SE A MINHA ILHA SOUBESSE…
Desde que cheguei
Foi hoje o primeiro dia
Em que desci a encosta
E vi, surpreendida
Um ouriço-cacheiro
Perto do caramanchão…
E as glicínias abertas
Passaram a cheirar
Às Páscoas da meninice!
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Desde que cheguei
Foi hoje o primeiro dia
Em que desci a encosta
E vi, surpreendida
Um ouriço-cacheiro
Perto do caramanchão…
E as glicínias abertas
Passaram a cheirar
Às Páscoas da meninice!
PARABÉNS À TURQUIA
Os resultados das votações na Turquia depois de terem sido contados quase todos os votos revelam a perda da maioria absoluta do presidente islamita Erdogan (AKP) que esperava atingir 330 deputados e conseguiu apenas 41%/259 deputados, (para atingir a maioria absoluta seriam necessários 276 assentos) revelam. Em segundo lugar ficou a esquerda CHP com 25,2"%/131 deputados; a ultra-direita MHP atingiu 16,9%/84 deputados; a HDP pró-curda alcançou cerca de 13% (79 deputados).
O sistema eleitoral turco não permite grande variedade de partidos no ciclo parlamentar, pois para um partido ter assento no Parlamento tem de superar os 10% dos votantes. A oposição conseguiu 291 deputados.
Erdogan queria mudar a Constituição para consolidar os seus poderes presidenciais à maneira de "sultão". Para tal precisaria de 330 deputados. 56,6 milhões de turcos estavam chamados a votar. A participação nas eleições foi de 85,4%. Da Alemanha houve 480.000 turcos que votaram.
Tudo isto revela que o povo turco é distinto e mais democrata do que queriam fazer dele. Felizmente a Turquia está mais moderna que a maioria dos seus chefes.
ESCRAVIZAÇÃO DE MULHERES POR UM MAÇO DE CIGARROS
Segundo informações da enviada da ONU, Sainab Bangura, os jiahdistas do “Estado Islâmico” vendem mulheres e meninas” pelo preço de um maço de cigarros”. A escravização de mulheres em massa é um factor decisivo para o recrutamento de combatentes estrangeiros.
PRISÕES NO ESTADO DO HESSE NA ALEMANHA
O Estado do Hesse tem 21 114,9 Kms quadrados e 6 045.000 habitantes. De momento encontram-se detidos um total de 4.500 prisioneiros. Destes 8% são mulheres.
Ultimamente tem-se assistido a uma diminuição de prisioneiros. Em Kassel há uma prisão com três prisioneiras e 18 funcionário do Estado que se revezam em três turnos. Um escândalo por tanto desperdício por falta de quórum.
Segundo o Ministério do Interior, a causa da diminuição deve-se à mudança demográfica que cada vez produz mais idosos e pessoas idosas não cometem tantas infracções à lei. Uma outra causa apresentada para a calmaria nas prisões é a boa situação económica do país!
G7 COM RESULTADOS PROMETEDORES
O G7 mostra o cunho de Merkel que se empenha por palavras e obras na defesa da energia limpa. Na cimeira foi decidido durante o séc. XXI organizar a economia de tal modo que deixe de usar se energias fósseis. Até 2050 a redução do carvão e do petróleo deve ser de 40 a 70%. Propõem-se que o aquecimento da Terra não supere os dois graus em relação ao período anterior à industrialização. Até 2030 propõem-se tirar 500 milhões de pessoas da fome e da subnutrição. Greenpeace louvou os resultados da Cimeira.
REFUGIADOS: CARTA DE CONDUÇÃO POSSÍVEL SEM DOCUMENTOS DE IDENTIFICAÇÃO
Um candidato a asilo na Alemanha, proveniente do Afeganistão (2009), não tinha cartão do cidadão nem outros documentos que o identificassem mas queria tirar a carta de condução na Alemanha mas as autoridades distritais de Main-Kinziga negaram-lhe o direito pelo facto de não possuir nenhuns documentos afegãos que o identifiquem ou refiram o lugar e data de nascimento; o Tribunal Administrativo considera a exigência dos documentos como não necessária porque o Registo Federal Central para Refugiados e a carta de Condução tornam possível a pessoa identificável. Assim o afegão recebeu luz verde para tirar a carta de condução.
