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A bem da Nação

OUTRO GRÁFICO ENGANADOR

 

 

 

Já por mais de uma vez tive de denunciar casos de estatísticas e médias que, por não considerarem outros factores influentes, levam a conclusões totalmente erradas. Tal como na antiga e bem conhecida história do frango. Se eu for a um restaurante com um amigo, eu comer um frango e ele ficar a ver, a estatística diz que cada um de nós comeu meio frango.

 

No programa Olhos nos Olhos de 11-3-2013, na TVI, o Dr. Medina Carreira apresentou um gráfico e concluiu – como era evidente no gráfico – que a perda de crescimento da economia portuguesa já vinha desde a década de 1960. O gráfico apesentava os números do crescimento da economia nos valores médios – lá estão as famigeradas médias! – de cada década. Não tendo gravado o gráfico, apenas falo de memória, mas julgo não estar enganado.

 

O valor médio para a década de 1960 era de uns 7%. Para a década de 1970, um valor médio um tanto mais baixo. Todas as outras décadas apresentavam valores sucessivamente mais baixos, numa linha sempre a descer. Conclusão: desde a década de 1960, o crescimento da economia portuguesa tem sempre vindo a diminuir.

 

 

Acontece que em 1973 o crescimento da economia portuguesa foi de cerca de 7%. A descida grande dá-se a partir de 1974, o que faz com que a (famigerada) média da década de1970 seja mais baixa do que a da década de 1960. Na realidade, a descida do crescimento da economia portuguesa começou em 1974 e agora estamos em recessão. Mas, é claro, acusar de qualquer mal o “libertador” 25 de Abril é crime de lesa majestade.

 

 

O Dr. Medina Carreira, que tem feito muito judiciosas considerações, é um grande arauto da insustentabilidade, pelo seu peso no orçamento, daquilo a que geralmente se chama o estado social. A responsabilidade pelo estado social pertence a três ministérios: da Saúde, da Educação e da Solidariedade e Segurança Social. O peso do conjunto destes três ministérios, como já mostrei noutro artigo neste jornal, é de 13% do total das despesas do estado. Mas não são os outros 87% que são considerados responsáveis; o mau é o estado social.

 

Lembro que estes números não são meus, mas do Orçamento Geral do Estado para 2013, que estão à disposição de qualquer um. E para analisar estes valores não é preciso ser doutorado em economia; basta a instrução primária.

 

 Miguel Mota

 

Publicado no Público de 25 de Março de 2013 

DAQUI A 82 ANOS

 

 

 

Foi quando me aposentei que decidi fazer tudo aquilo que não tinha tido tempo para fazer enquanto trabalhei; assim foi que enchi a minha vida daquilo que sempre considerei diletâncias e quase me profissionalizei na ocupação de tempos livres.

 

Montar a cavalo, o que sempre fizera apenas aos fins-de-semana, passou a ocupar-me as manhãs com os meus discípulos humanos a fazerem o meu orgulho e os discípulos cavalos a darem-nos grande satisfação: endireitar o cavalo que estava torto, confiar o medroso, equilibrar quem não geria sequer o próprio peso, banir o stress e descontrair o olhar, pôr o paralítico a andar, afirmar que o mundo é de mel e não de fel. Assim, dá gosto e eles agradecem. E quando, doentes, se sentem mal, encostam-me a cabeça a pedir ajuda, aquela que eu nem sempre sei dar...

 

Tocar violoncelo era uma das coisas que sempre ambicionara fazer mas as boas relações que cultivo com os meus inquilinos impedem-me de lhes encher os ouvidos de roncos espúrios; o piano – que arrumei nos finais dos idos de 60 – continua aprumado no local que há muito lhe foi destinado; outros instrumentos nunca me passaram pela ideia mas a harpa fê-lo pela negativa. Porquê? Porque, com essa, terei a eternidade para me entreter quando envergar uma túnica branca poisado sobre uma nuvem. Assim, em vez de tocar instrumentos musicais que viriam perturbar a vida circundante, ouço o que outros tocam e faço-o com auriculares para que a família goze da serenidade a que tem todo o direito. Tenho descoberto verdadeiras maravilhas nacionais e estrangeiras e tenho feito as pazes com autores que dantes me afugentavam. 

