ao consumismo de que tudo, e em especial a cultura, é vítima. A germanofobia é tão grave como a xenofobia alemã; uma implementa a outra.
Concluindo
Uma Zona Euro sem um sistema económico e de finanças aferido torna-se em ilusão e engano e dará razão à nossa sabedoria popular que diz “casa onde não há pão todos berram e ninguém tem razão”.
Se nos encontramos em tempos da guerra económica haverá que conter a Alemanha levando-a a investir os seus lucros na periferia. Combater o nacionalismo económico alemão com o nacionalismo político das nações torna-se desadequado em termos de objecto e de tempo… A receita para a Europa não pode pressupor a contenção económica alemã.
Antes de acções precipitadas de um discurso sobre a saída do euro, Portugal e os países mais débeis deveriam pedir um ajusto de contas quanto à distribuição de investimentos e implementar com o tempo a criação de um imposto de solidariedade em todos os países da Zona Euro que seria investido nos países da periferia económica. Durante uma certa fase o pagamento dos juros aos credores deveria, também ele, estar condicionado ao correspondente investimento nos países onde é quebrado.
Torna-se cada vez mais corrosivo o espírito xeno-fóbico popular que se manifesta até em cabeças bem pensantes. Se se é pela reintrodução do Escudo seria importante uma discussão de base económica mas que, querendo ou não, tem que contar com a maior potência económica que é a Alemanha e, de uma maneira ou de outra, condicionará os hábitos de produção e concorrência de mercado.
Conheço um pouco a mentalidade dos povos do sul e a mentalidade da Alemanha; por isso sofro dos dois lados, por isso me custa ouvir os de uma mentalidade contra os da mentalidade dos outros, sem perceber que por trás de uma mentalidade se revela uma maneira de ser e estar com um determinado agir.
O povo alemão pode ter os defeitos que tiver mas é um povo consciente, trabalhador, disciplinado, bem estruturado, corajoso, altruísta, honesto e leal. Se trabalha mais não os devemos invejar por também comer mais mas também ele não nos deve invejar nem ter pena por vivermos mais e comermos menos.
1 – E cá vou para o tal BOUQUINER (3) que devia ter sido o (2) mas que a Grécia, e bem, impediu que fosse.
Mas existem causas pelas quais nos devemos debruçar, sob pena de outros se debruçarem, vendo que só se fala em euros, contribuintes, eleitorado, poder e que todos os gregos são uns marotos e mais qualquer coisa.
É curioso que no governo da senhora Merkel já dois Ministros foram à sua “vidinha” porque andavam encartados com as suas teses de doutoramento e…a senhora Ministra da Educação alemã (não grega) teve de renunciar ao lugar por plágio da sua tese. O Ministro da Defesa alemão (não grego) apresentou logo a sua demissão, quando um curioso foi ler também a sua tese e…verificou que tinha sido plagiada. E o senhor do EUROGRUPO sempre tão criterioso, e colocou como habilitação um Mestrado que Universidade Inglesa veio desmentir, e que o dito cujo senhor depois afirmou que tinha sido descuido da sua parte, e que apenas tinha uma pequena frequência de dois ou três meses. Portanto, seriedade, cada um, toma a que quer. E já agora andam para aí uns indignados com o Tsipras só porque o homem fez aliança com um partido da extrema-direita. E assim…
2 – Armas. Que eu me lembre o Doutor Salazar e o Doutor Marcello Caetano não tinham embaixadores no leste europeu. E o leste europeu foi de uma ajuda internacionalista aos Movimentos de Libertação. Certo. Mas nós tínhamos unidades que deviam ser equipadas com armamento “made in” leste. E, agora, já se pode dizer com à vontade, que sempre que eram precisas, o leste europeu, desde que fosse em “contado” forte, não se fazia rogado e… vendia. Quem o diz? O general Costa Gomes em livro já publicado afirma-o com toda a clareza, esclarecendo que da Checoslováquia vinha o material que necessitávamos. E da URSS não vinha nada? É claro que vinha. Quem o diz? Diz o general Carlos Fabião em depoimento publicado, que sempre que era necessário determinado armamento para as Milícias que Comandava (vários milhares de elementos. Sim, vários milhares, um autêntico exército africano), o armamento era fornecido, desde que quem pagava o fizesse em “trocos” fortes. E digo eu agora. Até a Bulgária não se fazia de rogada, quando o negócio fosse atractivo. Quando determinados documentos passam por nós, deixamos de ficar espantados, quando se observam determinadas alianças, hoje. O Alexis Tsipras lá deve ter visto, logo que chegou ao poder, determinadas “coisas” e agora, mais esclarecido sobre a natureza do que é o verdadeiro poder, não se fez rogado nas suas alianças.
3 – Negociações. Sou franco. Custam-me certas declarações, a jornais, de colaboradores muito próximos do professor Marcello Caetano. Como que Marcello Caetano era mais “um intelectual do que um político” e que portanto não soube lidar com o poder que tinha. Essa é boa. Então Marcello Caetano não foi um dos homens da União Nacional com mais poder, até na distribuição e equilíbrio do mesmo, e de acordo com Salazar? Não foi ele Ministro das Colónias tendo até levado com ele como seu secretário o na altura muito novo Doutor Silva Cunha? Silva Cunha que depois fez um estudo aprofundado sobre a realidade angolana, onde na década de 40, segundo ele, africanos organizados em associações secretas desejavam a expulsão dos portugueses. Não foi Marcello Caetano ministro da Presidência de Salazar? Dizer que era intelectual e não político, não faz sentido. Agora o que alguns colaboradores deviam dizer, e isso é outra coisa, é que Salazar tinha as suas “velhas” cumplicidades internacionais, fosse o duríssimo Franz Joseph Strauss, o chamado touro da Baviera e líder da CSU alemã, o general De Gaulle que nunca lhe faltou com apoio e, quanto a americanos e ingleses, nem vale a pena fazer uma lista. Marcello Caetano, aí sim, quando chega ao poder, as suas cumplicidades dentro e fora do País também já têm idade avançada e estão arredadas do mesmo. E como dizia De Gaulle “a velhice é um naufrágio”. Espero que no caso dos colaboradores do “A Bem da Nação”, sejam elas ou eles, De Gaulle não tenha razão.
