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A bem da Nação

AS MINHAS MÁXIMAS

·         Se os jornalistas mantivessem uma atitude neutral e se se pusessem numa posição de observação para relato imparcial, prestariam o serviço que deles se espera; se se misturam com os manifestantes, assumem uma posição de participantes na manifestação, perdem a neutralidade e ganham uns sopapos.
  Henrique Salles da Fonseca

O DESAFIO DA GERAÇÃO

 

 

Esta crise é um grande teste. Perante a desgraça, todos somos postos à prova. Para a maior parte de nós, esta situação é mesmo o desafio da nossa vida. Um dia perguntarão o que fizemos na grande recessão, como hoje dizemos da Guerra Colonial ou do 25 de Abril. Muitos terão de responder sinceramente que foram parte do problema, não da solução. Terão de dizer que protegeram benesses, sabotaram reformas, resistiram à mudança, incitaram ao ódio.

 

A tentação da revolta e desânimo é bem compreensível. O pior da conjuntura, o verdadeiro mal que cria no tecido social é a surpresa, a desilusão, a indignação. Confiávamos no sistema que faliu e surgiu o oposto do prometido. Muitos sofrem muito, mas o que mais ocupa os nossos protestos é o desalento, a queixa, a fúria. Este país deixou-nos outra vez ficar mal. Ouvimos muitas histórias degradantes de injustiças, mentiras, direitos violados, inocentes sofrendo, corruptos e burlões. Grande parte é falsa, pois a fúria cria o exagero, mas muitas são verdade. Assim, multidões de argumentos justificam a atitude negativa. O efeito de todas é sempre promover propostas repulsivas, nunca construtivas. A receita é denúncia, revolta, violência, nunca compreensão, solidariedade, perdão.

 

Perante a indignação é fácil esquecer os valores que sempre guiaram a nossa vida, ou que dizíamos que guiavam em tempos mais serenos. Vemos pessoas honestas dizer e fazer coisas brutais. Quantos cidadãos pacatos não repudiam agora a lei e a autoridade, rejeitam a democracia, desprezam o País, recomendam violência e revolução, agridem o próximo? Todas estas atitudes justificam-se como luta pela justiça, mas apenas produzem vingança. Foi assim que surgiram as maiores barbaridades da história: Hitler e Ben Laden diziam responder a ataques. Invoca-se a dor e a iniquidade, mas isso apenas revela a fragilidade das antigas convicções, renegadas logo que testadas.

 

Perante o embate é possível subir ou descer. Podemos enfrentar ou criticar, inovar ou gemer, criar ou agredir. É agora que o nosso carácter, a fibra, as raízes, as convicções profundas mostram o seu valor. O embate é brutal e muitos cedem. É fácil desanimar, desistir, acusar, insultar, agredir, odiar, mas o problema fica na mesma. Um pouco pior. Difícil é subir ao nível da dificuldade e enfrentá-la. Vencer ou perder, mas encará-la. Como o fizeram as gerações antigas em encruzilhadas bem mais duras.

 

O pior da crise não é o desemprego, as falências, a pobreza, o desânimo. O mais negativo não é o peso financeiro, a recessão económica, o choque social, a desorientação política, a paralisia cultural, o bloqueio institucional. O pior da crise é o ódio. Só o ódio poderia realizar as irresponsáveis previsões catastrofistas que dominam a imprensa. O ódio é a única força que pode perpetuar o mal, deixando cicatrizes na economia, na sociedade, na política e na cultura. A situação justifica repulsa, angústia, desânimo, até mesmo desespero ou revolta. Mas não pode justificar o ódio, porque nada o justifica. O ódio nunca nasce das circunstâncias, mas da atitude face às circunstâncias. O ódio, mesmo mascarado de justiceiro, nunca tem razão. É sempre um mal arbitrário, abusivo, inaceitável.

 

Portugal vencerá o teste, como venceu outros muito maiores. Da crise nascerá um país mais justo, dinâmico e equilibrado. A única dúvida é como cada um de nós se coloca neste processo. Como em épocas passadas, podemos estar do lado do futuro ou da reacção.

