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A bem da Nação

O RESTO É SILÊNCIO

Não foram os 800 mil que a organização se apressou em garantir. Nem sequer 500 mil. Os números ficaram obviamente muito abaixo disso. Mas essa contabilidade de cabeças, de fotografias, de imagens adulteradas, do índice de ocupantes por metro quadrado no Terreiro do Paço, a que alguns esforçadamente se dedicaram [...], não chega para anular o que aconteceu. As manifestações existiram. Muita gente foi para a rua. Muita gente em protesto contra o Governo, a Europa e os tempos. E se a ninguém espanta que por lá tivessem passado os clubes do costume, também estiveram muitas pessoas que não respondem aos minaretes ideológicos. Dito isto, encaremos outros factos desagradáveis.

 

Do 12 de Março de 2011 ao 15 de Setembro de 2012 e agora a este 2 de Março, o ciclo das manifestações tende a repetir-se sem acalmia à vista. Mas não é necessariamente verdade que o peso da "rua" se esteja a intensificar. Ao contrário do 12 de Março e do 15 de Setembro, em que os protestos surgiram no espaço de dias, numa reacção instantânea, as manifestações de 2 de Março foram meticulosamente preparadas, anunciadas, promovidas. Tinham um hino, acções por todo o lado, uma organização militante. Contaram com o apoio frenético de quase toda a comunicação social. Ambiciosos, os organizadores viram nisso a oportunidade de subir a fasquia. Tinham o propósito de superar a adesão do 15 de Setembro. Não conseguiram. Este aspecto, não sendo decisivo, também não é irrelevante sobre o que podemos esperar da "rua" e de alguns dos seus movimentos.

 

As manifestações não têm, como bem se diz, de "servir para alguma coisa". Parece-me óbvio que a mera erupção de raiva e incomodidade é suficiente. Mas se não têm de servir para articular alguma coisa, também não têm de servir para tirar ilações claras. As manifestações são um sinal, exibem um descontentamento difuso, mas não permitem teleguiar um Governo com acções concretas. Pensar que uma presumível inteligência das multidões pode ser representada é não ver que a representação política apenas surge quando algo se organiza para representar. O que é precisamente o contrário da raiva vezeira e respeitável das manifestações.

 

Terceiro, impressiona o número de velhos que circulou nas ruas. [...] ficou a saber-se que o Estado tem mais reformados do que trabalhadores no activo. Eis um problema. Esta austeridade não é apenas financeira. Antes disso, há uma austeridade demográfica que, a prazo, nos coloca perante um conflito corrosivo. Como é que uma minoria crescente pode sustentar uma maioria sem acabar por se virar contra ela? E podemos nós fingir que nada se passa?

 

 

A indústria que mais floresce num tempo de crise é a indústria do medo. Também vimos isso [...]. Gente com medo de tudo, da impotência do Governo ao desnorte dos partidos, age para as assustar ainda mais. As manifestações revelaram por isso um aspecto importante e contraditório deste medo. Aqueles que hoje mais apelam à mudança são também, por vezes, os que mais temem e lutam contra a mudança. É um paradoxo com que também temos de contar.

 

Resta a incerteza sobre o que podemos fazer. Se não saiu ainda um discurso plausível e realista destas manifestações, não é só porque ninguém explicou o que quer quando manda a "troika lixar-se" – e nenhuma das opções existentes é indolor. É também porque, como escreveu o economista Ricardo Reis no Dinheiro Vivo, não foi a troika que trouxe a austeridade. Os empréstimos da troika aliviaram-nos da austeridade da falência. Não foram a doença, mas um provisório alívio que implica custos. O resto, custa reconhecer, é ainda silêncio.

 

 Pedro Lomba

O COFRE-FORTE

 

 

A fábula de Esopo

“A serpente e o caranguejo”

Não é bem o que eu julgava

Quando da serpente falava

O caranguejo insensível

De um amigo desprezível,

- Uma serpente malfeitora –

A quem ele apertou a goela

Predadora.

A maioria das vezes

Os que morrem são passíveis

De elogios indizíveis,

Sem qualquer correspondência

Entre o real e a aparência.

