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A bem da Nação

GUARDE-TE DEUS NO SEU PANTEÃO

 

Há muito já que o não lia, dispersa a vida nas suas manipulações díspares, entre as quais os desafios do far niente. E hoje, numa velha antologia dos tempos da docência, encontrei este «DESFECHO», que mais uma vez me fez transpor os limiares do Éden, no prazer divino da releitura em admiração inapagável.

 

A grandeza neste emparelhar  de forças, do Eu e de Deus, o Eu no desejo permanente de negação de Deus, o Deus que se impõe no Eu, não tendo este como negá-Lo, Presença assustadora na infinita insciência humana para o rebelde, (apaziguadora, naturalmente para o homem de fé).

 

E sempre a singeleza do discurso – directo – a sobriedade melodiosa do narrado, a que os elementos da terra – “o chão da caminhada”, “fechado num ouriço de recusas” - ou a adjectivação natural, sem pedantismo – “divina” (presença) “impertinente”, (vulto) “calado e paciente” … imprimem a força explosiva no grito constante do Homem contra o “silêncio” imponente do Deus sempre, afinal, presente.

 

E o desfecho desta “biografia” pela continuidade neste companheirismo de contraste, pela não cedência de nenhum dos antagonistas, a dúvida permanecendo no Homem, mau grado a rebeldia de uma “certeza” de facto inexistente. Apenas o silêncio final os irmanou, na inutilidade do discurso humano – “Já não tenho mais palavras”, “o tempo moeu na sua mó o joio amargo do que te dizia”. A infinita grandeza de um Deus imanente contra uma rejeição dolorida e condenada ao malogro, a extrema perícia de um discurso de simplicidade e dimensão humanística a que o verso irregular retira a solenidade,  conferindo-lhe a autenticidade do sentimento.

 

Um poeta que necessariamente se percebe e se ama. Miguel Torga:

 

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DESFECHO

 

Não tenho mais palavras.

Gastei-as a negar-te...

(Só a negar-te eu pude combater

O terror de te ver

Em toda a parte.)

 

Fosse qual fosse o chão da caminhada,

Era certa a meu lado

A divina presença impertinente

Do teu vulto calado

E paciente...

 

E lutei, como luta um solitário

Quando alguém lhe perturba a solidão.

Fechado num ouriço de recusas,

Soltei a voz, arma que tu não usas,

Sempre silencioso na agressão.

 

Mas o tempo moeu na sua mó

O joio amargo do que te dizia...

Agora somos dois obstinados,

Mudos e malogrados,

Que apenas vão a par na teimosia.

 

In « Câmara Ardente» (1962)

 

 

 Berta Brás

A VISITA DE FILIPE VI

 

 

 

“Olivença é terra portuguesa” - uma evidência!

 

Não deixa de ser significativo que Portugal seja o primeiro país que o novo Rei de Espanha visita, oficialmente, após a sua coroação.

 

Mesmo tendo em conta que o convite tenha partido do Presidente Português.

 

O significado é, sobretudo, político e estratégico.

 

Tudo deve ser seguido e analisado com a máxima atenção.

 

Lamentavelmente, “Sua Muito Católica Majestade”[i] não vai ser recebido por ninguém de estirpe real, alguém de sua igualha, com o titulo de “Majestade Fidelíssima”[ii], mas pelo republicaníssimo Professor Cavaco Silva – o qual, obviamente, não usa o titulo, que passou naturalmente para a Nação Portuguesa, quando a Monarquia caiu sem lustre nem glória, no arrepiante dia 5 de Outubro de 1910.

 

Filipe será bem recebido como representante de um país que estimamos seja nosso amigo e bom vizinho, mas que deve ter sempre presente que será repudiado no dia em que além de ser Filipe VI de Espanha, se engane na numeração romana e intente ser, também, IV de Portugal.

 

É certo que a Monarquia Espanhola foi visitar primeiro Sua Santidade o Papa, o que é lógico, não só porque para além de uma visita de Estado, tem um carácter espiritual. Mais a mais o Papa é falante natural do castelhano…

 

Mas para nós portugueses, tal facto não deixa de se dever ter em conta, face à luta que os dois reinos travaram pelo favor Papal, ao longo dos séculos.

 

Recorda-se, só para ilustrar, que a Santa Sé levou 51 anos a reconhecer “de jure” a independência de Portugal e tornou, mais tarde, a não ter pressas em reconhecer a Restauração/Aclamação de 1640, o que só ocorreu em 1670, passando já dois anos da assinatura do Tratado de Paz entre as duas coroas.

 

Para já não falar, entre muitas outras coisas, nos 600 anos que Roma levou a canonizar D. Nuno Álvares Pereira, a que não é seguramente alheia a diplomacia de Madrid.

