Mais uma página de antologia de um homem corajoso – Henrique Salles da Fonseca – historiando os factos da nossa experiência de oito lustros, sujeitos aos engodos de uns quantos – 202 - (reminiscências literatas do número dos Campos Elíseos onde morou Jacinto de Tormes) - no mural de José Pacheco Pereira, publicado no Público de 19 de Abril sob o título “Os rostos dos anos da brasa” - os tais sabidões que foram proliferando em proveito próprio atirando papas e bolos aos tolos para, espertos que eram, piedosamente se locupletarem à mesa do rei.
Desfeita a mesa, já não há papas para ninguém, Salles da Fonseca o explica, com citações de “envergadura” – reveladoras de mentalidades de envergadura – daí, uma dessas ter chegado a cardeal. Mas na sua indignação, Salles da Fonseca revela uma certa falha conclusiva: a crença em “homens de bem” que restam para dirigir a “Barca”. É que, mesmo que os houvesse, os condicionalismos impostos pelos 202 (já acrescidos de muitos múltiplos) seriam tais e tantos que dificilmente poriam solução na crise. Mas há sempre um Ideal para os homens de bem, mesmo que não seja de cariz romântico como o seguinte, de António Feijó, que Salles da Fonseca não deixará de ler ou de reler com prazer, neste 25 de Abril:
Ideal
Onde moras? Onde moras?
Se adivinhasse onde moras Em frente da tua porta, Olhando a tua janela, Veria passar as horas,
As minhas últimas horas. Sem ti a vida que importa? A vida, nem penso nela... Veria passar as horas,
As minhas últimas horas, Em frente da tua porta, Olhando a tua janela...
Onde moras? Onde moras?
É num castelo roqueiro?
Se é num castelo roqueiro, Erguido na penedia,
Sobre o rochedo mais alto À beira-mar sobranceiro, Com a minha fantasia
Irei tomá-lo de assalto, Esse castelo roqueiro, Erguido na penedia,
Sobre o rochedo mais alto, À beira-mar sobranceiro...
É nos abismos do mar?
Se é nos abismos do mar, Sob a múrmura corrente, No teu leito de amaranto
Irei também descansar, Ficando perpetuamente Naquele perpétuo encanto Do Rei Hárald Horfagar... No teu leito de amaranto Irei também descansar, Naquele perpétuo encanto Do Rei Hárald Horfagar.
É numa estrela, ilha de ouro?
Se é numa estrela, ilha de ouro, - A Via-Láctea é uma ponte, Subirei por ela ao céu...
Para achar o meu tesouro
Não há remoto horizonte,
Nem Sagitário ou Perseu...
Onde moras? Onde moras?
Se adivinhasse onde moras
- Em frente da tua porta, Olhando a tua janela,
Veria passar as horas,
As minhas últimas horas. Sem ti a vida que importa? A vida, nem penso nela... Veria passar as horas,
As minhas últimas horas, Em frente da tua porta,
Olhando a tua janela Numa extasiada emoção. Dize-me pois onde moras, Se porventura não moras Dentro do meu coração...
Engodados por sabidões, houve-os então aos molhos que ainda hoje, passados 40 anos, cantam loas como se tudo não tivesse dado para o torto. Mas nós, os pagadores dos vícios assim criados, vemo-los carpirem o fim das papas e dos bolos e só não rimos porque a terapêutica também nos dói. Contudo, não tivemos culpas nos nossos bem humildes cartórios.
E o esforço árduo de alguns face às barricadas para correr com os sabidões só resultou, afinal, na asa livre para que os engodados na ribalta se armassem em heróis nesses idos de há quase 8 lustros e forrassem a tripa depois. Mas nós sempre achámos que mais valia gulosos do que bastardos.
Quem por certo se ri hoje são os sabidinhos, os filhos dos velhos sabidões já finados. Mas nós, os pagadores, continuamos a cumprir a razão de Mazarino quando questionado pelo seu Ministro da Economia, Colbert:
- Há uma quantidade enorme de gente entre os ricos e os pobres, os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tirámos. É um reservatório inesgotável.[1]
Sim, a sina que me saiu na rifa foi, pois, idealizada por Mazarino, Cardeal, o que não é trato menor. Mais valera que fosse simples frade com votos de pobreza e me vaticinasse sorte mais leve que esta de ter que pagar os vícios dos gordos e gulosos a quem não há papas nem bolos que saciem. E quando o padeiro e o pasteleiro lhes disseram que tomassem daquilo se quisessem mais fiados e lhes apresentaram a factura, logo eles bradaram «NÃO PAGAMOS!» e fomos mais uma vez nós, os profissionais da pagadoria, chamados ao reforço do cumprimento da nossa sina.
Mas os telejornais não se cansam de lhes dar tempos de antena, de os porem a apregoar o mal que lhes fazemos ao dizermos que NÃO queremos continuar a pagar-lhes as mordomias que eles próprios decretaram em causa própria quando estavam na ribalta.
