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A bem da Nação

OS CELTAS

 

 

Que me perdoem os cientistas e investigadores, mas é muito interessante “viajar” pela História! Melhor ainda pela Protohistória.

 

 

Muito se ouve falar dos celtas, mas com absoluta certeza não se sabe muito sobre eles.

 

Dizem que terão “nascido” na Europa Central, mais ou menos onde é hoje o sul da Alemanha, leste da França e Áustria, Boémia e Eslováquia, ao lado da região que já se chamou... Galicia, sobre o que já escrevi em Outubro de 2012 (ver http://fgamorim.blogspot.com.br/search?q=iberia ).

 

Mais curioso é saber que onde viveram, conforme as regiões, línguas e os tempos, se chamaram gália ou gaulia dos gauleses, galácia dos gálatas, galícia, gaélicos do Norte da Escócia e da Irlanda, os galegos da Galiza, e muitos, muitos outros nomes que se perderam, e ainda tribos comos os Boiens, uma das maiores tribos celtas, cujo nome parece significar “os terríveis”, também conhecidos por boers (em holandês significando paisano ou agricultor). O nome atual de Bohemia vem de Boio, terra dos Boiens.

 

Até os gálatas, mais conhecidos talvez pelas epístolas de São Paulo, eram “gauleses” que se aventuraram para leste, e após batalhas com uns e outros fundaram a Galátia que seria a parte central da hoje Turquia. Foram eles que fizeram de Ancyra, agora Ankara, o centro, a capital, de todas as tribos celtas que ocuparam a região.

 

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Os celtas foram um povo – ou diversos povos? – extremamente guerreiro. Expandiram-se para o leste, assolando o sul da Rússia, a Grécia, o norte da Itália, praticamente toda a região da França, e mais da metade da Península Ibérica.

 

Hoje boa parte dos cientistas que se dedicam ao estudo das origens célticas, afirmam, com base em dados antropológicos e até de DNA, que eles foram da Península Ibérica para a Britânia, quando outros creem que terão ido diretamente da região da Germânia ou da Gália.

 

Entram nas Ilhas Britânicas, por volta do século V a.C.

 

Na Península Ibérica já se encontravam, segundo alguns autores (Políbio, Estrabão, Homero e muitos outros comparsas) talvez desde antes de 1.000 anos a.C. numa região encostada àquela que os romanos vieram a chamar Tartéssia, dos tartessos ou turdetanos. Esta seria onde hoje a parte ocidental da Andaluzia, e aqueles na Extremadura, estendendo-se pelo Sul do Alentejo e Algarve, como se vê no mapa abaixo.

 

40.000 anos a.C. os Neandertal já estavam no sul da Península Ibérica. No norte as pinturas de Altamira terão sido feitas entre 12.000 e 32.000 a.C.

 

9.000 a.C. há vestígios de migrações da região da Fenícia para o sul da Península e da expansão dos chamados “indo-europeus” pelo centro da Europa.

 

Em 1.800 a.C. tribos celtas já ocupavam a maior parte da Península, mesmo que os nomes das tribos fossem muito aleatórios porque quem escreveu sobre eles pouco ou nada sabia!

 

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Como é de supor não havia fronteiras fixas entre os diversos povos primitivos naquele tempo, mas não é difícil calcular que entre os que viviam nos limítrofes se entrecruzassem, e assim os romanos, que melhor os descreveram, acabaram por englobar na Tartéssia o Algarve, o Sul do Alentejo e a parte sul da Extremadura, o que significa que os celtas teriam sido “incluídos” numa única região, a Baética.

 

O primeiro autor antigo a escrever sobre os celtas na Península terá sido Hecateo de Mileto (-548 a -475), que além de os colocar em Marssilia se refere também aos keltoi, keltoi – celtas - o povo da Península.

 

Os Turdetanos eram considerados, pelos romanos, como os mais sábios dos ibéricos; faziam uso de um alfabeto e possuíam registos da sua história antiga, poemas, e leis escritas em verso com seis mil anos de idade, mas desconhece-se quando o tartessiano deixou de ser falado; Estrabão (c. 7 a.C.) regista que os Turdetanos e particularmente aqueles que vivem sobre o Baetis (Guadalquivir) mudaram completamente ao longo da ocupação romana, nem mesmo lembrando mais da sua própria língua.

 

Há documentos, sobretudo estelas que remontam a um passado muito remoto, com escrita até hoje indecifrável, com características fenícias e até misturadas com tipos de hieróglifos egípcios.

 

Ainda pelos antigos historiadores “sabemos” que terão sido os tartessos que, hábeis navegadores, práticos no tráfego sobretudo com a Fenícia, também foram os primeiros a navegar pelo Atlântico até as “Ilhas Cassiterites” (do grego kassiteros, estanho), onde se abasteciam deste metal. Estas ilhas que mais tarde cartógrafos chegaram a colocá-las no lugar dos Açores, não é difícil concluir, digo mesmo concluir, que serão as Ilhas Britânicas, porque estas ficaram conhecidas por serem o principal fornecedor de estanho de “antanho” na Idade do Bronze.

 

Pensando neste conhecimento podemos começar a tirar algumas conclusões:

- Primeiro, é bem possível que os celtas tenham começado a ser conhecidos como tal, quando se juntaram (?!) no centro da Europa, Grécia e norte da Itália, apesar de serem inúmeras as tribos, mesmo sem unidade antropológica, a que hoje se lhes dá o nome genérico de celtas;

- Também é sabido que os povos celtas chegaram à Península Ibérica muito antes de às Ilhas Britânicas;

- Começaram por ocupar a Meseta Central da Península Ibérica, estenderam-se depois por quase todo Portugal, com os lusitanos e formando os Celtíberos, e sobretudo no Norte, Minho e Galiza, onde encontraram ricas jazidas de estanho, e dando à região o nome de Galecia ou Galiza;

- Daqui à Britânia... onde encontraram o mesmo estanho, não lhes deve ter sido impossível, até porque exportavam depois esse estanho dali também via Gadis;

- Assim também não custa supor que foi este um dos motivos que os levaram a ocupar a Britânia, tendo saído da Península Ibérica.

 

Além de todas estas hipóteses, há ainda a considerar a semelhança cultural, definida por espadas de bronze, pontas de lança, caldeirões, “garfos e espetos” estirados dos Tartessos à Galícia, Bretanha, Grã-Bretanha e Irlanda. No oitavo século a.C. uma nova elite levantou-se rapidamente entre os nativos parceiros comerciais dos fenícios.

 

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Neste mapa vê-se bem o desenvolvimento da exploração de alguns metais: no sul da Península já se explorava o cobre 3.000 anos a.C.; o estanho, no Norte (entre Minho e margens do Douro) com mais de 2.500 a.C. e nas Ilhas Britânicas e Irlanda, um pouco mais tarde.