REFORMADOS NA GRÉCIA E NA ALEMANHA - DIFERENÇAS NA JUSTIÇA E NA INJUSTIÇA
Para uma análise mais objectiva na discussão com menos generalizações refiro alguns dados de fundo para que se possa comparar a realidade entre a rica Alemanha e a pobre Grécia.
Segundo refere o Bildzeitung, na Grécia as reformas são gordas porque consomem 17% do produto económico do país, o que significa ocupar o segundo lugar na europa, depois da Itália, na generosidade de um pai estado que para outros se revela padrasto. A maior parte das reformas gregas são financiadas pelo Estado e não por contribuições.
Segundo o Frankfurter Allgemein a pensão média na Grécia é de 960 euros e na Alemanha 792 euros. Segundo a dpa, a idade da reforma na Grécia é, em média, 56,3 anos e na Alemanha 64 anos. Na Alemanha quando se entra na reforma passa-se a receber cerca de 68% do que se recebia em tempo activo.
O tribunal constitucional grego chumbou as imposições da Troika de reforma das pensões.
Mesmo estas diferenças e outras, que levam os alemães a serem renitentes em relação à Grécia, não desarmam o argumento da Grécia de que as economias do Sul devem ser defendidas da avalanche dos países ricos do norte que atacam desmedidamente os fracos de modo a torna-los eternos dependentes, além de lhe destruírem a dignidade individual e nacional com o seu moderno colonialismo. De facto, a mudança social adquirida a nível cultural através da geração 68 (expressão das grandes guerras) com a campanha de destruição de valores como família, tradição e não distinção entre liberdade e libertinagem, em nome dum progresso necessário mas que não deveria ser devastador, está agora a continuar-se com o colonialismo económico por parte de um globalismo económico das potências economicamente fortes que destrói tudo o que é mais fraco sem consideração do legado cultural e civilizacional ocidental. Neste sentido a resistência da Gécia e de outros grupos sociais torna-se muito oportuna.
António da Cunha Duarte Justo
Jornalista
«Todos os homens têm os seus lamentos secretos que o mundo desconhece; e muitas vezes dizemos que ele é frio quando é apenas triste», lê-se em epígrafe, na última página do Público, frase do poeta estadunidense Henry Wadsworth Longfellow (1807-1882), que bem regista os desesperos solitários das almas, resultantes da incompreensão, da dúvida, do medo, do remorso, da cobardia, do sentir-se injustiçado, que o mundo secreto de cada um traz à tona em momentos de solidão e confronto isolado com os porquês sem resposta. Momentos que por vezes desabam em textos traduzindo esses estados de alma, quer em discursos líricos ou em prosa mordaz, quando não de uma serenidade esclarecedora.
Victor Hugo, melhor que ninguém traduziu o amarfanhamento maior do homem, numa aparente submissão que não é mais que incapacidade de contrariar o destino. A morte – por afogamento – da sua filha Léopoldine, mereceu-lhe versos de uma expressão trágica, de aparente resignação que para sempre restarão como expressão da maior dor humana, de que ”À Villequier”, (recitado no YouTube), constitui exemplo que ninguém pode ler serenamente.
https://www.youtube.com/watch?v=NWvMxzSbvmk
…
Maintenant, ô mon Dieu! que j'ai ce calme sombre
De pouvoir désormais
Voir de mes yeux la pierre où je sais que dans l'ombre
Elle dort pour jamais;
Maintenant qu'attendri par ces divins spectacles,
Plaines, forêts, rochers, vallons, fleuve argenté,
Voyant ma petitesse et voyant vos miracles,
Je reprends ma raison devant l'immensité;
Je viens à vous, Seigneur, père auquel il faut croire;
Je vous porte, apaisé,
Les morceaux de ce cœur tout plein de votre gloire
Que vous avez brisé;
Je viens à vous, Seigneur! confessant que vous êtes
Bon, clément, indulgent et doux, ô Dieu vivant!