4 – Negociações. Outra vez. E os colaboradores próximos de Caetano também vão dizendo que ele até estava disponível para conversar, ou negociar, mas já em 74. Em 74? Então quem é que começou por fazer encontros exploratórios em 1971, repito em 1971, para resolver a questão da Guiné? Marcello Caetano nesse ano mandou ao Senegal o Dr. Alexandre Ribeiro da Cunha, Director do Gabinete dos Negócios Políticos do Ministério do Ultramar, para se avistar com ministros senegaleses, para conversações que depois teriam seguimento em Lisboa. E Marcello Caetano, como oferta pessoal para o Presidente Senghor, mandou-lhe um exemplar encadernado das obras completas de Fernando Pessoa. Até porque Marcello conhecia pessoalmente o Presidente do Senegal que, além de político, era um intelectual da mais fina água. E também quando se diz que era para encetar conversas com alguns dissidentes da FRELIMO, nomeadamente com o
Dr. Miguel Murupa em 73 ou 74, é com espanto que leio isso. Porque sou testemunha pessoal, repito pessoal, de conversas ao mais alto nível no Comando da Região Militar de Moçambique com o Dr. Miguel Murupa em 1972. No segredo do gabinete não sei o que se passou. Mas não deve ter corrido mal a conversa ou conversas, porque passados dois ou três dias, fui incumbido de ir ao aeroporto de Nampula apresentar cumprimentos de despedida ao Dr. Murupa (não convinha dar nas vistas, a entidade muito acima na hierarquia militar), e levar mensagem, mais uma vez, de confiança e estima pessoal. Agora o que me fica de certas afirmações ou actuações, é que quem rodeava Caetano era gente muito nova na altura, que já se estava a “marimbar” para África e estava a pensar substitui-la pelo “sonho” de entrar na CEE, depois concretizado após Abril. Pois se até conhecidos financeiros e políticos da nossa esquerda actual também rodeavam e estavam com Caetano. E agora venham-me com Tsipras.
5 – Acidentecom o Presidente Machel. Que mergulho agora. De que só há pouco tempo tive conhecimento. O tenente-general Jacinto Veloso foi desertor, como tenente piloto-aviador da Força Aérea Portuguesa em Moçambique. E aterrou na Tanzânia para estar ao lado da FRELIMO. Não faço, nem julgo, esta atitude. Tomou a sua decisão, foi responsável pela mesma, e a partir daqui, às claras combateu o Ultramar Português. Fê-lo às claras, quando outros bem dissimulados, combatiam-nos infiltrados. E outros ainda que sem fugirem, pagaram o preço de dizer não. O Aljube, Caxias e Peniche são disso testemunha. Mas vamos ao que interessa. Com o andar dos tempos Jacinto Veloso tornou-se um dos homens de confiança de Samora Machel, e quando da independência nomeado ministro da Segurança, logo principal responsável do temível SNASP (Serviço Nacional de Segurança Popular). Ou seja, a PIDE/DGS lá do sítio. Mas como disseram que era para a segurança popular, as nossas almas caridosas cá do nosso sítio berravam contra a PIDE/DGS, mas em relação ao SNASP nada aos costumes. Agora o tenente-general Jacinto Veloso em livro que, julgo eu, passou muito despercebido, vem explicar o acidente que vitimou o Presidente Machel. O livro titula-se “Memórias em Voo Rasante” e nele, Jacinto Veloso, conta que um dia o embaixador russo quis ser recebido pelo presidente moçambicano, para lhe confessar o seu desagrado em relação à deslocação de Moçambique para arranjar amizades a Ocidente. Samora Machel que não esteve para “aturar” os portugueses ficou irritado com o russo, que o estava a tratar, a ele Presidente, de uma forma que mais ninguém ousava. E Machel não esteve com meias medidas e mandou um sonoro “vai à merda” ao embaixador russo e virou-lhe as costas mandando-o sair do gabinete. E foi aqui que estranhas alianças aconteceram. Os sul-africanos estavam fartos do Presidente Machel, e os russos agora, idem aspas. E o acidente aconteceu como maquinação conjunta da secreta sul-africana com a secreta russa. Coisas…
6 – … Secretas. Que podem acontecer. Porque Ian Smith, Primeiro-Ministro da Rodésia do Sul que liderou a Declaração Unilateral de Independência deste território à revelia da Inglaterra, nomeou como chefe da sua secreta, o poderoso CIO (Central Intelligence Office),
Mr. Ken Flower. Que desempenhou o cargo de forma exemplar na defesa dos interesses do território que era todos os dias atacado na ONU, e que muitas dores de cabeça deu à diplomacia portuguesa. Com o passar dos anos, o governo de minoria branca, não teve outro remédio que ceder às pressões internacionais, dando lugar agora a um governo de maioria negra chefiado por Robert Mugabe, que aos 90 anos ainda está no poder. Mas o curioso disto tudo, quando Mugabe toma conta do poder, tem de escolher um chefe para a sua polícia secreta, e vai escolher…bingo… nada mais que Mr. Ken Flower que tinha chefiado a secreta de Smith. O que é certo, é que conservou o lugar até muito velhinho e não me devo enganar se afirmar que treinou como devia ser quem lhe sucedeu. Porque Mugabe ainda está no poder e qualquer um dos novos que lho disputa é um azarado de primeira porque perde sempre.