 

No entanto parece terem sido os ingleses que mais nos têm dado menções e elementos da história deste povo, ou grupo de povos que acabaram por falar a mesma língua, ainda hoje viva em muito lugar.

 

Sempre ferozes guerreiros, lutavam até entre si selvaticamente, mas vaidosos da sua aparência; usavam sabão especial e perfumes, túnicas de tecidos estampados e bordados, e adoravam carregar consigo cornetas e outras joias em ouro, em que eram exímios artistas.

 

Nas lutas aterrorizavam os inimigos, berrando que nem loucos e fazendo soar longas cornetas. Muitas vezes lutavam completamente nus com as suas longas cabeleiras, as tranças clareadas com limão!

 

Eram muito fechados nas suas hierarquias. O povo dividia-se em três principais classes:

- o rei ou a rainha;

- a classe superior, os guerreiros, com os seus grandes bigodes;

- e a classe baixa, escravos e trabalhadores, a maioria agricultores.

 

E os druidas sempre escolhidos entre gente da classe superior; muitos lutavam entre si para se fazerem notar e ganhar um lugar entre estes “sacerdotes”, que por vezes tinham mais poder do que os reis (tal como se passou e ainda passa em muitas outras religiões). O treino para se chegar a poder praticar o culto durava vinte anos!

 

Não iam à guerra, mas previamente aconselhavam o rei e os guerreiros sobre a melhor data para as batalhas, e sempre participavam do espólio colhido pelos vencedores.

 

Eram eles que estabeleciam a “ligação” entre o supernatural e os homens, e adoravam sobretudo dois deuses: Sucellos, o deus do céu e Nodens, o deus das nuvens e da chuva.

 

Vem de um banquete, em 355 a.C. entre Alexandre, o Grande, e alguns celtas no golfo da Jónia, (a caminho da sua invasão na Ásia Menor) a célebre frase que sempre se encontra nos maravilhosos livros do Asterix: Alexandre perguntou-lhes o que mais temiam neste mundo: “Que o céu nos caia sobre a cabeça! ”

 

16/05/2015

Francisco Gomes de Amorim, Junho 2013, Lisboa.jpg 

Francisco Gomes de Amorim

OS MITOS DE PÉS DE BARRO

 

fidel-castro.jpg A notícia sobre o estabelecimento das relações entre os Estados Unidos e Cuba foi motivo de natural satisfação, ao pensar nos desterrados cubanos fugitivos das perseguições de um ditador que lhes cobiçara as fortunas, salteador e facínora de que tanto ouvira falar na altura das descolonizações, pelo seu apoio aos defensores destas e mais tarde pelo apoio ao MPLA de Angola, por conta das riquezas que lá podia colher. Mas seriam boatos, isso das riquezas, as agruras de adaptação à vida cá, além da natural repulsa pelos Ches Guevaras bandoleiros daquela época de aflições, me desmotivavam para um conhecimento mais cabal de figuras tão badaladas pelas juvenilidades defensoras dos deserdados por meio de desordem revolucionária, a lembrar, em grande, os Zés do Telhado da aura popular. Por alturas do COPCOM verifiquei as afinidades entre o que acontecia por cá e por lá nessa questão dos assaltos e ocupações que felizmente não duraram aqui tanto tempo como em Cuba, ou porque esta fosse mais propícia a venerar o bom samaritano, ou porque entre os nossos proponentes a defensores do bem-estar do povo pelo assalto aos bens dos ricos nenhum se distinguisse em bravura e inteligência, nem sequer em crueldade ou mesmo em garra bélica tão absolutas como esses de Cuba, já detectadas essas carências aquando da submissão e entrega pura e simples das nossas terras aos seus respectivos “donos”.

 

Mas o artigo de Vasco Pulido Valente é esclarecedor como sempre dos cordelinhos que moveram Obama a colaborar com o Papa Francisco na abertura das fronteiras diplomáticas dos Estados Unidos com Cuba, François Hollande colando-se-lhes à ilharga, pequena mancha para a sua sua nação que, felizmente, os nomes ilustres da sua história não permitem que seja apeada do seu pedestal de luz, por coisa tão somenos.

 

Entretanto, a notícia da morte do guarda-costas de Fidel Castro levou-me a procurar referentes na Internet, e, entre outros, encontrei o seguinte:

 

Miami, 26 mai (EFE).- O cubano Juan Reinaldo Sánchez, que foi guarda-costas do comandante Fidel Castro por 17 anos, morreu na segunda-feira em Miami aos 66 anos, confirmou nesta terça-feira a editora que publicou seu livro sobre a vida privada do líder da revolução cubana. "Nossas condolências mais sinceras aos seus familiares e amigos", assinalou a Edições Península, editora espanhola que lançou em 2014 o livro "A face oculta de Fidel Castro", escrito pelo tenente-coronel Reinaldo Sánchez. Esta biografia, escrita pelo guarda-costas junto com o jornalista francês Axel Gyldén, se transformou em um testemunho excepcional da vida pública e privada de Fidel. O homem que acompanhou diariamente Fidel entre 1977 e 1994 descreveu a vida de "luxo e conforto" que, atrás da fachada de "falsa austeridade", cultivava e escondia o ditador comunista. Reynaldo Sánchez, nascido em Havana, em 1949, foi preso em Cuba após anunciar sua aposentadoria e, assim que recuperou a liberdade, em 1996, tentou fugir pelo menos dez vezes da ilha, e só conseguiu em 2008. O ex-guarda-costas de Fidel descreve as 20 residências privadas distribuídas por toda a ilha que o ex-presidente tem, seu luxuoso iate, o "Aquarama II", e a casa de repouso que possui em Cayo Piedra, uma pequena ilha no sudeste de Cuba que é um "paraíso para milionários". "Fidel Castro deu a entender que a Revolução não deu a ele respiro, nenhum prazer; que ignorava e desprezava o conceito burguês de férias. Mentia", afirmou Sánchez no livro. Ele confessou ter cometido o "erro" de dedicar a primeira parte de sua vida a proteger "a de um homem dominado pela febre do poder absoluto e pelo desprezo ao povo cubano". "Mais que sua ingratidão sem limites (a de Fidel) com os que o serviram, reprovo sua traição, porque traiu a esperança de milhões de cubanos", foram as últimas palavras de Reinaldo Sánchez no livro. No final da obra o ex-guarda-costas questionou "por que os heróis (das revoluções) se transformam sistematicamente em tiranos piores do que os ditadores aos que combateram?". EFE

 

Enfim, o artigo de Vasco Pulido Valente (Público, 16/5/2015):

 

Os mesmos de sempre

 

S.S. o papa Francisco foi originalmente um jesuíta, que na América Latina representava a esquerda católica e, quando o elegeram no último conclave, escolheu o nome do “poverello” de Assis para deixar bem claro de que lado estava. Barack Obama, o candidato do “liberalismo” representou desde o princípio as minorias da América contra o conservadorismo branco. Não admira que os dois decidissem cooperar para que se levantasse o “embargo” de que há 50 anos, sem razão alguma, sofriam 11 milhões de cubanos. Verdade que as coisas não estão ainda consumadas, mas com a morte (com certeza próxima) de Fidel podem melhorar e trazer aquele desgraçado país, congelado no tempo, à idade moderna. Na política doméstica, o papa Francisco tem uma influência decisiva em meia dúzia de matérias; e, se os republicanos não o impedirem, Obama é capaz de limpar os restos do regime, sem violência e com um módico de justiça.