Mas não foi esta a moral

Com que Esopo concluiu

A sua fábula plural:

 

Um caranguejo e uma serpente

Viviam no mesmo solo

Mais ou menos flutuante.

O caranguejo para com a bela se comportava

Com rectidão e benevolência

Mas esta, matreira e com dolo

Sempre para com aquele se mostrava,

E sem clemência.

O caranguejo não cessava

De a exortar a deixar

As maneiras tortuosas

E antes a imitar

A sua rectidão de senhor.

A outra, contudo, fazia

Ouvidos de mercador.

Até que o caranguejo indignado

O momento espreitou

Em que a serpente, dormindo,

E com maroscas sonhando,

Se descuidou.

Apanhou-a pela goela

E matou-a

Sem nenhuma pena dela.

Vendo o cadáver estendido

A todo o seu comprimento,

Exclamou com sentimento:

“Ah! Tu! Não é agora

No momento em que estás morta

Que devias parar de ser torta

Mas quando eu to pedia,

Sem que jamais me escutasses

E nunca te contivesses.

Realmente,

 

O que eu tenho ouvido sempre,

Sobre os últimos fins do homem,

Quer seja velho quer jovem,

São palavras de gentil sentido

De loas sobre o finado,

Mesmo que se tenha comportado

Menos bem.

De vil que era

Ou pouco brilhante

Em vida,

Passou a ser

Emérito e impoluto

Agora que provocou o luto

E já não faz mal a ninguém.

Mas Esopo é doutro tempo,

Quando as fúnebres cerimónias

Se faziam sem cinismo

E sem as simpáticas histórias

De ilustres memórias.

Por isso a moral dele

Versa mais

Sobre a utilidade na morte

De quem em vida quis ser forte

No porte,

Que é como quem diria,

Hoje em dia,

No cofre-forte.

De grande importância pois, a sua morte,

Para os herdeiros do seu cofre-forte.

 

 Berta Brás

LEONOR TELES

 

 

Leonor Teles uma das mais fortes mulheres que Portugal teve no trono.

Mandava e desmandava, conspirou, mentiu, traiu, quis entregar Portugal a Castela, colocou em todos os pontos-chave do país homens da sua família, e... Dom Fernando... olhava!

E acabou dando origem à primeira revolta popular da história de Portugal.

 

CARONYQUA D’ELLREI DOM FERNANDO

 

O noveno Rey de Portugal he dom Fernãodo, filho legítimo do Trajano da justiça, Rey Dom Pedro. Foi este Rei mui gramde casador: dezia que não dezejava outra couza mais que ter em Samtarem hûa rua de fallcõis; nûca trazia de simcoêta fallcõis a baixo.

 

EllRei Dom Fernãodo estava comcertado pera casar com hûa filha d’EllRei d’Aragão; e era já ido o Comde de Barcelos com muito grãde tesouro, asim pera trazer a Rainha, como pera trazer gênte pera a guerra; e estamdo lá o Comde ordenãodo estas cousas, veio-se e deixou tudo; e afirmava-se EllRei o mãodou vir polla emformação que lhe derão da filha d’EllRei ser mui disforme.

 

Em tempo d’EllRei Dom Affõso quarto e d’EllRei Dom Pedro seu filho, não avia em Portugal mays de hû só Comdado, o qual se chamava de Barcelos; e este Comdado deu EllRei Dom Pedro a Dom João Tellos de Menezes; e este ouve hû yrmão Martim Affõnso Tello o qual houve dous filhos e tres filhas Dona Maria Tellez e outra Dona Lianor Tellez, molher que foi de João Lourêço da Cunha, Senhor do morgado de Pombeiro.

 

E reinamdo asim EllRei graciozamête, mãocebo e ledo, omem de prol, trazia sua jrmam Dona Breitis, filha que fora de Dona Ynes de Crasto e d’EllRei Dom Pedro seu padre, com gramde casa de Donas, porque non avia Rainha nem Ymfamte em Portugal. E por afeiçam comtenuada muito veo a nacer em elle tal desejo de a aver por mulher, que de­terminou em sua vomtade casar com ella, cousa que nuca fora visto, propoemdo haver despemsasam: eram as fallas amtre elles muito ameude, e abrasavão-se, e beijavão-se, e já de sua virgimdade avia má sospeita; e em esto veo-se tratar casamãto com EllRei Dom Emrrique (de Castela) por fazerem as pazes.