 

Deixei de ler relatórios cheios de números e vazios de ideias; passei a ligar aos conceitos, larguei as circunstâncias e continuo a não discutir pessoas; fiz-me acompanhar só por gente séria que apenas visa o bem comum e a esses, amigos, trouxe-os à escrita no “A bem da Nação”. É lê-los e segui-los...

 

E conclui algo de muito concreto sobre a enorme ignorância que transporto. Eis como enveredei pela filosofia. Correndo o risco de começar pelo fim, aceitei que fosse a física quântica a decidir por mim entregando-me às forças para mim ocultas que definem a ordem dentro do caos. Comecei por Karl Popper pois foi com esse que o escaparate me presenteou. Desse passei para outros e até há pouco andei por Derrida e Ricoeur. Até que o caos trouxe à tona uma linha de orientação pondo-me nas mãos “A FILOSOFIA NO SÉCULO XX”, obra coordenada por Fritz Heinemann que é também autor de diversos capítulos, edição da Gulbenkian.

 

Com mais de 500 páginas de texto escrito para leigos, metade deste verdadeiro tratado refere a história da filosofia até ao século XX e só a partir da pág. 293 é que trata dos grandes Problemas Sistemáticos, os perenes. Conclui da sua leitura pausada (levei meses a saboreá-lo) que me resta agora reler todos os livros sobre filosofia que li antes pois só agora passei a ter o enquadramento mínimo de cuja falta padecia.

 

 

Mas, mesmo assim, ainda ficaram muitas lacunas, nomeadamente esse misterioso Kant. De leitura tão fácil, foi necessário chegar a Kant para tudo se embrulhar num torvelinho desgraçado de tal modo complexo que só me resta uma conclusão (provisória): Kant não sabia escrever pois numa só frase misturava tantos conceitos já de si labirínticos que o leitor se perde por completo e rende-se a tamanha confusão como os antigos faziam com as pitonisas e suas respostas enigmáticas. E parece que essa confusão é contagiosa pois o autor do capítulo “A Filosofia Moderna: de Nicolau de Cusa a Nietzsche”, Hinrich Knittermeyer, enrodilha a prosa de tal modo que só nos apetece olhar para o fim da página a ver se ainda falta muito para acabar o martírio. Acabada a «doença kantiana», regressa a prosa à clareza e à saudável leitura.

 

Donde me surgiu uma ideia: dividir as orações em cada frase de Kant como no liceu nos ensinaram com os Lusíadas e republicar TODA a sua obra já com as frases bem claras e inequívocas.

 

Mas isso é trabalho para começar afincadamente já até daqui a 82 anos quando eu perfizer 150. Acham que vale a pena?

 

Lisboa, 27 de Março de 2013

 

 Henrique Salles da Fonseca

A MINHA PERGUNTA

 

 

Palestras nas Necessidades. (Instituto Diplomático, 21 de Março, 2013)

 

 André Gonçalves Pereira

 

Falava o Prof. André Gonçalves Pereira sobre "Alternativas ao Império". Sala cheia – diplomatas, militares, jornalistas, estudantes de ciência política, etc.

 

No final, mais ninguém fez perguntas pelo que resolvi fazer eu:

 

- "V. Ex.ª teve a amabilidade de nos revelar a leitura que faz da nossa história e as constâncias que ali identificou reveladoras estas, segundo entende, da especialidade da nossa índole. Assim, nos inícios do século XVII, fomos expulsos da Ásia e do Extremo Oriente, onde havíamos conseguido os monopólios do comércio externo do Japão e da exportação de especiarias do Sudeste Asiático, posições que reverteram inteiramente para os Holandeses que delas se serviram para promover a prosperidade do seu país; no século XIX, fomos expulsos da América do Sul, onde tínhamos centuplicado a nossa dimensão territorial e, já nos nossos dias, fomos expulsos de África, onde geríamos activos territoriais e económicos de enorme valia. Agora entrámos para a Europa. Julga V. Ex.ª que desta vez a opção foi definitiva ou, de acordo com a tradição e por força da índole que nos atribui, seria de prever que também seremos expulsos da Europa?"