Entre sabidões, bastardos, blasfemos e gulosos mórbidos, o coração dos eleitores portugueses baloiçou durante anos demais sendo que já não falta muito para que possa de novo optar. Mas eu não quero imaginar que possamos ir parar de novo às mãos dos blasfemos, dos bastardos, dos sabidões ou dos gulosos, todos eles mórbidos.
É que, aplaudidos por todos aqueles que beneficiaram da chuva de guloseimas, o coro de bastardos blasfemos mórbidos sabidões gulosos só cantará afinado se nós, os da pagadoria, não nos dispusermos a confirmar que BASTA! Ou será que os tolos somos nós?
A esperança reside na hipótese de que, idas as papas e os bolos às urtigas, a partir de agora já só se candidatem pessoas de bem.
Vimos que a origem da palavra Babilónia significaria O Portão de Deus, mas em hebraico bibel é confusão, e até o balbuciar tem a mesma origem.
O mais curioso de tudo isto vem de muito longe da tal Babilónia que ficaria a umas cem milhas a SO de Bagdad.
Quando os espanhóis invadiram o México em 1517, ficaram impressionados por já encontrarem disseminada a lenda da Torre de Babel, como é evidente, com outro nome. A grande pirâmide de Cholula, segundo o povo daquela terra foi construída para servir de abrigo contra um futuro dilúvio, mas seus construtores foram dispersados por uma confusão de línguas.
A Pirâmide de Tepanapa, também conhecida como a Grande Pirâmide de Cholula, é o maior monumento e simultaneamente a maior pirâmide em termos de volume do mundo, com 65 metros de altura e 439 metros de base.
Os arqueólogos imaginam que terá começado a sua construção 900 a.C., mas...
Maquete da pirâmide
Quando os espanhóis chegaram a Cholula, no século XVI, a pirâmide estava degradada, tendo perdido a cobertura de pedras. Sobre o adobe cresciam plantas e árvores; por esta razão ela foi confundida com um morro, confusão esta que permaneceu até 1930, quando os arqueólogos começaram a explorar o local.
Seguindo a tradição de construir uma igreja sobre o local onde existisse qualquer templo de adoração “pagã”, os espanhóis construiram a igreja da Virgen de los Remedios no cume da pirâmide onde antes havia um templo dos nativos. (Aliás pelo mundo tem-se assistido a transformar mesquitas em igrejas, igrejas em mesquitas, igrejas do rito A para o rito B, sinagogas em... etc.)
Desde a década de 1930, já foram escavados, dentro da pirâmide, mais de 8 km de túneis, em vários níveis.
Há um trecho maia, no livro Popol Vuh, que deixa muito o que pensar, mesmo sabendo-se que foi escrito em 1547 em latim, no idioma quiché. Apesar de deixar transparecer a influência cristã, para muitas tribos maias continua a ser a “sua bíblia” já que o texto aborda questões sobre a criação do mundo, dos homens e dos animais, segundo a sua tradição.
Um pouco do trecho sobre a grande pirâmide:
Aqui as línguas das tribos mudaram – sua fala ficou diferente. Tudo o que ouviam e compreendiam, ao partir de Tulán, tornou-se diferente... Nossa língua era uma quando partimos de Tulán. Ai! Esquecemos nossa fala.
Do mesmo modo, dilúvio, antropólogos dizem que há mais de 1.000.000 de narrativas do dilúvio em povos e culturas diferentes no mundo e todas elas, coincidentemente são no início das civilizações.
George Smith, especialista em línguas antigas, empregado no Museu Britânico, fez uma descoberta que sacudiu o mundo vitoriano. Por volta de 1870, ao traduzir uma seção partida de um dos livros de barro de Nínive, deu-se conta repentinamente de que lia uma história parcial do Dilúvio, escrita antes da versão hebraica e interrompida pela quebradura na tablete. Tanto furor causou sua descoberta que o London Daily Telegraph financiou-lhe uma expedição à Mesopotâmia onde ele, em Nínive, conseguiu localizar os segmentos que faltavam. A história completa do Dilúvio era um paralelo quase exacto da versão bíblica, com a excepção dos nomes dos deuses e de Noé, que era Ut-naphistim. Mas as actividades intensas de Smith destruíram-lhe a mente e a saúde. Após realizar uma tradução original especialmente difícil no Museu Britânico, exclamou: “Sou o primeiro homem a ler este texto após 2 mil anos de esquecimento!”
Provou que Noé e a sua Arca não eram só um história da Bíblia.
Ficou louco e faleceu pouco depois!
Voltemos a Babel como confusão de línguas.
A língua basca que ninguém sabe bem de onde vem, e atribui-se à pré-história, já que a última glaciação terá parado antes dos Pirinéus, no país basco francês, mas existe um pequeno bolsão linguístico basco nas montanhas do Cáucaso! Como?
As pirâmides astecas eram chamadas de teocalli, a casa dos deuses. Em grego, theo kalia é a casa de deus! Já os sacerdotes maias, num exorcismo contra estranhos diziam konex oman panez; os gregos dizem konex om panex como invocação dos mistérios religiosos. E tem mais umas quantas palavras que, se não são de origem grega, devem ser... gregas!
Quem sabe se não foi Ulisses que passou por lá?!
