“O SILÊNCIO DOS SENSATOS É A MINHA GRANDE PREOCUPAÇÃO”
Martin Luther King
O autor deste e-mail é dito ser o Dr. Emmanuel Tanya, um conhecido e respeitado psiquiatra. Um homem cuja família pertencia à aristocracia alemã antes da segunda guerra mundial e era proprietário de uma série de grandes indústrias e propriedades.
Quando perguntado sobre quantos alemães eram verdadeiros nazis, sua resposta pode guiar nossa atitude em relação ao fanatismo: 'Muito poucas pessoas foram verdadeiras nazis', disse ele, 'mas muitos gostaram do regresso do orgulho alemão e muitos mais estavam demasiado ocupados para se importarem com isso’. Eu era um dos que pensavam que os nazis não eram mais que um bando de idiotas.
Assim, a maioria limitou-se a ficar sentada e a deixar tudo acontecer. E antes que nos apercebêssemos eles eram donos de nós, tínhamos perdido controlo da situação e tinha chegado o fim do mundo. Minha família perdeu tudo, eu acabei num campo de concentração e os aliados destruíram minhas fábricas.'
Tem-nos sido dito repetidas vezes por "especialistas" e "comentadores" que o Islão é uma religião de paz e que a grande maioria dos muçulmanos só quer viver em paz. Ainda que esta afirmação possa ser verdadeira, ela é totalmente irrelevante. É treta sem sentido destinada a nos fazer sentir melhor e a minimizar o fantasma do alvoroço mundial em nome do Islão. Porém o facto é que são os fanáticos que mandam no Islão neste momento da história.
São os fanáticos que conduzem, são os fanáticos que empreenderam todas as 50 pungentes guerras no mundo, são os fanáticos que sistematicamente trucidam grupos cristãos ou tribais através da África e estão gradualmente tomando conta de todo o continente numa onda islâmica, são os fanáticos que bombardeiam, decapitam, assassinam em nome da lei, são os fanáticos que se vão apoderando das mesquitas, são os fanáticos que zelosamente espalham a tradição do apedrejamento e enforcamento das vítimas de violação e dos homossexuais, são os fanáticos que ensinam seus filhos a matar e a tornar-se bombistas suicidas.
Os factos, rigorosos e quantificáveis demonstram que a maioria pacífica, a ‘maioria silenciosa', é cobarde e irrelevante.
A Rússia comunista era formada de russos que apenas queriam viver em paz, contudo os comunistas russos foram responsáveis pelo massacre de cerca de 20 milhões de pessoas. A maioria pacífica era irrelevante.
A enorme população da China também era pacífica, porém os comunistas chineses conseguiram matar uns 70 milhões de pessoas.
O japonês médio antes da segunda guerra mundial não era um sádico belicista. Todavia o Japão fez um percurso de assassinatos através do Sudeste Asiático numa orgia de matança que incluiu o sistemático abate de 12 milhões de chineses civis, mortos à espada, à pá e à baioneta.
E quem pode esquecer o Ruanda, que colapsou numa carnificina. Não poderíamos dizer que a maioria dos ruandeses eram 'amantes da paz'?
As lições da história são incrivelmente simples e claras, porém apesar de todo o nosso poder de raciocínio, falhamos a percepção dos pontos mais básicos e simples.
Os muçulmanos amantes da paz tornaram-se irrelevantes através do seu silêncio. Os muçulmanos amantes da paz tornar-se-ão nossos inimigos se não marcarem posição, pois que, à semelhança do meu amigo alemão, eles irão acordar um dia e descobrir que os fanáticos são seus donos e que o fim do seu mundo terá começado.
Alemães, japoneses, chineses, russos, ruandeses, sérvios, afegãos, iraquianos, palestinos, somalis, nigerianos, argelinos e muitos outros amantes da paz têm morrido porque a maioria pacífica não tomou posição até ser demasiado tarde. Quanto a nós que assistimos a todo este desenrolar, temos de prestar atenção ao único grupo que conta – os fanáticos que ameaçam nosso modo de vida.