7 – Audiência. Preso há quase oito anos, o político moçambicano Dr. Domingos Arouca, ilustre advogado natural de Inhambane (Moçambique) desabafou que um dia até gostava de se encontrar com Salazar para lhe dizer e esclarecer algumas coisas. Era membro da FRELIMO e um activista da causa da independência de Moçambique. Foi aluno na Faculdade do Professor Marcello Caetano e primeiro africano a licenciar-se em Direito. E nunca pensou que o seu desabafo fosse ouvido em São Bento. E ficou siderado, porque Salazar não só o recebeu, como lhe deu 45 (quarenta e cinco) minutos para uma conversa a dois. E no seu depoimento, o Dr. Domingos Arouca confessa que esteve perante um homem sereno e inteligente, seguro das suas convicções e de um patriota. E acrescenta: “por muito que o seu Regime me tenha feito sofrer ao longo de oito penosos anos de prisão, o meu sofrimento nunca toldará o respeito que a sua personalidade me infundiu”. E quando se despede de Salazar fica ainda mais reconhecido, porque o Chefe do Governo diz-lhe que está um pouco de frio, e convém vestir o sobretudo. Domingos Arouca assim faz e é Salazar que lhe ajeita o mesmo e, despedindo-se, diz-lhe que não esteja preocupado com a família porque a mesma se encontra bem. Passado dias o Dr. Domingos Arouca regressava a Moçambique, onde sem armas estava ao lado da FRELIMO na luta pela independência. E com Moçambique independente, chegou o dia em que feliz pela independência, mas revoltado pela maneira como era dirigido o País, deixou a militância partidária. Malhas que o Império tece e teceu…
8 – E como vês, Amigo Henrique, não é fácil, pelo menos da minha parte, escrever, e com muito gosto o faço, para o “A Bem da Nação”. Mas gosto de partilhar, com os muitos que te visitam, algumas das memórias que me vão surgindo porque as vivi, ou então pelo que vou tomando conhecimento. E agora, hibernar mais uns tempos, apesar do Verão, olhando para a invernia que lenta mas seguramente se vai aproximando. Mas ao contrário de alguns que só têm 40 anos à sua frente, eu estou seguro da sabedoria de um Povo com 900 anos de história.
Abraço de muita Consideração.
José Augusto Fonseca
Apoio Documental: Costa Gomes – O Último Marechal – Maria Manuela Cruzeiro; Depoimento – Marcello Caetano; Memórias em Voo Rasante – Tenente-General Jacinto Veloso; A Guerra de África – 1971/1974 (vol. I-II) – José Freire Antunes; Jornal Público; outros documentos.
Sempre houve potências, em todos os tempos se falou em impérios – o império persa, o de Alexandre, o romano, os grandes do mundo ambicionando abarcar mais mundo. O maior de todos foi o britânico, por isso o Inglês é hoje a língua universal por excelência, e os Ingleses o povo de grande relevo, na sua educação e na sua pose. Um dia, talvez isso acabe, como acabou o latim, disseminado, contudo, em outras línguas da evolução social e cultural. Nas “Cartas de Inglaterra”, Eça, que foi cônsul em Newcastle e Bristol, muito escreveu sobre os Ingleses, por vezes com ironia, mas sem dúvida com admiração, que provinha do reconhecimento de quanto pode a cultura na construção do comportamento humano e das nações, que ele sintetizou na personagem Craft, o inglês fleumático e culto, amigo de Carlos da Maia e de João da Ega, personagens de elegante recorte, mau grado as ligeirezas de carácter específicas de qualquer humano ser que se preze.
As “Cartas de Inglaterra” são pródigas em descritivo magistral do poderio e ambição ingleses, que não pouparam os povos da Irlanda, do Afeganistão, do Egipto, que permitiram a sua arrogante ocupação e destruição insensata, e que, no retrato de Lord Beaconsfield, Benjamin Disraeli, conservador e primeiro-ministro, sintetiza, como protagonista da extraordinária ênfase desse poderio segregacionista inglês:
A sua assombrosa popularidade parece-me provir de duas causas: a primeira é a sua ideia (que inspirou toda a sua política) de que a Inglaterra deveria ser a potência dominante do mundo, uma espécie de Império Romano, alargando constantemente as suas colónias, apossando-se dos continentes bárbaros e britanizando-os, reinando em todos os mercados, decidindo com o peso da sua espada a paz ou a guerra do mundo, impondo as suas instituições, a sua língua, as suas maneiras, a sua arte, tendo por sonho um orbe terráqueo que fosse todo ele um império britânico, rolando em ritmo através dos espaços.
Este ideal, que tomou o nome de imperialismo, nos dias de glória de Lord Beaconsfield, é uma ideia querida a todo o inglês; os mesmos jornais liberais que, com tanto furor, denunciavam os perigos desta política romana, no fundo gozavam uma imensa satisfação de orgulho em proclamarem a sua inconveniência. Havia tanta prosápia britânica em conceber um tal Império, como em o condenar, e em dizer, com ar de nobre renunciamento: “Não nos convém a responsabilidade de governar o mundo”. (in “Cartas de Inglaterra”, VIII - Lord Beaconsfield)
Este domínio do mundo foi, assim, aliado a um consenso generalizado de arrogância e ambição de poder, que, se partiu de uma cabeça de judeu inteligente e célebre, teve, todavia o apoio da monarquia britânica e o apreço da rainha Vitória que o nomeou Lord. Não têm o mesmo carisma, as conquistas de Napoleão como as invasões europeias de Hitler no seu quê de sinistro e de loucura desses chefes, sobretudo do último, conquistas que naturalmente seriam fracassadas, embora não efémeras e necessariamente criminosas. O povo francês, como o alemão, se submeteram a esses chefes, talvez por manipulação ideológica ou naturalmente acobardada.
