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A bem da Nação

SABOTAR PARA GOVERNAR

 

 

É compreensível que a FENPROF discorde de muitas decisões de Nuno Crato. Mas não é aceitável que, por via da sabotagem, tente sobrepor as suas vontades às decisões de quem tem legitimidade democrática

 

Há muitos anos que a política educativa não é mais do um duelo permanente entre ministros e sindicatos – com destaque para a FENPROF. Não é por acaso, nem é de hoje ou de ontem. O sector da educação alberga cerca de metade dos funcionários da administração pública e a organização do sistema educativo parece ter sido decalcada do centralismo soviético – ou seja, quem governa é, mais do que ministro, director de todas as escolas do país. No fundo, o sonho de qualquer sindicalista, que para todos os males critica sempre o mesmo patrão. Não admira portanto que, mais do que sobre os alunos, o foco de interesse esteja nos professores. E se o sistema está ao seu serviço, como muitas vezes aparenta estar, não admiram também as dúvidas sobre quem manda realmente na educação nacional: o ministro ou os sindicatos.

 

Amanhã teremos mais um episódio desse duelo. Uma espécie de tira-teimas: a segunda volta da prova dos professores. Uma prova que o PS introduziu na legislação (2007), que está no programa do governo e sobre a qual há um acordo com a UGT. Mas também uma prova que, em Dezembro de 2013, não foi possível aplicar a todos os professores inscritos, devido a protestos nas escolas. E que, desde então, ficou pendurada. Até agora. Será que é desta?

 

A incerteza não é original. Mas tem por base o culminar de uma originalidade. Durante anos, para além de manifestações, as acções sindicais não passavam de muito barulho e a tradicional judicialização da política. A FENPROF apresentava queixas contra o Estado por tudo e por nada – para que este vinculasse 12 mil professores, para que este repusesse os subsídios de Natal e de férias, para que o ministério divulgasse a lista de escolas com amianto ou para que revisse os critérios para a vinculação automática de professores. Agora, o modus operandi mudou: em contexto de guerra aberta, pratica-se a sabotagem.

 

Primeiro, por via de boicotes nas escolas. Em Dezembro 2013, desafiando até a polícia, muitos professores não olharam a meios para impedir que os seus colegas realizassem a prova. Entre cercos, distúrbios e protestos, houve de tudo. E 29% dos inscritos viram-se, de facto, sem condições para prestar provas, obrigando a novo agendamento. Amanhã, para além de reuniões sindicais agendadas só para justificar as faltas dos professores, prometem os sabotadores que a dose é para repetir: o que tiver de ser feito, será. Garantia do movimento Boicote&Cerco.

 

Segundo, por via de providências cautelares. No ano passado, duas entre as vinte providências cautelares que a FENPROF apresentou foram aceites pelos tribunais, forçando a suspensão da aplicação da prova. Entretanto, em ambos os casos, os tribunais deram razão ao governo. Fez alguma diferença? Não, porque não se trata de uma questão de reposição da justiça. Mário Nogueira assumiu-o – "é irrelevante, o objectivo das providências cautelares foi cumprido: impedir a realização da prova" (Abril 2014). Sabotagem, portanto – impossível maior clareza. Agora, repete-se tudo, com novas providências entregues.

 

É compreensível que a FENPROF – integrada na CGTP, de ideologia comunista e com quadros seus ligados ao PCP – discorde de muitas decisões de Nuno Crato. É compreensível que os professores não gostem de avaliações, mesmo quando estas são necessárias. E é compreensível, mesmo se longe de ideal, que o Governo agende a prova a curto prazo – depois de ameaçado de sabotagens, fez o possível para se defender. Mas tudo tem o seu limite. Não é aceitável que, por via da sabotagem, haja quem tente sobrepor as suas vontades às decisões de quem tem legitimidade democrática para as tomar. E é lamentável que governar se transforme nisto: um jogo de golpes e contragolpes. Um país assim não tem futuro.

 

21/7/2014

 

 Resultado de imagem para alexandre homem cristoAlexandre Homem Cristo

In Observador

O DESESPERO DA ESQUERDA SEXUAL

 

A esquerda sexual, também conhecida como os imperialistas sexuais pela vontade de imporem as suas ideias ao resto do mundo, está bem, mas frustrada na ONU.

 

Eles bufam de raiva e enraivecem-se há mais de 20 anos, desde 1994, com o seu último avanço na Conferência do Cairo.

 

Nos meses passados, têm tentado com unhas e dentes avançar a sua agenda no que é conhecido como «Metas de Desenvolvimento Sustentável» e com a conclusão das negociações Sábado passado, depois de uma sessão maratona que durou quase 24 horas, eles perderam na família, perderam na “educação sexual abrangente” e não avançaram em direitos e saúde reprodutiva nem sequer uma vírgula além do que conseguiram muito tempo atrás. A equipe do C-Fam esteve lá até ao final. Felicitações a Wendy Wright, Stefano Gennarini, Rebecca Oas e à sua corajosa líder, Lisa Correnti.