A língua quíchua, falada em quase todo o continente sul americano tem inúmeras palavras iguais às dos maoris, os principais e primeiros habitantes da Nova Zelândia, que terão saído em várias ondas de migrações do leste da Polinésia entre 80 e 100 d.C.
Por exemplo (a primeira em maori, e a segunda em quíchua):
- chefe tribal – kura, kuraca
- batata doce – kumara, kumara
- pele – kiri, kara
- entre – pura, pura
- amor – muna, munay
- mutilado – mutu, mutu
Se a bibel aconteceu, como diz a Bíblia, por mando de Deus, ninguém poderá afirmar.
Mas a dispersão dos homens pelo mundo, os desencontros e reencontros, hoje a filologia dá-nos indicações preciosas, como alguns dos exemplos acima.
E ainda o caso de Ibéria e Galiza, que tem nomes idênticos aos de Espanha nas regiões fronteiriça entre Hungria e Eslováquia, e Ibéria ao norte da Arménia, alcançando os Cárpatos (já mencionado num texto
Há muito que o problema do desaparecimento dos estudos clássicos nos “desaparecidos” “liceus”- substituídos pelo genérico “escolas”, submersas estas no designativo, ainda mais amplo, de “agrupamentos”, evocador, por seu turno, das tendências para a solidariedade e a coesão que estreita actualmente os povos, em manifestações de protesto ou de simpatia, segundo a preponderância do momento – há muito, pois, que esse problema de volatilização do latim e do grego do panorama escolar tem sido motivo de mais uma decepção, esta centrada na redução cultural que tais cortes possibilitaram, justificativa de um AO sem ponderação, como refere o artigo «Portugal e o latim», de Susana Marta Pereira, Professora de Português e Latim, saído no Público, em 11/04/2014, entre a muita excelente informação do seu conteúdo, que revela bem a diferença panorâmica dos estudos cá dentro e lá fora, sem pudor nosso, que não temos dessas subtilezas de pudicícia:
«Portugal e o latim»
O latim representa mais de dois mil anos de cultura. Foi nele que o mundo ocidental produziu, até ao século XVIII, a sua ciência, filosofia, religião; a sua história é a matriz das línguas românicas, tendo significativos ecos em línguas como o inglês e o alemão. Aprender esta língua é ter acesso a uma cultura milenar que fundou, juntamente com o grego, a sociedade moderna e cujos valores transportam saberes, desde a área jurídica à educação e à medicina.
Países como Inglaterra, Alemanha e Espanha colocam, actualmente, nos seus curricula o ensino do Latim, por perceberem a sua relevância na aprendizagem de matérias tão diversas que vão desde a matemática à biologia, à filosofia, à literatura e à aprendizagem das línguas, entre elas o inglês e o alemão. Em Portugal segue-se o caminho oposto.
Aos poucos, a aprendizagem do latim tem vindo a morrer, sendo vários os factores que estão na génese desta lenta agonia; os principais são a ignorância e o desconhecimento da importância desta língua por parte de quem decide. Num país onde se aplica um acordo ortográfico que renega a matriz do português, não é de espantar que se olhe para o latim como uma língua menor.
A recentíssima proposta de formação de professores de Português que divide a formação de professores da língua materna em duas opções – Português e Português/Latim – é a machadada final da morte há muito anunciada. Com o actual estado do ensino do Latim, onde o número de alunos escasseia, a escolha por parte dos futuros docentes da vertente da formação de professores de Português/Latim será ínfima e, num país onde não há alunos, deixará muito em breve de haver professores.
Alguns países, nomeadamente a Inglaterra e a Alemanha, iniciam o ensino do Latim a partir do 5.º ano de escolaridade, por considerarem que a aprendizagem desta língua deve ter lugar o mais precocemente possível. Em Portugal, os alunos portugueses só podem estudar Latim a partir do 10.º ano, e, atenção, é uma disciplina opcional de um leque que engloba a Geografia, algumas línguas modernas e a Literatura Portuguesa, destinando-se somente aos alunos dos cursos de humanidades, restringindo o acesso aos alunos de ciências. Questão: terão os alunos portugueses capacidades inferiores aos alunos alemães e ingleses para não conseguirem aprender Latim a partir do 5.º ano? Qual a razão fundamentada para impedir o acesso dos alunos de ciências à aprendizagem de uma língua na qual quase todo o universo científico, desde a biologia à medicina, à própria tecnologia, tem a sua génese?
Será possível que ninguém queira aprender Latim em Portugal? Que nenhum aluno se interesse pelo mundo antigo e pelas histórias que percorrem a arqueologia da humanidade? Que os jovens portugueses sejam tão diferentes dos seus congéneres europeus? Há verdadeiramente interesse, por parte de quem decide, que a situação mude? Já alguém, que tenha poder decisório, tentou averiguar honestamente e sem cair em lugares-comuns o que se passa com o ensino do Latim em Portugal?