O certo é que os povos do centro e do norte europeus têm um poder de organização e de trabalho superiores aos do sul, talvez por factores climáticos, talvez porque assim teve que ser, é dos fados.
A Alemanha defendeu-se dos “castigos” impostos pelos povos vencedores, continuando a trabalhar em ordem e progresso e coesão e participou na aliança aparentemente generosa e táctica de união económica de povos europeus destinada a uma melhor autodefesa. A Banca distribuidora dos fundos monetários cobra taxas miseravelmente esbulhadoras, segundo se diz, donde, a impossibilidade de ressarcimento das dívidas nos povos endividados, destruída a economia também por excesso de falcatrua de muitos dos encarregados das empresas nesses países.
O Império que se segue é, pois, favorecido pelos Bancos, como exércitos avançados dessas potências.
Berta Brás
NB: O presente texto é comentário a «OS BANCOS SÃO OS EXÉRCITOS AVANÇADOS DAS POTÊNCIAS» do Professor António da Cunha Duarte Justo
Grandes vergonhas que a Europa deixou a Grécia alcançar e que esta se recusa a reconhecer.
Podem pagar, mas, simplesmente, não o querem fazer
O “Syriza” (e outros partidos europeus do mesmo calibre, tal como o vizinho “Podemos” e o nosso «BE») reclama agora uma nova negociação da dívida soberana, ainda que tenha sido o Estado Grego a endividar-se voluntariamente para conseguir cometer todos os excessos e os desleixos descritos até agora; em vez disso, devia começar por se mostrar responsável e ir pagando o que deve.
Embora muitos afirmem que o pagamento da dívida é impossível, a verdade é que, de acordo com o BCE, o Estado Grego tem uma enorme carteira de activos cujos montantes (de valor estimado em mais de 300.000 M€) incluem empresas, infra-estruturas, propriedades, acções, participações, terrenos e todo o tipo de imóveis. Além disso, para satisfazer os seus compromissos e evitar o estigma da falência e uma dolorosa possível saída do euro, a Grécia também poderia vender, se necessário, ouro.
Mas nem sequer faz falta chegar tão longe: se Atenas reduzir o peso do Estado para metade (cerca de 60.000 M€), com a consequente moderação das pensões, das reformas na saúde e na educação e vender 50% dos seus activos públicos (outros 100.000 M€, pelo menos), a dívida será reduzida para 70% do PIB. Isso, juntamente com um compromisso sério para o equilíbrio orçamental (défice zero) e um plano ambicioso de reformas, liberalizando a economia e reduzindo os impostos, permitiria reduzir ainda mais a sua dívida a médio prazo por meio do crescimento económico.
A Grécia pode, assim, pagar aos seus credores!
O que acontece é que, simplesmente, não quer e, portanto, tudo aponta para que não o vai fazer…
Nunca se abriram tantos negócios e tão inovadores na restauração. Afinal, o tal sector esmagado pelo IVA a 23% e pelo aperto do cinto mostra, paradoxalmente, uma vitalidade nunca antes vista.
O IVA da restauração deve baixar? Claro que deve. Tal como o da electricidade. E o da roupa e calçado. E também o dos iogurtes e dos concentrados de fruta. Para não falar do das conservas e sem esquecer o dos ginásios. A carga fiscal é sufocante e tudo o que se possa fazer para a aliviar é bem vindo. No IVA, no IRS ou no IRC. No IMI e no IUC. E no imposto sobre os combustíveis. Vá lá, mantenham-se impostos elevados sobre o tabaco e o álcool que quem quer vícios deve pagá-los – aos vícios e às externalidades sociais e económicas que eles provocam. E, se quiserem, mantenha-se também a nova taxa sobre os sacos de plástico que só nos faz bem reutilizá-los.
Então coloquemos a questão de outra maneira. O sector da restauração deve ser positivamente discriminado e beneficiar de uma baixa do IVA? Claro que os empresários do sector defendem que sim. Mas quem é que não gostava de ter um IVA de 13% em vez de 23% nos produtos e serviços que vende? Todos, verdade? Eu também gostava que os serviços de criação e produção de conteúdos e as colaborações com os media – como este texto que estão a ler – tivesse um IVA mais baixo. O ideal é que estivesse mesmo isento. Já viram o desemprego que por aí anda entre os jornalistas e licenciados em comunicação? Já repararam na dificuldade que as empresas de comunicação social têm tido na última década para equilibrar as contas?
Mas interesses próprios à parte, não vejo qualquer racionalidade económica e fiscal em fazer dos restaurantes e cafés uma excepção. O sufoco tributário é generalizado, a crise afectou de forma idêntica ou muito superior vários outros sectores – basta pensar na construção ou na venda de automóveis, por exemplo – e o desemprego involuntário também se distribuiu pela economia – excepção feita ao Estado, claro, e daí também esta carga fiscal pornográfica.
Mas é certo e sabido que até às eleições este vai ser um dos temas em discussão, já que está transformado numa “bandeira” de querela partidária e de diferenciação de promessas eleitorais. É apenas por isso – e pela capacidade reivindicativa do sector – que ele é discutido e não pela relevância económica do IVA da restauração que não é diferente da fiscalidade de outras indústrias. Infelizmente, o destino do país não muda se tributarmos o bitoque ou a francesinha a 13% em vez de 23%. Era bom que este fosse o grande assunto que temos para resolver.