Por acaso, li recentemente os livros de Leonardo Padura: “O homem que gostava de cães” (uma nova versão do assassinato de Trotsky, já traduzida em português) e, sobretudo, a série Mário Conde, um polícia-escritor, que se vai pouco a pouco transformando num investigador privado. Padura não é um grande escritor e a personagem de Mário Conde deve muito ao Pepe Carvalho de Vásquez Montalbán. De qualquer maneira, a miséria, a arregimentação, a violência e a asfixia de Cuba, onde não há nada a esperar e a vida lentamente apodrece, perpassa nos romances de Padura, como a agonia de uma nação inteira. Agonia, de resto, inútil, porque a partir de 1990 o dinheiro russo começa a acabar e as pessoas vivem à procura de um alfinete, de um fósforo, de uma cerveja ou, literalmente, de um bocadinho de luz (entre apagões).

Nessa altura, dezenas de portugueses resolveram ir observar aquele paraíso “dólarizado”, em que a classe média se prostituía e eles se pavoneavam fumando charutos e frequentando as praias, os bares e os restaurantes para turistas. Suspeito que gostaram; e sei que nenhum abriu a boca para contar o que vira. Agora, com a hipocrisia do costume, acordaram para um mundo diferente. François Hollande, essa criatura abjecta, foi logo fazer a sua corte ao velho senil e assassino Fidel. E, em Roma, Raúl Castro, hoje o homem forte da ditadura, anunciou que se preparava para rezar ao Altíssimo por S.S. o papa Francisco, que tanto tinha ajudado Cuba. A esquerda cá de casa delirou. São os mesmos de sempre.

Berta Brás.jpgBerta Brás

PERFIL RELIGIOSO DE PORTUGAL

 

 

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No Recenseamento Geral da População de 2011 (o mais actual em Portugal), para um total de 8 989 849 inquiridos sobre a sua pertença religiosa, surge o seguinte perfil (por ordem decrescente):

 

Católicos – 7 281 887

Não Sabe/Não Responde – 744 874

Sem Religião – 615 332

Outros Cristãos (que não católicos, ortodoxos ou protestantes) – 163 338

Protestantes – 75 571

Ortodoxos – 56 550

Outros Não Cristãos (que não judeus ou muçulmanos) – 28 596

Muçulmanos – 20 640

Judeus - 3061

 

COLÉGIO MILITAR DO RIO DE JANEIRO

 

Colégio Militar do Rio de Janeiro.jpg

 

CMRJ PASSOU A UTILIZAR MATERIAL DIDÁTICO DE ORIENTAÇÃO COMUNISTA!

 

Mãe de aluna denuncia:

 

Olá Percival.

Queria lhe comunicar algo, ou mesmo pedir ajuda, pois sei que muitos o escutam. Bom, minha filha estuda no Colégio Militar do Rio de Janeiro, que hoje, inclusive, faz aniversário – o famoso 6 de Maio do Colégio Militar – e até Jacques Wagner, o Ministro da Defesa, veio para festa.

 

No entanto, o Exército enfrenta uma verdadeira guerra silenciosa contra suas escolas e os CMs são os primeiros a sentir seus efeitos. Há anos, esses colégios adoptam livros de História e Geografia escritos por historiadores militares e publicados pela BibliEx. Os livros eram óptimos e atendiam perfeitamente as convicções da grande maioria das famílias cujos filhos frequentam os Colégios Militares.

 

Pois bem, uma professora concursada e com forte tendência marxista veio a público, em 2014, reclamar sobre o termo contra-revolução de 64 ao invés de golpe militar usado nos livros adoptados até então nos CMs. O governo, que já vinha pressionando, aproveitou a oportunidade. Fez uso da força que tem e impôs aos colégios a adopção de material bem diferente para 2015.

 

Consequência: desde Fevereiro deste ano, minha filha está sendo levada a acreditar, como aluna do Colégio Militar, que o capitalismo é o mal do mundo e o socialismo só caiu por força da pressão americana. Esse é o conteúdo do livro de Geografia, mas o de História é muito pior, é nauseante! O autor consegue a proeza de transformar todo e qualquer conteúdo em luta de classes.

 

Estou muito triste e não sei o que fazer. Já passei mensagens para vários amigos cujos filhos estudam lá pedindo que na sexta, dia 8/5, durante reunião de pais e mestres, discutam com os professores, avisem os mesmos que não aceitaremos gramscismo na sala de aula de nossos filhos. Sei que muitos profissionais não compactuam com essas ideias; há alguns professores que inclusive não estão usando o material imposto pelo governo. Infelizmente, porém, há profissionais que abraçam o marxismo e devem estar usando e abusando dos livros esquerdistas impostos a todos nós, alunos e seus familiares.

 

Esses professores marxistas são nada mais nada menos que capitalistas vulgares que se vendem ao contra-cheque e permanecem actuando em uma instituição centenária à qual repudiam. São hipócritas vendidos. O que fazer? Será que o Exército está perdendo essa guerra? Estou muito preocupada. Claro que gostaria muito que você escrevesse sobre isso alertando a todos. Posso lhe mandar o nome dos livros adoptados. Muito obrigada.

 

(Omito o nome da mãe, em protecção a ela e à filha).