Mas há mais pois o Tribunal Europeu de Direitos Humanos decidiu que o “casamento” entre pessoas do mesmo sexo não é um requisito dos Direitos Humanos na Europa.

 

Sabe que só dez países do Conselho da Europa (que tem 47) permitem o “casamento” entre pessoas do mesmo sexo?

 

Essa gente não dizia que estava a ganhar o mundo? Bem, eles não estão a ganhar mundo nenhum; quem o está somos NÓS!!!

Coragem!

 

 Austin Ruse
Presidente Catholic Family

http://c-fam.org/

ENGOLIR OS SAPOS DO COMPANHEIRISMO NA IMORTALIDADE

 

Costumo ouvir as entrevistas a Marcelo, na TVI de domingo à noite. Geralmente dizem-se coisas sábias, chorei a valer com a notícia chocante, numa análise contida na emoção e revolta, dele e de José Alberto de Carvalho, acerca da perda que sofrera a sua entrevistadora anterior,  Judite de Sousa. Admiro a rapidez de raciocínio que Rebelo de Sousa demonstra nas entrevistas profusas em assuntos, com, ainda, o pormenor dos livros referenciados, mais as perguntas dos ouvintes, mais as coisas positivas que ele descobre neste país e que nos dão alegria… A minha mãe não o conseguia acompanhar nos raciocínios rápidos de quem tudo sabe e o dispara profusamente, e chamava-lhe “fala-barato”, mas era culpa sua por o não seguir.

 

Eu gosto geralmente do que diz, embora me assuste a rapidez do despacho dos assuntos, de quem tudo sabe e resolve, oráculo não tenebroso mas amistoso e isento.

 

  

Não foi assim no domingo passado. Falou de Cavaco Silva, contou-lhe a história, referiu o quanto Cavaco se distingue dos outros, por ter tido uma origem diferente dos outros presidentes, dos que viveram bem desde a nascença, que estudaram bem, sem dificuldades, pertenceram a umas elites que os projectaram…  Cavaco, ao que parece, nasceu  em Boliqueime, que não é sítio para o nascimento de um PR, e fez-se e conquistou um grande espaço de governação, numa presença teimosa, que não desiste de impor o seu parecer, com aplicação e coragem, apesar das críticas de que é alvo, num país mais dado às críticas do que a qualquer outro esforço de cooperação.

 

E  Marcelo, para demonstrar a teimosia “bovina”  de Cavaco, referiu uma cena caricata de um Cavaco que fez ginástica perante ele, Marcelo, para comprovar uma boa forma física, sinónima de uma boa forma espiritual, segundo os ditames clássicos da mens sana in corpore sano.

 

Não percebi bem a intenção de Marcelo, se era de elogio ou de riso a referência a um corpo ginasticado que nunca aparentou sê-lo.

Pareceu-me antes de riso, pela puerilidade, embora ao que parece, Marcelo também pratique os mergulhos no mar, como Sócrates as

corridas pelo mundo. Nunca a ginástica desfavoreceu ninguém, falo por experiência própria, corpo que vai enferrujando dolorosamente e preguiçosamente, por falta de exercício.

 

Não percebi o porquê do retrato de Cavaco feito por Marcelo, mais de desprestígio do que de bondade. De hipócrita suavidade, me pareceu. Para não lhe referir as proezas do não se deixar guiar pelos pareceres alheios, na política de exaltação que vivemos, o que provoca a indignação dos mais directos atacantes, defensores das sopas e descanso para ele, Marcelo preferiu citar a questão do exibicionismo muscular de Cavaco, a demarcar-se de maneira original das críticas dos outros àquele, e a preparar a sua mente sana, para um dia ter o seu retrato pendurado ao lado de um natural de Boliqueime, por muito corpum sanum que este tenha.

 

 Berta Brás

«BANQUÊS»

 

 

 

«Banquês» é um dialecto do «economês».

 

No «tempo em que os animais falavam», os bancos (não centrais) dividiam-se em três categorias, a saber: os comerciais, os de investimento e os prediais. Tratava-se de uma especialização no crédito concedido que tinha sobretudo a ver com os prazos de reembolso e com as taxas de juro. Pelo menos, era isto que aprendíamos nas escolas em que se ensinavam estas coisas. Mas agora já não há especialização nenhuma, é tudo à molhada e que haja muita fé em Deus.

 

Com o golpe de Estado comunista em 25 de Abril de 1974, os políticos portugueses não comunistas pensaram – e muito bem, na minha opinião – que não há comunismo que resista à propriedade privada. Sim, exactamente assim e não o contrário em que é habitual dizer-se que não há propriedade privada que resista ao comunismo.