 

Respostas obtidas, até agora:

 

Do orador, in situ, (resumo): - A Europa atravessa uma grande crise o que torna reservado todo e qualquer prognóstico.

De um Catedrático de Medicina, jubilado, e-mail: - Ainda tenho esperanças que nem nós, nem nossos filhos e netos passemos por tal tragédia

 

De um Major General na reserva, idem: A pergunta não tem resposta

 

De um Engenheiro (autêntico) português residente em Paris, idem: - Não creio que desta vez a incoerência seja portuguesa. A Europa, com a moeda comum, e sem economias comparáveis entre si, nem sistemas sociais ou de impostos idênticos, foi uma enorme "légèreté" dos grandes países e constituiu um "presente" envenenado para os pequenos países, como Portugal. Foi uma incoerência que nem os portugueses antigos teriam a ideia de cometer. Os grandes europeus montaram um terrível "castelo de cartas", grandes e pequenas cartas heterogéneas, onde tudo depende de tudo.
O que fazem agora com Chipre (armado em "paraíso fiscal" para os russos...), já fizeram com a Grécia (que não sabe cobrar impostos e onde as contas do Estado eram falsas...). Ninguém quer ver cair o castelo de cartas. O que se faz é pedir sacrifícios ao povo dos países, todos do Sul. Esses países andaram vivendo a crédito ou gastando dinheiro emprestado com obras que não produziam riqueza (caso da auto estrada Guarda/Castelo Branco, de que eu gosto tanto...). Em França a "dançarina" é o sistema social em falência.
Em Bruxelas todos sabem isso e todos evitam "fazer ondas". Em Bruxelas e nas capitais, onde circula o euro, todos esperam o milagre que a economia mundial possa progredir já. O que é muito pouco provável.
Se algum pais pequeno quiser sair do euro os grandes países temem o colapso do sistema, o "efeito dominó", como se diz aqui. Se o povo vem gritar para a rua como em Madrid aplicam-se "panos quentes". A incoerência dos políticos europeus de há 10 ou 15 anos transformou-se numa grande lucidez, que consiste em não fazer ondas.
Ninguém pode esperar que depois da próximas eleições na Alemanha o governo alemão possa fazer mais que alguns gestos simpáticos com os mais fracos, incluso com a França, cujo belo "sistema social" funciona a crédito há muitos anos.
A fragilidade do castelo de cartas é o melhor seguro da sobrevivência e da solidez precária do sistema europeu. Há quem diga que a pior ameaça p ara o sistema europeu e do euro, seria quando a Alemanha, sozinha ou com dois ou três outros países do norte descobrirem que poderiam funcionar com vantagem sem o euro e resolvessem sair da moeda e do sistema.
Moralidade: o empobrecimento actual dos países mais fracos como Portugal é talvez menos grave que um estouro do euro
.

 

De um Arquitecto brasileiro fixado em Portugal, id.:- Realmente acho que é isto (expulsão do Euro) vai acontecer mas, para onde iremos ?!

 

De um sul-africano, membro do CA da Future World Foundation, id.: - Acontecerá dentro de dois anos.

 

 

Luís Soares de Oliveira

UM DIÁLOGO DE SURDOS...

 

... com péssimo resultado para o País

 

 

O diálogo a que assisti pela TV entre o Chefe do Governo e o Chefe da Oposição a culminar outros a que temos assistido recentemente provocou-me duas reacções que passo a explicar: uma quanto aos chefes envolvidos, outra relativa ao corte dos 4 mil milhões.

 

Começando pela segunda, a questão que se levanta é: quais cortes?

 

Não parece haver qualquer dúvida que o nosso Estado tem sido, não só agora mas desde há vários anos, mais gastador em obras e em pessoal improdutivo, e portanto mais ávido na colecta de impostos do que é admissível para o desenvolvimento económico e social, pois tudo o que é gasto sem ser produtivo e sem fazer parte das obrigações estatais é puro parasitismo.