Richard von Weizsäcker, Presidente de todos os cidadãos
Na idade de 94 anos, morreu o ex-presidente Richard von Weizsäcker (nasceu a 15. 04. 1920 em Stuttgart; † 31.01. 2015 em Berlim). Grande personalidade, um exemplo de patriota e estadista de cunho internacional. Foi uma figura de Estado e da Igreja, um presidente de todos os alemães e uma autoridade moral tanto para a esquerda como para a direita. Era independente e não partidário embora pertencesse ao partido CDU. Amado por todo o povo, foi a voz da consciência do povo alemão.
O seu mandato coincidiu com o final da Guerra-fria e a reunificação da Alemanha. Empenhou-se na conciliação e reconciliação com os vizinhos na Europa e Israel. Foi presidente da Alemanha ocidental e da Alemanha reunificada. Filho de família nobre foi também um nobre do povo. De 1967-1984, foi membro do Sínodo e do Conselho da Igreja Evangélica na Alemanha e também durante dois anos presidente da Congresso da Igreja protestante.
Ele, que tinha sido soldado durante a guerra e viu morrer o irmão a seu lado, no final da guerra contactou o grupo de resistência liderado por Claus Schenk Graf von Stauffenberg.
Na celebração do 40.º da capitulação alemã da Segunda Guerra Mundial, disse que o final da guerra, para a Alemanha, "não foi o dia de uma derrota, mas o dia da libertação do sistema desumano da tirania nazista”. Assim se encerra um capítulo da História alemã com uma clareza reconciliadora que impede qualquer revisionismo da história e tapa a boca a revanchistas: a capitulação não foi um acto da humilhação mas da libertação, foi a capitulação do regime nazi perante as nações e perante o povo (nação) alemão.
A frase ganhou raízes na consciência colectiva da história dos alemães. Segundo, Gabriel, chefe do SPD, as declarações de Weizsäcker determinaram “o ponto de viragem nos livros de história”.
Angela Merkel acrescentou: "A maneira como exerceu 1984-1994 o cargo de Presidente, estabeleceu novos padrões." Weizsäcker manteve sempre o seu espírito livre e crítico em relação ao próprio partido e aos partidos em geral, que criticava pela sua “obsessão do poder”. Foi uma voz incómoda para o seu partido, defendendo, por vezes, posições da oposição que eram desagradáveis ao partido. Weizsäcker colocava o bem da nação à frente dos interesses que um partido representa. O partido, porém, mostrou hombridade ao disponibilizar-lhe cargos de grande responsabilidade.
Filipe: de φιλος(philos) "amigo" e ‘ιππος(hippos) "cavalo", Filipe significa o “amigo dos cavalos”!
A Macedónia, no começo do reinado de Filipe II (359-336 a.C.) era um país – região – pequeno, praticamente todo dentro do que é hoje território da Grécia, que tanto reclamou quando uns vizinhos ex-jugoslavos quiseram a independência e chamar ao novo país Macedónia. A Grécia considera o nome "Macedónia" como parte do seu passado cultural. Além disso, a Grécia já possui uma região com o mesmo nome. Desta forma, só concordou com a admissão da República da Macedónia (nome constitucional) na ONU sob o nome provisório de "Antiga República Jugoslava da Macedónia" (em inglês "the Former Yugoslav Republic of Macedonia" – FYRM).
Quatro séculos antes do nascimento de Cristo o futuro da civilização grega, com suas cidades condenadas à filosofia e não à guerra, dilaceradas por rivalidades e raivas, dependia da Macedónia, que, como uma porta trancada, ao Norte, continha a ameaça dos exércitos dos persas Darius e Xerxes. Desta situação Filipe II acabará por tirar o melhor partido, com um sentido de diplomacia que se confunde com perfídia!
Os gregos do cimo da sua cultura faziam questão de “confundir” estes vizinhos do Norte, de cabelos louros e olhos azuis, com os bárbaros da Ilíria, Trácia ou Mésia, que hoje correspondem, aproximadamente, a Ilíria à antiga Jugoslávia, a Trácia a metade da Bulgária, ao território europeu da Turquia e um canto no extremo nordeste da Grécia e a Mésia no sul do Danúbio apanhando umas partes da Sérvia, Bulgária e Roménia.
Eles os descreviam como vagabundos bagunceiros, vestidos de peles de animais sempre a guerrearem por questões de pastagens, caçadores e bebedores, que despejavam goela abaixo enormes quantidades de vinho antes de cada refeição!