 

Então, a melhor forma de combater o comunismo foi fazer um contra-golpe militar, o que aconteceu em 25 de Novembro de 1975. Mas logo de seguida havia que consolidar a situação levando os cidadãos a repudiarem veementemente o comunismo. Assim nasceu a política de habitação própria pois quem tem de seu deixa automaticamente de ser revolucionário. O princípio fundamental do raciocínio é o de que quem tem algo a perder, não alinha em revoluções nem na ideia da propriedade colectiva. Foi Mário Soares que «deu a cara» inaugurando esta política e foi a banca que a financiou. Ambos tiveram lucros: um, de índole política; os outros, de índole financeira.

Passados mais de 30 anos, chegámos a uma situação de comunismo politicamente marginalizado e de grande percentagem de portugueses com casa própria mesmo nos rankings internacionais e já estávamos a dar nas vistas com a segunda casa, nomeadamente a de férias. E como se tratava de ganhar dinheiro, os bancos mandaram as especializações às urtigas e todos passaram a fazer crédito à habitação. Diz o Banco de Portugal que o crédito à habitação alcançou mais de 80% do crédito emitido a favor de particulares e assim se tem mantido durantes anos a fio.

 

CRÉDITO A PRIVADOS

                       

Foi por «fas e por nefas»[1] que o crédito começou a ser emitido a todos os que se acercavam de um qualquer balcão sobretudo quando o tipo de análise de risco (ou a falta dessa análise) passou a fazer parte da política americana ao ritmo da batuta de Bill Clinton. Foi com este Presidente americano que começou a vingar o princípio de que o crédito é um direito universal e não apenas um merecimento dos abastados e ricos. E como havia espaço muito amplo para a venda de créditos ao estilo de «carteiras tóxicas por carteiras de boa cobrança», o que, traduzido do «banquês» significa «gato por lebre», no futuro tudo se resolveria com alguma consolidação contabilística por fundos e reservas entretanto constituídas. Alguns gatos por cá, em Portugal, miaram mas não o suficiente para que imediatamente se arrepiasse caminho e o crédito voltasse a ser concedido com base em critérios menos demagógicos. Até porque o lobby da construção não estava nada interessado numa tal revisão de critérios.

 

Paralelamente, a farta liquidez nos mercados de capitais facilitou o crescente endividamento público permitindo muita prodigalidade na construção do Estado Social e esbanjamento em obras de muito duvidosa utilidade pública mas de claríssima vantagem para os que se diz serem os financiadores dos Partidos.

 

Mas houve mais: inspirados na ideia de que o crédito é um direito, os políticos apostaram no consumo como motor do desenvolvimento. E a banca esfregou as mãos de contente com o financiamento dessa instigada aspiração popular.

 

Análise «democrática» de risco, «tutti buona gente», tudo com pés de barro, tudo uma mentira pegada: consumir é que é bom, da produção que se encarreguem os chineses e outros escravos.

 

A ilusão do progresso espelhada num endividamento das famílias que ultrapassava os mais liberais níveis da razoabilidade. O povo satisfeito com os políticos que tanta fartura permitiam, os políticos satisfeitos com o povo que os eternizava no poder.

 

Só que a certa altura os credores externos começaram a ver que isto não podia continuar assim. A hecatombe instalou-se no falso «modelo de desenvolvimento» com milhares de despedimentos e os fundos e reservas revelaram-se insuficientes quando o castelo de mentiras se desmoronou e tudo foi ao fundo.

 

O primeiro a ir ao fundo foi o consumo pela via dos cortes nos vencimentos dos funcionários públicos ao que se seguiu uma molhada de empresas que tudo importava pois a banca tinha esgotado o crédito que tinha lá fora e deixara de poder financiar as ditas importações.

Com o encerramento das empresas que se moldavam à economia de consumo e dos bens não transacionáveis (construção e obras públicas, p. ex.), o desemprego aumentou e o consumo interno mais se retraiu. Entretanto, os empresários que produziam bens transacionáveis de qualidade não perderam tempo à espera que o Governo lhes dissesse o que deveriam fazer e quando viram a procura interna a desmoronar, atiraram-se para a exportação. Quem de tudo isto gostou foi a Balança Comercial pois viu as importações a caírem e as exportações a subirem.

 

E quem estava super endividado e ficou sem emprego, deixou de pagar as dívidas e, quiçá, passou a dormir debaixo das pontes pois a casa, hipotecada, foi parar às mãos da banca que a financiara. E a banca começou a coleccionar casas sem saber o que fazer a tanta falsa «fartura». Mas os próprios construtores civis passaram a dar as casas não vendidas em pagamento à banca e a falsa «fartura» continuou a crescer…

 

Só que a prestação da casa terá sido a última a ser incumprida pois antes dela foi a da viagem, a da televisão, a do frigorífico, a do carro… Em «banquês», o crédito mal parado a crescer para níveis inimaginados antes.

 

O crédito ao consumo a ruir com o crédito imobiliário em estado de moribundez.

