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A bem da Nação

CUIDADO!!!

 

 

OS RADICAIS MUÇULMANOS INTERPRETAM O CORÃO À LETRA

 

Quando os meses sagrados houverem transcorrido, matai os idólatras, onde quer que os acheis; capturai-os, acossai-os e espreitai-os (…)

Corão, 9ª Surata, versículo 5

 

 

Eis algumas frases «simpáticas» de um dos teólogos muçulmanos mais radicais:

 

“É da natureza do Islão dominar, não ser dominado, impor a sua lei a todas as Nações e fazer alastrar o seu poder ao planeta inteiro”

 

“O punhal, o veneno e o revólver… Estas são as armas do Islão contra os seus inimigos”

 

 Sheick Hassan al-Banna (1906-1949)

EM SUMA

 

Mais uma excelente crónica de Alberto Gonçalves, do Forum do DN de 29/6, com temas diversos entre os quais, o do falhanço da selecção portuguesa, tema de que já Vasco Pulido Valente se ocupara no Público de 20/6 - “Uma história portuguesa, com certeza”- sobre a responsabilidade geral nesse falhanço – correspondendo ao falhanço económico – no excessivo das demonstrações patrioteiras, logo seguido das demonstrações de ironia fácil e raivosa. Mas são outros os temas que transcrevo do sociólogo Alberto Gonçalves, o 1º, A invenção do Mal, curiosa demonstração sobre as falsidades de um partido que, condenando as privatizações perpetradas pelo Governo, no seguimento da doutrinação marxista-leninista e de Engels, é detentor de inúmeras propriedades, que o colocam em liderança proprietária relativamente aos partidos que condena.

 

Também o 2º tema é revelador das irregularidades dos pontos de vista críticos relativamente à actuação desordeira das populações, na opinião, neste caso, de Costa e seus apoiantes – aceitável a desordem quando inflectida sobre o Governo, vergonhosa quando actuando sobre a esquerda de Costa.

 

O 3º assunto, “A lepra”, de 28/6 consiste numa mudança de opinião generalizada sobre a responsabilidade de José Sócrates no descalabro económico da nação.

 

Termina a página com o comentário «Teologia da libertação” a respeito da acção “mordente” de um jogador uruguaio sobre o adversário italiano e os conceitos doutrinários dos chefes  sul-americanos sobre a vergonha das sanções como ataque aos pobres etc, etc.

 

Não resisti a transcrever alguns dos comentários que tais artigos provocaram:

 

 

 

«A invenção do Mal», 22/6

 

Como não se passa um dia sem que o PCP resmungue contra as privatizações, aproveito para recordar uma notícia velha de alguns meses, cortesia da TSF.

 

O PCP é o partido português com mais património imobiliário ("O proletariado só pode libertar-se através da abolição da propriedade privada em geral" - Engels). Possui mais de 60 terrenos e 200 apartamentos ou prédios, entre os quais a Quinta da Atalaia, de 250 mil metros quadrados, onde se faz a Festa do Avante! ("Não se pode vencer o Capitalismo sem tomar os bancos e sem abolir a propriedade privada" - Lenine). A lista de património imobiliário do partido, publicada em Diário da República, consta de outros 65 terrenos um pouco por todo o País, incluindo meia dúzia de quintas em Loures, Coimbra, Fornos de Algodres e Viseu ("Rousseau disse que a primeira pessoa a reclamar um pedaço da natureza para si e a transformá-la na forma transcendente da propriedade privada foi quem inventou o Mal" - Negri). Além dos terrenos, na lista de património imobiliário do PCP estão ainda 200 prédios urbanos ou outros imóveis como apartamentos ("A moderna propriedade privada burguesa é a expressão última e mais consumada da geração e apropriação dos produtos que repousam em oposições de classes" - Marx e Engels). Na comparação com os outros partidos, o PCP lidera, com enorme vantagem, no património imobiliário. PS e PSD têm, cada um, pouco mais de 70 edifícios ou apartamentos declarados, e o CDS-PP fica-se pelos dez ("A Teoria do Comunismo pode resumir-se numa frase: erradique-se toda a propriedade privada" - Marx e Engels).