Je conviens que vous seul savez ce que vous faites,
Et que l'homme n'est rien qu'un jonc qui tremble au vent;
…
Je sais que vous avez bien autre chose à faire
Que de nous plaindre tous,
Et qu'un enfant qui meurt, désespoir de sa mère,
Ne vous fait rien, à vous !
…
Voyez-vous, nos enfants nous sont bien nécessaires,
Seigneur quand on a vu dans sa vie, un matin,
Au milieu des ennuis, des peines, des misères,
Et de l'ombre que fait sur nous notre destin,
Apparaître un enfant, tête chère et sacrée,
Petit être joyeux,
Si beau, qu'on a cru voir s'ouvrir à son entrée
Une porte des cieux;
Quand on a vu, seize ans, de cet autre soi-même
Croître la grâce aimable et la douce raison,
Lorsqu'on a reconnu que cet enfant qu'on aime
Fait le jour dans notre âme et dans notre maison,
Que c'est la seule joie ici-bas qui persiste
De tout ce qu'on rêva,
Considérez que c'est une chose bien triste
De le voir qui s'en va!
(in « LES CONTEMPLATIONS»)
Traduzo, embora ciente da desvalorização rítmica:
Agora, ó meu Deus! Que tenho esta calma sombria
De poder de hoje em diante
Olhar com os meus próprios olhos a pedra a cuja sombra
Sei que ela dorme para sempre;
Agora que enternecido por estes divinos espectáculos,
Planícies, florestas, rochedos, vales, rio prateado,
Olhando a minha pequenez e vendo os vossos milagres
Retomo a racionalidade perante a imensidão;
Venho junto de vós, Senhor, pai em quem se deve crer;
Trago-vos, apaziguado,
Os pedaços deste coração cheio da vossa glória
Que vós haveis quebrado;
Venho junto de vós, Senhor! Confessando que vós sois
Bom, clemente, indulgente e doce, ó Deus vivo!
Convenho que só vós sabeis o que fazeis,
E que o homem não é mais que um junco que treme ao vento;
…
Sei que vós tendes mais para fazer
Do que a todos lamentar
E que uma criança que morre, desespero da sua mãe,
Para vós nada pode querer dizer!
…
Olhai, os nossos filhos são-nos bem necessários,
Senhor; quando se teve na vida, uma manhã,
No meio dos males, das tristezas, das misérias
E da sombra que sobre nós faz o destino
Aparecer um filho, cabeça estremecida e sagrada,
Pequenino ser alegre,
Tão belo que se julgou entrever à sua entrada
Uma porta dos céus;
Quando se viu, dezasseis anos, desse outro nós-mesmos
Crescer a graça amável e a doce razão,
Quando se reconheceu que essa criança que se ama
É a luz da nossa alma e da nossa casa,
Que é a única alegria na Terra que persiste
De tudo o que se sonhou,
Considerai que é uma coisa bem triste,
Vê-la que partiu!
Tratava-se de uma dor pessoal, a dor que já Job exprimiu, a dor do ser humano, secreta, que ninguém pode desvanecer, salvo o tempo, no seu rolar e o despojamento humilde dos egoísmos próprios, pelo confronto com os males alheios.
Mas também nesse sentido trágico, embora global, aponta o artigo de João Miguel Tavares, publicado na mesma página – “Prosperidade sem crescimento” – parafraseando o livro de Tim Jackson com esse título, pondo a tónica sobre a frase assustadora aí citada «num mundo de recursos finitos, constrangido por limites ambientais rígidos ainda caracterizado por ilhas de prosperidade no meio de oceanos de pobreza, será legítimo que o crescimento perpétuo dos rendimentos daqueles que já são ricos sirva de apoio às nossas esperanças e expectativas?» Tal tese condena um mundo em que os recursos do planeta, que são finitos – a continuar a agir-se como se o não fossem, o capitalismo gerando uma riqueza cada vez mais em desproporção com os “oceanos de pobreza”, e contribuindo cada vez mais para a degradação do ambiente – só a catástrofe ecológica têm por horizonte, a não se arrepiar caminho, delimitando ecologicamente as actividades económicas.