 

CRÉDITO A PRIVADOS MAL PARADO

 

Se a isto tudo juntarmos os jeitos feitos ao poder político na compra de dívida da República quando os mercados internacionais de capitais fecharam a torneira ao despesismo português, podemos facilmente não invejar hoje a profissão de banqueiro em Portugal. Sobretudo quando a «máquina de lavar» avaria…

 

Só me espanto com o facto de tanta gente inteligente nada ter visto e nada ter feito para atempadamente redefinir o azimute. Ou será que de tanto repetirem a mentira a ela se habituaram e a tomaram por verdade?

 

Sim, o que está em curso é o enterramento de um pernicioso «modelo de desenvolvimento» baseado no consumo e nos bens não transacionáveis e a edificação de um virtuoso modelo baseado na produção de bens e serviços transacionáveis.

 

E se não passarmos a produzir o que comemos e demais consumimos, não será por muito falarmos em «economês» e em «banquês» que aceleramos o ritmo de pagamento do que devemos. E quem não paga o que deve, vai ter que esperar por nova encarnação para voltar a ser alguém.

 

Eis por que se torna imperioso regressarmos à fisiocracia. Mas isso só se poderá fazer com mercados transparentes e métodos lógicos de formação dos preços. Caso contrário, será o ludíbrio de mais uns quantos «anjinhos». E para mentiras, já basta!

 

Julho de 2014

 

 Henrique Salles da Fonseca



[1] - «Em dias fastos e nefastos»

NEM A AGATHA CHRISTIE

 

 

Tal é a Isabelle da “École des Maris” de Molière. Esperta, manhosa, inventiva, construindo uma trama de ambiguidade perfeita para se livrar de Sganarelle, seu tutor e prometido esposo, que dela tomou conta quando o pai desta morreu. O mesmo fez Ariste, irmão mais velho de Sganarelle, tutor de Léonor, irmã daquela, pela mesma altura. Mas enquanto Ariste é o exemplo do homem compreensivo, que dá plena liberdade à sua pupila para frequentar a sociedade de jovens e se divertir de acordo com a sua idade, Sganarelle é um homem rígido e severo nas suas imposições machistas, exigindo cega obediência de Isabelle, numa disciplina de rigor e repressão, que destruíram a alegria nesta e favoreceram o ódio e sobretudo a habilidade para se livrar do homem imposto, mentindo, fingindo uma doçura que não sente, mas com a qual pôde transformar o seu tutor num cordeirinho crédulo, além de delicado mensageiro de Cupido, tantas as provas que soube dar de indignação contra um pretendente, de que se servirá para se livrar de Sganarelle.

 

Assim, reduzindo a comédia de Molière ao esquematismo de um triângulo amoroso – Sganarelle, Isabelle, Valère – (os restantes diálogos entre as demais personagens desta peça de tese, de acusações e críticas sobre comportamentos masculinos, nos velhos tempos seiscentistas, que davam assim os primeiros passos para o alertar das consciências em torno da condição feminina da mulher-objecto, embora o nosso Gil Vicente já tivesse um século antes revelado a forte personalidade de uma Inês Pereira insubmissa) – começamos por conhecer, após a tentativa frustrada de Valère para se fazer convidado de Sganarelle, a confissão dos sentimentos amorosos daquele por Isabelle ao criado Ergaste. (Acto I).

 

Já no II Acto, um Sganarelle, de ouvidos cheios pelas acusações de Isabelle a respeito das tentativas amorosas de um tal Valère junto desta (1º estratagema da pupila,  falsamente indignada), procura Valère para lhe garantir que, estando Isabelle destinada a si próprio, seria conveniente aquele desviar os seus olhos de ardor ofensivo para outro objecto de mira. E Sganarelle vá de esclarecer Valère da autoria das acusações, em que as palavras de Isabelle, transpostas por Sganarelle, são de um requinte de ambiguidade que não escapa a Valère, e que definem a pequice de Sgananarelle, (no fundo um velho ingénuo e ridículo, à maneira dos ditames impostos pela Commedia dell’Arte italiana, mau grado a dimensão humanista das personagens molièrescas):

 

ACTE II, SCÈNE II

 

VALÈRE

 

Qui vous a dit que j’ai pour   elle l’âme atteinte ?


 
SGANARELLE

 

Des gens à qui l’on peut donner   quelque crédit.


 
VALÈRE

 

Mais encore ?


  SGANARELLE

 

Elle-même.


  VALÈRE

 

Elle ?


  SGANARELLE

410 

Elle, est-ce assez dit ?

 

Comme une   fille honnête, et qui m’aime d’enfance,
  Elle vient de m’en faire entière confidence ;
  Et de plus m’a chargé de vous donner avis,
  Que depuis que par vous, tous ses pas sont suivis,

415 

Son cœur   qu’avec excès votre poursuite outrage,
  N’a que trop de vos yeux entendu le langage ;
  Que vos secrets désirs, lui sont assez connus,
  Et que c’est vous donner des soucis superflus 
  De vouloir davantage expliquer une flamme,

420 

Qui choque   l’amitié que me garde son âme.