 

«Ermesinde saiu à rua», 27/6

 

Após António Costa ter subido ao "país real" e sido insultado com galhardia por algum povo, a PGR abriu um inquérito, Manuel Alegre considerou os incidentes "intoleráveis" e, com a originalidade que o define, o próprio Dr. Costa achou-os "inaceitáveis". Presumo que não ache inaceitável que, conforme demonstra um vídeo a correr por aí, uma senhora que lhe berra ao ouvido seja arrastada pelo pescoço por, ao que li, um seu assessor na autarquia lisboeta. Percebo-o: também não gostaria que me gritassem a menos de 30 centímetros de distância; infelizmente, falta-me o assessor.

 

Além da graça natural em tudo isto, a comédia intensifica-se quando se percebe que o escândalo em volta dos acontecimentos de Ermesinde não se deve à lendária ética republicana, que acomete certa esquerda de uma repulsa natural pelo desrespeito. Não, senhor: o problema com a revolta popular irrompe apenas quando a revolta é dirigida contra a própria esquerda. Por outras palavras, ofender o Dr. Costa é uma vergonha; ofender membros do Governo, ritualmente interrompidos em cerimónias públicas por algazarra e interpretações da Grândola, é um acto de cidadania.

 

Desigualdade de perspectivas? Nem por isso: provavelmente, considera-se que a quota de insultos ao dr. Costa já se encontra preenchida pelo Dr. Costa, sempre que abre a boca de modo a permitir a saída do vácuo comprimido na sua cabecinha. Tivesse esclarecimento para tanto, o Dr. Costa apresentaria uma queixa à PGR contra si.

 

«A lepra», 28/6

 

Há três anos, Francisco Assis garantia que a história fará justiça a José Sócrates. Há pouco mais de um ano, o ex-ministro Nuno Severiano Teixeira assegurava que a história fará justiça a José Sócrates. Dia sim, dia não, os blogues anonimamente assinados por serviçais do antigo primeiro-ministro afiançavam que a história fará justiça a José Sócrates. Por uma vez, os videntes acertaram.

 

Embora muitos cidadãos tivessem preferido que a Justiça fizesse justiça ao Eng. Sócrates, a história começa a colocar o cavalheiro no lugar que merece. Depois de, nas recentes europeias, a mera presença do cavalheiro num almoço de campanha afundar decisivamente as pretensões eleitorais do seu partido, o partido desatou a tratá-lo com a deferência normalmente dedicada à lepra. E se não se estranha muito que alguns apoiantes do Dr. Seguro usem as palavras "descalabro" e "desastre" para avaliar a governação do Eng. Sócrates, estranha-se um bocadinho que o Dr. Costa já se refira aos "erros" da mesma.

 

Na prática, só falta o próprio Eng. Sócrates admitir que duplicar a dívida pública em meia dúzia de anos e colocar Portugal na dependência desesperada do exterior durante as próximas duas dúzias não foi uma proeza admirável ou, como ele repetia sempre que espirrava, um "momento histórico". Aí sim, será altura de colocar o homem sob o pedestal da posteridade.

 

«Teologia da libertação»

 

Um jogador da selecção uruguaia mordeu o adversário e foi corrido do Mundial. Para José Mujica, o cliché que preside aquele país, a sanção é, cito, uma "vergonha" e um "ataque aos pobres". Depois de o senhor Lula ter explicado a eliminação dos ingleses com a dificuldade destes em se adaptarem à elevada qualidade dos estádios brasileiros, é justo rever as palavras de Hugo Chávez, quando acusou os EUA de provocarem cancro a diversos chefes de Estado da América Latina: os cancros serão fortuitos, mas o surto de demência dá que pensar.