Tal intróito de João Miguel Tavares serve para apontar severamente a inverdade dos cenários macroeconómicos optimistas propostos pelo PS, no documento “Uma década para Portugal” feitos num objectivo eleitoral que, a acontecerem, levarão o país definitivamente ao descalabro da bancarrota. Para mais, os crescimentos económicos prometidos não podem nem devem ser verdadeiros, os objectivos primordiais na nova disciplina económica devendo ser comedidos para evitar o desastre ecológico. Um texto para se reflectir no significado de genocídio que se pratica nos países industrializados:
Prosperidade sem crescimento
Público, 26/5/15
O título desta crónica não é meu, mas de um livro de Tim Jackson, lançado pela editora Tinta da China há dois anos. Jackson é professor de Desenvolvimento Sustentável e o seu livro parte de uma tese que convém começarmos a levar a sério — a de que o crescimento não pode continuar a ser uma obsessão das sociedades ricas: “Num mundo de recursos finitos, constrangido por limites ambientais rígidos, ainda caracterizado por ilhas de prosperidade no meio de oceanos de pobreza, será legítimo que o crescimento perpétuo dos rendimentos daqueles que já são ricos sirva de apoio às nossas esperanças e expectativas?”
Aquele “será legítimo” coloca a questão no domínio moral — é como se “crescer” ou “não crescer” fossem duas opções possíveis, e estivesse nas nossas mãos escolher uma delas. Contudo, essa dimensão moral interessa já muito pouco em 2015, por uma razão simples: a gigantesca crise em que estamos mergulhados está a tratar de impor uma travagem no crescimento nos países do Primeiro Mundo, quer os seus povos e os seus governos a queiram, quer não. Os furiosos opositores do TINA (“There Is No Alternative”) têm aqui mais um motivo para rasgar as vestes: “prosperidade sem crescimento” pode estar a deixar de ser uma de entre várias opções, para passar a ser a única opção possível.
Há no livro de Jackson uma frase do economista Kenneth Boulding que resume muito bem aquilo que está em causa: “Alguém que acredite que o crescimento exponencial pode continuar infinitamente num mundo finito ou é louco ou é economista.” Na verdade, há uma terceira hipótese: pode ser louco, pode ser economista ou pode ser um autor de cenários macroeconómicos do Partido Socialista. Recordem-se os números pressupostos pelo grupo de Mário Centeno no seu documento Uma década para Portugal: crescimento de 2,4% em 2016 e de 3,1% em 2017 (ano em que Bruxelas prevê um crescimento de 1,7% do PIB); desemprego a baixar em 2016 para 12,2%, até chegar aos 7,4% em 2019. Os números do Governo são muito mais modestos e — temo bem — mais realistas: 11,1% de desemprego em 2019 e crescimentos nunca acima de 2,4% (ainda assim, bem mais generosos do que as projecções da Comissão Europeia). Ou seja, é graças a estes números espantosamente optimistas que o PS arranja folga para voltar a aumentar a despesa do Estado nas áreas que considera estratégicas.
Copo meio cheio: que bom que é estarmos a discutir estratégias e programas a quatro meses das eleições. Copo meio vazio: que mau que é continuarmos a discutir estratégias e programas a partir de cenários irrealistas, só para fingir que o país pode voltar ao que já foi. Não pode. Como escrevia recentemente José Carlos Fernandes num ensaio para o Observador sobre o capitalismo, “entre a Antiguidade e a Idade Média, estima-se que as taxas de crescimento tivessem rondado 0,05 a 0,1% ao ano. Durante milénios, o destino mais provável de cada novo ser humano vindo ao mundo seria viver exactamente como viveram os seus pais.” O desenvolvimento do comércio e a revolução industrial vieram mudar tudo isto, e o progresso tecnológico, felizmente, continua. Mas os crescimentos hercúleos no Primeiro Mundo já eram. Dêem-me programas de governo com crescimentos anémicos e as contas a baterem certo, se faz favor: não quero que metade das promessas eleitorais tenha de ir borda fora assim que a realidade começar a desmentir o optimismo destes números. Porque vai desmentir. E toda a gente o sabe.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.