 
VALÈRE

 

C’est elle, dites-vous, qui de   sa part vous fait...


 
SGANARELLE

 

Oui, vous venir donner cet avis   franc, et net ;
  Et qu’ayant vu l’ardeur dont votre âme est blessée,
  Elle vous eût plus tôt fait savoir sa pensée,

425 

Si son cœur   avait eu dans son émotion,
  À qui pouvoir donner cette commission;
  Mais qu’enfin les douleurs d’une contrainte extrême
  L’ont réduite à vouloir se servir de moi-même,
  Pour vous rendre averti, comme je vous ai dit,

430 

Qu’à tout   autre que moi son cœur est interdit,
  Que vous avez assez joué de la prunelle,
  Et que si vous avez tant soit peu de cervelle,
  Vous prendrez d’autres soins. Adieu, jusqu’au revoir,
  Voilà ce que j’avais à vous faire savoir.

 

ACTE II, SCÈNE III

 

ISABELLE 

 

J’ai peur que   cet amant plein de sa passion,

450 

N’ait pas de   mon avis compris l’intention;
  Et j’en veux dans les fers, où je suis prisonnière,
  Hasarder un qui parle avec plus de lumière.


  SGANARELLE

 

Me voilà de retour……

 

E o nosso Mercúrio, Cupido inconsciente, conta da confusão e despeito de Valère, confiante de que com a sua intervenção, aquele desistirá. A pupila garante-lhe que, pelo contrário, a insistência se mantém, visto ter recebido uma caixa fechada, com uma carta (2º estratagema) que ela não abrira e desejava devolver, indignada com o desplante, e sem permitir que o tutor a abrisse, como ofensa à sua integridade, de psicóloga inteligente e virtuosa, mas com um truque final convincente de falsa generosidade, possibilitando a abertura da carta (truque que nos lembra o mesmo estratagema impeditivo, numa cena final de “Uma Família Inglesa” de Júlio Dinis, Mr. Whitestone assumindo-se como autor de uma carta de Carlos a Cecília, perante o alucinado pai desta, Manuel Quintino, abrindo a carta e dando-lha a ler, o que foi, naturalmente recusado por este):

 

ACTE II, SCÈNE IV

 

ISABELLE

 

Il est de mon devoir de faire   promptement
  Reporter boîte et lettre à ce maudit amant ;

475 

Et j’aurais pour cela besoin   d’une personne…
  Car d’oser à vous-même...


 
SGANARELLE

 

Au contraire, mignonne,

 

C’est me   faire mieux voir ton amour et ta foi,
  Et mon cœur avec joie accepte cet
emploi,
  Tu m’obliges par là plus que je ne puis dire.


 
ISABELLE

 

Tenez donc.


  SGANARELLE

480 

Bon, voyons ce qu’il a pu t’écrire.


 
ISABELLE

 

Ah ! Ciel, gardez-vous   bien de l’ouvrir.


 
SGANARELLE

 

Et pourquoi?


  ISABELLE

 

Lui   voulez-vous donner à croire que c’est moi ?
  Une fille d’honneur doit toujours se défendre
  De lire les billets qu’un homme lui fait rendre.

485 

La curiosité   qu’on fait lors éclater,
  Marque un secret plaisir de s’en ouïr conter ;
  Et je trouve à propos, que toute cachetée,
  Cette lettre lui soit promptement reportée,
  Afin que d’autant mieux il connaisse aujourd’hui

490 

Le mépris   éclatant que mon cœur fait de lui,
  Que ses feux désormais perdent toute espérance
  Et n’entreprennent plus pareille extravagance.


 
SGANARELLE

 

Certes elle a   raison, lorsqu’elle parle ainsi.
  Va, ta vertu me charme, et ta prudence aussi ;

495 

Je vois que   mes leçons ont germé dans ton âme,
  Et tu te montres digne enfin d’être ma femme.


 
ISABELLE

 

Je ne veux   pas pourtant gêner votre désir,
  La lettre est dans vos mains, et vous pouvez l’ouvrir.


 
SGANARELLE

 

Non je n’ai garde ;    hélas ! tes raisons sont trop bonnes,

500 

Et je vais m’acquitter du soin   que tu me donnes,
  À quatre pas de là dire ensuite deux mots,
  Et revenir ici te remettre en repos.

 

A carta dirá do atrevimento de Isabelle de querer precipitar um casamento com Valério para fugir ao casamento imposto com um tutor odiado e, em novo encontro com Sganarelle, aos ataques e ironias deste pela carta “enviada” por Valério a Isabelle, Valério responde com a necessária humildade, louvaminheira das virtudes de Sganarelle, o que necessariamente lisonjeia este, compadecido até do pobre amante derrotado, numa cena de magistral comicidade.