 

Alguns comentários da Internet:

 

MMartins:

 

Ao ver ontem o "Eixo do mal", fiquei intrigado por uma teoria apresentada por CFA cujo argumento sustenta que o espaço político da esquerda foi invadido por um novo pensamento de direita, baixo e sujo, cujos intervenientes pertenciam a uma nova geração de académicos e de profissionais muito bem formados. De facto concordo com esta teoria, exceptuando a qualificação de "baixo e sujo". E a explicação para tal não é complexa nem esotérica. Tem só a ver com a qualificação e formação. Incluo AG neste campo. Alguém inteligente e qualificado que não se coíbe da participação cívica em prol do seu país. Bem haja.

 

Spartacus:

 

Para a "esquerda" bem pensante, incluindo naturalmente a dra. Ferreira Alves, tudo que se conecte com a "direita", mesmo que se aproxime da excelência, é "baixo e sujo". Pelo contrário, se vier da "esquerda", mesmo que se revele de uma mediocridade confrangedora, ou mesmo da mais torpe baixeza, é silenciado ou visto como um erro menor ou uma "gaffe" sem a menor importância.

Vide os ministros sem direito a usar da palavra, o "escurinho" do sr. Arménio ou as boçalidades "profes" do sr. Nogueira.

 

Sublime, tanto a história das injúrias ao Costa como a do PCP capitalista. Que pena não haver mais jornalistas assim!

 

Bem haja Alberto pela boa disposição que sinto depois de ler uma crónica como esta! Adorei a farpa às esquerdas acerca das manifestações anti-Costa. Se o visado fosse um governante ou pessoa de direita, chamar-lhe mimos como "traidor", etc, não passaria de um exercício saudável dos direitos de manifestação e da liberdade de expressão. Alguém tem dúvidas?

 

Os ricos de hoje são os outros! houve uma transferência enorme da riqueza de tal modo que os pobres de ontem são os ricos de hoje , sem arriscar um tusto conseguiram grandes tachos em autarquias e em outros órgãos de cash flow constante e os comunistas não ficaram de fora , pelo contrário são sócios da corja que provocou a desgraça que caíu sobre o povo português . Além do património do partido são donos do seu próprio e de muitas colectividades cujos fundadores pingaram suor para conseguir um bem para os outros e que muitas já foram delapidadas em proveito próprio onde os chefões já engoliram o que era bom e de vez em quando as autarquias lá vão financiando para novamente os chefões. 

 

Transcrevo ainda, como complemento de todos estes “pronunciamentos”, e porque ontem ouvi o Dr. Pacheco Pereira, no seu programa da Sic - “Ponto Contraponto” - fazer um retrato “lamecha” sobre o Dr. Álvaro Cunhal, além de ter antes apresentado o hino e a bandeira da República espanhola anterior à actual monarquia – o que interpretei - (mau grado o prazer da erudita informação) - como sinuosa tentativa de deitar mais lume nas labaredas que o povo espanhol lançou pelas ruas antes da nomeação doe Filipe VI - um texto já antigo que em tempos transcrevi no meu blog, de Vasco Pulido Valente sobre o mesmo Dr. Álvaro Cunhal:

 

Como hoje se lembram de Cunhal os militantes do PCP, os “companheiros de caminho” e umas largas dúzias de patetas. O indivíduo que planeava transformar Portugal numa espécie de Bulgária do Ocidente, o promotor do PREC, o responsável pelas “nacionalizações” e pela ocupação dos “latifúndios”, o desorganizador da economia, o inimigo da “Europa”, esse parece que desapareceu. Só resta, com muito sentimentalismo, como ele gostaria, a máscara do soberano, perante a qual ainda uma pequena parte do país se acha obrigada a genuflectir. A consciência histórica dos portugueses é um óptimo reflexo da inconsciência que os trouxe à miséria e ao desespero.