Na Escola Secundária de Pedro Nunes e na Escola Secundária de Passos Manuel, em Lisboa, os seus directores decidiram que nas suas escolas o Latim não morreria! Consequentemente, os alunos de todas as áreas, humanidades, artes, ciências e de todos os ciclos, desde o 7.º ano ao 12.º ano, têm acesso a um curso livre de Latim. E a verdade é que há dois grupos de alunos na Escola Secundária de Pedro Nunes, um de 3.º ciclo e outro de secundário, sendo que um deles já se encontra no 2.º ano de Latim. O Liceu Passos Manuel abriu o curso este ano lectivo e já conta com três grupos, um de 3.º ciclo e dois de secundário, sendo, no secundário, a maioria dos alunos de ciências. A metodologia aplicada foi desenvolvida pela Universidade de Cambridge e o seu sucesso leva a crer que o problema reside muito mais no modo como esta língua tem sido ensinada do que nela mesma. É de salientar que estes cursos são de frequência livre e a taxa de absentismo é quase nula.
Afinal, em que ficamos? Onde reside a origem do problema? Não há alunos interessados em aprender Latim ou não há interesse em que os alunos o aprendam?»
Não sei se, entre as várias pugnas com que me vou entretendo no meu blog, já alguma vez toquei o assunto, não do latim em vias de extinção, mas da selecta latina da altura em que escrevi o artigo seguinte, de 1996, e que publiquei no livro “Anuário” – “Memórias Soltas” (1999), Editorial Minerva. Se já aqui o reproduzi, que me perdoem os manes dos Cíceros e dos Virgílios, postados nos Olimpos da sua glória e da sua indiferença perante o atrevimento de os evocar novamente, pertencente como sou a uma lusitana raça que os chutou para bem longe, indiferente à formação cultural dos seus descendentes. Foi este o artigo, com que pretendo reforçar o apelo da Professora de Português e Latim,Susana Marta Pereira, lembrando a lamechice de um ensino de tosca banalidade, muito embora se considere que a nossa juventude está mais bem artilhada intelectualmente do que a dos tempos do latim e grego. Creio que sim, que está mais modernizada, mais capaz de singrar com ousadia nos novos caminhos que lhe são impostos, mais defendida do ponto de vista da desenvoltura verbal também. Mas lamento a falta de estruturação mental que os clássicos – quer os das civilizações greco-latinas quer os das delas derivadas lhes poderiam fornecer e que a nossa incúria e ignorância condenou a omissão. Eis o texto de 1996:
«EST MODUS IN REBUS...»
«Dois livros para a iniciação do Latim:
Para o l0º ano, “ROMAE ROMANI”, de Ana I. Salema e Rosa Costa, com a participação do Dr. José A. Segurado e Campos , 1ª Edição, 1996.
Para o antigo 6º ano de Letras, “INITIA LATINA”, por José Nunes de Figueiredo e Maria Ana Almendra., 3ª Edição, l966.
Começámos pelo primeiro: Uma viagem de jovens estudantes europeus - entre os quais dois portugueses - a Itália, premiados no concurso “Certamen Ciceronianum Arpinas”, e a quem o jovem professor Paolo, da Universidade de Génova, servirá de anfitrião e guia.
Uma urdidura romanesca preside à feitura do livro, num propósito de intercâmbio comunicativo e cultural que põe em jogo necessidades básicas de instalação, diálogos de apresentação e auto-retrato, passeios, cartas aos familiares, costumes, comentários ideológicos em função dum confronto passado/presente, e as respectivas ilações sobre as similitudes e as diferenças entre os povos latinos e os seus descendentes pertencentes à União Europeia.
Um livro bem orientado, com a matéria dispersa segundo dois motivos temáticos - O Génio Romano para o Módulo I, A Vida Quotidiana para o Módulo II, cada lição perspectivada ao longo de seis rubricas: Clube de Estudo, Texto em Estudo, Jogos entre Nós, Clínica Gramatical, Genealogia Lexical, Correspondência Cultural.
Tudo, aparentemente, equilibrado, enriquecedor, em sequência progressiva, com vectores de referência para a civilização passada e para a civilização actual, a gramática acompanhante, os exercícios de aplicação, a etimologia e as famílias de palavras, os textos em português pontuados de expressões latinas, os textos em latim contextualizados.
Lemo-lo de um fôlego, fascinados com essa viagem cultural que desbloqueou o tempo, vivificando a língua morta, actualizando o passado, transformando o presente em algo de mirífico possuidor de uma velha história, e que estabeleceu o paralelo identificador dos homens, nos seus costumes e sentimentos, como nas suas eternas disparidades sociais.
Simultaneamente, apercebemo-nos dos vestígios da cultura latina, nas suas pontes e ruas, nos seus arcos e monumentos, nos seus grafitos e epitáfios, nos breves textos de autores latinos versando motivos de todos os tempos: Textos do Cântico dos Cânticos, dos Evangelhos , de Cícero, Plínio, das Epístolas de S. Paulo, dos Carmina Burana.
A rubrica Correspondência Cultural estabelece o paralelismo, seja na narrativa dos acontecimentos, seja nos diálogos entre os jovens, ou nos textos sobre os Romanos, assim descobrindo pistas de confronto que ajudam à percepção dos factos.