 

Estamdo EllRei em Lixboa, veo á Corte Dona Lianor Tellez, molher deste João Loureço da Cunha, por espasar com sua yrmam Dona Maria, que amdava em casa da Ymfamta;

 

e EllRei vemdo-a asym lousam e gracyosa,

 

leixado tudo, desta se veo a namorar muito maravilhosamête; e neste tempo João Loureço mãodou chamar esta sua molher, de que já tinha hú filho que chamavão Allvaro da Cunha; e quamdo EllRei o soube ficou muy enojado, e determinou de o descobrir a sua irmã Dona Maria, rogamdo-lhe muito que fizese com sua jrmam se não fose, e que se fizese doemte, e que lhe certefycava que sua vomtade era avella por mulher, amtes que quamtas filhas de Reis avia no mudo, e Dona Maria lhe respomdeo por muitas rezois; mas EllRei estava prezo damor e nom sesava com promesas, e sempre Dona Maria o tirava diso sem aproveitar: e ouve ella de fallar isto com sua jrmam Dona Líanor Telles, acordaram de o dizer a seu tio o Comde; e dito, elle se foi a EllRei pollo tirar diso, e menos aprovei­tou. Quamdo já viram a vomtade d’EllReí tam aficada busquaram maneira pera a quitar do marido por via de cunhadio, que levemête se acha, e mais amtre gemte fidallga, posto que João Lourêço ouvera despemçasão: mas vedo que lhe não comvinha aquella demãda com EllRei, deyxou-a e foise pera Castella: e afirma-se que primeiro que EllRei dormise com ella a recebeo por mulher.

 

Sabido ysto pollo povo ajumtarão-se três ou quatro mil homês, e forão-se ao paço com gramde allvoroço: levarão comsiguo Allvaro Vasquez Allfãge, homem muito homrrado; e Ell­Rei, quamdo soube que aquellas gemtes alli estavam, mãodou-Ihes pergumtar que era o que lhe prazia, e a que eram vimdos: e Fernâo Vás respomdeo em nome de todos, que EllRei seu Senhor tomara por molher, a Dona Lianor Tellez, molher de João Loureço da Cunha; e que, por quamto ysto não era serviço de Deos, nem bem do povo, que tal não havia de comcemtir; mas que tomase por molher a filha d’EllRei, e não húa má molher que o tinha emfeitiçado. EllRei tornou a respomder que lhes agardecia muito aquello que faziam, que o faziam como bõs Portugeses; e que ella não era sua molher, nem Deos tal quereria; mas por quãto ao prezemte lhes não podia faltar, que fosem a outro dia a Sam Domimguos com Fernão Vás; estamdo aguardamdo por EllRei aomde avia dir ouvir misa, e lhe fallarião: e asim se partiram, jurãodo to­dos que se EllRei a não partise que lha tirariam por força. Ao outro dia polia menham forão loguo jumtos em Sam Domimgos com Fernão Vaz, e estamdo aguardamdo por EllRei, souberão como EllRei se fora escomdido com Dona Lianor; e hia dizemdo EllRei: Olhai aquelles villãos tredores como se ajumtárâo: certamente, premder-me queriam se lla fora. E a dita Dona Lianor, receamdo que os povos a fizecem tirar d’EllRei, tinha maneira como focem castigados os primcipaes destes allvoroços; e fez castigar e matar a este Fernão Vaz, e decepar muitas mãos a muitos, e asim outras mortes.

 

EllRei foi-se follgamdo pollo Reino até amtre Doiro e Minho a hú Moesteiro que se chama Lesa, e fez hú dia ajumtar toda a gemte, e recebeo nelle per pallavras de prezemte a Dona Lianor por molher, e fez-lhe beijar a mão a todos por Rai­nha, e todos lha beijaram; e o Ymfãte Dom João foi o primeiro que lha beijou: porem, o Ymfãte Dom Denis não lha quis bei­jar, ãtes dise que lha beijase ella a elle, pello qual EllRei lhe quis dar com húa adagua pollo rosto, senão fora tido; pollo qual oYmfamte Dom Denis se foi pêra Castella, e o Ymfàmte Dom João que era maior ficou muito amado d’EllRei seu jrmão e da Rainha. E deu EllRei loguo á Rainha estes Lugares Villa Visoza, Abramtes, Allmada, Cimtra, Torres Vedras, Allamquer, Atouguia, Óbidos, Aveiro, o Regemguo de Saquavem, Friellas, Unhos, a terra de Meirelles, Ribadoiro: e dalli em diamte foi chamada Rainha de Portugal.