 

Filipe VI não perdeu, aliás, tempo e logo convidou Francisco a visitar Espanha, em 2015, a propósito do 500º aniversário do nascimento de Santa Teresa de Ávila.

 

Depois de Portugal segue-se Marrocos, onde será recebido pelo Rei Mohamed VI, o “Comandante dos Crentes”, da dinastia Alauita, que teve início em 1664 – embora a Monarquia marroquina remonte ao ano de 788 – cuja lema é “Deus, Pátria, Rei”.

 

Com Marrocos as relações da Espanha são tensas, não só por um historial antigo de disputas, algumas ainda não resolvidas - como é o caso de cidades, enclaves e ilhotas, sobre soberania espanhola, que Rabat reivindica – mas também por problemas sobre direito marítimo e a magna questão da emigração.

 

Estas relações contrastam com as que Portugal mantém com Marrocos, que se podem considerar exemplares desde a assinatura do Tratado de Paz de 1774, apenas toldadas pelo apoio – apesar de tudo moderado – que aquele país prestou aos movimentos de guerrilha que combateram a presença portuguesa no Ultramar entre 1961-1974.

 

O périplo termina em França – numa prioridade nitidamente regional – país com quem a Espanha sempre manteve uma relação de desconfiança, mesmo nos períodos de alternância entre serem aliados ou inimigos, que os caracteriza e que atingiu o rubro nas contendas entre a Casa dos Bourbons e dos Habsburgos.

 

Já não reina em França “Sua Majestade Cristianíssima”[iii] que, não raras vezes, não teve escrúpulos em se aliar aos inimigos da Fé Cristã, já de si fortemente abalada pela “Reforma” e quase subvertida pela Revolução Jacobina de 1789.

 

E sempre que a França se alia à Espanha contra as potências marítimas, Portugal viu sempre a sua independência em perigo.

 

Aliás, quando Filipe VI atravessar a fronteira sabe que deixa atrás de si um confortável poderio militar, ilustrado pelos 347 carros de Combate “Leopardo” e 103 “Centauro”;368 “Pizarro” (ligeiros); 31 helicópteros de ataque “Tigre”, 37 “NH90”, 37 “Cougar” e 18 “Chinook”; 102 peças autopropulsionadas de 155 m/m, M 109 e 184 viaturas ligeiras de transporte de tropas “RH41”, 396 “Lince” e 1600 “URO”. Tudo material moderno e letal; só para referir isto, que pertence ao Exército. Nem vale a pena falar nos outros Ramos…

Por seu lado o Ducado de Alba continua a ser a casa nobre mais poderosa de Espanha…

 

Convinha não esquecer estas coisas[iv].

 

É curioso como o filho daquele que foi o mais “português” Rei de Espanha – sê-lo-ia, porventura, no coração, porém, não na razão – deixou os “filhos” da Espanha para outras núpcias.

 

Estamos a referir-nos a todos os países que os espanhóis colonizaram, sobretudo nas Américas, cujas bandeiras emolduram uma sala no notável Mosteiro de La Rábida, perto de

 

Huelva, o que constitui o símbolo da Hispanidade, cujo dia se comemora a 12 de Outubro. A data em que Cristóvão Cólon chegou, oficialmente, ao Novo Mundo, afirmando que tinha chegado à Índia…

 

Cristóvão Cólon que está muito ligado a La Rábida onde terá deixado o filho mais velho a ser educado e onde conferenciava com um sábio franciscano português, Frei António de Marchena, que por lá pontificava.

 

Cristóvão Cólon que, estamos em crer, a coroa espanhola sempre conheceu como sendo um nobre navegador português, mas nunca quis que se soubesse…

 

Filipe VI vem pois, a Portugal, numa campanha de charme e também para marcar o seu terreno. Não só perante potências exteriores, mas outrossim, para o interior de Espanha, querendo significar que antes das autonomias e dos regionalismos, está a unidade da Espanha, se possível da Península Ibérica, que sendo uma realidade geográfica sempre quiseram fazê-la coincidir com uma única unidade política.

 

Serve ainda para descansar o polo geopolítico mais forte da Meseta, que é Castela, no sentido em que realça o facto de Portugal continua aqui ao lado e pode sempre constituir uma compensação para o caso de alguma das 17 comunidades autonómicas (mais duas cidades) fugir ao seu controlo.

 

Como dizia José de Carvalhal y Lencastre[v] “a perda de Portugal foi de puro-sangue e, por isso, o ministro espanhol que não pense constantemente na reunião, ou não obedece à lei ou não sabe do seu ofício”.