Cedo, todavia, chegámos ao fim da obra, de textos, na sua maioria, em português, semeados, embora, de expressões latinas, e os textos de autor reduzidos a um ou dois, o que nos decepcionou.
E apesar da erudição e do propósito orientador, enfastiou-nos um tanto, igualmente, nos seus discursos por vezes rebuscados, por vezes moralistas, na história banal de jovens empenhados e vivaços, à boa maneira dos Cinco e dos Sete das aventuras da Enid Blyton - jovens que desdenham o magister dixit, o que não é de todo errado, segundo as actuais pedagogias exacerbadoras do ego estudantil , jovens que se instalam em casas de acolhimento, “garante do merecido descanso”, sem percebermos o porquê do mérito - na vulgar historieta de amor de uma das jovens com o professor, pretexto para um debitar de uma fraseologia romanesca e lírica perfeitamente inadequada, como a que transcrevemos:
“A cabeça de Paolo descaiu sobre seu ombro (sic), e com voz só para ela:
-Querem que eu volte para continuar a casa... pena não te ter mostrado os vinhedos, os armazéns, as adegas, a destilaria... mas não voltarei só!
Também eu me deixei levar pelas mãos seguras de Concha, a catalã que trocaria o sol da sua terra por outro sol... aquele que andava amadurecendo cada cacho, a descobrir-se entre pâmpanos, ao longo da estrada para Roma”. (pág. 65).
Tais peculiaridades fizeram-nos evocar o Mon Ami Pierrot e quejandos que, através de idêntico processo comunicativo, pretendia também, em tempos idos, integrar os alunos de Francês das Escolas Técnicas na cultura comercial, por meio de uma efabulação despudoradamente piegas e lorpa.
Outro paralelo identificador com os Pierrots de má memória, e característica, aliás, dos bonecos de qualquer B. D., nos surgiu nas imagens dos jovens, dispersas aqui e ali, os quais, no longo percurso das suas férias culturais, jamais mudaram de fato... para que possamos reconhecê-los, naturalmente, onde quer que se encontrem.
Lamentamos a lamechice deste ensino centrado no aluno, que parte do ensino básico e jamais se altera ao longo do seu percurso curricular, sobretudo no que toca ao ensino das línguas na sua fase de iniciação. Um ensino que, privilegiando o método comunicativo, em todo o caso nos parece extremamente redutor, como se o universo juvenil se polarizasse em torno do umbigo de cada estudante.
Por isso os clássicos franceses foram retirados, como letra morta, dos manuais do Ensino Secundário, até para os futuros professores de Língua Francesa, por isso este manual de Latim privilegia os contactos pessoais e contraria o conhecimento real dos autores latinos e da língua latina na sua complexidade, que exige abundância de textos e maturidade interpretativa.
Daí que, desejosos de reencontrar os velhos clássicos latinos e de rever a sua história e civilização nas fontes originais , sem interposição de comentários dirigistas, retomámos afincadamente o manual de José Nunes de Figueiredo e de Maria Ana Almendra, que, numa 1ª Parte, nos inicia nesses hábitos civilizacionais em função da matéria gramatical elucidativa e que, numa 2ª Parte, nos oferece o prazer de uma leitura ampla dos autores do Programa de então: 20 textos de Eutrópio, 24 de Lhomond, 20 fábulas de Fedro, 20 textos de Cornélio Nepos, 21 de Júlio César.
Textos excessivos, dir-se-á, que os alunos jamais abrangerão na sua totalidade, mas cuja descodificação, em maior ou menor quantidade, se tornará, gradativamente, num exercício lúdico, à medida da sua progressão gramatical, para além do contacto enriquecedor com esses Homens a quem a Humanidade deve a transmissão da História passada e a dimensão humanista intemporal da sua fábula.
Julgamos mais sério este método tradicional, mais responsabilizador e culturalmente mais eficaz, sem tanto esbanjamento de individualismo e afectividade.
Quanto às ilações do manual para o l0º ano, parecem-nos pura manifestação pessoal de um moralismo tão insípido como a utilização dos temas clássicos em função das vivências pessoais dos jovens premiados no “Certamen Ciceronianum Arpinas”.
Desfeita, assim, a novidade e saciada a curiosidade, predominou o vazio de uma metodologia que, abundando em pâmpanos, escasseou nos cachos - conquanto amadurecidos na estrada para Roma - impedindo uma preparação adequada do aluno que o ajude a vencer as dificuldades do ano seguinte.
A menos que, a exemplo do 10º ano, se sobreponham, no 11º, ao estudo dos clássicos, as argúcias verbais e os textos pessoais dos autores do manual.
Se não tivesse visto, não acreditava. O engº Medina Carreira, provavelmente o mais esclarecido comentarista da TV doméstica, manifestou-se (teimosamente) favorável ao corte das verbas destinadas a Pesquisa e Investigação! O que vale é que o Prof. Floriais ali presente lhe respondeu à altura.
A Investigação pode ser a resposta certa à crise provocada pelo nosso atrazo. A História está cheia de exemplos. Cito dois.