 

Isabelle finge uma falsa cólera contra a piedade que o tutor diz sentir do pobre Valério rejeitado, e acusa este de a querer raptar e de estar convencido da paixão de Isabelle por ele, instigando Sganarelle a transmitir-lhe esse discurso comprometedor (3º estratagema).

Sganarelle não se faz rogado :

 

675 

Va, pouponne, mon cœur, je reviens tout à l’heure.
  Est-il une personne, et plus sage et meilleure ?
  Ah ! que je suis heureux, et que j’ai de plaisir,
  De trouver une femme au gré de mon désir !
  Oui, voilà comme il faut que les femmes soient faites,

680 

Et non comme j’en sais, de ces franches coquettes,
  Qui s’en laissent conter, et font dans tout Paris
  Montrer au bout du doigt leurs honnêtes maris.

  (Il   frappe à la porte de Valère)
  Holà notre galant aux belles entreprises.

 

A consequência imediata desta   sequência de esquemas capciosamente imposto por Isabelle junto de um tutor   odiado e simplório, é a entrada de Valério no reduto familiar de Isabelle,   para que esta explique de vez qual dos dois prefere. Uma cena (IX)  de   grande mestria no uso do discurso ambíguo, pelos dois amantes, cada um dos   intervenientes masculinos interpretando as referências de amor ou ódio   segundo as suas convicções pessoais a respeito dos sentimentos da heroína:  

(4º estratagema)

 

 

 

 

 

 

ACTE II, SCÈNE IX

…….VALÈRE

725 

Oui tout ce que Monsieur, de   votre part m’a dit,
  Madame, a bien pouvoir de surprendre un esprit;
  J’ai douté, je l’avoue; et cet arrêt suprême,
  Qui décide du sort de mon amour extrême,
  Doit m’être assez touchant pour ne pas s’offenser

730 

Que mon cœur par deux fois le   fasse prononcer.


 
ISABELLE

 

Non, non, un tel arrêt ne doit   pas vous surprendre ;
  Ce sont mes sentiments qu’il vous a fait entendre,
  Et je les tiens fondés sur assez d’équité,
  Pour en faire éclater toute la vérité.

735 

Oui,  je veux bien qu’on   sache, et j’en dois être crue,
  Que le sort offre ici deux objets à ma vue,
  Qui m’inspirant pour eux différents sentiments,
  De mon cœur agité font tous les mouvements.
  L’un par un juste choix où l’honneur m’intéresse,

740 

A toute mon estime et toute ma   tendresse;
  Et l’autre pour le prix de son affection,
  A toute ma colère et mon aversion.
  La présence de l’un m’est agréable et chère,
  J’en reçois dans mon âme une allégresse entière,

745 

Et l’autre par sa vue   inspire dans mon cœur
  De secrets mouvements et de haine et d’horreur.
  Me voir femme de l’un est toute mon envie,
  Et plutôt qu’être à l’autre, on m’ôterait la vie.
  Mais c’est assez montrer mes justes sentiments,

750 

Et trop longtemps languir dans   ces rudes tourments;
  Il faut que ce que j’aime usant de diligence,
  Fasse à ce que je hais perdre toute espérance,
  Et qu’un heureux hymen  affranchisse mon sort
  D’un supplice pour moi plus affreux que la
mort.


 
SGANARELLE

755 

Oui mignonne je songe à remplir   ton attente.

  

ISABELLE

 
   

C’est le seul moyen de me rendre contente

SGANARELLE

 

Tu la seras dans peu.


 
ISABELLE

 

Je sais qu’il est honteux

 

Aux filles d’exprimer si   librement leurs vœux.


 
SGANARELLE

 

Point, point.


  ISABELLE

 

Mais en l’état où sont mes   destinées,

760 

De telles libertés doivent   m’être données ;
  Et je puis sans rougir faire un aveu si doux
  À celui que déjà je regarde en époux.


 
SGANARELLE

 

Oui ma pauvre fanfan, pouponne   de mon âme.


 
ISABELLE

 

Qu’il songe donc, de grâce, à   me prouver sa flamme.


 
SGANARELLE

 

Oui, tiens baise ma main.

                                               
   SABELLE   
   

765 

   
   

Que sans     plus de soupirs,

   
   

 

   
   Il conclue     un hymen qui fait tous mes désirs,
    Et reçoive en ce lieu, la foi que je lui donne,
    De n’écouter jamais les vœux d’autre personne.
   
 

(Elle fait semblant d’embrasser Sganarelle, et donne sa main à baiser à Valère)

 ……………

  VALÈRE

785 

Oui, vous serez contente, et   dans trois jours vos yeux,
  Ne verront plus l’objet qui vous est odieux.


 
ISABELLE

 

À la bonne heure . Adieu.


  SGANARELLE,
à Valère

 

Je plains votre   infortune ;

 

Mais...