 

EllRei davase mais ás couzas de follgar que ás que compria ao Reino: estamdo hú dia em comcelho deixo-o, é foi-se á casa, do qual os do comcelho foram mui emvergonhados; e vimdo elle ao outro dia ao comcelho foi mui repremdido, e hú delles lhe dixe em nome de todos: Senhor por mercê vos pedimos que tenhais outra maneira daqui em diâte, senão. . . Como senão, dixe EllRei, alla fee, dixe elle, senão busquaremos outro que reine sobre nós.

 

Esta Rainha ao tempo que casou com este Rei era em fresca ydade, e de mui bom corpo, e mui gracioso gesto, e em todo era húa molher mui perfeita, asim em fermozura, como em gracioza e de mui doce falia, imda que em allgúas era sollta nom onestamête; era de mui vivo emtemdimêto, e comdiçam forra, e precurava muito por fortellecer seu estado; e fez seus jrmãos dous que tinha, a saber, Dom João Affôso Tello Allmiramte, e Gõçallo Tellez fez Côde de Viana; e a dous fi­lhos de seu tio, o Cõde Dom João Afõso Tello, a hú fez fa­zer Comde de Viana, e a outro Comde de Barcellos; e fez fa­zer Comde de Cea a Dom Emrrique seu cunhado, e a Dom Allvaro Perez de Crasto fez Comde de Raiollos; e fez dar o Mestrado de Sam Tiaguo a Dom Fernãodo Affõso d’Allbuquerque, que era jmão das molheres de seus jrmãos; e fez dar e Mestrado de Crystos a seu sobrinho, filho de sua jrmam, ao qual chamavão Dom Lopo Dias: e fez poer todas milhores milhores fortallezas do Reino nos que eram de sua linhagem; e fez ou­tros casamétos muitos de suas parentas; e asim soube fortallecer, que todo o que ella maõdava se fazia. E neste anno de mil e quatrocêtos que EllRei recebeo por mulher Dona Lianor Tellez, filha de Martim Affõso Tello de Dona Alldomça de Vascomcellos.

 

Rio de Janeiro, 13/03/2013

 

 Francisco Gomes de Amorim

MEDITANDO...

Um erudito é alguém que mostra menos do que sabe; um jornalista ou um consultor são exactamente o contrário.

 

Frase atribuida a

 Nicholas Nassim Taleb

Ensaísta libanês, reside actualmente nos Estados Unidos e é famoso por ser um dos maiores megainvestidores deste país, é professor de Ciências da Incerteza da Universidade de Massachusetts (Amherst) e também é presidente de uma empresa de investimentos situada em Nova Iorque chamada Empirica. Católico ortodoxo, é fluente em inglês, francês e árabe clássico, em conversação é fluente em Italiano e Espanhol e lê textos clássicos em grego, latim e aramaico. Nassim Nicholas Taleb possui MBA pela Wharton e Ph.D. pela Universidade de Paris. Ao longo da sua carreira ocupou cargos importantes em bancos, dentre eles: CSFB, UBS, BNPParibas e Bankers Trust.

 

ACHAS INÚTEIS NA FOGUEIRA

 Fogueira de são joao

 

Um texto desassombrado, de quem se não deixa comover com as manipulações dos mais afeitos aos truques do servilismo nacional, que permitem a desvergonha de aceitação do grande responsável pela destruição pátria, debitando as suas justificações semanais plenas dos mesmos argumentos do seu outrora. Parabéns ao Dr. Duarte Justo pela sua hombridade, coragem e inteligência crítica.