 

07.05.2015

 

Puggina.jpg PERCIVAL PUGGINA 

Membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquitecto, empresário, escritor e titular do site www.puggina.org

 

PRIMAVERA EM FLOR – 3

 

 

Porque estamos em democracia, a autocracia de Ana Ferreira não faria hoje qualquer sentido pelo que foi substituída pela hegemonia de duas famílias poderosas chegadas não do amigo Continente mas sim da Madeira. E como me foi contado por diversos portosantenses em conversas separadas, a economia da ilha é dominada por esses dois clãs a quem o povo atribui todos os males de que padece. - Mas o Governo Regional da Madeira mudou, disse eu. Ao que me responderam geralmente com um encolher de ombros significando algo como «wait and see». Talvez seja por causa deste confronto intra-regional que a Autarquia local é socialista e não social-democrata. E eu, que nada tenho a ver com o assunto, pergunto-me se o mal é do ovo ou da galinha: votam num Partido diferente, não têm o apoio do Governo Regional; não têm apoio do Governo Regional e protestam votando num Partido diferente. Se são adultos e já andam nestas andanças há décadas, não vejo que se perfilem candidatos interessados em resolver o despique.

 

Lobo Marinho.jpg

 

Os problemas de que se me queixaram são dois: os horários das ligações marítimas beneficiam os madeirenses e prejudicam seriamente os portosantenses; os hotéis modernos (de 5 estrelas) praticam o regime de «tudo incluído» nada deixando transbordar para a economia local.

 

E nós (a minha mulher e eu), antes de ouvirmos essas queixas, tínhamos já tomado a decisão de não irmos de barco à Madeira pois teríamos que lá ficar uma noite para nada visitarmos ou duas noites para podermos ter um dia de visita; optáramos pelo regime de dormida e pequeno-almoço para podermos cirandar por onde nos apetecesse sem ficarmos agarrados a um único hotel. E o povo da restauração agradeceu muito acolhendo-nos com verdadeira simpatia. Almoçámos todos os dias nos bares-restaurantes na praia e ao jantar não repetimos um único restaurante para tentarmos «distribuir o mal pelas aldeias».

 

Em termos turísticos, Maio não é carne nem peixe pois fica depois da Páscoa e antes do Verão. Mas os pilotos dos aviões estrangeiros têm muito medo do aeroporto da Madeira e dias houve em que fugiram 4 ou 5 para o Porto Santo cuja pista foi inicialmente construída pela NATO e hoje, depois de civilizada, é uma maravilha de conforto. E os turistas desses aviões desviados fazem quase sempre um «night stop», expressão banal na gíria local. Pelo menos o valor dessa curta hospedagem fica na ilha. Mas convenhamos que é curto pois soubemos que no nosso hotel chegámos a estar apenas três hóspedes: nós os dois e uma velhota alemã que se metia alegremente nos copos. E cá está mais uma alemã que há muitos anos vai para o Porto Santo.

 

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As ligações aéreas regulares com a Madeira são feitas com um avião de 18 lugares (o maior, pois há um outro de 4 lugares que vi estacionado no aeroporto mas sobre que não ouvi falar) que parece desempenhar a missão a contento dos locais mas fizeram-nos logo saber que a empresa concessionária da ligação é do continente amigo e não da Madeira. As ligações aéreas de emergência - evacuações de cariz médico - são feitas pela Força Aérea de avião (ou de helicóptero para os casos que exijam a utilização do heliporto no Hospital do Funchal).

 

Não cheguei a perceber qual a missão da Marinha e do Exército mas admito que ambos exerçam missões de soberania. In extremis, de quem os locais dependem é da Força Aérea; os outros Ramos das Forças Armadas, por pouco que façam em termos operacionais, sempre largam umas maçarocas localmente e isso o povo vê com muito bons olhos.

 

O campo de golfe está muito amarelado e tiveram que me apontar o único praticante que lá estava quando subi ao Pico de Ana Ferreira; os courts de ténis não tinham actividade quando por lá passámos e o cartódromo está abandonado.

 

Parece que da modorra local nem só os madeirenses serão os culpados.

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E finalmente vi flores que alegraram a nossa Primavera: eram umas ervas daninhas que - também elas e não apenas as «boazinhas» - floriam junto a um muro de cimento que esse, coitado, não floresce.

 

E por aqui me fico assim pondo um ponto final na reportagem sobre o Porto Santo. Obrigado pela companhia e até à próxima!

 

Maio de 2015

 

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Henrique Salles da Fonseca

ACTIVIDADES PORTUÁRIAS E TRANSPORTES MARÍTIMOS NO ALGARVE

 

Lions Clube de Faro.png

 

Antes de iniciar a minha intervenção quero agradecer ao Governador do Lions Dr. Américo Marques o convite para estar aqui presente para tratar um tema que me é especialmente querido e relativo a este antigo reino dos Algarves a que estou fortemente ligado desde há sessenta anos e apresentar os meus cumprimentos ao Senhor Reitor da Universidade de Faro e à Senhora Professora Drª Maria João Bebiano e às demais entidades presentes.

 

1- Nota introdutória

 

Antes de iniciar o tema correspondente ao título desta comunicação quero explicar-vos muito resumidamente a minha posição neste assunto da Economia do Mar: comecei a dedicar-me a ele em 1984 quando fui admitido como membro da Academia de Marinha e da Sociedade de Geografia de Lisboa, depois de ter sido a partir de 1971 Administrador da Insulana e da CTM, Secretário de Estado da Marinha Mercante de Julho de 1974 a Março de 1975, Secretário de Estado das Pescas no Governo da AD e Presidente da Soponata de 1983 a 1991.

 

Nessa altura houve um núcleo de interessados, dos quais a maioria já faleceu, que tentaram a recuperação da nossa Marinha, entendida como o conjunto da Armada e das Marinhas Mercante, das Pescas e de Recreio, na verdade um autêntico “cluster” que desde D. Dinis controlava a nossa economia do Mar e que foi destruído organicamente em 74, perante o desprezo e a indiferença dos responsáveis políticos e corporativos com os resultados de todos conhecidos.

 

De facto nunca teria sido possível termos conseguido realizar os descobrimentos sem esta Marinha e só a partir de 2004 com a chegada de novos interessados no Mar se passou a falar de Economia do Mar mas sem haver qualquer preocupação ativa em recuperar a Marinha.

 

Aliás onde a estrutura governativa coloca as decisões relativas à economia da Marinha de Comércio e da Marinha de Recreio, esta principalmente através do Turismo, explica a discrepância entre os progressos científicos e políticos realizados pela Secretaria de Estado do Mar no que respeita ao alargamento da nossa zona atlântica e o pouco ou nada que tem acontecido nas atividades dependentes das Secretarias de Estado dos Transportes e do Turismo.

 

Portugal quando teve uma Marinha poderosa era independente e central, sem ela é dependente e periférico.

 

Para Portugal, o Mar sem Marinha é pouco mais do que paisagem.

 

Por outro lado a principal preocupação atual é, ou deve ser, a criação de postos de trabalho com o máximo valor acrescentado possível e preferencialmente com característica exportadora e exigindo pouco ou nenhum encargo para o Estado.