 

Parece que Filipe VI está bem preparado para o seu ofício e já jurou cumprir a Lei.

Por isso perceberá sem dificuldade um repto de exigência que daqui lhe lanço, pois não sou, nem nunca serei seu súbdito (embora lamente ser eu a fazê-lo e não as autoridades que me deviam representar): Influa em tudo o que estiver ao seu alcance para que o governo de Espanha devolva a cativa, mas portuguesíssima terra de Olivença e seu termo.

 

Tanto eu como V. Majestade sabemos que aquela terra não vos pertence.

Folgo que tenha uma boa estadia, mas compreenderá que enquanto este assunto não estiver resolvido, eu não lhe possa desejar as boas vindas.

 

6/7/14

 

 João J. Brandão Ferreira

Oficial Piloto Aviador

Português sofrido

 



[i] - Titulo que começou por ser outorgado a Fernando e Isabel, (Reis Católicos) pelo Papa Alexandre VI

 

[ii] - Titulo atribuído aos Reis de Portugal, pelo Papa Bento XIV, em 23/12/1748

 

[iii] - Titulo usado regularmente desde o Rei Carlos VI, por o Papado considerar a França, desde Clóvis I, a “filha mais velha da Igreja”.

 

[iv] - Não teria sido má ideia, “alguém” ter lembrado tudo isto, na última reunião do Conselho de Estado (ocorrida a 4/7/14), mas parece que andam preocupados com outras coisas

[v] - Ministro de Estado ao tempo do Rei Fernando IV, de Espanha.

 

 

MANDOU-MO A MINHA PAULA

 

Eu bem que me sinto meio encabulada por um título tão terra-a-terra para introduzir um artigo que acabei por espreitar no site que também lá vinha http://expresso.sapo.pt/como-um-dia-veremos-acabaremos analfabetos = f877679, mas é um título que representa a clara expressão do que se passou, foi a minha filha que mo mandou, o artigo de Ana Cristina Leonardo sobre a nossa condição futura de analfabetos terminais.

 

E perguntarão vocês, no vosso acto perlocutório de questionamento que me impõe (ou não) a vontade de esclarecimento e transcrevo da internet: «O ato perlocutório é o ato que tenderia a produzir certos efeitos menos diretos sobre o interlocutor: questionamento, medo, convencimento etc; efeitos que podem realizar-se ou não. Por exemplo, ao dar um conselho a alguém (acto ilocutório) do tipo: ‘’Por que você não vai de carro?’’, o enunciador pode estar tentando (e conseguir) levar o destinatário a lhe oferecer uma carona (acto perlocutório).»

 

Perguntarão, pois, vocês, e repito,  no vosso acto perlocutório incisivo, até talvez ameaçador: Porquê tão violenta asserção ou acto ilocutório assertivo sobre o analfabetismo progressivo?

 

E eu afanosamente, para maior esclarecimento, no receio da concretização ameaçadora, continuo a transcrever da net a referência aos novos estudos a respeito do redimensionamento da linguagem ( por Austin) no que diz respeito a sua natureza e a sua vocação – a linguagem é uma forma de acção - abandonando assim a concepção de linguagem como representação do mundo e do pensamento.

 

A partir do estudo de Austin, Searle (1982) propõe cinco tipos de actos de fala: representativos (que descrevem um facto); directivos (que levam o interlocutor a realizar uma determinada acção futura); comissivos (que engajam o locutor a realizar uma acção futura); declarativos (que tornam efectivo o conteúdo do acto) e expressivos (que expressam um estado psicológico, dentre outras contribuições).

 

Pioneiros da teoria dos atos de linguagem, Austin e seu sucessor Searle, entendendo a linguagem como forma de ação (todo dizer é um fazer), começaram a observar e a teorizar sobre a forma como os homens praticam diferentes acções através da linguagem. Mostraram assim que toda a enunciação constitui um acto (negar, jurar, prometer, sugerir etc) que visa modificar uma situação.

 

Mas eu desisto de pretender esclarecer, vem na internet, e só direi a coisa simples de que esses actos de fala têm ligação com o verbo latino loqui que significa falar e deu locutor, ilocutório, alocutário,  etc.