  Berta Brás

100° ANIVERSÁRIO DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

 

 

O ATENTADO DE SARAJEVO DÁ OPORTUNIDADE AO INÍCIO DAS CATÁSTROFES DO SEC. XX

 

 

A 28 de Junho de 1914 um estudante, por conta da polícia secreta sérvia, matou, a tiro, em Sarajevo (Bósnia), o herdeiro do trono de Áustria-Hungria e a sua esposa. O conflito entre a Sérvia e a Áustria-Hungria dá oportunidade ao início das catástrofes do séc. XX. Inicia a primeira grande guerra mundial que terminou em 1918 com 18 milhões de mortos. A 28 de Julho Áustria-Hungria declara guerra à Sérvia.

 

Sarajevo, mais que a causa da Grande Guerra foi o motivo para, as potências em efervescência e desejosas de estabelecer uma nova ordem política na Europa, ajustarem contas e ressentimentos entre si iniciando a era da maior violência histórica (Era dos nacionalismos

iniciados em 1848 e dos movimentos republicanos e comunistas).

 

Segundo os historiadores Fritz Fischer (tese da “Licitação para tornar-se potência mundial”), Kurt Riezler (no seu diário: “política do risco calculado”), Sönke Neitzel (“Alemanha não planeou a guerra mundial”), Christopher Clark (fala de uma “Crise pan-europeia”), nem Londres, nem Paris, nem Viena, nem Berlim, nem Moscovo estavam interessados em impedir a escalação militar.

 

A Alemanha desejava tornar-se potência mundial e ter um lugar ao sol como os povos colonizadores (Inglaterra e França). A sua frota de guerra ameaçava a supremacia marítima inglesa e o seu plano de Schlieffen ameaçava a França.

 

A guerra tornou-se numa oportunidade e por isso o imperador Wilhelm II da Alemanha apoiou incondicionalmente o imperador Joseph I de Áustria-Hungria na declaração de guerra contra a Sérvia, (28.07.1914) protegida da Rússia. A Rússia, aliada da França, mobiliza (a 30 de Julho) os exércitos em apoio da Sérvia. A 1 de Agosto a Alemanha e a França mobilizam os seus exércitos e a 2 de Agosto a Alemanha declara guerra à França e a 4 de Agosto a Inglaterra declara guerra à Alemanha.

 

O presidente dos USA Woodrow Wilson (nobel da paz) ao ver os navios mercantes americanos atacados pelos alemães intervém também na guerra. O presidente francês Raymond Poincaré via na guerra a hipótese de recuperar as áreas da Alsácia-Lorena perdidas para a Alemanha em 1871 (objectivo conseguido pela França no humilhante tratado de paz de Versailles e nas pesadas reparações da Alemanha que motivaram a sua preparação para a segunda guerra mundial). O turco Ever Pasha, homem forte do reino otomano, conseguiu que o Sultão Mehmet V declarasse a guerra santa dos muçulmanos contra os inimigos da Alemanha e da Áustria-Hungria; A Turquia bloqueia o acesso russo ao Mar Negro. Assim a Turquia pôde praticar o genocídio contra os cristãos arménios com o consentimento tácito da Alemanha. A fraqueza do czar Nicolau II e a agitação bolchevista de Petersburgo na Rússia levam o czar a abdicar em 1917. A Alemanha, para desestabilizar a Rússia contrabandeou para Petrogrado (Rússia) o revolucionário russo Lenine que se encontrava no exílio na Suíça. Lenine instalou o estado ditador comunista da União Soviética que durou até 1991.

 

A Europa de 1914 encontrava-se toda ela em crise. Não se deve esquecer que na Europa de hoje, tal como outrora há uma grande crise não só económica mas também política. Também a Rússia sonha com o poder antigo da União Soviética, a Turquia quer-se afirmar como potência estratégica. A Nato e a UE querem alargar o seu poder junto das fronteiras com a Rússia. A Ucrânia encontra-se dividida entre o leste e sul de cultura ortodoxa russa e o oeste de cultura grega-católica. Desde as guerras da decadência da Jugoslávia em 1991 parte da península balcânica e a Ucrânia continuam zonas instáveis e com potencialidade para desenvolver conflitos internacionais devido à instabilidade interna e aos interesses das potências que as circundam.