Eleições rima com mistificações e este caso não é excepção.
Dificilmente o nível do IVA é para este sector um drama maior do que para outros. O problema é que a restauração – como, de resto, outras áreas do comércio e serviços – sofreu outro impacto maior. Foi aquele que resultou do combate à fuga ao fisco, com os novos sistemas electrónicos de facturação e com o incentivo dado aos consumidores para exigirem factura. A “gestão” da facturação declarada ao fisco e do IVA a entregar ao Estado – fosse ele de 13% ou de 23% – deixou de poder ser feita com a mesma amplitude e a rentabilidade do sector ressentiu-se. Mas esse é um problema criado por más praticas dos empresários que tinham que acabar por um imperativo de justiça tributária. Ou vamos defender a fuga ao fisco como meio legítimo de sobrevivência das empresas?
Outro impacto importante para muitos restaurantes foi o corte nos rendimentos das famílias, que as levaram a reduzir drasticamente as refeições fora. Muita gente deixou de almoçar e jantar no restaurante com a mesma frequência porque deixou de ter dinheiro para pagar 10 ou 20 euros por uma refeição e não porque a mesma passou a custar 11 ou 22 euros, respectivamente, por efeito (aproximado) do IVA.
Mas apesar de tudo isto este é um sector em crise? O que vejo olhando à volta é que nunca como agora se abriram tantos negócios e tão inovadores na restauração. Não passa uma semana sem que veja nos jornais várias páginas de sugestões de novos sítios para ir comer e beber. São hamburgueres de todas as formas e feitios, francesinhas do Porto a invadir Lisboa, tapas e copos de vinho, padarias reinventadas, sushi tradicional ou de fusão, mexilhões com cerveja ou com gin, pregos e bifanas gourmet, iogurtes naturais ou em gelado, novos negócios de “street food” que aparecem todos os dias, chefs famosos que não param de abrir novos espaços para todas as bolsas e paladares, esplanadas e terraços para aproveitar o bom tempo, bolos de chocolate ditos os melhores do mundo e tartes com amêndoa verdadeira. E os “brunchs” e as ceias. Com muito ou pouco colesterol. Uns baratos, outros caros. Para comer em pé ou sentado. No centro comercial ou em mercados de bairro reinventados.
O tal sector esmagado pelo IVA a 23% e pelo aperto do cinto mostra, paradoxalmente, uma vitalidade nunca antes vista.
Parecem, de facto, dois países diferentes. Estarão os milhares de empresários que têm lançado estes novos negócios todos enganados? Não saberão fazer contas ao IVA e às margens de lucro? Não ouviram falar da crise no país e no sector? Ou, pelo contrário, acreditam na inovação, na diversificação da oferta, na qualidade dos produtos e do serviço que prestam para atrair clientes?
Nestas discussões sobre o IVA da restauração não me esqueço de como tudo começou. Estámos a meio da década de 90 e António Guterres decidiu dar um bónus ao sector em nome de um alegado problema de competitividade – não fossemos todos começar a ir almoçar e jantar a Espanha. Criou a taxa intermédia de 12% para os restaurantes e cafés numa altura em que a taxa máxima de IVA era de 17% (que saudades). Os preços não mexeram e as margens aumentaram cerca de 5%. Na altura ninguém se preocupou com o pobre do cliente. A vida é difícil. Mas é difícil para todos.
Agora parece virar-se o Feitiço contra o Feiticeiro!
“O que ameaça a Europa não é um demais mas sim um demasiado pouco” disse Francois Hollande! Procura com isto colocar-se na vanguarda da Europa para com a Alemanha colocar a Zona Euro na carruagem nobre da UE. Quer para isso uma Zona Euro com um governo, com um orçamento próprio e um parlamento que o legitime. Este governo ditaria as normas dos estados membros. Hollande e Merkel querem marchar à frente com um núcleo de estados a que se poderiam juntar países dispostos a integrar-se. A este grupo poderiam pertencer, também a Bélgica, Países Baixos, Itália e Luxemburgo, assim como Portugal e Espanha, segundo refere a imprensa alemã.
Já em 1994, Wolfgang Schäuble tinha elaborado uma proposta juntamente com Karl Lamer para a Comissão Parlamentar da Política Externa (HNA 22.07) em que propunham a criação de uma Europa de duas velocidades. Está prevista para o outono uma reunião em Bruxelas sobre o desenvolvimento da União Económica e Monetária. Até lá, a Grécia já terá, com toda a certeza, iniciado o recuo do Euro.
No Princípio a Grécia impedia outros Países de entrar no Club CEE e agora queixa-se
No contencioso entre o grupo Euro e a Grécia afirma-se a consciência de que o dinheiro é poder (se não o poder) e este determina (infelizmente) a realidade embora muitos vivessem melhor com um outro credo em que interesses encobertos não determinassem a realidade. Não é fácil a coordenação das leis fundamentais da economia com as da política numa Europa em que a intenção subjacente é fazer da “Europa um continente competitivo”.
Uma bagunça para a economia e para todos e em especial para a esquerda que via na Grécia o espírito de luta a activar contra os governos; uma bagunça porque a afirmação do status quo não oferece perspectivas de futuro nem para uns nem para outros!