 

Estudos muito valiosos, diremos nós, mas profundamente rebuscados para ensinarmos e exigirmos dos alunos que, ao invés de apreciarem a linguagem dos textos que lêem, na sua dimensão humanística e gramatical, serão obrigados a explicitar as intencionalidades que presidem a actos de fala que se escondem nos enunciados ilocutórios, complicando e embrutecendo, num snobismo pueril de alarde teorizador, que justifica o título do artigo de Ana  Cristina Leonardo. Daí a indignação nele transparente, indignação não contra os sábios linguistas que assim discorreram sobre os valores da linguagem como acção, mas contra os seus propaladores pedagógicos de bisturis deslumbrados, provavelmente já ignorantes das tais leituras humanísticas, e apenas debruçados sobre o sexo dos anjos, não inócuo mas definitivamente oco, em direcção ao analfabetismo final:

 

«Como um dia veremos acabaremos analfabetos…»

 

 Ana Cristina Leonardo, Expresso, 28 de junho de 2014

 

 

 

Marguerite Yourcenar disse, e eu reproduzo, que temos obrigação de morrer menos estúpidos do que nascemos. É uma máxima que tento respeitar. A semana passada, em resultado da polémica sobre o Exame Nacional de Português do 12º ano, onde, ao que parece, e vá lá saber-se como, Lídia Jorge foi confundida com Almeida Faria, fiquei menos estúpida (se bem que involuntariamente). Fiquei a saber, e cito, que "os actos ilocutórios podem ser assertivos ou compromissivos". Aprendi também que existem, cito, "actos ilocutórios directos" e, cito, "actos ilocutórios indirectos". A estes somam-se ainda, cito, "os actos locutórios e, cito, os "actos perlocutórios".

Vejamos mais algumas coisas que aprendi: "o acto perlocutório corresponde aos efeitos que um dado acto ilocutório produz no alocutário". Perguntar-me-ão (ou não): O que é alocutário? Pois bem. Um alocutário é aquele a quem se destina o enunciado da fala (nos CTT chama-se a isto destinatário), por oposição ao locutor que é aquele que fala ao alocutário (...) Talvez citar a Infopédia online (Porto Editora) traga alguma aclaração ao assunto. Diz assim: " (...) o alocutário deve interpretar um enunciado tendo em conta o conteúdo proposicional do acto proferido e, também, todos os marcadores da força ilocutória presentes na situação comunicativa em que é proferido." Juro que não fui eu quem escreveu isto! Chegada aqui, senti-me catapultada, se me permitem, para um tempo antigo  (...) no qual, para recorrer às sábias palavras de Jim Hankinson, "a pouca filosofia que existia na Europa sofreu uma viragem depressivamente teológica, centrando-se em disputas tais como se Deus era Uma Pessoa em Três ou Três Pessoas Numa, (...) e quantos anjos podem dançar na cabeça de um alfinete (no caso improvável de desejarem fazê-lo)". Neste caso a viragem não foi teológica, é escatológica. Não é escolástica, é gástrica. Encomiástica. Proplástica. Toponomástica. Pleonástica. Isso! Ou nada.

 

 

 

 Berta Brás

HISTÓRIAS QUE PARECEM MENORES

 

 

Foi na transcrição de um documento coevo da autoria do Padre José Anchieta SJ com anotações de pé de página do Padre Serafim Leite SJ, “Carta de Anchieta aos irmãos enfermos do Colégio de Coimbra”, datada de 20 de Março de 1555, publicada na edição de Outubro de 1951 da BROTÉRIA e republicada na edição de Maio/Junho de 2014 a págs. 501 e seg., que extraí o que segue:

 

 

António de Quadros, de Santarém, entrou na Companhia [de Jesus] em 1544 e é o mesmo que falou com o Governador Geral do Brasil, Tomé de Sousa, quando este voltou a Lisboa concluído o seu governo; e escreve do Governador: «Vinha sumamente edificado do P. Nóbrega, da maneira que havia com os próximos». E ainda: «Disse-nos e penso que o dissera a El-Rei, que o Brasil não era senão os nossos Padres: que se lá estivessem seria a melhor coisa que El-Rei teria e, se não, que nada teria no Brasil».

 

Julho de 2014

 

 Henrique Salles da Fonseca

MEIAS-FINAIS DO FUTEBOL MUNDIAL

 

Alemanha 7 – Brasil 1

Jogo alemão é o modelo de espírito comunitário

 

Na disputa das meias-finais do campeonato mundial de futebol, o jogo Brasil-Alemanha moveu todos os corações. Até os adeptos da Alemanha sentiam simpatias pela equipa brasileira, símbolo de um povo rico e activo mas também fustigado pela pouca sorte de Neymar, o seu melhor jogador, que no jogo anterior, fora hospitalizado em consequência da brutalidade de um jogador colombiano.

Os alemães mostraram o que são: no jogo, uma equipa, em casa uma nação.

 

Quem viu o jogo e conhece a vida interna da Alemanha observou no jogo, aquilo que, no dia-a-dia, torna a Alemanha grande e forte: o seu espírito de coletividade (nação). A sua consciência de comunidade, seja no jogo, na política, no patronato ou nos sindicatos, leva os cidadãos e as suas instituições a porem sempre em primeiro plano o bem-comum, o bem do país. Sabem que da força da comunidade depende o bem individual.