 

Podemos desistir, protestar, exigir, gemer, insultar ou, pelo contrário, encarar as dificuldades, procurar resposta, construir a solução. Destes, apenas destes, sairá o novo Portugal. Não é do Governo, política, troika, Europa, FMI, que ajudam ou complicam, e geralmente complicam mais do que ajudam.

 

A saída da crise depende de milhões de cidadãos anónimos tentando melhorar a sua vida e encontrando a resposta. Se a percentagem dos que vencem o ódio for superior à dos seus promotores, Portugal passa o teste. Só o nosso carácter, a fibra, as raízes e as convicções profundas nos permitirão vencer o desafio desta geração.

 

 JOÃO CÉSAR DAS NEVES

DN -31-12-2012

JANELAS DE LISBOA

 

 

Tenho quarenta janelas
nas paredes do meu quarto.
Sem vidros nem bambinelas
posso ver através delas
o mundo em que me reparto.
Por uma entra a luz do sol,
por outra a luz do luar,
por outra a luz das estrelas,
que andam no céu a rolar.

Pela maior entra o espanto,
pele menor a certeza,
pela da frente a beleza,
que inunda de canto a canto.

Pela redonda entra o sonho,
que as vigias são redondas,
e o sonho afaga e embala
à semelhança das ondas.

Todos os risos e choros,
todas as fomes e sedes,
tudo alonga a sua sombra
nas minhas quatro paredes.

Oh janelas do meu quarto,
quem vos pudesse rasgar!

Com tanta janela aberta
falta-me a luz e o ar.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 António Gedeão

MAY BE

 

 

Os fabulistas antigos

Usaram os animais

Como exemplos excepcionais

Dos desmandos dos humanos

Atribuindo-lhes sentimentos

E falas e actuações

Como se fôssemos nós próprios,

Nas nossas contradições.

Tais contos tão principescos,

Gratos à inocência da infância,

Formaram os fabulários,

- Ou até mesmo bestiários -

Por serem animalescos.

Florian, que é mais moderno,

E como fabulista,

Mais realista,

Perdida a crença primitiva,

Não se importou de utilizar

Na sua rábula,

O homem como exemplo de fábula:

 

«O Rei e os dois Pastores»

 

«Certo monarca deplorava um dia a sua miséria,

E lamentava-se de ser rei;

“Que penoso ofício! dizia; na terra

Existirá um único mortal contrariado como eu sou?

Eu queria viver em paz, forçam-me à guerra,

Com muita léria

Com muita treta:

Amo os meus vassalos, e carrego-os com impostos;

Amo a verdade, a cada passo sou enganado;

O meu povo é consumido de males,

De tristeza eu vivo acabrunhado;

Por toda a parte procuro pareceres,

Uso todas as tácticas, em esforço vão;

Quanto mais faço, mais me foge o êxito.”

O nosso monarca avista então

Um rebanho de magros carneiros

Tosquiados de fresco,

As ovelhas sem cordeiros, os cordeiros sem as mães,

Dispersos, balindo, desgarrados,

E uns carneiros sem força errando

Nos descampados.

O seu condutor Guillot ia, vinha, corria, procurava

Ora o carneiro que na mata se perdia,

Ora o cordeiro que para trás ficava,

Corre em seguida à sua mais querida ovelha;

E enquanto está a um lado,

Um lobo agarra no carneiro

Que leva a correr.

O pastor acorre, o cordeiro que deixou,

Uma loba o filou.

Guillot pára, sufocado,

Arranca os cabelos, não sabe aonde acudir,

E com os punhos batendo na cabeça,

Pede ao céu para morrer.

“Eis a fiel imagem da minha figura!

Exclama o monarca nessa altura;

E os pobres dos pastores,

Tal como nós, rei,

Rodeados de perigos, de desamor,

Não têm nada doce escravatura,

O que não deixa de ser consolador.

Dizia ele estas palavras sem grande lisura,

Descobre num prado o mais belo dos rebanhos,

Carneiros gordos, numerosos,

Mal podendo caminhar,

Tanto o seu rico velo lhes pesa.