 

Os investimentos deverão ser preferencialmente realizados por privados mas é essencial que o Estado tome as decisões de forma operacional, para não continuarmos no velho sistema do condicionamento salazarista que me levou em tempos idos a afirmar que se Edison tivesse nascido em Portugal nunca teria inventado as lâmpadas, pois ao pedir a necessária autorização, esta ser-lhe-ia negada porque o Governo não sabia o que isso era.

 

Antes de passar ao capítulo seguinte não quero esquecer uma nota otimista recordando dois exemplos que demonstram que temos capacidade de atingir a excelência em Marinha: os caiaques do Nelo de Vila do Conde e os navios de cruzeiros do Douro.

 

2 -Interpretação do título de forma a explicar a apresentação de projetos já expostos e do que mais há a fazer para contribuir de facto para sairmos desta crise

 

O título desta comunicação aponta duas áreas de atividade que importa analisar a começar pela segunda ou seja pelos transportes marítimos realizados pela Marinha de Comércio, pela razão simples que não só é a que mais tempo precisa para ser corrigida mas também é a que menos postos de trabalho poderá criar rapidamente.

 

Mas outros tipos de transporte marítimo há que permitem ultrapassar aqueles inconvenientes e que são praticados em parte pela Marinha de Recreio.

 

Assim as atividades portuárias mais atrativas serão as destinadas a receber navios de cruzeiros e as utilizadas pelas embarcações de recreio.

 

Ao contrário da Marinha de Comércio o transporte marítimo realizado pela Marinha de Recreio tem um potencial de desenvolvimento muito elevado no Algarve mas que por isso merece alguns esclarecimentos dadas as várias confusões que tive ocasião de constatar durante o período em que fiz parte da Direção da Associação do Sotavento Algarvio.

 

E que passo a indicar sumariamente: os portos de recreio e as marinas devem permitir não só a utilização de embarcações de maior valor e portanto com contribuições mais volumosas mas é essencial a existência de instalações que permitam não só o ensino das artes de navegar aos jovens mas também a prática da navegação a quem tem menos capacidade de pagar elevadas quotas para frequentar as marinas.

 

Também é importante que os responsáveis pelos atuais empreendimentos náuticos entendam que a existência de mais empreendimentos ao longo da costa algarvia não só não os prejudica como antes pelo contrário aumenta a valorização do conjunto que peca agora ainda pela sua pequena dimensão.

 

Sugere-se que se melhore o conhecimento desta atividade observando o que acontece nos principais centros náuticos nos vários países como quase todos os europeus, americanos, australianos, neozelandeses, etc bem mais desenvolvidos que nós, embora tenham começado a navegar muito mais tarde, quando tínhamos a melhor marinha da europa.

 

De facto a Marinha de Recreio tem áreas distintas que convém recordar: o turismo náutico de alto nível (de passagem e residencial), idem de nível médio, a pesca desportiva, com devolução do pescado ao mar, em embarcação própria ou em embarcação alugada com/ou sem arrais, o mergulho para ver e fotografar nas zonas onde o mar for propício, desportos com reboque, regatas de vela, remo e motor,etc…e tendo em conta o clima algarvio que permite quase cem por cento de prática ao longo do ano.

 

Ao contrário da tolice que foi o sol e praia que deu o desgaste de tanta beleza desta costa bem como provocou enorme taxa de sazonalidade.

 

Não podemos esquecer que o principal fator da competitividade é o humano. O que significa que se quisermos ter uma atividade náutica de valor elevado teremos que ter não só a mão de obra direta com a melhor preparação, mas todo o ambiente de enquadramento imbuído do espírito náutico, o que só se consegue se houver muitos praticantes náuticos em toda a população.

 

Para que isto seja possível há que rever todos os planos que de vez em quando aparecem, de forma a evitar o que tem acontecido com frequência: obras realizadas de forma incorreta usando betão e pedra em zonas lagunares como foi o caso da doca do Ginásio e do plano inclinado do Clube Náutico em Tavira, ou construindo caminhos para se ver o mar mas nada fazendo para se navegar nesse mar, como está a acontecer com o plano Polis, gastando-se verbas avultadas que criam muito poucos postos de trabalho e nenhum desenvolvimento náutico.

 

3- Alguns projetos e sugestões concretas

 

Apenas como exemplos, alguns deles já propostos há muitos anos mas sempre esquecidos ou contrariados, pois há mais potencial a aproveitar.

 

3.1-Aproveitamento com a máxima qualidade ambiental do estuário do Rio Arade até Silves

 

3.2-Melhoria da gestão da Ria Formosa que durante muitos anos era conhecida por nada autorizar mas tudo consentir. Se agora já está corrigida ainda bem, mas pelo que se vê não parece. É desejável que os respetivos responsáveis se convençam que o desenvolvimento não só é compatível com elevada qualidade ambiental mas também é neste campo igualmente exigente dela, pois só assim se poderão motivar os clientes mais importantes, isto é, os que mais lucros darão ao País.

 

3.3-Reestruturação da zona das Quatro Águas em Tavira, com a restituição de toda a zona da Ria afetada pelos assoreamentos causados pela forma deficiente como foram realizadas as obras da barra e que a Ria Formosa nunca cuidou de corrigir, a construção de uma marina que está planeada há mais de dez anos com os devidos acertos, aliás parte deles já discutidos oficialmente há mais de dois anos, e de um porto de abrigo junto ao forte do Rato bem como dos postos de atracação a montar em Cabanas e em Santa Luzia depois de serem desassoreados os canais de navegação.

 

3.4-Embora não seja matéria portuária também será conveniente implantar mais recifes artificiais que tem grande influência na rentabilidade da pesca local.

 

3.5-Construção de uma marina aproveitando o facto de haver um molhe de cerca de 1,5 km na foz do Guadiana, em má hora construído, mas agora muito útil para aí a instalar, destinada a dotar Vila Real de Santo António de uma unidade náutica de grande capacidade (cerca de 2000 p.a.) que terá forte impacto na redução do fator de sazonalidade local e permitirá ter uma zona para a náutica popular.

 

3.6-Construção de uma marina de grande dimensão, também mista, popular e mais alto nível residencial, em Castro Marim (cerca de 2000 p.a.)

 

3.7-Construção de marinas “off shore” em Vale de Lobo e na Quinta do Lago o que permitirá a defesa da costa e subir o nível da qualidade destes empreendimentos.

 

Para terminar faço votos de que estando nós em período eleitoral, os eleitores saibam pressionar os candidatos a se comprometerem, se ganharem as eleições, a fazerem como fez D.João II, que em dez anos nada escreveu mas as decisões que tomou e o que realizou deram a Portugal a Marinha mais poderosa dessa época e colocaram os portugueses em todo o mundo.