No entanto a côrte real da Macedónia enchia-se de cultura. As classes superiores falavam o grego clássico e procuravam levar a mesma vida “rafinée” dos prestigiosos vizinhos. Apesar da sua vocação para a perfeição, as famílias dos soberanos macedónios viviam em questões motivadas por paixões e ambições e os assassinatos eram tão frequentes como em qualquer outro lugar no Mediterrâneo! A democracia na antiguidade helénica era tão frágil como é no mundo moderno!
A mãe de Filipe, Euridice diz-se que assassinou o marido, rei Amintas, e tomou por amante o esposo de sua filha, um tal Ptolomeu. Este, por seu lado assassinou o príncipe herdeiro, Alexandre, filho da sua amante, para se apropriar do trono. Pelos vistos a vida em Pella, capital da Macedónia naquele tempo, não era lá muito tranquila.
Em 367 Tebas impusera a paz na Tessália e o general tebano Pelópidas tomou como refém o jovem príncipe Filipe então com oito anos, futuro rei, irmão caçula do rei Pérdicas. Filipe, inteligente e muito vivo, estudou as tácticas de Ifícrates e Epaminondas, assim como as inovações e estratégias militares tebanas (a falange). Regressou à Macedónia em 360, tendo estudado bem os métodos militares gregos com as falanges hoplitas. (Hoplita na Grécia antiga, era um soldado de infantaria pesada. Seu nome provém do grande escudo que carregavam: o hóplon. Era o principal soldado grego da antiguidade. Carregavam uma longa lança de 2,5m, e uma espada curta para combates de curta distância. Os exércitos de hoplitas lutavam corpo-a-corpo em densas colunas, com a ponta das lanças de várias fileiras se projectando para fora da formação golpeando na altura do peito.)
Decidiu então que a resposta à táctica hoplita teria uma nova formação: a falange de dez fileiras de Infantaria armadas com lanças, duas vezes mais longas do que as lanças comuns. Os homens que as carregavam ficavam mais distantes do que os hoplitas, de modo que as lanças da retaguarda se projectavam entre as das primeiras fileiras. O resultado era uma disposição de pontas em forma de ouriço, uma arma formidável.
Falange macedónia
Para apoiar a retaguarda havia uma cavalaria com armaduras cercada por uma fileira de armas pesadas, tipo catapultas.
Um ano depois Filipe assumiu o controle, não como rei, mas como guardião de seu sobrinho, Amintas IV, um jovem menino. Seu país estava à beira do colapso, tendo perdido quatro mil homens em batalha, enquanto as forças vitoriosas de Bardílis ocupavam cidades na Pelagónia e Linco (na Macedónia, Grécia) e ameaçavam invadir toda a própria Macedónia em 358 a.C. Depois duns quantos ajustes de contas, Filipe acabou por assumir o trono, porque na sua adolescência esteve retido em Tebas, o que lhe deverá ter salvo a vida.
Não tardou a criar as falanges macedónias, futuro instrumento da sua glória, e assim começou por ocupar as margens do Mar Egeu. Fez “mão baixa” das minas de ouro do Monte Pangeu que produziam o equivalente a muitos milhões de € euros, que lhe permitia corromper os cidadãos mais influentes das cidades gregas! (Tal qual hoje!!!)
“Serve-te do ouro como de uma espada, lhe havia dito o oráculo de Delfos, e ninguém te resistirá!” Ele mesmo acrescentou: “Nenhuma fortaleza resiste a uma mula carregada de ouro!”
Sabia, admiravelmente jogar com a força e a persuasão, a brutalidade e a perfídia. Atlético, corajoso, entusiasta, bêbedo, bonito, não lhe faltava espírito. Depois de uma luta, amigável, desportiva, contemplava a sua sombra projectada no chão e dizia: “Não cubro grande ária para alguém que quer conquistar o mundo!”
Segundo Demóstenes, que se fazia defensor da democracia face ao “perigo do norte”, Filipe foi considerado velhaco e mentiroso e que a sua palavra não valia um talento de ouro! Como em todos, ou quase, os políticos e oradores, Demóstenes também tinha o seu lado fraco: era pago pelos atenienses das colónias ocupadas por Filipe! E tinha sido humilhado pelo rei da Macedónia quando das negociações com Atenas.