 

E isto é verdade para todo o Estado quer sejam os serviços dependentes dos Órgãos de Soberania centrais quer seja relativo às Autarquias. E todos eles, e as Autarquias em particular, podem reduzir quase totalmente os tais 4 mil milhões, transformando os gastos improdutivos em empreendimentos produtivos na agricultura, no turismo e nas indústrias correlativas a curto prazo e em outras actividades que exigem mais tempo e a existência de empresas de maior porte que levam mais tempo a desenvolver.

 

Além disto ainda há a acrescentar a mudança que é preciso conseguir na sociedade civil, onde se desenvolveu durante este período elevado número de intermediários e de recebedores de subsídios em vez de produtores de bens ou de serviços úteis, bem como se estimulou os jovens a serem doutores improdutivos e se desprezou o trabalho produtivo.

 

Portanto quando se fala das gorduras do Estado certamente se está a apontar para esses gastos improdutivos e portanto consumidores de fundos que deveriam ser utilizados no desenvolvimento do País e se devem incluir as reformas a fazer quanto a esses hábitos perversos da sociedade em geral. E também na redução dos impostos que tanto oneram a vida dos cidadãos e das empresas.

 

Aliás ainda há outras pressões contra o desenvolvimento oriundas das corporações que muitas vezes defendem os seus interesses de forma oposta aos do País e dos cidadãos em geral, aumentando as despesas destes para além do razoável e quantas vezes usando a justificação dos direitos adquiridos, tal qual faziam os antigos empregadores quando se iniciaram as lutas sociais, diga-se de passagem que foram essenciais para nos aproximarmos de melhor equilíbrio e justiça social, esquecendo o princípio vital dos organismos vivos que permanentemente têm que se adaptar às mudanças constantes da realidade.

 

Adaptação esta que se não for correctamente feita conduz sempre, como se sabe pela História da humanidade, ao desaparecimento das sociedades que não sabem governar-se.

 

Quem tem experiência empresarial sabe que estes esforços de adaptação implicam reorganizações de variadíssimos tipos em que é essencial a elaboração de planos de trabalho, não só muito bem estudados mas principalmente muito bem conduzidos, pois têm que resolver questões do foro financeiro e económico mas as principais são relativas às pessoas que devem ser envolvidas no processo e sem as quais nada pode resultar de positivo.

 

Mas um processo destes precisa, para ser completado, pelo menos quatro a cinco anos e como devia ter sido iniciado com esta legislatura já temos dois anos perdidos, mas ninguém deve ter a veleidade de pensar que será possível termos desenvolvimento sustentado sem o realizarmos.

 

Portanto este espectáculo de os chefes dos dois principais partidos políticos, que aliás foram os maiores responsáveis pela nossa situação actual, pois ocuparam sempre os nossos Órgãos de Soberania nas duas últimas décadas, passarem o tempo a discutir os cortes dos 4 mil milhões, mas sem qualquer deles apresentar de facto quais as reduções nos tais gastos improdutivos, é mais que lamentável e desanimador.

 

E desculpem-me a insistência, gastos improdutivos esses que são impeditivos da sustentabilidade da nossa economia e do nosso estado social, tal como desejamos e que impeça a extinção da Nação portuguesa que resultará fatalmente se não for corrigido o rumo em que temos vivido.

 

E quando a população não está a ser informada convenientemente do que se pretende fazer e como se fará, aumentará a desconfiança geral nos políticos e as manifestações recentes deverão ser suficientes para que os responsáveis partidários reconsiderem as suas actuações.

 

Quanto aos chefes em questão apenas quero chamar a atenção para a palavra “chefe”, porque sendo a Chefia de qualquer entidade social a principal responsável pelo seu comportamento e pelos resultados da sua gestão, quem ocupa tais funções tem que entender que um chefe para ter sucesso também tem que ser líder, pois sem liderança real não conseguirá praticar a gestão em conformidade com os princípios essenciais como são exemplos o distinguir o essencial do acessório, o haver sempre responsáveis e tomar as decisões efectivas e oportunas, além doutros.

 

Se estes chefes não tiverem sucesso na sua liderança partidária, os seus partidos deixam de ser parte da solução para serem parte do problema, aumentará o absentismo eleitoral, a contestação na rua, e o atraso na recuperação do País.