 

Parte da claque brasileira não se comportou bem ao virar a casaca, deixando de apoiar os seus jogadores ou ao estigmatizar Fred como bode expiatório. A própria claque enfraqueceu, psicologicamente, o grupo.

 

O Brasil perdeu mas perdeu bem; revelou cavalheirismo no trato com o grupo adversário. A nação chorou; foi comovedor a maneira como o representante dos jogadores brasileiros pediu desculpa à nação que esperava deles o que não puderam dar.

 

Nos primeiros minutos do jogo, a equipa brasileira actuou brilhantemente, correspondendo à pressão de se tornar campeão mundial. O 1° golo de Thomas Müller no 11° minuto, tal como tinha acontecido no jogo da Alemanha contra Portugal com o 1° golo também de Thomas Müller no 12° minuto, foi decisivo para o desenvolvimento do jogo. Sofrido o primeiro golo, a equipa perdeu a sua força moral. A partir daí assistiu-se a um jogo mágico; foi uma goleada.

 

Aqui está a justa diferença comportamental e que corresponde, para uns, a mais vida e dependência e, para outros, a mais disciplina e independência. Enquanto os nórdicos exageram com a cabeça e com a disciplina, os do sul exageram com a espontaneidade e com o coração.

 

Os alemães seguem o provérbio: “Depois do jogo é antes do jogo”( Nach dem Spiel ist vor dem Spiel). Mais que alegrar-se com o resultado do jogo pensam logo no trabalho a fazer para ganhar o seguinte.

 

 António da Cunha Duarte Justo

ENRIQUECIMENTO E CRESCIMENTO

 (*)

 

 

 

Caro Henrique

 

No teu comentário ao «Olhos nos olhos» da passada segunda-feira, vais direitinho ao cerne da questão: o direito e a possibilidade de enriquecer produzindo, aspecto que se insere numa esfera mais ampla, ou seja o asco ao enriquecimento individual, tão enraizado na cultura lusitana.

 

São Francisco de Assis, patrono cultural da Alta Idade Média, entendia que o enriquecimento individual era pecaminoso; o homem deveria preocupar-se com a salvação da alma e não com a salvação da fortuna; o lucro do produtor seria o mal do consumidor. O Santo não admitia que o produto pudesse crescer, ou seja, não acreditava na multiplicação dos pães. Depois veio Grotius e disse aos Holandeses que o lucro, produto do labor individual (e nesta categoria admitiu até a pirataria), desde que aceite pelo mercado, é perfeitamente legítimo. Ao tempo, os produtores preferiram contudo fechar o mercado. A escassez cria a riqueza. Um século após, Adam Smith parecia ter posto um fim à polémica quando concluiu que num mercado aberto o vício do cidadão (a ganância) produz a virtude da sociedade (o crescimento económico). O produtor que quer enriquecer multiplica a produção. Por outras palavras, se a avidez individual servir de fermento e o mercado se mantiver aberto, os pães multiplicam-se. Todos ganham: os preços baixam e o produtor enriquece. O que poderia ser mau para salvação da alma seria indiscutivelmente bom para a salvação da sociedade.

 

Para o bem ou para o mal, nós da velha cepa lusitana, nunca aceitamos estas modernidades. Ficámos franciscanos. Expulsamos e queimamos os Judeus (o móbil religioso serviu de capa ao móbil invejoso) e abominamos toda a riqueza, salvo a fundada em dádiva ou concessão real. Às Suas Majestades (e não aos mercados) competia reconhecer e recompensar a utilidade social dos actos individuais. Tudo o mais  não seria cristão. Ainda tão recentemente quanto finais do século XIX, o bom do Oliveira Martins referia-se aos banqueiros tratando-os de Judeus, ou seja aqueles que enriquecem por artes próprias e não por mercê do Rei. O corporativismo salazarino foi a tradução disto mesmo. Tratava-se de um franciscanismo serôdio. A pobreza é virtuosa. "Devo à providência a graça de ter nascido pobre".

 

Em termos políticos, a constatação até é verdadeira. O pobre é obediente por falta de alternativas. A ditadura tinha a vida facilitada. Os preços eram fixados por forma a garantir que os pobres continuassem pobres mas não morressem de fome. Tratava-se pois de multiplicar as bocas e não os pães.