Cada Estado, cada ideologia procura servir-se sem pensar nos custos do serviço. A Grécia já em 1985 sabia tirar proveito da sua situação usando do direito a veto para bloquear a entrada de Portugal e Espanha na CEE. Em 1985 o governo grego era contra o acordo que regularia a entrada de Portugal e Espanha para a CEE. A entrada só foi possível em 1986 depois de a Grécia ter recebido como contrapartida da retirada do seu veto “um auxílio adicional no quadro das verbas para os PIM: dois mil milhões de dólares “ da CEE (Diário de Lisboa/Fundação Mário Soares).
Portugal tem muito boa reputação em toda a Europa. Mas só um governo, uma oposição e uma opinião pública orientada pela solução de problemas na base de factos concretos e de dados económicos (e não de intrigas a entre pessoas de partidos rivais) poderá fazer o país progredir!
5.- Um dos melhores e mais extraordinários monumentos caligráficos de todo o mundo e o maior que Portugal possui é a Bíblia dos Jerónimos, manuscrita, em sete volumes, com iluminuras para além de magníficas. Nesta obra participou o grande artista António de Holanda.
Feita entre 1495 e 1514, dizem que foi presente da corte de Roma ao Rei Dom Manuel, ou de... quem?
Quando das invasões francesas o senhor Junot ROUBOU esta maravilha e levou-a para sua casa em Paris.
Depois que se estabeleceu novamente um governo em Portugal, o Duque de Palmela multiplicou enérgicas reclamações junto do Gabinete Francês. Finalmente, em 1815, o rei de França Luis XVIII, querendo fortalecer a sua delicada situação, entremeada com o pavor do regresso de Napoleão, meteu a mão no bolso e indenizou ele mesmo a viúva do ladrão Junot em 50.000 francos.
A maravilhosa Bíblia dos Jerónimos voltou então para sua casa e descansa, esperamos que per omnia saecula saeculorum, na Biblioteca Nacional.
6.- António de Holanda, depois de terminar os seus trabalhos na obra Bíblia dos Jerónimos, escolheu Évora para continuar os seus trabalhos. Foi investido no ofício de Arauto d’Armas de Portugal, o que lhe permitiu mandar ir para sua casa os livros magnos de Tomar que, dizem, ornou com suma habilidade. Apesar da avançada idade o grande miniaturista deixou a sua vivenda em Évora e foi estabelecer-se no Castelo de Tomar na antiga residência do Grã-Mestrado da Ordem de Cristo.
Aqui, cercado de obras primas, que melhor do que ninguém sabia o valor, continuou o seu trabalho.
Infelizmente os livros magnos de Tomar “sumiram” no final do séc. XIX. Coisas da República!
Garcia de Resende, também grande desenhista e arquiteto – é dele o projeto da Torre de Belém – foi um dos artistas que executaram uma preciosidade, em que terá também trabalhado António de Holanda, a Árvore Genealógica dos Reis de Portugal, levada aos tempos mais afastados, como a Magg, filho de Japhet e neto de Noé.
Uma obra excelente dos miniaturistas portugueses do século XV, hoje estão... no Museu Britânico! Ainda se encontrava em Lisboa, mas em 1843, servindo o então adido à Legação da Inglaterra em Portugal, o sr. Newton Smith, Portugal vendeu a obra aos ingleses!
São onze folhas de pergaminho de não menos de um pé e dez polegadas de alto sobre dez polegadas de largo cada folha, estendidas todas sobre outras tantas lâminas de chumbo e protegidas por vidraças contra as injúrias do tempo!
Talvez tivesse sido bom irem para Londres. Lá estão bem entregues com o título de Portuguese Drawings.
Portugal já tinha abandonado o Mosteiro dos Jerónimos que estava em ruinas, e se o rei Dom Fernando não tivesse chegado a tempo para o salvar, assim como o Mosteiro da Batalha, vendido a um comerciante, que estava a ser desmontado para se venderem as suas pedras, o que seria feito dele?
7.- Houve um período em que pela Coudelaria de Alter do Chão aparecia um “velho e rabugento” coronel, alentejano de todos os costados, cujo nome, por não ter já a certeza, não menciono. Aquela figura de coronel, empertigada, bigodes frondosos e revirados nas pontas!
Chefe de família grande, um dia alguém o foi cumprimentar e dar-lhe os parabéns porque ia casar mais uma neta.
O velho coronel, voz rouca, desdenhou:
- Ora, ora, pu* as as mesmas, cab** ões mais um!
Como o bom coronel previa o futuro e compreendia a família!
8.- Existem duas prováveis justificativas para explicar a origem da expressão "pagar o pato", sendo a primeira a referência a uma história do século XV e outra uma antiga brincadeira portuguesa.
De acordo com a história, um camponês passava pela rua com um pato, quando foi abordado por uma senhora que queria comprar o animal, mas não tinha dinheiro e por isso propôs pagar com "favores sexuais".
Passado algum tempo, a mulher alegava que já tinha feito sexo suficiente para pagar o valor do pato, mas o camponês exigia mais... pelo bicho. O marido da mulher chega à casa e encontra os dois discutindo e pergunta o motivo da briga. A esposa explica que o camponês queria mais dinheiro pelo pato que ela havia comprado. O marido, para evitar mais discussões, oferece dinheiro para o camponês, literalmente pagando pelo pato.
9.- Norte de Moçambique. Reza a tradição e narram na bula-bula escutada atentamente pelos mais novos, que quando o primeiro macua foi gerado de um caniço, e logo depois surgiu a primeira mulher, ambos começaram a conviver, comportando-se como macho e fêmea. Viram que era bom fornicar, ignorando que aquilo que lhes dava tanto gozo, pudesse resultar em procriação. Quando a mulher embarrigou e depois, surpreendida, viu sair de dentro de si uma criança, não relacionou o fato com o que fazia com o homem quando o corpo lho pedia. O nascituro era parte de la e exclusivamente sua. O macho nem deu conta de poder ter interferido no evento. A mulher atribuiu a natalidade, que ignorava poder ser fenómeno biologicamente simples, a forças que excediam o seu entendimento. Sem perceber o mistério, julgou trata-se de magia sobrenatural que a excedia. Refletindo depois, eventualmente, sobre o mistério, pode ter interiorizado, sem disso se aperceber, um incipiente conceito de religiosidade.