 

Pelo menos.

 

Lisboa, 8 de Março de 2013

 

 José Carlos Gonçalves Viana

 

http://nossomar.blogs.sapo.pt

 

Publicado no DN em 26 de Março de 2013

CAVALO

 

Esta nova crise da carne de cavalo mostra que a indústria dos escândalos já não tem sequer problemas de plausibilidade.

 

Há muito tempo que sabíamos que esse sector crescia continuamente e se alimentava cada vez mais do ridículo. Agora sabemos que até abandonou a mais elementar lógica e tenta sublimar o banal.

 

Há décadas que grande parte do sector da informação abandonou o esforço de rigor e relevância para entrar abertamente no muito mais rentável mercado do entretenimento. As pessoas, mais do que entender a evolução da complexa situação sócio-política ou saber o que acontece em partes remotas do planeta, pretendem divertir-se num tempo bem passado diante do ecrã ou do jornal. Por isso há muito que os comentadores bem sucedidos são, não os mais profundos e atentos, mas os mais animados e extravagantes. Ser «mediático» significa isso mesmo. Ora nesta dieta quotidiana de emoções jornalísticas, o prato de resistência é o escândalo. Temos de ter, pelo menos, um novo e sumarento por semana. É isso que sustenta grande parte do produto, porque o quotidiano é repetitivo e maçador.

 

A busca por novos alvoroços é incessante. Agora até já nos indignamos pelo «horror» de comer carne de cavalo…

 

20 | 03 | 2013

 

 João César das Neves

 

O SUBDESENVOLVIMENTO É…

 

… a incapacidade  de acumular experiência

 

Esta frase de um escritor cubano, Edmundo Desnoes, no seu livro “Memorias del subdesarrollo”, pode-se aplicar, no mínimo, aos últimos dez anos da vida política brasileira, desde que o PT se apropriou da res publica em total detrimento do desenvolvimento.

 

Há que reconhecer que muita gente saiu da pobreza –assim vivem ainda mais de treze milhões de brasileiros – mas tudo isto à custa de paternalismo e esmolas/votos, e enquanto não houver verdadeiro interesse em educar o povo, em lhe dar cultura, Maquiavel continuará a ter razão quando diz que “o vulgo sempre se deixa levar pelas aparências”!

 

Distribui-se bolsa esmola, criam-se leis racistas, procura-se mentalizar as crianças das escolas que o sexo é normal entre indivíduos hetero ou homo, as passeatas a favor da maconha e dos homossexuais juntam mais de um milhão de pessoas e para reclamar dos políticos que não vão para a cadeia, com boa vontade, aparecem só algumas centenas.

 

Entretanto relacionando o desenvolvimento do país, quando comparado com outros, verifica-se o estado calamitoso em que o Brasil se encontra, apesar de crescer e continuar a crescer. Diz-se que o que cresce de dia “eles” roubam de noite!

 

Entre 142 países o Brasil ocupa o 118° lugar na qualidade das rodovias, 130º na infra-estrutura portuária, 122° na infra-estrutura de transporte aéreo, e, etc.

 

No que respeita à qualidade das estradas, só 42% são consideradas boas.

 

Pelo que se consegue entender (e olha que entender esta nossa (des)administração, é dose!) o Brasil tem já completamente preparada uma potente bomba relógio: o apoio à velhice e as aposentadorias.

 

Enquanto nos EUA cerca de 13% da população são idosos (acima dos 60 anos) e isso custa ao país 6% do PIB; no Japão são 23% os idosos que custam 8,5%, no Brasil 7% custam 11%. E os estudos mostram que em 2040 teremos 52,1% de gente com mais de 60 anos. Como ficará a velhice dessa gente?

 

Com a saúde passa-se algo semelhante: o Japão tem 23% de idosos com mais de 65 anos e gasta com eles 8% do PIB; o Reino Unido tem16% de idosos e gasta 9% e o Brasil com 7% de idosos gasta 9%. Há muita ladroeira em todos os cantos da administração de saúde, desde hospitais construídos e que não abrem ao público porque... porquê mesmo?, uma imensa falta de técnicos, um exorbitante custo dos medicamentos, etc.