 

Foi assim que comentei o texto do Dr. António da Cunha Duarte Justo, postado no “A Bem da Nação”, sob a epígrafe COMUNICAÇÃO SOCIAL MISERABILISTA, que ele mesmo também agradeceu ao Dr. Salles da Fonseca: Obrigado Dr. Henrique Salles da Fonseca. A tarefa de reconstrução de Portugal exige a reposição da mentalidade dos nossos "Homens Bons" das origens da nação que frutificou nos descobrimentos. Infelizmente ainda somos demasiado poucos empenhados nesta tarefa.

 

É verdade que a imprensa, quer na forma falada quer na forma escrita, através dos comentadores e orientadores dos debates políticos e económicos, nunca se refere à justeza do propósito governativo actual, centrado no saldo de uma dívida monstruosa, sucessivamente favorecida, ao longo das décadas de mudança de política e de país, por orientações desastrosas de gestores que favoreceram o alastrar dos desmandos e da corrupção impunes, e que culminaram no governo de José Sócrates, num buraco negro trazido por insistência em projectos de custo monstruoso, sem rentabilidade compensadora.

 

Mesmo as vozes dos defensores do projecto governativo de austeridade, para pagamento da dívida a todo o custo, são vozes tímidas, porque sabem quanto é desumana esta situação de desemprego, de inflação, de encerramento de empresas, propícios à ditadura no trabalho que no nosso país sempre, aliás, foi de abuso e desproporção salarial entre patrões e servidores, mas neste momento ultrapassa as raias concebível em exploração de chantagem, em função da conjuntura.

 

E o governo está só, e os partidos arreganham os dentes para o “despejar” de vez, não falando, todavia, na forma como pretendem actuar, com uma Troika sinistramente exigente.

 

O governo fala em breves êxitos e esperanças de remedeios, mas nisso ninguém pega para o apoiar. E quando, às vezes, na “Opinião Pública” do Canal 5 da Sic, vozes apoiam o governo, apesar da dureza das medidas, considerando que ele não pode agir doutra forma, manietado pela pesada carga que tem aos ombros, logo outras vozes incisivas ironizam sobre o bem-estar desses outros que defendem o governo.

 

Um povo gemebundo, mesmo que os espectáculos caros de cantores na berra se encham de uma juventude que a eles não falha, e que tantos estudantes universitários encham os pátios ou as ruas contíguas às universidades com os carros em que se deslocam, ou os aviões continuem a encher-se de viajantes em férias, ou…

 

E toda a gente sabe isso mas cala isso – (que, aliás, não revela grande mérito intelectual, mas seguidismo parolo das modas em curso) - porque o tal voyeurismo de que fala Duarte Justo, leva os animadores e os jornalistas televisivos e os deputados também televisivos a explorarem antes a “sensibilite” dos espectadores ou leitores com os casos de miséria incriminadores das políticas governativas.

 

E esta miserável jogada oportunista de Sócrates e dos adoradores de Sócrates para chutarem contra a nação dos pacóvios os consabidos e ressabiados argumentos do último dos seus coveiros, para fazerem os saudosistas prostrarem-se-lhe beatificamente aos pés, merece, de facto, o justo comentário de um homem de honra: “O último sintoma do estado doentio grave e depravado de quem tem o dizer em Portugal, foi o facto José Sócrates, que deveria estar sob observação judicial, aparecer como candidato a comentador político nos canais da TV pública”.

 

Pode o Governo de Passos Coelho ser apeado. Ninguém parece preocupado com as consequências, escutando a palração dos papagaios da nossa praça. Pela primeira vez, desde há 39 anos, senti orgulho num Governo de hombridade. Este.

 

 Berta Brás

A PROCISSÃO DO FOGARÉU

Para quem gosta de manifestações religiosas e populares.

 

A Procissão do Fogaréu, que rememora a perseguição e prisão de Jesus Cristo, foi introduzida na cidade de Goiás Velho no século XVIII, pelo padre espanhol João Perestelo de Vasconcelos Espindola.  Baseada na reconstituição da expiação dos farricocos, penitentes  que percorriam descalços as ruas com tochas acesas, encapuzados para não serem reconhecidos,  como se fazia na Espanha medieval.