Mantendo no seu exército uma disciplina de ferro, Filipe II, nos seus combates fez prova de imensa coragem para se encontrar com menos de 20 anos, com um olho vazado, uma clavícula fracturada e um braço e uma perna imobilizada!
Filipe a cavalo
Isócrates culpava-o por se expôr como um valentão em lugar de um rei! Depois das batalhas cantava e bebia com os soldados, desafiava-os para combates amicais, e punha-os a rir fazendo brincadeiras e palhaçadas! Mas, para se guardar contra a vaidade tinha um escravo que todos os dias, quando ele se levantava, lhe dizia: “Filipe, lembra-te que és um mortal!”
Casou primeiro com uma jovem, Olímpias, filha do rei de Épiro (hoje a Albânia) que tinha também uma personalidade forte. Segundo o costume do seu país ela fazia parte das bacantes que se entregavam a ritos orgíacos (seguiam o culto de Orfeu e Dionísio – o bonitão daquelas bandas – e eram conhecidas como selvagens e endoidecidas, de quem não se conseguia um raciocínio claro. Durante o culto, dançavam de uma maneira livre e lasciva, em total concordância com as forças mais primitivas da natureza. Os mistérios que envolviam o deus, provocavam nelas um estado de êxtase absoluto, entregando-se a desmedida violência, derramamento de sangue, sexo, embriaguez e auto flagelação) e punham tal fervor nas cerimónias frenéticas durante as quais se enrolavam em serpentes vivas.
Dizem que perto da cama dela dormia uma grande serpente que terá sido a principal causa para arrefecer o “amor” das carícias de Filipe! Mas não foi a presença da serpente que levou Filipe a desconfiar da sua paternidade quando nasceu Alexandre. Acabou por repudiar Olímpia – e parece, dizia que tinha sido possuída por Zeus – que voltou para o Épiro com seu filho que tomou o partido da mãe, e Filipe voltou a casar com Cleópatra filha de um dos seus generais.
Ao fim de 23 anos de reinado tinha dobrado a superfície do seu reino. Por toda a Grécia o povo estava apático, desencorajado, resignado.
As suas tropas estavam afinadas, aguerridas e fiéis e as suas finanças em muito boa situação, já que ele era também mestre em se apropriar das riquezas das cidades vencidas.
No ano 336 Alexandre não está convencido que irá suceder a seu pai, que duvidava da paternidade, tanto mais que tinha assistido, com a sua mãe, Olímpias, às sumptuosas bodas de Filipe com a jovem Cleópatra já grávida. O general Atalo, pai de Cleópatra, imprudentemente, na presença de Alexandre, disse: “Podemos agora esperar um filho legítimo para um trono legítimo!”
Filipe preparava-se para partir para a Ásia Menor em cruzada contra os persas. Organizou grandes festas. Cleópatra já lhe dera um filho e vai casar uma das suas filhas com o rei de Épiro pretendendo assim aliviar as tensões provocadas por ter repudiado Olímpias.
Um oráculo consultado em Delfos sobre a futura campanha respondeu: “O touro está enfeitado com coroas de flores. O seu fim está próximo. O sacrificador está pronto.” Anuncia uma morte! Do rei persa ou de Filipe?
O povo também se admirou de ver, numa procissão uma esfinge de Filipe, entre os deuses do Olimpo, como se ele estivesse já “no além”!
Tudo pronto em Aegea (hoje Edessa) para o casamento do rei de Épiro, onde estavam também Olímpias e Alexandre. Príncipes, generais, políticos, atletas vindo participar nos jogos, atores célebres, artistas, todos se confundem nas ruas da capital.
Poucos dias antes o mesmo general Atalo, numa “brincadeira” de mau gosto embebedou um súbdito de Filipe, Pausanias, com quem tinha contas a acertar. O jovem, em lágrimas foi queixar-se a Filipe que não estava disposto a se indispor com o sogro e quase também genro e mandou-o embora com um presente.
No dia da festa, a seguir à cerimónia do casamento, todos os convivas foram para o anfiteatro onde os atletas se iam exibir. Filipe, vestido de branco, precedido por Alexandre e pelo rei de Épiro caminham por corredor estreito que levava para a arena. Um homem surge de repente e enfia um punhal no coração de Filipe. Pausanias. Enquanto Filipe desaba, o assassino monta no seu cavalo mas pouco adiante bate num ramo de uma árvore e tomba. Logo é apanhado pelos guardas que o atravessam com lanças e o deixam pendurado num patíbulo no centro da cidade.