 

****

 

Os economistas deveriam, como os remédios nas Farmácias, ter afixado o seu prazo de validade pois as coisas transformam-se independentemente da vontade do observador-teorizador. O «meu» economista não foi Marx, nem Keynes - não sou assim tão velho. Foi sim o austríaco-americano Joseph Schumpeter, o primeiro que produziu uma Teoria do Desenvolvimento Económico (o crescimento foi sempre o aspecto que me interessou). Segundo Schumpeter, o fermento que multiplica os pães é a competência do empresário e não a sua ganancia. A tecnologia e a abundância de mão de obra ajudam mas não são essenciais. Essencial para o desenvolvimento de uma sociedade é a qualidade dos seus empresários.  Foi exatamente isto que Park Chung Hee compreendeu quando tirou o poder aos políticos na Coreia do Sul e assumiu ele um governo ditatorial (1961-1979). Foi buscar os indivíduos que em tempos de escassez tinham demonstrado capacidade para iniciar e organizar actividades - ainda que algumas ilícitas - e deu-lhes os meios que lhes permitiram aplicar o seu talento na construção de empresas modernas e significativas. O resultado é de todos sobejamente conhecido.  

 

Aqui, aconteceu o contrário: os militares abrilistas prenderam os empresários em Caxias - em 1974 havia alguns e bons - tiraram-lhes  as empresas, desmantelaram os grupos que tinham capacidade instalada para  produzir avanços  tecnológicos  e aumentaram os salários, pondo os operários a beber cerveja e a devorar marisco no Gambrinus. Isto é, multiplicaram as bocas de fino trato enquanto matavam a galinha que punha os ovos. Brilhantes estrategas, esses nossos militares.

 

****

 

Nem tudo são rosas, claro. A competência do produtor gera crescimento mas temos que considerar o reverso da medalha. Os Holandeses aprenderam logo após Grotius que "o capitalismo espalha as sementes da sua própria destruição". A famosa «bolha das tulipas» mostrou que tudo tem a sua medida. Schumpeter apercebeu-se que a poupança cresce mais depressa do que as necessidades de capital do parque produtivo. Entra-se facilmente em estagnação e as poupanças tornam-se capital especulativo. O ganho sem produção é danoso. Multiplicaram-se as sementes da destruição. Com efeito, a economia capitalista cresce pouco ou não cresce desde o início do século XXI. Vieram os sucedâneos. A vigarice ganhou foros de cidadania. Só Bernard (Bennie para os íntimos) Madoff, à sua conta, levou á miséria mais de 51 700 «clientes» em 119 países (contando apenas os identificados). E quantos vão ficar a tinir por causa de um Ricardo, neto de outro Ricardo que era um banqueiro competente. Tais considerações levam-me a acrescentar algo à receita do Schumpeter. A confiança, a tal fiducia.

 

Quanto a mim, a solução do crescimento - lusitano ou global - anda à volta disto: empresários competentes, instituições fiáveis, regulação das aplicações financeiras, militares nos quartéis e vigaristas - ainda que banqueiros ou políticos - na prisão.

 

 Luís Soares de Oliveira

 

(*) Gráfico apenas decorativo pois não estão identificadas as fontes

QUANDO JÁ NÃO ESTIVERES

 

“Cuando ya no estemos, habrá corazones

melancólicos como nosotros…

y se preguntarán donde reposan

Los amantes…”

  José António Valle Alonso

 

 Graffitis de amor yo te quiero

 

Sei dum muro na tua cidade

onde os amantes, desde há muito

escrevem frases e poemas…

sei dum Rio, na minha cidade

todo de ouro

onde correm estórias

de amor

de reis e rainhas

de escravas e senhores

por onde o amor circula

desde o mais remoto

dos tempos.

Um dia escreveremos neles

a tinta de paixão

a nossa eternidade…

 

 Maria Mamede

LIVRE-NOS DEUS

 

Terra de tribos, a velha Europa, de vândalos, suevos, alanos, godos, saxões… E os bretões e os francos… Há muitos séculos já, e antes do império romano outras tribos haveria, outros povos, também, já fixados e que se foram fundindo com os invasores. Cá por casa, de iberos e celtas, também tivemos os árabes, depois dos visigodos já cristianizados e fundidos com os romanos. Um continente bastante retalhado, a Europa, que os tentáculos poderosos de algumas nações mais esforçadas, ou com os heróis improvisados, anquilosados nas ambições próprias foram tentando “unificar”, nos últimos tempos, por várias vezes, para proveito próprio. Mas Saturno, que os filhos devora, não permite que o definitivo se instale nunca, e tais ambições foram devidamente reparadas, desfeito o sonho ambicioso, castigados os seus mentores. Às ambições unilaterais, sucedeu, nos novos tempos, o projecto da generosidade unificadora, que, naturalmente, foi aproveitado pelos diferentes povos de diferentes maneiras. Houve esbanjamentos, cada povo, na especificidade das suas aptidões, utilizou os meios emprestados com maior ou menor saber. E descobriu-se que uma união não é possível a duas ou mais velocidades Daí os agoiros do artigo de Helena Matos, sobre um possível retorno ao tribalismo, proveniente de uma unificação económica gorada.