A procissão sai à meia-noite da quarta-feira do Museu da Boa Morte, percorre as ruas da cidade de Goiás na escuridão, o som de tambores que  marcam o passo dos perseguidores de Jesus. Passam pelas escadarias da Igreja de Nossa Senhora do Rosário onde encontram a mesa da ultima ceia já desmontada e atingem o Monte das Oliveiras  representado pela igreja de São Francisco, onde Jesus (um estandarte representativo) é preso. Depois da homilia, a procissão regressa e termina no local onde começou.

Assim se recuperou em Goiás Velho uma tradição folclórica e religiosa de quase 300 anos.

Para ver: Youtube - Procissão do Fogareu em http://www.youtube.com/watch?v=urQ-hMNy5oY

 

 Maria Eduarda Fagundes

Uberaba,  28/03/13

GRACIOSA, A ILHA MAIS VERDE DO MUNDO

 [Viagem á Graciosa]

 

Em 2018, 75% da electricidade da Graciosa, nos Açores, virá de fontes renováveis

 

A ilha Graciosa, nos Açores, está prestes a tornar-se a primeira ilha do mundo abastecida por energias renováveis. Em 2012, as energias solar e eólica serão os principais recursos energéticos da ilha, o que fará diminuir as emissões de dióxido de carbono.

 

O projecto é da empresa alemã Younicos, especializada em energias renováveis, que escolheu a Graciosa devido à dimensão e aos seus recursos energéticos.

 

«A meta é que, em 2018, 75% da produção de electricidade provenha de fontes renováveis», afirma José Cabral Vieira, director-regional para o sector da energia. Os restantes 25% poderão provir de motores a diesel, ou, caso tal seja viável, a biodiesel. «Pensa-se, também, na possibilidade do aproveitamento de biomassa».

 

Para cumprir estes objectivos, a tecnologia passa pela construção de baterias capazes de armazenar a energia. Já está em fase de testes em Berlim, onde se simulam as condições naturais da ilha.

 

Para José Cabral Vieira, esta é uma iniciativa que reforça a ideia de que os Açores estão na vanguarda das energias renováveis, uma vez que a Graciosa não é caso único. A ilha do Corvo está envolvida num projecto com o MIT (Massachusetts Institute of Technology) Portugal chamado Corvo Sustentável.

 

Outro exemplo é o caso da ilha das Flores, que durante algumas horas – por vezes oito e nalguns dias até 100% – é abastecida a partir de fontes renováveis. O que «constitui um motivo de orgulho para a população aí residente».

 

Na Graciosa, a expectativa é a mesma: «Na verdade, todos gostam de ter algo que valorize e distinga positivamente a sua ilha do ponto de vista energético e ambiental».

 

O projecto pode ser levado para mais ilhas dos Açores como Santa Maria ou até a outras ilhas fora de Portugal, «mas terá sempre o nome da Graciosa associado» por ter sido a primeira.

 

Mesmo depois de implementado, os principais emissores de CO2 continuaram a ser os transportes rodoviários, que poderiam sempre ser substituídos «por veículos eléctricos». No entanto, a sustentabilidade depende de factores alheios à ilha – é preciso esperar pela produção em massa para o mercado mundial e pela redução dos respectivos custos médios. «O ‘totalmente’ renovável pode levar mais alguns anos», considera Cabral Vieira.

 

O problema dos transportes e do CO2 que libertam é, definitivamente, uma das questões ambientais mais difíceis de superar.

 

Mesmo em Växjö, a cidade mais verde da Europa, os 1,2 milhões de habitantes que vivem naquela região sul da Suécia continuam a usar o carro para fazer viagens de apenas cinco minutos.

 

Por esta razão, uma das medidas adoptadas para incentivar a escolha de veículos menos poluentes, como os híbridos ou os eléctricos, foi a de tornar o estacionamento grátis para quem optasse por conduzir sem recorrer à gasolina ou ao gasóleo

 

23 de Junho, 2011

 

 Joana Ludovice de Andrade

COMUNICAÇÃO SOCIAL MISERABILISTA

 

Informação que apela à Lágrima e ao Sentimento

 

Acabo de regressar de Portugal com uma certa melancolia pela beleza e riqueza dum país que sofre no corpo e na alma como um canino amarrado a uma casota de raposas e predadores. O medo e a raiva assolam um povo a viver cada vez mais na rua, sem poder entrar em casa.