 

Pela análise das taxas de crescimento, verifica-se que os aumentos do PIB, têm sido basicamente através da construção, comércio e bem no topo, e em destaque, pelos serviços financeiros. Em regressão encontra-se a indústria de transformação e, como é óbvio, a saúde pública e a educação.

 

Em comparação com os mesmos 142 outros países o Brasil ocupa o último lugar em Ónus da regulação pública, 136° no desperdício nos gastos do governo, (é bom lembrar quando em 2002 o PT recebeu a notícia que o “sapo barbudo” tinha ganho as eleições, foram para o mais caro hotel de Brasília comemorar com vinho Chateau Lafitte-Rotschild! Cerveja passou a ser bebida de pobre!), e continuando, ganhou o 120° lugar no desvio de recursos públicos (fica-se a pensar do presidente de Angola, da Guiné Equatorial, no Ben Ali, Kadaffi, Mubarak e outros assim humildes...), e até a independência do judiciário ficou na 71° posição. O rol segue, triste.

 

Continua a falar-se no famoso pré-sal. Só que pelos estudos já feitos, e unicamente para explorar uma parte dessa riqueza, é necessário investir uns US$600 biliões. De qualquer forma esses cálculos são sempre muito animadores – apesar de agora não existirem esses biliões –mas a realidade bem diferente.

 

Quando se começou a falar no trem-bala entre Rio e São Paulo, o custo seria de 6 biliões; depois foram-se refazendo os cálculos e já se prevê que serão necessários mais de 23 biliões! O mesmo com uma nova linha de Metro no Rio de Janeiro, que tem que atravessar uma montanha, como algumas estradas ou avenidas já o fazem há muitas décadas: o orçamento foi de 600 milhões, a obra ainda nem a meio vai e já se gastou mais do que isso!

 

Só mais alguns números do ranking dos países da OCDE:

- em conhecimento de matemática está 20% abaixo da média de todos, e 30% abaixo da China;

 

Mas o mais dramático é ver que o Brasil tem a pior distribuição de renda.

 

E é sempre pela falta de educação e cultura que as populações, os países, não crescem como deveriam e poderiam. Basta lembrar que um palhaço analfabeto, eleito deputado federal, foi colocado na área de cultura, e um outro, racista e xenófobo, pastor da igreja dele (?!) – que pede aos “fiéis” que, para garantirem um lugar no céu, lhe entreguem os seus cartões de crédito sem esquecer a senha – também deputado federal, foi para presidente, presidente, da comissão de direitos humanos!

 

Até o ex-actual-presidente, se vangloriava de ser analfabeto, criticando o antecessor que era (e é) PhD dizendo que ele, o sapo, governava muito melhor o país!

 

E saiu-se com esta brilhantíssima frase:

“Uma palavra resume provavelmente a responsabilidade de qualquer governante. E essa palavra é estar preparado”.


Belo estímulo para a juventude!

 

+ + + +

 

Nos entrementes...

 

A - o governo federal, só da telefonia celular arrecada, por ano, de “n” tipo de impostos, R$61 biliões!

 

B - a Moody’s chegou ao Brasil! E rebaixou a posição dos dois bancos estatais: BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento) e Caixa Económica Federal, porque o (des)governo tem feito deles a “política” de alargar crédito, para fingir que o país se está desenvolvendo muito. Só a Caixa emprestou quatro vezes mais do que o seu capital! (Olha a “bolha”)

 

Como isto é feito? O (des)governo emite títulos e repassa o valor aos bancos! Fácil, né?

 

C - daqui a dias, 07/Abril, são passados quatro anos sobre um deslizamento de terras, em Niteroi, que fez 47 vítimas fatais. O descaso fez construir vários prédios de apartamentos para alojar pelo menos as 59 famílias que ficaram sem nada. Tão eficaz foi a construção, ou é a construção, ainda não entregue aos prometidos ocupantes, e já dois prédios apresentam rachaduras e ameaçam ruir! E vão ser derrubados! Não tem problema: faz-se nova concorrência (faz?) para novas construções e é mais dinheiro que entrará nos bolsos dos corruptos!