  VALÈRE

 

Non, vous n’entendrez de mon   cœur plainte aucune ;

 

Madame assurément rend justice   à tous deux,

790 

Et je vais travailler à   contenter ses vœux.
 
Adieu.


  SGANARELLE

 

Pauvre garçon ! sa douleur   est extrême.

Venez, embrassez-moi ;   c’est une autre ellre-même.

(Il embrasse Valère)

………………………..

Para recompensar Isabelle pelo seu grande amor por ele, Sganarelle decide precipitar o seu casamento para o dia seguinte. O III Acto preencherá a estratégia (5ª) seguida pela apavorada Isabelle para escapar a tal destino. Encontrada por Sganarelle enquanto fugia de casa furtivamente, desculpa-se com a irmã Léonor, que diz apaixonada por Valère, e que deixara fechada no seu quarto para a impedir de ir consolar o destroçado pretendente, depois de lhe ter feito um discurso condenatório dissuasivo. O recatado tutor  fá-la retornar ao seu quarto, mas ela convence –o a deixar sair a irmã para casa de Valère, contrafazendo a sua própria voz, enquanto Sganarelle vai chamar o Comissário e o irmão Ariste para celebrar o casamento de Valère e de Léonor , por conta dos bons costumes, preparando-se, entretanto, para se divertir com a decepção de Ariste ante os efeitos da educação livre que este dera a Léonor. O enganado afinal, foi  Sganarelle –( Léonor casará com o bonacheirão Ariste) – que, na sua tirada final, lançará furibunda diatribe contra a desqualificada e manhosa  Isabelle e contra o diabólico  sexo feminino:

 

ACTE III, SCÈNE IX:

SGANARELLE

 

Non, je ne   puis sortir de mon étonnement.
  Cette déloyauté confond mon jugement ; 

Et je ne   pense pas que Satan en personne,
  Puisse être si méchant qu’une telle friponne.

1105 

J’aurais pour   elle au feu mis la main que voilà;
  Malheureux qui se fie à femme après cela !
  La meilleure est toujours en malice féconde ;
  C’est un sexe engendré pour damner tout le monde.
  J’y renonce à jamais à ce sexe trompeur,

1110 

Et je le   donne tout au diable de bon cœur.

 

Sacré Molière! Nem uma Miss Marple para desenovelar tais manigâncias de carácter e de imaginação inteligente, em intriga progressivamente urdida por uma pobre donzela em pânico!

 

 Berta Brás

EFEMÉRIDE

 

24 DE JULHO DE 1833

 

Vindas dos Açores e desembarcadas no Mindelo, as forças liberais entrincheiraram-se no Porto dando os miguelistas início ao duro e prolongado Cerco da cidade. Mas, conseguindo furar o bloqueio naval da barra do Douro, uma frota liberal fez-se ao mar e seguiu até ao Algarve onde defrontou uma esquadra miguelista que rapidamente se entregou.

 

 

Batalha Naval no Cabo de S. Vicente, 5 de Julho de 1833

 

Feitas as pazes localmente, as forças liberais e miguelistas uniram-se em Cacela (hoje, Cacela Velha) sob o comando do Marechal Duque da Terceira que rumou a Lisboa não mais pelo mar mas sim por terra ludibriando o bloqueio que os miguelistas faziam da barra do Tejo.

 

Chegados a Cacilhas, atravessaram o Tejo em todos os barcos, pequenos e grandes, que encontraram e desembarcaram em Lisboa no dia 24 de Julho tomando a cidade que se entregou sem resistência.

 

 Henrique Salles da Fonseca

DISSIMULAÇÃO

 

 

Grande paradoxo é o alheamento das gerações face aos dramas que as assolam. Celebrando o centenário da Grande Guerra, os 70 anos do desembarque na Normandia, os 40 do 25 de Abril e os 25 da queda do Muro de Berlim, espanta notar como eles apanharam de surpresa quem os viveu. Para o bem ou para o mal, demorou muito até se entender a real magnitude. As pessoas não eram tontas ou distraídas mas dirigiam atenções e esforços para outros aspectos, na época decisivos, hoje insignificantes.

 

A mesma tragédia patética repete-se agora, diante dos nossos olhos, pois a crise financeira portuguesa segue o mesmo roteiro. Daqui a 25, 70 ou cem anos haverá dificuldade em entender como nos enredámos em pequenas tricas e ninharias, enquanto o problema crescia em silêncio. Nem é preciso esperar muito, pois é já evidente a dissimulação que nos trouxe ao resgate e, agora que ele acaba, vem surgindo a dissimulação que este incluiu.

 

Está documentado o alheamento dos dirigentes que, de 2008 a 2011, negaram a existência de problemas financeiros graves, confiando em analgésicos para tratar um cancro. É hoje inacreditável revisitar esses meses e os intensos debates que os ocupavam, sempre ociosos. O País só acordou para a dimensão da crise na noite de 6 de Abril de 2011, reparando na enorme dívida, acumulada à socapa. A euforia a crédito fora demorada e envolvera todos os extractos sociais, mas passara despercebida. Agora eram inevitáveis longos e penosos esforços de ajustamento.