(Tabus e Vivências em Moçambique – Edgar Nasi Pereira)
1 – Se BOUQUINER (1) era andar em águas límpidas e transparentes, o BOUQUINER (2) é já um “quase” mergulho em águas mais turvas e quanto a transparência, só aquela que cada um pode encontrar. Quando pensei escrever mais umas “linhas” no seguimento de outras, a rádio (telefonia) traz-me a boa notícia. Há acordo para a Grécia. Razão tinha o Presidente Cavaco Silva, quando dizia, que na 25ª hora tudo se havia de compor. Ainda bem. Isto para quem (como eu) acredita que é melhor a UE (com todos os defeitos) a regressarmos a um passado de egoísmos que nos levou a duas guerras civis no século XX e poderia levar-nos a uma terceira, embora noutros moldes. Mas, pelo sim, pelo não, embora entusiasta de Povos dentro do Povo Europeu, sempre de mão “avisada” com o UK e EUA. Somos mais potência atlântica, do que potência continental. O castelhano assim o ditou. E continuarei sempre a dizer, que Portugal é um porta-aviões atracado à Europa. E o Grande Irmão (EUA) tem de saber, sempre, que pode contar connosco, mesmo que o preço a pagar (por eles e por nós) seja elevado.
2 – E, sinceramente, espero que a Alemanha perceba, de uma vez por todas que, quem quer liderar, ou pode liderar tem sempre um preço a pagar. E às vezes bem elevado. É só olhar para os gastos que os EUA gastam no sector da defesa, e na ajuda internacional que vão proporcionando a um elevado grupo de países. Dir-me-ão: são os interesses que estão subjacentes. Concordo. Mas os interesses, por vezes, têm uma factura bem elevada. E a Alemanha sabe que a sua dinâmica económica também se deve ao gastar muito pouco no sector da defesa, o que lhe proporcionou desviar grandes quantias para a reunificação e para uma economia mais pujante. Agora se os alemães (certos alemães) ao quererem liderar fazem afirmações concretas, em vez de as fazerem discretas, aí, quer queiram quer não queiram, entornam o caldo, e depois dele entornado, para limpar a sujidade é bem mais difícil, porque os velhos “demónios” foram de novo ressuscitados. A invasão alemã e os desmandos alemães na Grécia e no “velho” CONTINENTE foram factos, e contra factos (ou fatos?) não há argumentos. E se muitos se esquecem, outros bem se recordam.
3 – E a França percebeu de imediato o que estava em jogo. A Alemanha (mesmo o SPD, da Grande Coligação) teve, e tem, grandes dificuldades para o entender. E a Alemanha tem de pensar só isto: é grande no contexto Europeu, mas pequena no contexto Mundial. Mesmo comparando-a até com Portugal. A França, não é só a França, é também a Comunidade Francófona. A Inglaterra, não é só a Inglaterra, é também a Commonwealth. E Portugal? Até Portugal não é só Portugal, é também (apesar dos detractores) a CPLP e os PALOP. A França, a Inglaterra e Portugal, para não falar da Holanda e da Bélgica, são mais do que o seu Espaço Europeu. Vivemos para além da Europa. Vivemos para lá do nosso horizonte. A Alemanha, não. A Alemanha, se quer ser a Alemanha, tem de ser também a Europa, e se for Europa, então tem voz para além do Continente Europeu. E tem de pagar o preço dessa ousadia. Caso contrário pode numa primeira fase pensar que é vencedora como em 14 e 39, mas depois teve Versalhes e a “foice e o martelo” no edifício do Reichstag. E a Alemanha não merece esse padecimento, provocado por alguns “alemães”, que nada descortinam para além da sua portada. E, se assim for, paciência. Mas que é pena, disso não tenho dúvidas.
4 – Porque também em 1972, outro País, teve os generais que contavam na altura, e comandantes dos seus Exércitos para além da sua Fronteira Europeia, para meditarem sobre quem devia suceder ao almirante Américo Tomás nas presidenciais de 72, e como não se entenderam, o velho Almirante aceitou continuar. E como foi triste ver que o egoísmo e calculismo de alguns, se sobrepôs ao interesse de todos. E o resultado foi o que depois se viu. Um dos generais, o que praticamente caucionou Abril 74, nem sequer o lugar aqueceu e em democracia só lhe restou a fuga para o estrangeiro. Outro, esteve detido e recusou fugir. O outro lá foi Presidente até 76, mas presidiu a um País que no espaço de um ano perdeu 95% do território que tinha, o que era previsível, mas sem honra nem proveito. E, lembro estes factos, para equacionar que os egoísmos levam a que se perca muito mais do que se ganha. E quando se lia a correspondência (por dever de ofício) que acompanhava os desabafos de quem mandava na altura, começava a ver que algo de errado estava para acontecer. E aconteceu. Não, não me venham dizer que tudo correu como devia correr. O que ainda nos valeu foi o Grupo dos 9 e a sua acção em Novembro de 75 (faz este ano 40 anos), e quer se queira, quer não se queira, com possível governo no norte e com grave confronto, num país dividido em Rio Maior. Mas lá nos safámos. Penso que o “espírito” de Helsínquia prevaleceu no senhor Brejnev que mandou regressar à calma os seus discípulos portugueses. Afinal, Angola e Moçambique já estavam ganhos. Por agora bastava. E quem não acautela o presente olhando para o passado, sofre as consequências. E quem diz 72 diz 2015. Tínhamos, penso eu, o pássaro na mão, difícil de ser atacado pela esquerda, ou pela direita, e deixámo-lo fugir para junto do senhor Juncker. E agora vamos levar, penso eu também, com quem não se queria. Mas os egoísmos e calculismos de uns tantos vão tramar outra vez os muitos que somos. Mas é a vida.