 

Mas parece-me exagero tal agoiro, pese embora a timidez na entoação dos hinos nacionais na “Copa” brasileira, além das várias singularidades de reacções espúrias a leis provenientes do Tribunal Europeu condenatórias do uso das burkas. Outras ocasiões haverá  para se entoarem os hinos, que cada desportista medalhado entoa com emoção e fervor nos seus jogos medalhados, além de que tais leis condenatórias de atitudes puramente provocatórias, parecem-me justas. Enquanto funcionar o bom senso – e a Europa, sendo um continente pequeno, foi cabeça civilizacional donde partiu a união dos mundos e a difusão de valores justos – a Europa, por muitas discrepâncias civilizacionais e operacionais, não vai permitir que aconteça esse novo tribalismo anunciado no artigo de Helena Matos.

Cada povo tem os seus defeitos e virtudes, tem a sua história e apego à sua terra, o tribalismo é coisa de nomadismo. Não iria pegar.

Saturno não pára de engolir os filhos que depois expele, no renovar dos meses e das estações, a mudança é tema clássico, cada povo se entretém com os seus próprios problemas, progredindo ou estagnando, mas amando.

 

E assim vamos vivendo. Atamancando. Sobrevivendo. Aguentando. Ninguém melhor o afirma do que Vasco Pulido Valente, no seu artigo do Público, de 4/7:

 

«No deserto»

 

Parece que Paul Krugman, o economista querido da esquerda, percebeu agora que o seu plano para resolver a crise não era politicamente possível. Entre a direita do Partido Republicano e uma boa parte do seu próprio partido, Obama está paralisado. Em Inglaterra, Cameron, com o UKIP de um lado e a coligação do outro, também não se pode mexer. Em França, Hollande é uma personagem gratuitamente acrescentada à paisagem, a direita democrática dividida e desprestigiada não se consegue recompor e já se começa a falar no regresso fatal ao parlamentarismo da IV República. Há ainda o referendo da Escócia e o referendo da Catalunha, que inevitavelmente vão complicar as coisas na “Europa”. O mundo em que vivemos desde 1948 começa a cair aos bocados; e não se vê um remédio razoável no horizonte.

 

A desculpa tradicional dos portugueses para as suas desgraças costuma ser a de que “também sucede lá fora”. Desta vez, não é mentira. A extrema-esquerda, para efeitos práticos, não existe. O PS, em guerra civil, não inspira confiança a ninguém: Seguro e Costa, com ligeiras variantes de tom, propõem a mesma receita utópica de salvação. O PSD e o CDS falharam e o Tribunal Constitucional não se irá embora amanhã. O Presidente da República, reduzido a pregar o entendimento e o “consenso” a uma multidão política que se odeia, e a um eleitorado na miséria, não serve para nada. Pouco a pouco, o país foi ficando ingovernável, no meio da resignação pública e privada. E não se imagina nenhuma força, ou conjunto de forças, capaz de restabelecer uma ordem e um desígnio.

 

Isto não teria grande importância em tempos normais. Mas sucede que os problemas de Portugal não se resolveram com o programa de “ajustamento”, que se limitou a um exercício contabilístico e recuou perante as verdadeiras reformas. Nem o desgraçado défice se “consolidou” abaixo do que a Europa manda, nem a dívida diminuiu, nem o “crescimento” e o “pleno emprego” saíram miraculosamente da cabeça de Passos Coelho. Voltámos, depois de muita gritaria e autêntica pobreza, à situação de 2010-2011. Com algumas diferenças. O tal “povo que aguenta tudo” não aguentará uma nova dose de “austeridade”. A direita e o dr. Cavaco, que em 2011 eram de certa maneira um recurso, perderam a confiança e o respeito dos portugueses. No deserto de hoje o mínimo solavanco sério é a porta para um desastre como nunca antes conhecemos.

 

 Berta Brás

 

 

7 e 1

 

 

 

Número cabalístico, e o resultado da surra infringida pela Alemanha ao Brasil.

 

Número cabalístico, porque 7 +1 sendo igual a 8, representa aproximadamente os 8 bilhões de Reais que o governo gastou para construir estádios, a maioria verdadeiros elefantes brancos, para honra e perpétua glória do ex-atual imperador lula e sua semi-imperatriz prasidenta, que, ambos juraram a pés juntos que os estádios seriam construidos com dinheiros de particulares, o que significaria que a Copa não traria ónus para a res publica, mas prestígio, uma, a mais, das grandes mentiras desta infame desgovernança.