De manhã descobrem que ele tinha na cabeça uma coroa dourada!
A cruzada contra os persas não tinha entusiasmado ninguém e os convidados não se preocuparam muito com o fim trágico do rei da Macedónia; decidem que o trono deve ficar com Alexandre, e enquanto este se ocupa a consolidar a sua posição, Olímpias vai a Pela, entra no quarto de Cleópatra, ainda não recuperada do parto, e convence-a a pôr fim à vida, o que a jovem, com medo, não hesita em fazer e se enforca. A antiga bacante do Épiro pega no recém-nascido e manda que o atirem ao fogo do altar, em oferenda aos deuses.
Alexandre tem 20 anos. Um dos seus primeiros actos foi repudiar Atalo, o general desbocado. Herda o maior e mais disciplinado exército que havia. Dois anos depois sai em guerra contra os persas e conquista o maior império da história.
Venho divulgar um apelo no sentido de que a RDP Internacional (RDPi) se mantenha, como até agora, como o canal lusófono por excelência, com o seu papel determinante na expansão da língua, como elo entre os portugueses no mundo e veículo de divulgação da cultura portuguesa e lusófona em geral e de aspirações de povos e comunidades de herança portuguesa.
Este apelo tem a ver com indicações que chegaram ao meu conhecimento a apontar para uma certa subordinação da RDPi a ditames que fogem ao âmbito que atrás referi: por exemplo o forte encurtamento dos noticiários diários, o abandono de noticiários à hora certa (o que implica que as rádios lusófonas no mundo que os retransmitem fiquem impedidas de ter essa informação abrangente da RDPi). Segundo sei, esses noticiários à hora certa cessam a partir de meados de Fevereiro.
E esses noticiários da RDPi devem ter em conta a diferença horária nos vários continentes e devem também ter a frequência adequada, apenas com o máximo de duas ou três horas de espaço entre si (pelo que é inadmissível que depois do noticiário das 24h só volte a haver às 9h). Esta minha preocupação surgiu-me depois de saber que, desde o passado dia 12 de Janeiro já não há síntese noticiosa às 7h25 e a Revista de Imprensa diária cerca das 8h20 (que estava atenta ao que os jornais de todo o país - regiões autónomas incluídas - escreviam sobre a diáspora e o mundo lusófonos).
Outra preocupação tem a ver com os conteúdos da emissão e, em especial, o que se relaciona com a música que sempre foi de pendor popular (raiz portuguesa) e que deve manter-se em prejuízo de uma música predominantemente urbana, a qual, sem deixar de ser emitida, não pode ser a prioritária. Os ouvintes globais da RDPi, sejam portugueses, lusófonos em geral e amigos de Portugal (e da cultura que o nosso país disseminou no mundo), gostam dessa música de raiz popular e/ou de matriz portuguesa, como tantas vezes o deram a conhecer. E mais: peço também que se impeça que a liberdade dos locutores/realizadores seja cerceada por uma planeada play list, a impôr música pré-selecionada.
Sobre os meios a utilizar para fazer chegar a mensagem da RDPi, acho necessário repensar o fim da Onda Curta. E aqui refiro o caso de Espanha que, dados os protestos de ouvintes, decidiu mantê-la de modo a ir de encontro aos falantes de castelhano no mundo que não são tão dispersos como os lusófonos que se espalham pelos 5 continentes.
Os protestos contra o fecho da Onda Curta da RDP foram numerosos (por carta, mail, Facebook, sites e blogs, telefone e durante as emissões), dirigidos à RTP, ao Provedor do Ouvinte e aos funcionários da RDPi, além dos constantes da Petição 'Manter a Onda Curta RTP Internacional RDP Internacional’.
As emissões de rádio por Onda Curta, ao contrário do que alguns dizem, não são um meio obsoleto ou com falta de qualidade. Conforme a potência dos emissores e a direcção das antenas, muitas dessas emissões têm grande qualidade (e até há o sistema DRM, o que lhes confere som quase igual ao do FM). Basta ter um receptor com essas bandas para o constatar.