Biblioteca da Universidade Humboldt
(1) Os Prussianos quando apanharam do Napoleão e perceberam que tinham que fazer algo para evitar futuras humilhações criaram uma Universidade – Humboldt – dedicada exclusivamente à Investigação. Ali ensinava-se pouco e pesquisava-se muito. O resultado em termos germânicos é mais do que conhecido.
Campus do KIST
(2) Os Sul Coreanos, que realizaram o processo de Desenvolvimento Económico mais notável da segunda metade do Século XX, começaram pela Imitação mas cedo perceberam que só ultrapassariam a fasquia da mediocridade mercê Investigação e Inovação. Já em 1967, haviam criado o KIST – Instituto Coreano de Ciência e Desenvolvimento dedicado à pesquisa multidisciplinar, inteiramente financiada pelo governo. Em 1988, 4500 pesquisadores, na sua maioria importados do Japão e integrados em equipes nacionais, estavam activos em vários ramos de pesquisa. Gradualmente o número de coreanos investigadores aumentou. Em 1998, o registo anual de novas patentes ultrapassou a casa dos 800. Por essa altura, já os grandes grupos económicos privados coreanos tinham interiorizado a pesquisa. Resultado: a Coreia do Sul, com pouco mais de 50 milhões de habitantes é hoje a 12ª Economia do Mundo. Em 1953 era a última.
Claro que haveria que falar dos grupos económicos, mas isso fica para outra altura.
v Não há bicho-careta que não mande o seu palpite sobre que rumo seguir, quando em breve terminar o Programa de Assistência Financeira (vulgo, programa datroika): E, às vezes, até manda mais do que um, conforme a hora do dia ou a meteorologia nos mercados financeiros.
v Que temos de sair “à irlandesa” - dizem uns. Isto sem Programa Cautelar não vai lá - opinam outros. Pessoal da troika, see you soon - agoiram os mais pessimistas. O caminho, apontou-nos a Islândia há muito – eis o-santo-e-a-senha daqueles que pensam que Dívida Pública não é para pagar.
v Acontece que o que está a chegar ao fim não é exactamente o programa da troika. É, sim, o período em que a troika tem uma presença ostensiva, eminentemente mediática, porque no final de cada visita lá vem mais um cheque (soit disant, porque é uma transferência) que tanto jeito dá.
v Tão-só o primeiro capítulo de um programa que ainda vai a meio – e os rumos possíveis até nem são tantos assim.
v Para tirar a limpo o que o futuro nos reserva, nada melhor do que:
- Resumir os capítulos seguintes do programa da troika;
- Dar uma ideia do que se está a passar com a Irlanda;
- Reconhecer, sem ilusões, a nossa situação “macro”, presentemente;
- E, já agora, sublinhar, aqui e ali, o que nos afasta dos dois exemplos abundantemente invocados.
v Começando pelo princípio. Os capítulos seguintes no quadro europeu (CE, BCE) há muito que estão escritos (e os do FMI não são muito diferentes, por isso não os descreverei).
v No fundo, no fundo, têm um significado claro: a omnipresença dos credores externos “oficiais” (isto é, das organizações internacionais ou, mesmo, supranacionais que nos apoiaram financeiramente) ainda vai prolongar-se por muitos anos mais - com o “regresso aos mercados financeiros” a ser, digamos, uma flor de estilo.
v Na UE, países bem comportados, com as contas em dia (hélàs! uns mais, outros menos), mesmo esses, estão sujeitos anualmente à “vigilância europeia”: as suas propostas orçamentais nacionais são escrutinadas pela burocracia da CE que pode recomendar ajustamentos de vária ordem (nem todos eles restritivos, sublinho).
v Para os países que se tenham portado mal (que é o caso de Portugal), a coisa fia mais fino. Por ordem crescente da intromissão dos credores “oficiais” (UE e BCE):
- PPS/Post Programme Surveillance - Regime de vigilância reforçada sem novos apoios financeiros explícitos e formalizados (no FMI: PPM/Post Programme Monitoring);
- PCCL/Precautionary Conditioned Credit Line - Regime de apoio financeiro cautelar através de uma linha de crédito de último recurso (stand-by facility) aberta pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM/European Stability Mechanism);
- ECCL/Enhanced Conditions Credit Line - Regime de apoio financeiro conjunto do ESM (através da tal stand-by facility) e do BCE (através do programa OMT/Outright Monetary Transactions, para compra firme de Dívida Soberana);
- Enfim, se à primeira não resultou, repete-se a dose - um novo Programa de Assistência Financeira, certamente mais duro do que o precedente.
v Como se vê, entre um PPS e um novo Programa de Assistência Financeira, não há um, mas dois Programas, digamos, Cautelares. E à boa maneira da UE (e da Zona Euro), tudo isto mais parece uma sopa de letras do que estratégias consequentes e bem meditadas para superar crises graves.
v A Irlanda “saíu” com um PPS (ainda que este “saíu” esteja longe de ser sinónimo de “livrou-se”, como veremos já a seguir).