 

Vê-se bem o “critério técnico” da escolha do local das construções...

 

e a qualidade da obra!

Rio de Janeiro, 21/03/2013

 

 Francisco Gomes de Amorim

SEM CICUTA MAS COM LÁGRIMA

 

A minha amiga nem quis ouvir falar no Sócrates, desprezou completamente, como peregrina, a ideia de que ele vem ser comentador político por cá, mas eu não me fiei nela – já em tempos falhou na questão da eleição papal – nem acreditei que ele se eximisse a ser comentador, além de outros prováveis cargos da sua competência – escapou-me a palavra, mas a competência é realmente de somenos importância nesta coisa dos cargos, basta-nos estar de bem com alguns da nação, os do habitual entre-apoio e das habituais contrapartidas nos respectivos partidos.

 

Acho, de resto, que ele é muito homem para vir dar a cara, agora que este governo criou tantos inimigos, e que foram estes até que o chamaram cá, para a confusão ser maior, na inanidade geral, em que parece que só alguns do governo é que têm um pouco de tento e de vergonha, e digo alguns porque até os aliados se estão a demarcar dos que, perante a nação, se comprometeram a apoiar, mas se os triunviratos falham, temos que partir da mesma opinião a respeito dos duunviratos, falíveis como são os propósitos humanos em que a vaidade ou a demagogia interesseira se impõem sobre outros critérios de rigor.

 

Vamos, pois, ligar o canal para ouvir Sócrates a debitar, como os demais comentadores. Ele não terá a cicuta para engolir, como o outro, pois somos democratas passivos e defensores da liberdade como dizia a cantora da gaivota. Mas é tempo de citarmos uns passos da “Apologia de Sócrates” que Platão escreveu, em que Sócrates apresenta os argumentos da sua defesa contra as acusações de perversor da mocidade, por a levar a pensar sem dogmatismos. Transcrevo da Internet, por comodismo, a tradução, diferente da que tenho da Europa-América, que inclui “Críton” e “Fédon”, os três diálogos em torno do processo e morte de Sócrates, com algumas temáticas da sua filosofia:

 

I Parte, I:

 

O que vós, cidadãos atenienses, haveis sentido com o manejo dos meus acusadores, não sei; o certo é que eu, devido a eles, quase me esquecia de mim mesmo, tão persuasivos foram. Contudo, não disseram nada de verdadeiro. Mas, entre as muitas mentiras que divulgaram, uma, acima de todas, eu admiro: aquela pela qual disseram que deveis ter cuidado para não serdes enganados por mim, como homem hábil no falar. Mas, então, não se envergonham disto, de que logo seriam desmentidos com factos, quando eu me apresentasse diante de vós, de nenhum modo hábil orador? Essa me parece a sua maior impudência se, todavia, denominam "hábil no falar" aquele que diz a verdade. Porque, se dizem exactamente isso, poderei confessar que sou orador, não porém à sua maneira.

 

Assim, pois, como acabei de dizer, pouco ou absolutamente nada disseram da verdade; mas, ao contrário, eu vo-la direi em toda a sua claridade. Contudo, por Zeus, não ouvireis, por certo, cidadãos atenienses, discursos enfeitados de locuções e de palavras, ou adornados como os deles, mas coisas ditas simplesmente com as palavras que me vierem à boca, pois estou certo de que é justo o que eu digo, e nenhum de vós espera outra coisa. Em verdade, nem conviria que eu, nesta minha idade, me apresentasse diante de vós, ó cidadãos, como um jovenzinho que estuda os seus discursos. E, todavia, cidadãos atenienses, isto vos peço: se sentirdes que me defendo com os mesmos raciocínios com os quais costumo falar nas feiras, ou nos lugares onde muitos de vós me tendes ouvido, não vos espanteis por isso, nem provoqueis clamor, porquanto é esta a primeira vez que me apresento diante de um tribunal e com mais de setenta anos de idade! Por isso, sou quase estranho ao modo de falar daqui. Se eu fosse realmente um estrangeiro, sem dúvida, me perdoaríeis, se eu falasse na língua e da maneira pelas quais tivesse sido educado; assim também agora vos peço uma coisa que me parece justa: permiti-me, em primeiro lugar, o meu modo de falar – e poderá ser pior, ou mesmo melhor – depois, considerai o seguinte e só prestai atenção a isto: se o que eu digo é justo ou não. Essa, de facto, é a virtude do juiz, do orador: dizer a verdade