E, também ao contrário do que se diz (e eu soube que o CEOC, Centro Emissor de Ondas Curtas, tinha um custo anual pouco superior a meio milhão de euros), a Onda Curta não é um meio caro e com manutenção dispendiosa e é menos falível do que a falada distribuição da RDPi nas redes de satélites, cabo, DTH e Internet, porque esta falha de todo se houver problema na emissão do sinal que a sustenta.
Acresce que há um vasto potencial que a RDP está a desperdiçar: os milhões de receptores dotados de Onda Curta, de cujas bandas Portugal lamentavelmente desapareceu.
A questão Charlie vai esmorecendo, ultrapassada por novos “atentados” – à bolsa, ao pudor, à paciência, ou seja lá o que for que o tempo implacável vai trazendo sucessivamente, a lembrar que somos mortais e esquecidos, embora não nos ódios, que até os espectros nos convidam a vingar-nos, como aconteceu com o espectro do pai de Hamlet, morto, ao que parece, pelo rei seguinte, Cláudio, que o substituiu na governança do reino da Dinamarca e no tálamo conjugal, junto de sua viúva Gertrudes, mãe de Hamlet. O pai de Hamlet não suportou tal ofensa e fez-se representar pelo seu espectro junto do filho transtornado, convidando-o a vingar-se. Contra a estranheza do seu amigo Horácio - e até do oficial da guarda, Marcelo, que anteriormente afirmara que algo de podre havia no Reino da Dinamarca - Hamlet observa, ciente da sua verdade a respeito das ordens do espectro: “Hámais coisas na terra e no céu, Horácio, do que sonha a vossa filosofia”. São histórias de outrora, mas histórias fortes, mais que as de agora, mais elegantes também, na efabulação e na expressividade dos sentimentos e na dimensão das réplicas. Um tempo actual mais exposto, o palco das enormidades do “algo de podre” assente no mundo inteiro, traduzindo-se na bestialidade, perante os espectadores da Terra, quer na criminalidade cozinhada à vista, quer na reacção de apoio espectacular das gentes defendendo a causa da liberdade em silêncio submisso e com desenho reivindicativo de partilha, “Je suis Charlie”, disparando como bala, mais ou menos conscientemente, mais ou menos infantilmente.
Apesar da filosofia ou dos conceitos moderados de alguns, que tentam disciplinar as mentes num sentido de racionalidade e sem demagogia. Tal é o caso do artigo claro e sereno do JuizPedro Vaz Patto, saído no Público de 23/1/2015
Só que as palavras serenas, segundo a parte contrária, não são tomadas, naturalmente, em conta, cada um impondo a sua voz, num mundo precipitando-se no nada:
«Ser ou não ser Charlie»
Pedro Vaz Patto (Juiz Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz)
A alternativa ao fanatismo fundamentalista não é a liberdade sem limites, nem uma sociedade onde nada é sagrado.
Foi com viva comoção que muitos assistiram à grande manifestação que se seguiu aos atentados de Paris, um grito de repúdio do terrorismo. A frase mais ouvida, Je suis Charlie, para muitos exprimia, antes de tudo, a solidariedade para com as vítimas, mesmo da parte de quem nunca se identificou com a linha ideológica do jornal Charlie Hebdo.
Mas por detrás dessa palavra de ordem também se nota a vontade de apresentar o estilo que tem caracterizado esse jornal (a sátira que não reconhece limites e ofende gravemente o que há de mais sagrado para crentes de várias religiões) como o ícone mais representativo da sociedade de liberdade e tolerância em que vivemos e queremos continuar a viver. Isto já não me parece aceitável.
Subjacente a esta ideia está um conceito de liberdade individualista, que não se detém diante do respeito pelo outro, pela sua dignidade e pela sua sensibilidade. Para esta visão, só a própria liberdade será sagrada; mas uma liberdade que se torna vazia, um fim em si mesmo e não um meio para alcançar a verdade e a realização pessoal no relacionamento com os outros.
A liberdade de expressão tem limites em qualquer sociedade livre e democrática.