 

A austeridade apertou severamente o País. O esforço foi grande e teve resultados positivos. Muita da nossa economia reestruturou, algumas reformas institucionais e regulamentares foram feitas, e conseguiram-se melhorias no Orçamento. Mas muito ficou por fazer. Terminando o programa de ajustamento, quando os tolos dão suspiros de alívio, surgem as verdades que se omitiram nestes anos. Apesar da dureza, manteve-se uma dissimulação, que agora desponta, e rebentará nos próximos tempos.

 

A austeridade foi forte e vasta, mas deixou de lado dois grupos principais. Primeiro, sectores públicos protegidos. Seja porque o Governo não lhes quis ou pode tocar ou porque o Tribunal Constitucional os defendeu, largos extractos tiveram as suas receitas resguardadas no meio da crise, à custa de impostos, que agravavam a crise. O segundo grupo é o "capitalismo de compadres", as elites sectoriais, também próximas do Estado, que se enredaram em favores e ilusões para esconder erros.

 

Não é difícil reconhecer os contornos da fantasia que manteve na sombra esses sectores da realidade, desviando a atenção para detalhes secundários. Fingia-se que o problema se limitava à dívida pública, que bastava uma reforma de políticas. Pior, o sofrimento e a confusão fez brotar os demagogos, acusando, barafustando e apregoando soluções fáceis. A discussão foi repetidamente desviada para a defesa de direitos adquiridos e falácias constitucionais. Como se a retórica e as queixas fizessem desaparecer o peso e os sacrifícios.

Agora a crise do GES relembra que a dívida privada é muito maior do que a pública. É inacreditável a surpresa, provavelmente genuína, apesar de os factos serem conhecidos há muito. Não é por falta de informação, diagnóstico ou terapêutica, nem sequer por ter falhado o tratamento. Os sinais que agora surgem têm simplesmente que ver com aqueles sectores que nos últimos anos fingiram que estava tudo bem. Pode demorar, mas a realidade acaba por surgir. Como já se vê, esses serão os protagonistas da próxima fase da crise.

 

Quando os nossos netos lembrarem os escombros da nossa era, não conseguirão compreender como foi possível ignorarmos o mal, enquanto nos entretínhamos com tricas menores. À distância, bloqueios ao encerramento de serviços e cortes de despesas, minudências do Tribunal Constitucional, embates de personalidades no Governo e oposição, propostas de repúdio ou reestruturação da dívida parecerão tontos e mesquinhos a quem já conhece o resultado. Mas cada geração vive alheada dos grandes dramas que a assolam.

 

21 de Julho de 2014

 

 João César das Neves

UMA REPARAÇÃO HISTÓRICA

 

 

Andam alguns dos "iluminados" da nossa praça apoquentadíssimos porque a Guiné Equatorial vai pertencer à Comunidade dos Povos de Lingua Portuguesa (CPLP), muito incomodados por ser uma ditadura. Não se incomodaram nada quando as ditaduras cleptocráticas angolana e moçambicana entraram para a Comunidade, mas, claro, a gente sabe que há ditaduras boas e há ditaduras más...

 

Se nós tivéssemos estadistas e não "políticos" e se os comentadores não se enleassem na micropolítica e tivessem um mínimo de conhecimento histórico, talvez vissem essa entrada de outro modo.

 

Sem  alardear grandes sabedorias e revelações - despropositadas aqui e agora - sempre direi o seguinte: parte substancial do estado que vai entrar é constituído historicamente por territórios (ilhas de Fernando Pó e Ano Bom) que foram portugueses cerca de trezentos anos... Descobertas por Fernando Pó em 1471, foram cedidas à Espanha em 1778.

 

Trocadas por território no Brasil, a troca foi tida como traição pelos habitantes, que se revoltaram, e de tal modo, que os espanhóis só no final do século XIX, conseguiram ocupar efectivamente as ilhas, aceitando que os revoltados "portuguesistas" se mantivessem praticamente independentes, elegendo um conselho de cinco membros que os governou ao longo dos anos...

 

Nestes mesmos territórios, os habitantes têm a "Fá de Anbó" - fala de Ano Bom, crioulo português - como meio de comunicação. Além de outras tradições arreigadamente portuguesas.

 

Sabemos bem que as ditaduras vão e vêm, os povos ficam para além das contingências e dos acidentes. Se os opinadores soubessem um mínimo de história, seriam mais comedidos nas suas opiniões.

 

Assim, ao contrário do Professor Rebelo de Sousa e de outros, tenho muito orgulho que os de Ano Bom e Fernando Pó reentrem na Comunidade da Língua do País que há trezentos anos os abandonou e traíu...

 

 

José Valle de Figueiredo

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