 

 António da Cunha Duarte Justo

MEDITANDO...

A nós não nos cabe decidir o que acontece!

Tudo o que nos cabe decidir é o que fazer com o tempo que nos é dado.

 

Gandalf em "A irmandade do Anel"

J. K. R. Tolkien

 

Os tempos são difíceis e é natural que as pessoas se sintam justificadas em protestar. Porém, necessário é propor uma alternativa. Porque a vida corre-nos bem, não em função da natureza das circunstâncias, mas do que fazemos perante elas.

MONARQUIAS, DEMOCRACIAS

 

 

Um artigo de Vasco Pulido Valente (Público, 22/6) – “A monarquia de Espanha” – que, pondo os pontos nos ii relativamente à inutilidade de mudança de regime, a monarquia constituindo uma mais valia na unidade nacional, pela presença elegante e discreta de pessoas que foram educadas para assumirem responsabilidades de chefia, presentes e futuras, constitui retrato de extrema beleza sobre a família real espanhola.

 

Aparentemente, o que afirma parece estar certo, mas não sei se os tais territórios de linguagens e sentimentos diferentes, como a Catalunha, o País Basco, e até a Galiza, concordariam, numa luta que mantêm há muito com os Estados Centrais, o que prova a falta de coesão entre eles. Isso nos poderia levar a olhar-nos com certo orgulho, mau grado as vicissitudes que sempre vivemos, povo marginal, fronteiriço de um povo mais donairoso, trabalhador e arrebatado, consciente da sua extensão territorial, pátria de gente intelectualmente mais desenvolta e de acção cultural mais expressiva. (Lembro, a propósito, experiências de leitura em língua espanhola, por não haver traduções em português, de obras didácticas estrangeiras, nas bibliotecas universitárias por onde estudei). Por isso, estranho que esses territórios desejem a independência, devendo sentir-se, de facto, orgulhosos da grande nação a que pertencem, e respeitá-la sem os arrebatamentos populares que pretendem liquidar a monarquia. Afinal, têm atrás de si uma longa história, de lutas, navegações e descobertas, que o “Mio Cid” tão bem representa, tal como o imortal Dom Quixote com o seu não menos imortal Sancho Pança, passando por tantos grandes escritores, filósofos, artistas e monumentos que os imortalizaram, a par de um bem-estar económico que os distingue dos deste nosso pequeno país que admiro, apesar da nossa marginalidade cultural e económica. Povo que, apesar de uma certa vileza de condição, resultante, sobretudo, de segregacionismo cultural e económico, foi e vai defendendo a sua independência da poderosa Espanha, há cerca de 900 anos – apesar de alguns defensores de um integralismo cómodo, ao contrário dos tais territórios independentistas espanhóis.

 

Mas os protestos são fenómenos naturais hoje, a começar no Médio Oriente e a acabar na vila Morena, manobrada pelas forças sinistras (do latim, esquerdas), que, não tendo rei, pretendem eliminar o Governo – qualquer que ele seja – a fim de o substituírem. A liberdade o permite, ligada às convulsões da deseducação.

 

 O texto de Vasco Pulido Valente, 22/06/2014

 

«A monarquia de Espanha»

 

Apesar da comitiva e da segurança, não dei por que os reis de Espanha estivessem no hotel. Um Secretário de Estado português teria sido mais conspícuo. Não vi o rei Juan Carlos que não saiu do último andar, excepto no dia em que se foi embora. Mas vi a rainha na varanda comum, a tomar um chá e a discutir com um secretário com muitos papéis não sei que problema. Na mesa do lado, a ler um livro, nunca me distraíram ou incomodaram. Aquela monarquia despretensiosa e bem-educada não me pareceu um perigo para ninguém. De resto, não passa de um símbolo, com algumas funções de representação e, constitucionalmente, sem sombra de poder político. Como em Inglaterra, o rei nem sequer dissolve o parlamento e lê no parlamento os discursos que o governo lhe manda.