Quem instiga à prática do crime e do terrorismo (como fazem alguns dos mentores de actos como os dos atentados de Paris) claramente ultrapassa esses limites. Nesta ocasião, o próprio Governo francês participou, pelo crime de propaganda do terrorismo, de um polémico actor, Dieudonné, que afirmou: Je suis Coulibaly (um dos autores de um dos atentados). Em Itália, decorre actualmente uma campanha contra o racismo em que se afirma, numa alusão ao insulto racista: "As palavras também podem matar". Em sistemas jurídicos como o português, a difamação e a injúria (isto é, a imputação a outrem de factos desonrosos e a emissão pública de juízos atentatórios da honra de outrem) são crime. Há que distinguir a crítica de atos, que deve ser livre, da ofensa que atinge a dignidade da pessoa visada, seja ela quem for.
O que é próprio das sociedades livres e democráticas é o livre debate de ideias.A crítica da religião islâmica, como a da religião cristã ou das religiões em geral, não pode deixar de ser livre. Nem há que temer esse debate e essa crítica, porque às ideias pode sempre responder-se com outras ideias, e a Verdade impõe-se por si, pela luz e força que lhe são intrínsecas.É diferente da crítica motivada às religiões a falta de respeito pelos símbolos e figuras tidos por sagrados, o achincalhar gratuito desses símbolos e figuras, a ofensa aos sentimentos religiosos das pessoas. Às ideias pode responder-se com outras ideias e assim se gera o diálogo e o debate. Os insultos já saem fora do diálogo e do debate racional. Surge sempre a tentação de responder aos insultos com outros insultos, e assim se gera a violência verbal, que nada tem a ver com o debate que é próprio de sociedades livres e democráticas.
É verdade que os tribunais são cada vez mais reticentes no reconhecer o respeito pelos sentimentos religiosos das pessoas como limite à liberdade de expressão. Talvez isso se explique pelo peso da memória de épocas em que a religião serviu para limitar a liberdade de expressão de ideias, ou também por preconceito laicista (não liberal) contra a religião. Parece que há “dois pesos e duas medidas”: aceitam-se mais facilmente limites à liberdade de expressão noutros âmbitos, como quando estão em causa discriminações em razão da raça, ou, mais recentemente, da orientação sexual (desapareceu a sátira a pessoas homossexuais que, há alguns anos, era muito comum em programas humorísticos, e isso é de saudar, mas já não o é a tentativa de limitar a expressão de ideias contrárias à prática homossexual).
Mas não pode ignorar-se que, para muitas pessoas, não só uma ofensa verbal pode ferir mais do que uma ofensa física, como a ofensa ao que para elas é mais sagrado, aos seus sentimentos religiosos, fere mais do que uma ofensa à sua pessoa ou à sua família.
Nada disto justifica o homicídio terrorista, ou atenua a sua gravidade. Matar e odiar invocando o nome de Deus é também uma blasfémia (di-lo o Catecismo da Igreja Católica, no seu n.º 2148), talvez a mais grave de todas.
Mas a alternativa ao fanatismo fundamentalista não é a liberdade sem limites, nem uma sociedade onde nada é sagrado. A alternativa ao fundamentalismo é uma sociedade de diálogo entre religiões e entre crentes e não crentes. Um diálogo que comporta a liberdade do debate de ideias e da crítica, mas também o respeito pelo outro e pela sua sensibilidade. O diálogo serve para construir a paz e a fraternidade, o insulto não serve.
Nasci berrando, cresci falando para morrer gritando. Pela palavra me torno e por ela me transformo!
Obrigado José! Obrigado Saramago, pela discussão que provocaste. Num mundo extremamente contraditório e dialéctico, por mais que se afirmem as teses e as antíteses nunca se chegará à síntese, ou não fôssemos nós seres humanos e não fosse a vida processo!
No meio da refrega constato um facto: quer ateus quer teístas precisam de Deus para se definirem.
Encontramo-nos todos sobre o mesmo tapete ao serviço da vida! Por vezes, alguns, em confronto com um mundo feito de injustiças, projectam as suas frustrações e desilusões num Deus mudo e inexistente enquanto que outros, irmãos na desilusão, não se conformam com a realidade do presente projectando-a numa realidade futura. Ambas as posições não se encontram à altura do pensar bíblico. Ambos fogem de si mesmos e da realidade envolvente! Em vez de encararmos a realidade e a transformarmos, atiramos tiros para o ar e guerreamo-nos, tal como no caso de Caim.