 

Em vez de falarem e escreverem muito, o que não chega para se criarem mais alguns milhares de postos de trabalho que tanta falta fazem e para se contribuir para a recuperação da nossa Marinha, que tão importante é para a independência nacional, que nestes últimos trinta anos tão maltratada tem sido.

 

Bem hajam pela vossa atenção.

 

Lisboa, 15 de Maio de 2015

 

Eng. J.C. Gonçalves Viana José Carlos Gonçalves Viana

«DEUS E O DIABO É QUE ME GUIAM»

 

Sartre.png Duas peças de teatro de capas escurecidas pelo tempo, que me vêm dos anos 60 em África e que releio com mais atenção: “Jacob e o Anjo” de José Régio, “Le Diable et le Bom-Dieu” de Jean-Paul Sartre. Ambas peças de tese, a primeira aplicando o conceito místico da luta do homem consigo próprio, nos seus medos e demónios, Jacob terreno em desassossego permanente, vencedor por uma noite desse Anjo que afinal o elevará, reconhecendo-lhe a força espiritual, quais Julião Hospitaleiro ou o Santo Cristóvão levados para Deus por Cristo Redentor.

 

Também a peça de Sartre, publicada em 1951, (e sigo o texto da colecção “Le Livre de Poche” desse mesmo ano, da Librairie Gallimard), explora o conceito, grato aos escritores existencialistas, do Bem e do Mal equivalendo-se, num espaço de lutas, desafios e sofismas entre a maldade e a procura da santidade, numa época de desabamento de estruturas e valores, como esse da 2ª Guerra Mundial por que tinham passado os escritores do existencialismo. Através do seu teatro, pôde Sartre difundir, de forma mais acessível, a sua ideologia que tanto atraiu os jovens dessa geração e posteriores.

 

Um homem poderoso e sem escrúpulos, Goetz, bastardo de casa senhorial, o maior guerreiro da Alemanha, no século XVI da Reforma luterana, participa inicialmente nas lutas do povo, em Worms, luta conduzida por seu irmão Conrad, contra o Arcebispo e a Igreja, traindo-os seguidamente, matando o irmão, mas decidido a arrasar a cidade do Arcebispo, por desafio a Deus e desejo de fazer o Mal, num desprezo total por tudo e todos. Convencido pelo cura Heinrich de que o Bem é mais difícil de construir do que o Mal, decide criar, nos domínios que herdou, uma ”cidade do sol”, fazendo unicamente o Bem, numa pretensão, ainda, desafiante e mistificatória, de falso profeta, tomando os estigmas de Cristo para si, por meio do punhal com que cortou as mãos, para salvar a amante Catherine do inferno, assumindo os pecados desta, antes de esta morrer, pecados de que ele próprio fora responsável, ao entregá-la anteriormente aos vilipêndios dos homens.

 

O VII quadro (a peça, sem unidade de tempo nem de espaço, tem onze quadros, de interior ou de exterior, conforme as cenas se passam em salas (do Arcebispo), igreja ou acampamentos), explora, na “Cité du Soleil”, du bonheur, onde só o Bem é permitido, o conceito de que só o olhar dos outros existe, desaprovador (o olhar de Hilda), (segundo máxima de “Huis Clos” (1943), de que “l’enfer c’est les autres”). Mas a revolta dos camponeses contra a Igreja, algum tempo dominada pelo medo desta, vai rebentar de novo, após as ficções de bondade de Goetz: “Agora os profetas pululam. Mas são profetas da ira, que pregam a vingança.”, dirá Nasty, incitando Goetz a pegar novamente em armas. As cenas finais são de extrema violência nos conceitos e nos actos – Goetz mata Heinrich que o vem julgar, desmistificando o seu comportamento de fantoche no Mal e no Bem, no vazio do mundo sem Deus:

Goetz, Sartre.jpg«Goetz: E porquê este silêncio? Ele que se mostrou à burra do profeta, porque recusa Ele mostrar-se a mim?

Heinrich:Porque tu não contas. Tortura os fracos ou martiriza-te, beija os lábios de uma cortesã ou dum leproso, morre de privações ou de voluptuosidades: Deus está-se borrifando.

Goetz: Quem conta, então?

Heinrich: Ninguém. O homem é nada….»

 

Assim, nem o Mal nem o Bem contribuem para vencer a sua solidão de homem que descobre que Deus não existe. Retoma, afinal, a antiga determinação de combater, proposta por Nasty, à frente dos camponeses insubmissos, um homem “em situação”, adaptado às circunstâncias, decidido a matar quem se lhe opuser:

«Goetz:“ Nada receies, eu não fraquejarei. Causar-lhes-ei horror visto que não tenho outro modo de os amar, dar-lhes-ei ordens, porque não tenho outro modo de obedecer. Ficarei só com este céu vazio por cima da minha cabeça, porque não tenho outro modo de estar com todos. Há esta guerra para fazer e eu vou fazê-la.»

 

Premissa da corrente existencialista: O Homem é aquilo que faz, o Homem é aquilo que ele próprio se faz. Sem necessidade de Deus. Na responsabilidade dos seus actos.

 

É de 1941 a primeira edição de “Jacob e o Anjo”, (Primeiro Volume de Teatro), de José Régio, a 2ª de 1953, a 3ª, que sigo, de 1964, da Portugália Editora: “JACOB E O ANJO” mistério em três actos, um Prólogo e um Epílogo.

 

Como curiosidade, transcrevo a informação nela contida : « Esta peça subiu à cena pela primeira vez em Paris, no “Studio des Champs-Eysées”, na noite de 31 de Dezembro de 1952, numa adaptação de J. B. Geener feita sobre a tradução integral de André Raibaud”.

 

Um drama de estrutura una de acção tempo e espaço (palácio, em três cenários diferentes), baseado no versículo bíblico sobre a luta simbólica de Jacob e o Anjo: «Ficou só; e eis que um varão lutava com ele até pela manhã. – Génesis, cap. 32, v. 24), e tendo como fundamento dramático, o caso do Rei Afonso VI, traído pela mulher (Maria Francisca Isabel de Sabóia) e por irmão Pedro II, a pretexto da incapacidade daquele de gerar filhos.

 

Um Prólogo em discurso didascálico, situando a acção no espaço do quarto onde dorme o Rei, acordado pelo Anjo em cenário de luta sobre o leito, formando espécie de bailado de contraste entre o grotesco aterrado da atitude real e o sublime dos gestos do Anjo (papel, naturalmente, desempenhado por um bailarino de qualidade).