Agora, Juan Carlos resolveu abdicar e foi substituído por Felipe VI. Parece que Juan Carlos perdeu o prestígio por causa de uns tantos casos de infidelidade conjugal (que não se percebe como interessam ao Estado) e por causa de uma caçada ao elefante no Botswana, em que partiu uma perna (um genro vigarista no tribunal também não ajudou). Nas cerimónias de sucessão, uns vagos milhares de pessoas gritaram “España mañana será republicana”, provavelmente inconciliáveis da guerra civil (1936-1939) ou anti-franquistas que guardaram uma velha vontade de revanche. Esperemos que nunca aí se chegue por duas razões. Primeira, porque o rei é melhor garantia da unidade do país. E, segunda, porque a República tarde ou cedo criaria um tumulto em Espanha e na Europa.

 

Um presidente sairia por força de uma das nacionalidades de Espanha que se autodenominam “históricas” (Castela, Catalunha, o País Basco e a Galiza), sendo suspeito aos grupos que ficassem de fora: uma receita infalível para a desordem e o conflito. Pior ainda, a dissolução de Espanha iria inevitavelmente encorajar o separatismo da Escócia e do norte de Itália. De qualquer maneira, não se compreende a ansiedade de um pequeno povo para se fechar na sua pequenez (nós por aqui sabemos bem quanto ela custa) ou o desejo de falar uma língua que ninguém mais fala ou escreve. Esta perversão do paroquialismo, numa economia global e num mundo em que o inglês se tornou de facto a “língua franca”, leva fatalmente ao isolamento e à fraqueza, pelo prazer de uma glória “nacional” sem sentido. A Escócia, pelo menos, quer ficar com a rainha e, de caminho, com a libra.

 

 Berta Brás

AS MENTIRAS “VERDADEIRAS”

 
 
“Comparado ao carniceiro profissional
do Caribe, os militares brasileiros parecem
escoteiros destreinados apartando um conflito
de subúrbio” in “O homem mais lúcido do Brasil –
as melhores frases de Roberto Campos”, p. 53,
organização Aristóteles Drummond, Ed.
Resistência Cultural, 2014.

 

Na memória dos 50 anos do Movimento de 1964, que derrubou o Governo Jango, tem sido ele criticado por aqueles que fizeram guerrilha, muitos deles treinados na sangrenta ditadura de Cuba e que objectivavam implantar um regime semelhante no Brasil, ao mesmo tempo em que se vangloriam, como sendo os únicos e verdadeiros democratas nacionais.

 

Assim é que a própria Comissão da Verdade negou-se a examinar os crimes praticados por aqueles que pegaram armas - muitos deles terroristas, autores de atentados a shoppings e de homicídio de inocentes cidadãos -, procurando centrar-se exclusivamente nos praticados pelo Governo Militar, principalmente nas prisões onde houve tortura.

 

Com a autoridade de quem teve um pedido de confisco de seus bens e abertura de um inquérito policial militar, nos termos do Ato Institucional nº 5 em 13/02/1969, pertenceu, à época, à Amnistia Internacional, combatendo a tortura perpetrada pelo governo, foi conselheiro da OAB-SP, opondo-se ao regime, e presidiu o Instituto dos Advogados de São Paulo na redemocratização, quero enumerar algumas “mentiras verdadeiras” dos adeptos de Fidel Castro, recém convertidos à democracia.

 

A primeira mentira é de que foram os militares que quiseram a derrubada do governo. Na verdade foi o povo que saiu às ruas, com o apoio da esmagadora maioria dos jornais, como se pode ver pelas fotografias do dia 19 de Março de 1964, na Praça da Sé, diante das sinalizações do governo de que pretendia instalar o comunismo no Brasil. Depois do fatídico 13 de Março, em que Jango incitou os sargentos a rebelarem-se contra a hierarquia militar, nomeando, inclusive, um oficial general de 3 estrelas para comandar uma das armas, os militares apenas atenderam ao clamor popular para derrubá-lo.