 

A maior derrota da história da seleção do Brasil! Culpa de...

 

Para quem, como eu, que nada entende das altas filosofias futebolísticas, uma coisa parece evidente: se todos ou quase todos os jogadores eram jovens, habilidosos, promissores, etc., não se entenderam dentro do campo é porque alguém não lhes explicou que aquilo não iria ser uma “pelada de domingo com churrasco”!

 

Só lembro que no fim do primeiro jogo do Brasil nesta Copa, arrogante, o tal sapiente filipão, depois duma sofrida e feia vitória, em entrevista coletiva fez a seguinte afirmação: “ninguém tem a qualidade e categoria dos passes que vejo na nossa seleção. A continuar assim ganhar esta Copa não será difícil.” Não foram estas as palavras exatas do “mestre” mas foram o seu significado.

 

Lá vem o “cabalístico”:  diz o art° 171 do Código Penal: Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento. Daí chamarem-se a todos os poltrões, vigaristas, estelionatários & cia. de “171”!

 

E lá se arrastou a seleção na primeira fase, sofreu nas oitavas e nas quartas de final, para se estrepar de forma inadmissível e jamais sonhada neste encontro com uma equipa estruturada, disciplinada que deu uma tremenda lição de futebol.

 

Mas no Brasil tudo, ou quase, assim funciona: o jeitinho brasileiro: vai lá que tu ganha!

 

Logo de manhã, hoje, dia 9, recebi por email este desabafo, escrito um brasileiro, economista, Cláudio Ortenblad:

 

Isso representa mais que um simples jogo! Representa a vitória da competência sobre a malandragem! Serve de exemplo para gerações de crianças que saberão que pra vencer na vida tem-se que ralar, treinar, estudar! Acabar com essa história de jeitinho malandro do brasileiro, que ganha jogo com seu gingado, ganha dinheiro sem ser suado, vira presidente sem ter estudado! O grande legado desta copa é o exemplo para gerações do futuro! Que um país é feito por uma população honesta, trabalhadora, e não por uma população transformada em parasita por um governo que nos ensina a receber o alimento na boca e não a lutar para obtê-lo! A Alemanha ganha com maestria e merecimento! Que nos sirva de lição! Pátria amada Brasil tem que ser amada todos os dias, no nosso trabalho, no nosso estudo, na nossa honestidade! Amar a pátria em um jogo de futebol e no outro dia roubar o país num ato de corrupção, seja ele qual for, furando uma fila, sonegando impostos, matando, roubando! Que amor à pátria é este? Já chega!!! O Brasil cansou de ser traído por seu próprio povo! Que sirva de lição para que nos agigantemos para construirmos um país melhor! Educar nossos filhos pra uma geração de vergonha! Uma verdadeira nação que se orgulha de seu povo, e não só de seu futebol!

 

Um retrato de “corpo inteiro” da mentira que o brasileiro em geral finge que não existe.

 

Fica desta Copa a ótima impressão que todos os que nos visitaram levam do Brasil: belezas naturais, cartões postais já cansados, mas sobretudo a alegria e afabilidade de um povo que a todos recebe de braços abertos, o povo mais carinhoso que existe no planeta, um povo que enxolvalhado pela humilhante derrota sofrida no estádio, aplaudiu a seleção da Alemanha porque mostrou o que era jogar futebol e que deixará na mente de todos esses estrangeiros uma tremenda vontade de voltar para aproveitar este carinho.

 

E fica a certeza de que tudo, tecnicamente, nesta Copa foi feita “no tapa”: a construção dos estádios, a bestialidade do dinheiro gasto, e roubado, como nenhuma outra Copa gastou, a incompetência na preparação duma equipa e na aposta de um ou outro artista virtuoso “salvador”, e esperamos possa despertar na mente do povo que o Brasil com “jeitinhos” será sempre um país condenado ao fracasso, um país que distribui dinheiro para compra de votos, que não melhora a educação, onde há hospitais que custaram fortunas e não funcionam por falta de verba, ou médicos, ou medicamentos, um país que sonha com os lucros dum futuro pertróleo e compra refinarias que valem 40 milhões por 2 bilhões e constroi outra que deveria estar a funcionar há dois anos, orçada em 2 bilhões e não ficará, quando pronta, em menos de 20.

 

Foi muito boa esta lição da Alemanha, a quem o Brasil, se parar só um segundinho para pensar, deverá ser eternamente grato.

 

Rio de janeiro, 9/7/2014

 

  Francisco Gomes de Amorim

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