v O regime de PPS
- Aplica-se a países que conseguem emitir, de novo e confiadamente, Dívida Soberana nos mercados financeiros - em condições de custo e de prazo que não põem em causa o seu equilíbrio orçamental;
- Só termina quando estejam pagos 75% dos empréstimos contraídos junto do ESM - ou de um qualquer dos seus fugazes avatares que a crise do euro foi dando à luz (EFSF/European Financial Stability Facility e EFSM/European Financial Stabilisation Mechanism);
- Tem exigências especiais em matéria de relato (exigências que, caso a caso, podem ser adaptadas, modificadas e/ou prolongadas);
- Prevê missões de acompanhamento periódicas (e frequentes) por equipas conjuntas da CE e do BCE (as quais reportam, separadamente, ao Comité de Economia e Finanças da UE, ao Parlamento Europeu e ao Parlamento do Estado Membro em causa);
- Uma vez chegado a bom termo, é substituído pelo “processo de vigilância europeia”.
v Ainda no regime de PPS, o EUROGRUPO (UEM/Zona Euro), sob proposta da CE, pode recomendar novas medidas de correcção e ajustamento - não é difícil imaginar que mais exigentes do que aquelas usuais no tal “processo de vigilância europeia”.
v Tanto o PCCL como o ECCL visam assegurar que o processo de ajustamento iniciado (e imposto), agora só pelo par CE/BCE continua a ser cumprido (“on track”, no dizer daquela rapaziada) – incluindo as tão badaladas “reformas estruturais”.
v O regime de PCCL aplica-se a países que, tendo recebido empréstimos de “credores oficiais”:
- Alcançaram já uma posição externa sustentável (eufemismo para uma BTC equilibrada ou, mesmo, superavitária) - ou, se tal ainda não for o caso, estejam a dar cabal execução às medidas destinadas a corrigir o desequilíbrio externo (EIP/External Imbalances Procedures);
NOTA: Estas EIP impõem aos países cuja Dívida Pública exceda 60% do respectivo PIB, reduções anuais de 5% (no mínimo) até que aquele limite de 60%/PIB seja, de novo, respeitado. Portugal só terá de cumprir esta regra 3 anos após regressar ao equilíbrio orçamental (em 2019, dizem os optimistas) – equilíbrio que, aliás, nunca conheceu nos últimos 45 anos.
- Tenham uma Dívida Pública Total considerada “sustentável” pelos seus pares;
- Apresentem um registo suficientemente extenso de emissões recentes bem sucedidas nos mercados financeiros;
- Os seus Bancos não sejam factores de risco sistémico para a Zona Euro;
- Preencham os requisitos previstos no Pacto de Estabilidade e Crescimento (SGP/Stability and Growth Pact);
v Com o ESM a só entrar em cena se ocorrerem turbulências nos mercados financeiros internacionais (“choques exógenos”, em “economês”) que tornem mais difícil o financiamento/refinanciamento das Dívidas Soberanas, mesmo para alguns países que sempre tenham mantido as suas contas em ordem.
v O regime de ECCL, por seu turno, está reservado para os países que, tendo sido amparados pelos “credores oficiais”, dêem mostras de só conseguirem emitir Dívida Soberana nos mercados financeiros se for ao abrigo do programa OMT (o tal programa do BCE para comprar firme Dívida Soberana, o que tem deixado com pele-de-galinha os juízes do Tribunal Constitucional Alemão, em Karlsruhe).
v O diabo é que ninguém sabe se os programas PCCL, ECCL, OMT - e, até, EIP – funcionam, de facto. E, pelos vistos, ninguém na CE, no EUROGRUPO e no BCE parece estar minimamente interessado em tirar-se de dúvidas.
A reprodução dos organismos biológicos, como é sabido, faz-se principalmente por um de dois processos: reprodução sexuada ou assexuada. Na reprodução assexuada ou vegetativa, uma parte destaca-se de um organismo e, por si só, vai constituir um novo organismo. Um exemplo típico seria cortar um pequeno ramo de uma oliveira, plantá-lo na terra e assim obter uma nova oliveira, com o código genético igual ao do da árvore de onde proveio.
O código genético, o conjunto dos genes de um organismo, está quase todo nos cromossomas, que a maior parte dos organismos tem aos pares homólogos (mas com pequenas diferenças entre os genes de cada par).
Na reprodução sexuada, algumas células sofrem um complexo processo de que vão resultar células com metade do número de cromossomas, as células sexuais masculinas ou femininas. As células sexuais femininas são os óvulos, normalmente nos ovários. As células sexuais masculinas são o pólen, nas plantas, ou os espermatozoides, nos animais.
Da fecundação – a união de uma célula feminina com uma célula masculina – resulta o novo ser que, como consequência do “baralhar e dar de novo” do processo de formação das células sexuais, origina, frequentemente, descendentes um tanto diferentes dos progenitores.
A maioria das plantas usadas na agricultura são hermafroditas e as suas flores produzem o conjunto das duas células, óvulos e pólen.