Caim e Abel são duas faces da mesma medalha que é cada um de nós!
O problema é que ateus e teístas virem em militantes, dado seu credo se tornar parte da própria identidade expressa, sem a perspectiva do outro! Por outro lado, quem cala não conta.
Infelizmente cada qual defende apenas o reino dos seus interesses não havendo espaço para uma cultura de pensar justo! A perspectiva de Caim terá de integrar nela a perspectiva de Abel e Abel terá de reconhecer nele a perspectiva de Caim. Querer ter a razão final é tornar-se só Caim.
Todos os crentes, quer creiam em Deus ou não, não conseguem abdicar da sua crença ateia ou religiosa em processo. Problema se tornaria se a uma tese apresentada por Saramago não fosse possível a antítese duma dialéctica construtiva interessada numa síntese muito embora passageira! Problema é também o facto do senhor Saramago ter apresentado a sua compreensão da Bíblia como se esta fosse a compreensão por excelência, atitude a que nem o Vaticano se atreve!
É natural que cristãos e judeus possam reagir e tentar explicar outras maneiras de compreender os 73 livros da Bíblia. Assim seria lógica e aceitável a tentativa destes por explicar outras leituras da Bíblia numa dialéctica que lhe é própria. Era necessário compreender que na Bíblia e especificamente na história de Caim e Abel, se encontra documentada a dialéctica entre a cultura pastoril e a cultura sedentária, entre a cultura do campo e a das cidades, que hoje como ontem é bem actual, tal como outrora em Caim e Abel. Como sempre, na luta entre a província e a cidade há interesses muito concretos a defender. Veja-se a afirmação macrocefálica da capital contra o regionalismo...
Saramago tal como Caim não aceita a mundivisão do seu irmão Abel. A imagem de Deus que Saramago ataca é naturalmente a sua. Quer reduzir a realidade bíblica a infantilismos e cai na contradição de negar Deus e ao mesmo tempo o responsabilizar pelo mal dando-lhe o atributo de "filho da puta", como se vê em Saramago página 82 do seu livro.
Este mimo e outros queriam provocar relação, e naturalmente quem reage é logo apelidado de reaccionário. Quem ele quer atingir não será naturalmente Deus mas os filhos do tal "filho da p." que, muito naturalmente, não serão melhores que o seu Deus a destruir!
Que em cada cultura, nos antagonismos que lhe são próprios e até benéficos, esteja presente Caim e Abel em disputa, é muito natural e benéfico, o problema é não nos darmos conta de que somos os dois na mesma pessoa e não notarmos o papel que representamos em cada momento em que falamos ou agimos (Caim ou Abel)! Quem mata Abel torna-se assassino de si mesmo tal como quem mata Caim, dado os dois serem o reverso de si mesmo e das sociedades.
Naturalmente que quem vai à missa de Saramago não goste de outras missas e vice-versa. Desumano seria se não nos respeitássemos uns aos outros, conscientes de que todos andamos encostados a algo que não queremos reconhecer… É a nossa liberdade de escravos, mas esta escravidão pode tornar-se libertadora!
Ao fogo do inferno sucede-se o fogo das palavras e dos próprios interesses. A agressão é também uma maneira de libertar a consciência, como nos ensina Caim! A continuarmos assim não haverá infernos para uns e paraísos para outros, mas sim, democraticamente, inferno para todos! Salvem-se os nossos maiorais, os nossos Belzebuses, porque esses gozam de imunidade!
Quem faz a guerra não pode lavar-se nas águas da inocência.
Naturalmente que Saramago sabia muito bem que quem ataca não é vingativo, vingativo tornam-se os outros. A divindade Nobel ofendida exige o louvor aos seus devotos. No fim há muita beatice ateia e crente ao serviço dos respectivos dogmatismos e da própria seriedade.
Um outro facto: A grandeza dos que se distinguem precisa da pequenez dos que os fazem!...
De lamentar seria que se formassem grupos incompatíveis, dum lado súbditos ateístas, e, do outro, súbditos teístas: uns contra os outros na defesa da própria devoção.
Quem diz o que quer ouve o que não quer.... Importante é que todos são pessoas honradas, muito embora assumindo umas vezes o papel de Caim outras o de Abel!