5 – Dir-me-ão: então onde estão as águas turvas? Pois. Também me esqueci de escrever, de imediato, que a GRÉCIA, me iria obrigar a um BOUQUINER (3). Complicações, de quem, lendo, ou ouvindo, aqui e o acolá, tem de enfrentar. Mas outro BOUQUINER chegará breve. Prometo aos poucos que me lêem, e têm paciência para me aturarem e … publicarem. Só mesmo por bondade. Que agradeço.
Grandes vergonhas que a Europa deixou a Grécia alcançar e que esta se recusa a reconhecer.
Dívida pública tresloucada
Assim, e como consequência, toda esta despesa desenfreada e o esbanjamento estatal teve que ser financiado por emissão de dívida.
A Grécia foi o país que mais recorreu à dívida pública durante todo o período da “bolha” e, portanto, a sua factura com os pagamentos de juros ultrapassou, até ao segundo resgate, 12% das receitas públicas (em 2011, antes do resgate, chegou a 17%), enquanto que, na Alemanha, esta relação se manteve estável ao nível dos 6%.
O Presidente Francês defende uma União Europeia a duas Velocidades
Os políticos não têm uma vida fácil! Têm de combater em duas frontes de batalha: no campo dos interesses da população e no dos interesses daqueles que mais influenciam o andamento do Estado; por outro lado têm de elaborar um discurso apropriado para os cidadãos e eleitores e outro discurso adequado aos ouvidos do estrangeiro. Hollande tornou-se num bom exemplo destas dicotomias.
No discurso dirigido ao exterior Hollande punha-se ao lado da Grécia e revelava-se crítico em relação à Alemanha; agora num discurso dirigido para o interior e à Alemanha, o presidente francês parece acordar e diz "Os parlamentos estão demasiado afastados das decisões. E as pessoas estão a afastar-se depois de serem tão ignoradas." As próximas eleições já em vista (2017) obrigando-o a adoptar o discurso no sentido dos interesses da França e da Alemanha declarando-se por uma Europa de duas velocidades. Holland e Schäuble querem ver salvaguardadas as suas próximas eleições. Naturalmente por isso, Hollande advoga agora uma união financeira e parlamentar dos 6 países (França, Alemanha, Bélgica, Itália, Luxemburgo e Holanda). Isto parece ser um aviso directo à Grécia para que organize novas eleições em que iniciem a saída do euro.
Hollande reaviva o discurso original da opinião pública Alemã que levou à formação do partido AfD contra o Euro e dos que defendiam a necessidade de uma União Europeia a duas velocidades.
A UE encontra-se exausta; uma parte da opinião alemã vê, como remédio contra os problemas da Grécia e da germanofobia, a introdução da Dracma para os gregos e do Marco para os alemães. A “saída da Grécia” e de outros países da Zona Euro, ou a criação de dois tipos de euro - um duro e outro mole - que os pássaros cantavam em todos os telhados já em 2008, repete-se precisamente agora num discurso apelativo por gurus de diferentes ampliadores de ideologias. Quem seguiu a discussão de 2009 e 20010 não encontra ideia nova nos artigos dos jornais nem nos peritos. Depois do baile grego, os grandes encontram-se exasperados; talvez isso os leve a tomar outros passos apressados, na esperança de que a união dos fortes ajuda a evitar guerras duras na Europa.
Hollande parece cínico ao dizer que na “ajuda” à Grécia (na realidade uma grande ajuda aos credores internacionais) "prevaleceu o espírito europeu". No Journal du Dimanche escolhe precisamente o 90° aniversário de Jacques Delors para pôr na ordem do dia a ideia de “um governo da zona euro e adicionar um orçamento específico bem como um parlamento para assegurar o controlo democrático"… O eixo franco-alemão parece começar a tomar contornos. Hollande repara assim as ofensas que se tinha permitido contra a Alemanha nas últimas noitadas de Bruxelas!
O Dinheiro foi passar um Dia de Férias à Grécia
O dinheiro foi passar um dia de férias na Grécia. O demasiado sol descontentou-o e logo encurtou as férias regressando a casa, ao BCE e ao FMI. A Grécia recebeu 7, 16 mil milhões de Euros do Fundo de resgate da UE e com eles pagou dívidas de dois mil milhões de euros para o FMI e 4,2 mil milhões de euros para o BCE.
Os magnates da economia ao fecharem os bancos por 22 dias conseguiram ordenar os cidadãos e discipliná-los em bichas em frente dos caixas eletrónicas dos bancos.
Que a união europeia é necessária não duvido da necessidade da UE nem da complexidade das do mundo financeiro mas o facto da sua complicação não chega para justificar quer o desconhecimento de políticos quer a apatia do cidadão e muito menos ainda a desculpa do status quo. Os bancos não são o problema mas a expressão e símbolo dele. As diferentes perspectivas do problema, sejam elas socialistas, capitalistas ou doutras istas são as diferentes visões de uma realidade maior que englobaria todas elas. Naturalmente a toda a definição corresponde uma redução!
Não será possível uma União Europeia sem custos económicos para as economias fortes nem o abdicar de direitos soberanos para todos.