 

O povo ainda anda de pé mas é conduzido pela mão da Troika e de instalados nas diferentes administrações e representações que o conduzem docemente ao curral dos senhores. Muitas pessoas “vivem da mão para a boca” e muitas outras na angústia/revolta perante um Estado que cada vez interfere mais negativamente na sua vida. Apesar da presença de personalidades sociais responsáveis a dignidade humana cada vez é mais ultrajada.

 

Fomenta-se uma mentalidade mafiosa que, a nível de discussão pública, deita achas para a fogueira duma emotividade que ofusca a razão com o fumo de sentimentos difusos que vão da raiva ao desespero e da inveja ao racismo. Um Estado sem rumo próprio segue uma política subterrânea jacobina que ganhou especial expressão em Portugal com as invasões francesas e com o republicanismo.

 

A luz do sol e a alegria de viver encontram-se cada vez mais ensombrados. A falta de esperança leva a dormir e torna-se motivo do não viver.

 

A grande cultura lusa sofre e é depauperada por uma Comunicação Social que fomenta o miserabilismo popular e a leviandade de muitos comentadores cínicos e convencidos que se aproveitam dum certo voyeurismo e de opiniões entumecidas como se opinião e realidade fossem a mesma coisa.

 

Muitos locutores do dia-a-dia agarrados às banalidades noticiosas bombardeiam o povo com ideias, imagens e sentimentos repetitivos lisonjeadores de amigos e desrespeitadores de inimigos. Fomenta-se um pessimismo amedrontador que inibe a própria iniciativa e o espírito de investimento.

 

Como sanguessugas, até os meios de comunicação social nacionais se fixam no negativismo de notícias dirigidas ao sentimento. Quando alguém se enforca logo se juntam os leões e as hienas à volta de imagens e ideias que fomentam a imitação. A TV pública fala de suicídios do foro privado e faz render o peixe, como se se tratasse de suicídios de motivação política realizados dentro da sala do Parlamento. Cultiva-se o extremismo emocional e um voyeurismo que se alonga nos telejornais até às profundezas dos canais de rádio.

As coisas são repetidas até à exaustão.

 

Observam-se controlos da ASAE a restaurantes e empresas como se fossem mandatados por estrangeirados sem consciência pela realidade local com um comportamento anti-regionalista ao serviço de interesses centralistas anónimos e antinacionais.

 

Um sistema político servidor de interesses individuais e partidários a nível nacional e de autarquias continua a servir o compadrio da avalanche dos arrivistas criando postos de trabalho na administração quando não há trabalho suficiente para os já empregados. Uma mafia de rosto lavado dos lugares cimeiros de Câmaras e administrações procura desestabilizar os seus subordinados criando um clima de medo, desconfiança e intriga entre os empregados.

 

Arrasta-se o povo para um pessimismo medroso e amedrontador. Num ambiente de tudo contra todos, tudo tem razão, predadores e subjugados; só uma coisa falta: a consciência de responsabilidade nacional.

 

A contestação social mais que objectiva, é, muitas vezes, manipulada por grupos que vivem de mordomias à custa do povo, sejam eles representantes dos trabalhadores ou dos senhores. Um exemplo disto foi a última greve ferroviária que pretende manter bilhetes gratuitos para os familiares dos empregados. Naturalmente que todos os grupos têm direito a defenderem os próprios interesses; o dilema de Portugal é encontrar-se nas mãos duma esquerda intransigente e de senhores e capitalistas sem alma social nem nacional.

 

O último sintoma do estado doentio grave e depravado de quem tem o dizer em Portugal, foi o facto José Sócrates, que deveria estar sob observação judicial, aparecer como candidato a comentador político nos canais da TV pública. Um atrevimento que bradaria aos céus numa sociedade normal! A tal falta de discernimento chegou um povo! A honra dos predadores é legitimada com a desonra da nação. Os interesses partidários afirmam-se mafiosamente sem que haja oposição qualificada. Com esta iniciativa, José Sócrates pretendia aproveitar-se da lorpice da Comunicação Social para se preparar para as presidenciais.

 

No meu belo e inocente país os predadores são os senhores!

 

 António da Cunha Duarte Justo

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