Nalgumas espécies há diferenciação sexual. Ao ver uma espargueira perto do fim do seu ciclo anual, algumas plantas mostram umas pequenas bolinhas vermelhas, onde estão as sementes, e outras não. Aquelas que têm bolinhas são plantas fêmeas e as outras são plantas macho. São chamadas plantas dioicas. Há ainda outras em que os órgãos produtores de pólen e de óvulos se encontram na mesma planta mas em locais diferentes, como é o caso do milho. O pólen é produzido na bandeira. Os ovários na maçaroca, e os estigma de cada um constituem as barbas. Os grãos de pólen que caem sobre eles germinam, viajam no interior desse tubo fininho e vão fecundar o óvulo, produzindo o grão. Estas plantas são chamadas monoicas.
Nas plantas que são geneticamente “puras” (homozigóticas), pode usar-se a reprodução sexuada (por semente), como é o caso dos cereais, forragens, etc.
Mas se as plantas são muito heterozigóticas (isto é, se um gene que está num cromossoma difere do seu parceiro no cromossoma homólogo) mostra as variadas combinações desses genes e será muito difícil ter um descendente com o mesmo código genético do progenitor. Para esses casos há que recorrer à reprodução assexuada (estaca, enxertia, etc.) para obter plantas idênticas à planta mãe, como é o caso, por exemplo, de muitas árvores de fruto e videiras.
Isto é conhecido e usado há milénios. Mas o termo “clone” foi cunhado em 1903 por Herbert Webber, um agrónomo americano a trabalhar no Ministério da Agricultura dos Estados Unidos. No seu escrito, em 1903, na revista “Science”, Webber definiu “clone” como “um conjunto de organismos derivados de um único por reprodução assexuada”.
Sabe isto qualquer engenheiro agrónomo ou qualquer agricultor razoavelmente informado. Mas parece que não sabem, muitas pessoas, não só em Portugal, mas pelo mundo fora.
Clone é um substantivo colectivo. Assim como nenhum organismo é “família”, também não pode ser “clone”.
Quando uma espécie, mesmo sempre reproduzida por via vegetativa (assexuada) foi cultivada durante muitos anos e em diferentes condições de meio, é provável que mostre algumas pequenas mas significativas diferenças. Uma das mais simples formas do melhoramento de plantas é precisamente a selecção clonal. Para isso escolhem-se, nos campos onde sejam cultivadas, as plantas que pareçam ser melhores (a informação dos agricultores é, normalmente, muito valiosa) e colhem-se de cada uma alguns ramos do ano.
Por estaca ou enxertia plantam-se, em filas ou canteiros separados para cada planta mãe. É provável que entre esses grupos de plantas, derivadas de uma única por reprodução assexuada, haja algumas diferenças. Cada grupo constitui um clone e o melhorador de plantas elege apenas o ou os que tenham vantagem. Isto pode, por exemplo, ser efectuado na oliveira Galega ou na pereira Rocha.
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A clonagem é fácil em muitas espécies vegetais. Mas ainda não foi possível, de um pedaço de qualquer animal superior, obter artificialmente um animal completo. Graças aos progressos de variadas técnicas, alguns cientistas tentaram uma aproximação. Num trabalho científico brilhante, com cultura de células em meio artificial (ao tempo descrito em jornais e revistas), obtiveram a ovelha Dolly. Não compreendo é que chamem clonagem a esse processo, pois não o é, nem entendo que chamem “clone” à Dolly, pois já vimos que esse termo não se aplica a um único indivíduo.
A Dolly nem tem exactamente os genes da ovelha mãe. Dessa ovelha foi tirado um pedacinho de tecido da glândula mamária e mantido em cultura artificial. Uma célula da cultura foi fundida com um óvulo de outra ovelha a que foi retirado o núcleo (onde estão os cromossomas) daí resultando, ao fim de alguns dias, um embrião, que foi implantado no útero de outra ovelha, que apenas serviu de incubadora. O óvulo, sem o seu núcleo, ainda ficou com uns muito pequenos corpos, os mitocôndria (que produzem a energia de que as células necessitam), que também têm alguns genes, que a Dolly recebeu.
O mesmo processo já foi repetido em muitos laboratórios por todo o mundo e em diferentes espécies. Que seja do meu conhecimento, pelo menos por enquanto, é útil para diversos estudos mas ainda não tem utilidade prática para a agricultura.
Publicado no "Mundo Rural", Ano LI, nº 572, Abril de 2014
No 4º trimestre de 2013, a Capacidade Líquida de Financiamento da Economia Portuguesa fixou-se em 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) (ano acabado em cada trimestre para todos os dados), mais 0,3 pontos percentuais (p.p.) do que no trimestre anterior (2,2%). Para esta evolução contribuiu a redução da necessidade líquida de financiamento das Administrações Públicas para 5,0% do PIB. As Famílias reduziram a Capacidade de financiamento para 6,8% do PIB (7,6% do PIB no 3º trimestre de 2013). As Sociedades Financeiras mantiveram a capacidade de financiamento em 1,6% do PIB, enquanto as Sociedades Não Financeiros agravaram a sua necessidade de financiamento de 0,7% do PIB no 3º trimestre de 2013 para 0,9% do PIB no 4º trimestre de 2013.