 

A segunda mentira é que a repressão militar levou à morte de milhares de opositores. Entre combatentes da guerrilha, mortes nas prisões ou desaparecimentos, foram 429 os opositores que perderam a vida, conforme Fernão Lara Mesquita mostrou em recente artigo publicado no O Estado de S. Paulo. Por outro lado, entre inocentes mortos por actos terroristas em atentados ou soldados em combate, os guerrilheiros mataram 119 pessoas.

 

Comparado com os “paredons”, de Fidel Castro, que, sem julgamento, fuzilou milhares de cubanos, os militares foram, no máximo, aprendizes desajeitados.

 

A terceira mentira é de que o movimento militar prejudicou idealistas, que apenas queriam o bem do Brasil. Em Comissão pelos próprios opositores do Governo organizada foram indemnizadas 40.300 pessoas com a fantástica importância de 3 bilhões e quatrocentos milhões de reais.

 

Eu poderia ter requerido indemnização, pois o pedido do confisco de meus bens e abertura de um IPM contra mim prejudicaram, por anos, minha carreira profissional. Mas não o fiz, pois minha oposição, à época, ao regime, não era para fazer, mais tarde, um bom negócio, com ressarcimentos milionários.

 

A quarta mentira é que os democratas recém convertidos queriam uma plena democracia para o Brasil. A atitude de “admiração cívica” da presidente Dilma, ao visitar o mais sangrento ditador das Américas, Fidel Castro, em fotografia estampada em todos os jornais, assim como o inequívoco apoio ao aprendiz de ditador, que é Maduro, além de aceitar o neo esclavagismo cubano, recebendo médicos da ilha – tratados, no Brasil, como prisioneiros do regime, sobre ganharem muito menos que seus colegas que integram o “Mais Médicos” – parecem sinalizar exactamente o contrário. Apesar de viverem sob as regras da democracia brasileira, há algo de um saudosismo guerrilheiro e uma nostalgia que revela a atracção inequívoca por regimes que ferem os ideais democráticos.

 

E, para não alongar-me mais neste artigo, a quinta mentira é de que o Brasil regrediu naquele período. Nada é menos verdadeiro.

Durante o regime militar, os ministros da área económica eram muito mais competentes que os actuais, tendo inserido o Brasil no caminho das grandes potências. Tanto que, ao final, o Brasil posicionara-se entre as 10 maiores economias do mundo. Hoje, com o crescimento da inflação, a redução do PIB, o estouro das contas públicas, o desaparecimento do superávite primário do início do século, os défices do balanço de pagamentos e a destruição dos superávites da balança comercial, além do aparelhamento da máquina pública por não concursados - amigos do rei -, o Brasil vai perdendo o que conquistara com o brilhante plano real do Presidente Fernando Henrique.

 

O Ministro Torquato Jardim, em palestra em Seminário na OAB-SP, que coordenei, sobre Reforma Política (02/04/2014) ofereceu dados alarmantes. O Presidente Obama, em uma economia quase oito vezes maior que a do Brasil, tem apenas 200 cargos comissionados. A Presidente Dilma tem 22.000!!!

 

Tais breves anotações – mas já longas, para um artigo –, objectivam mostrar que, em matéria de propaganda, Goebbels, titular de comunicação de Hittler, tinha razão. Uma mentira dita com o tom de verdade, pela força da propaganda que o poder oferece, passa a ser uma “verdade incontestável”.

 

Espero que os historiadores futuros contem a realidade do período, a qual não pode ser contada fielmente por “não historiadores”, que se intitulam mentores da “verdade”, ou por Comissões com este estranho nome criadas.

 

 Ives Gandra da Silva Martins

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