 

Diz-se que o nosso Sócrates andou lá por Paris a estudar, talvez em busca de outras verdades. Entre as suas disciplinas de estudo pode ter perpassado a filosofia socrática que o discípulo Platão elegeu em filosofia platónica. Veremos se o apego à verdade da realidade, não à dos mitos, levará o nosso Sócrates ao reconhecimento das suas responsabilidades nas verdades com que se confronta o actual governo ou se, alegremente, é adepto da maioria das verdades escamoteadoras dos palradores da nossa praça – não, propriamente, todavia, de filósofos peripatéticos, pois se instalam confortavelmente nos salões televisivos – que fazem muitas vezes depender as argumentações das suas verdades e dos seus afectos, numa dialéctica instruída segundo o provérbio latino “in vino veritas”, ou simplesmente “in vanitate”, “in egotismo”, “in cupiditate”, “in stultitia veritas”...

 

Posso muito bem enganar-me e, em vez de argumentos nos seus próximos comentários Sócrates verta, antes, as lágrimas – mesmo que sejam de crocodilo – do seu arrependimento para dentro do poço em que estamos enfiados. Essas lhe bastariam como cicuta para o resto da vida. Seria um bom exemplo de penitência, a ganhar adeptos vindos do passado próximo. Mas nem estes se reconhecem como os protagonistas na escavação, nem nenhum deles se abeira do poço.

 

 Berta Brás

OS BODES EXPIATÓRIOS DA SAÚDE

 Placa de trânsito que sinaliza pronto-socorro próximo

 

Depois da Índia, temos o maior número de Escolas Médicas do mundo, e, no entanto, uma Saúde Pública que chega às raias do caos. O governo finge que não sabe, e ignora as pesquisas dos Conselhos Federal e Regionais de Medicina que dizem que no país não há falta de médicos (média nacional, 2 para cada 1000 habitantes), o que há é uma má distribuição deles, pela falta de adequadas políticas públicas que atraiam e fixem o profissional nas áreas mais necessitadas. No entanto, o Ministério da Educação continua incentivando, através de projectos e apoios financeiros, a abertura de escolas médicas particulares, frequentemente desprovidas de infraestrutura física e humana capaz de prover uma formação profissional de qualidade.

 

Na Saúde Publica, o que se vê é uma política governamental que privilegia a quantidade momentânea, e deixa para um segundo tempo a qualidade profissional, que será submetida, sabidamente um dia, a medidas politiqueiras de avaliação, daqueles que se tornarão com o tempo os médicos bodes expiatórios das actuais más acções do governo...

 

Sem dúvida, deve ser mais barato e rápido abrir novas escolas (particulares) e contratar profissionais estrangeiros, que entram no país com CRM provisórios e sem avaliação e revalidação de diplomas, do que dar condições aos profissionais locais de exercer seu trabalho com dignidade e seriedade, em qualquer local do país. Certamente é mais fácil manipular um profissional contratado, que submeter um concursado, qualificado, promovido por planos de carreira e salários, independente da acção das mudanças políticas e humores daqueles que ocupam cargos de confiança. Porque será que o governo ignora que para se ter um país com um sistema de assistência à saúde eficaz, é preciso haver mais que escolas médicas, ambulatórios funcionais e centros de Pesquisas? A população também precisa de hospitais de base bem aparelhados, leitos em enfermarias e UTIs suficientes para atender demanda nacional, com gente qualificada, aparelhagem e material específicos. O país precisa de cidades com locais de atendimento com infraestrutura que garantam apoio ao profissional no atendimento e tratamento do paciente, e que permitam fixação do médico e sua família. Quem sabe então não melhore o número de médicos trabalhando para o governo, dando ao país o que a sua população merece e tem direito, um sistema de saúde publica decente.

 

 Maria Eduarda Fagundes

 

Uberaba, 21/03/13

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