 

Com o grito de terror do Rei, começa o 1º Acto, já em plena manhã, e as sucessivas interpelações coléricas do Rei aos Guardas, que acorrem solícitos ao seu apelo de “Socorro!” e são várias vezes desfeiteados por um Rei cruel, disfarçando o medo contido no seu grito, aquando da figura do Anjo presente na janela, como pretexto para conhecer a dedicação dos Guardas servis, na frustração do seu desaparecimento da mesma janela, que o faz passar por louco aos olhos das sucessivas personagens.

 

Um Primeiro Acto, pois, com o desfilar das figuras ligadas ao Rei – Generalíssimo, Físico, Rainha, Poeta Oficial, Sumo Sacerdote, Juiz Supremo, além dos Guardas, vítimas da violência e do desprezo reais - alternando as suas falas, caracterizadas, dum modo geral, pelo pretensiosismo de uma superioridade arrogante, ou o pedantismo do discurso empolado, no caso do Poeta, ou a afectação e ironia do discurso da Rainha ao Rei ou ao Bobo, com a saliência dos discursos irreverentes do Anjo no papel de Bobo, terminando o Acto com a condenação dos Guardas e a expulsão do Bobo, que fora tentando, baldadamente, esclarecer o “Rei do baralho de cartas” da sua designação chocarreira, sobre a sua essência imaterial.

 

O Segundo Acto passar-se-á nos aposentos da Rainha, adornado com sobriedade e bom gosto, sem marcas de época, elementos de um cenário intemporal. Os assuntos são em torno da deposição do Rei, a pretexto das suas visões e incapacidades governativas: o diálogo “de salão”, entre a Rainha e o Duque irmão do Rei (futuro D. Pedro), este, galante e cínico, com o aparecimento inesperado do Bobo trocista, perante a cólera da Rainha, seguidos do Sumo Sacerdote, o Generalíssimo e o Juiz Supremo e os seus discursos melífluos (do Sacerdote) ou mais directos, na trama sobre a deposição do Rei. O Bobo intervém de novo e é mandado prender pela Rainha. Mas após a saída dos três representantes do poder, A Rainha volta a chamá-lo, insinuando-se, coquette:

« … Desde que chegaste que sonho o momento de me revelar, de me entregar… Mas quando hoje vieste, sem eu te chamar, estava dentro de outro papel, era outra… E foi sinceramente que me indignei, suponho. Aqui está, Demónio! Demónio ou Anjo, meu querido… Sonhei que só tu serias capaz de me fixar. Estou a falar-te como nunca falei a ninguém. Quero entregar-me como nunca me entreguei… Piedade! Não brinques comigo! Eu também sou infeliz… Como ninguém sonha que sou! (escorrega nas almofadas, estende os braços, está de joelhos no chão).

BOBO: (com doçura); Todos os seres humanos são infelizes. E cada um tem a sua maneira particular de o ser. Por isso cada um está absolutamente a sós com o seu sofrimento. A vida de cada um é um deserto inatingível aos outros desertos. O Espírito é que a todos acompanha. Não é o mesmo céu que paira sobre todos os desertos? Sofre, mulher. Só o sofrimento mostra à maioria dos humanos a companhia do Espírito. Sofre e levanta os olhos…

RAINHA (ergue-se violentamente): Não me fales essa linguagem ridícula! Não a entendo!......»

…….RAINHA: …. Não chamei esses homens senão para estar segura da sua fraqueza, da sua cupidez… senão para os manejar em meu proveito. São nojentos! Eles todos! E agora só quero tudo para te dar; para te dar tudo, meu amado! Avalias o que te ofereço? Sabes o que te dou?

BOBO: -Está lá no livro: um prato de lentilhas…

 

A cena dramática prossegue, o BOBO tentando chamar à razão a “pobre mulher”: «Pois sofre, mulher; pois luta; pois levanta-te; pois afirma-te e contradiz-te! Mas inútil será qualquer dos teus múltiplos subterfúgios… Mas Deus não pode ser enganado. Deixo-te na tua solidão. Assim continuarei a lutar contigo até ser vencido ou realmente vencer…»

 

E a história que dá o título ao drama:

BOBO ( com muita brandura): - Queres que te conte uma história? Uma breve história? Sempre os humanos embalaram a dor ou taparam o tédio com histórias… Ora ouve: Era duma vez um homem astuto que já enganara o pai e o irmão para obter privilégios sagrados. Claro que se chamava Jacob. Ora um dia o Senhor Deus viu este homem e pensou: «Manha não te falta para enganar os teus parentes. Se além disso és capaz de vencer qualquer dos meus Anjos, estás apto a ser um dos reis da Terra, o chefe dum grande povo…» Não vou jurar que o Senhor Deus se exprimisse tal qual eu. Mas o que é certo é que mandou descer à Terra um dos seus Anjos mais robustos…

RAINHA: Cala-te! Não te posso ouvir. …..

 

Segue-se o encontro com o Rei, em cena de retrospectiva das desilusões da Rainha, à sua meiguice sucedendo a fria justificação da destituição do Rei, caso não aceitasse a proposta da sua abdicação, o que provoca a cólera daquele e a ordem da Rainha aos Guardas para que o algemem, e o guardem à vista, “com as honras devidas”.

 

O espaço do ACTO III é o quarto da prisão perpétua do Rei, sombrio, com um tocheiro ao centro iluminando a cena, cadeirões de coiro nos cantos, um tapete, o rei deitado no chão sobre o ventre.

 

Diálogo inicial com o Bobo irónico, um Rei desfeito de ira, vergonha e dor, atraiçoado por todos em quem acreditara. Estes surgem e justificam-se perante o Rei, algumas cenas caricatas, o Rei querendo desfazer-se do Bobo, preso de terror, finalmente aceitando-o, tendo compreendido: «Mas eu estou pronto, meu Senhor! Cumpre em mim a tua vontade. Leva-me enquanto me alumia este raio da tua graça! Leva-me contigo e depressa… tenho pressa…

BOBO: Já não é a mim que deves dirigir essas palavras.

REI: Ensina-me então a palavra do Silêncio…

 

O Epílogo, de desmistificação do sagrado pelo profano caricato:

FÍSICO: Parece-me que desta vez está pronto

ENFERMEIRO: Melhor para todos. Já cá não fazia nada, coitado!

FÍSICO: Nada. Só dava trabalho.

ENFERMEIRO: Ainda resistiu bastante! Resistente era ele; como todos os maus, Deus lhe perdoe. …

 

Duas peças de teatro quase contemporâneas, tratando a temática da condição humana, Numa perspectiva teológica convencional o drama de José Régio, de grande nobreza e equilíbrio. Numa perspectiva agnóstica, naturalmente, a peça de Sartre, provocatória, indiciadora de novos tempos revolucionários.

 

Berta Brás.jpgBerta Brás

MUÇULMANOS

 

radicalismo islâmico.jpg

 

“Os muçulmanos individualmente podem mostrar qualidades esplêndidas, mas a influência da religião paralisa o desenvolvimento social daqueles que a seguem. Não existe no mundo força retrógrada mais forte."

Islão-Churchill.png Sir Winston Churchill

 

AQUI FICA O SEU DISCURSO:

"Quão terríveis são as maldições que o Islamismo estabelece aos seus devotos além do frenesi ventilador, que é tão perigoso num homem como a hidrofobia num cão, há uma apatia fatalista e tenebrosa.

Os efeitos são visíveis em muitos países, com hábitos imprudentes, sistemas negligenciados da agricultura, métodos lentos de comércio e insegurança da propriedade existem sempre que os seguidores das normas do Profeta tomam com padrão de vida. O sensualismo degradado priva esta vida de sua graça e requinte, o seguinte é a sua dignidade e santidade.

O facto de que, no direito muçulmano toda mulher deve pertencer a um homem como sua propriedade absoluta, seja como uma criança, uma mulher, ou uma concubina, deve atrasar a extinção final da escravidão até que a fé do Islão deixe de ter grande poder entre os homens. Os muçulmanos individualmente podem mostrar qualidades esplêndidas, mas a influência da religião paralisa o desenvolvimento social de quem o seguir.

Nenhuma força retrógrada mais forte existe no mundo. Longe de estar moribundo, o Islão é uma fé militante e de proselitismo. Ele já se espalhou por toda a África Central, criando guerreiros destemidos fãs a cada passo; e se não fosse porque o cristianismo é protegido nos braços fortes da ciência, a ciência contra a qual havia lutado em vão, a civilização da Europa moderna pode cair, como caiu a civilização da Roma antiga."

Sir Winston Churchill

In «Eu vi isso acontecer»

(Fonte: The War River, primeira edição, Vol II, páginas 248-250, Londres)

 

PRIMAVERA EM FLOR – 2

 

Francisco Maya, pintor.png

 

Sempre que descubro alguma coisa que devia conhecer mas que ignorava, dou por mim a constatar a enormidade da ignorância em que navego. Foi o caso do pintor Francisco Maya com cujo busto me deparei no topo do Miradouro das Flores. Apesar de ser filho do escultor Delfim Maya, Capitão de Cavalaria expulso do Exército por ser monárquico e cuja obra é sobejamente conhecida de todos os homens de cavalos em Portugal, eu nunca tinha ouvido qualquer referência ao filho com cujas pinturas me deparei na Internet logo que regressei ao hotel. Sugiro ao meu leitor que veja em http://charcofrio.blogspot.pt/2011/01/francisco-maya.html para ficar com um aperçu général deste verdadeiro valor da nossa Cultura.

 

Francisco Maya 1Francisco Maya 2.jpg

 

Francisco Maya 3

 

E dali fomos de jeep pela costa norte até à extremidade oposta da ilha do Porto Santo para vermos uma casa-museu típica.

 

Tubos de Órgão-Pico de Ana Ferreira-Porto Santo.

 

Passámos pelos “Tubos de Órgão” (formação rochosa semelhante à irlandesa “Calçada dos Gigantes”) no Pico de Ana Ferreira. E aqui está mais uma figura de que eu também nunca ouvira falar. Filha bastarda de D. João II, os da Corte quiseram-na bem longe e ela fez-lhes a vontade adoptando a Ilha do Porto Santo como sua morada e – diz-se ainda hoje – como seu feudo. O nome do Pico resulta do facto de, aquando dos ataques dos piratas, a população se refugiar no Pico do Castelo e ela, não se misturando com o «seu» povo, optar pelo refúgio no Pico que hoje tem o seu nome.

 

Picos do Facho e do Castelo.png

 

O terceiro Pico mais notório é o do Facho (o da direita, na imagem), também sobranceiro à capital da Ilha, que era onde se acendia um enorme facho para que os piratas julgassem que era nele que a população estava refugiada quando, na realidade, estava no do Castelo. Mas esse tipo de negaças de pouco serviu quando em 1619 quase toda a população foi dizimada ou escravizada com excepção de 18 homens e de 7 mulheres. Foi então que Filipe II (III de Espanha) procurou repovoar a ilha, determinando também a construção de uma fortificação para a protecção das gentes. Daí, o nome de Pico do Castelo de cujo armamento foi há poucos anos recuperado um canhão que estava perdido, enterrado algures no Pico.

 

MiradouroPicoDoCastelo.jpg

 

Arborizada progressivamente pelos Serviços Florestais regionais, a paisagem continua a pedir muito mais árvores mas talvez a vinha também pudesse desempenhar um papel importante. Nesta hipótese, recomendo vivamente que se procure convencer algum enólogo que se dedique a ensinar aquela gente de modo a que abandonem os métodos de fabrico das actuais zurrapas que só a boa educação impede que se cuspa de imediato o que se prova. Na minha opinião, a produção vinícola local – felizmente diminuta – é absolutamente imbebível. Mas que as encostas daqueles montes precisam de ocupação, disso não tenho dúvidas. Antes que alguma rara enxurrada as esbarronde até ao mar.

 

A extremidade oriental da ilha chama-se Serra de Fora e está praticamente desabitada. Excepção a uma cidadã alemã que lá vive sozinha acompanhada duma caçadeira com que ameaça algum intruso. Não deixa de ser curioso que na extremidade mais isolada da ilha mais isolada viva uma pessoa sozinha. A vida monástica de clausura sempre deve ser mais animada que a desta Fulana. Mas se como Vasco da Gama dizia que “há gente para tudo, até para andar no mar”, também há quem se isole do mundo numa extremidade do extremo mais ermo da humanidade. Feitios...

 

E quanto às flores primaveris, nenhumas.

 

Hoje fico-me por aqui. Talvez amanhã haja mais.

 

Maio de 2015

 

Porto Santo-MAI15-B.jpg

Henrique Salles da Fonseca

ÁRVORES VELHAS

 

árvores velhas.png

 

Olha estas velhas árvores, mais belas

Do que as árvores novas, mais amigas:

Tanto mais belas quanto mais antigas,

Vencedoras da idade e das procelas...

 

O homem, a fera e o insecto, à sombra delas

Vivem livres de fome e fadigas;

E em seus galhos abrigam-se as cantigas

E os amores da aves tagarelas.

 

Não choremos , amigo, a mocidade!

Envelheçamos rindo, envelheçamos

Como as árvores fortes envelhecem:

 

Na glória da alegria e da bondade,

Agasalhando os pássaros nos ramos,

Dando sombra e consolo aos que padecem!

 

Olavo Bilac.png Olavo Bilac

 

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