Carneiros grandes e altivos,

Todos em ordem pastando,

Ovelhas ao peso da lã vergando,

E cuja teta cheia

Atrai de longe os cordeiros saltitando.

O pastor - autor -

Fazia versos para a sua Iris,

Cantava-os docemente em ecos enternecidos,

E depois repetia a ária

No seu rústico oboé.

Espantado, o rei dizia: “ - Este belo gado

Em breve será destruído;

Os lobos não temem

Os pastores amorosos que cantam

A sua pastora, seja ela Iris, ou Fílis,

Ou lá como é;

Não será com uma cana que os afastam.

Ah! Como eu me riria se!...

No mesmo instante o lobo passa,

Como para lhe dar prazer,

Um cão, pronto a apanhá-lo,

Lança-se e vai expulsá-lo.

Ao barulho que fazem a combater,

Dois carneiros amedrontados fogem, pela planura:

Um outro cão parte, que os vai trazer,

E, para a ordem repor,

Um instante é bastante.

O pastor tudo isso via, deitado no relvado,

A gaita de foles, que não largava,

Ao seu lado.

Então o rei, bem irritado,

Disse-lhe: “- Como fazes tu isso?

Os bosques estão cheios de lobos,

Os teus carneiros, gordos e belos,

São para cima de mil,

Consegues mantê-los na maior das calmas,

Tu só, e ainda por cima

Cantando.”

“- Senhor, disse o pastor,

A coisa é mesmo fácil

E tem suas prescrições;

O meu segredo consiste

Em escolher bons cães.”»

 

E andamos nós nestes enganos

Sem perceber as razões

Por que há já tantos anos

Vivemos com tantos danos,

Tantas desmotivações

Que até são mais que as mães,

Ouvindo razões, sem-razões

Dos varões,

Decanos bem brincalhões

Nestas questões,

Quando o que era indispensável

- Incontornável -

É que houvesse cá bons cães,

Olhos e ouvidos do rei,

A aplicar a lei

Para nosso bem.

Eu sei.

 

 Berta Brás

CORONYQUA DOS REIS DE PORTUGAL

 

INTROITO DA OBRA

 

Estam em este presente vollume recopilladas, sumadas, abreviadas todas lembranças dos Reys de Portugal das caroniquas velhas e novas sem mudar sustamcia da verdade; as quaes copillou o Bacharel Cristovam Rodrigues Acenheiro, natural e morador na cydade d'Evora, e as fes o mês de Mayo de myl e quinhentos trinta e sinco anos, reynamte Dom Joam terceiro do nome quinzeno dos Reys de Portugal, semdo elle Ba­charel em ydade de sesemta e um ano, e as recopillou neste modo: do Conde Dom Amrrique, prymeiro senhor, té EllRey Dom Affomso, setimo, do Sallado, e a fym delle, e asy as lembramças dellRey Dom Manoel e dellRey Dom João seu filho, que sam dez Caronicas; e as seis a sa­ber delRey Dom Pedro oitavo Rey té EllRey Dom Joam segundo, as achou asy, e por serem bem feitas e na verdade as pôs com todo, e lhe pôs as eras e adiçois que nellas se acharam, e porque já nellas acrecemtou ysto, porque nom tome louvor alheo, e sam tays.

 

Um pequeno excerto:

 

 Ouvymdo dizer o Papa que ElRey Dom Affomso Emrriquez tinha sua mai em ferros, lhe mamdou dizer per o bispo de Coimbra que a tirase de prizam, e senão que o escomúgaria a elle e a terra: dixe que o nom faria pollo Papa nem por nimguem; e o Bispo escomúgou EllRey e Reino, e se foi de noite, e quamdo veio polla manham lhe diserão que era escomúgado: e elle meteo todos os coniguos na craustia, e dixe amtre todos dade-me hum Bispo; e elles dixerão Senhor, Bispo avemos e nom podemos dar outro. E ElRey lhe dixe Ese que vos dizês nûca aqui será Bispo em todos meus dias, mas saide vos polla porta, e eu catarei Bispo ou quem o faça. E EllRey vio estar hum negro, e lhe pergumtou: Como hás nome? e elle dise Senhor ey nome Çolleima: Como lhe diz EIlRei és bom crériguo? e elle dixe nom há milhores dous na companhia. EllRei dixe, tu serás bispo de Çolleima, guisa como me camtes Miça, e elle dixe Senhor não vos camtarei misa ca não sam ordenado:

dixe EllRey eo te ordeno, ora guisate como me quamtes misa senão cortarteei a cabesa; e elle com medo camtou-lhe misa. E soube o Papa em Roma este caso, cuidarão que era yrege, mãodou-lhe hum Cardeal que lhe emsinase a feé, e todos d’Espanha lhe faziam muita omrra por omde vinha, e lhe beijavão a mão, e EllRey dixe nom sei Cardeal nem Apôstollico que me dese a mam a bejar, que lhe não cortase pollo covado* o braço: o Cardeal chegou a Coymbra, e ouve medo; ElRey no quis sair a recebello e o Cardeal o teve a mal, e tamto que che­gou foi-se ao allcasar d’EllRey, e EllRey o saio a receber homrradamente. Dixe-lhe EllRey, Dom Cardeal que viestes aca fazer, nuca me veo senão mal, quais riquezas me vierão a aquá de Roma pêra estas ostes que faço, que de noite nem de dia não  faço senão gerrear Mouros, e Dom Cardeal se tracedes allguo que me de dês dade-mo, senom yvos vosa via. O Cardeal dixe eu sam aqui vymdo pêra vos emsinar a fé de Christo, e EllRei lhe dise, tam bos livros hemos nos aça, como vós alláá em Roma, e tam­bém sabemos veio Deos em Santa Maria, e cremos a Samta Trimdade também como aloo vós os Romãos; e Dom Cardeal nom queremos ora cousas de Roma, mas dem vos todallias coisas que ouverdes mister, e crás ver-nos-emos eu e vós se Deus quiser; e o Cardeal foise emtam pêra sua pousada, e maõdou loguo dar sevada ás bestas, e quamdo camtava o gallo escomúgou toda a Villa e toda terra, e se foy; e EllRey que o sobe polla menham, foi após elle e o tomou em hum Lugar que chamão a Vímieyra, e deitou-lhe â mão pello cabeçam pêra lhe cortar a cabesa e fidallgos o tolheram: o Cardeal dise, Rei nom me faças mal que farei qualquer partido que quiseres; dixe EllRey quero que em meus dias eu nem Portugal nûca seja excomügado, que o ganhei ás lamçadas, e que quamto levados me deixedes estes vosos sobrinhos filhos de vosa jrmam, e que daqui a quatro meses me mãodes as letras senão cortarlhei as cabesas: aprouve ao Cardeal, e todo veo com breve tempo; e sempre este Cardeal despois nogoceava todas as couzas em Roma que pertemciam a Portugal, e ao dito Rey, o qual Rey, amtes que o Cardeal partice, mamdou hum seu escudeiro que fose em a Corte de Roma pêra o avizar do, que lá pasava, e lhe escreveo o caso todo per estemço, que quamdo o Cardeal disera ao Papa como acomtecera, o Papa lhe respondera que elle Papa nom podia fazer tal nem comprir, e que se espamtava muito delle: o cardeal lhe respomdeo se tu Samto Padre viras sobre ti hum Cavaleiro tam bravo terte pollo cabeçam, e espada nua pêra te cortar a cabeça, e seu cavallo tam bravo arranhar a terra que ja fazia a cova pêra te emterrar nom somente deras as letras, mas o Papado e cadeira de Sam Pedro: mas o Papa o comprio todo e mamdou a EllRey amtes do termo que o Cardeal lhe ficou, e EllRey lhe mãodou seus sobrinhos ao dito Cardeal com muitas homrras, e gramdes mercês. Devem bem de notar os Reis e Primcipes cristamõs estas façanhas de Cardeal e Bispo, e quamto devem de punar por a homrra de suas pessoas e Reino, quamdo com justiça e verdade o persegem, como este Catollico Rey fazia e fez. Porem dalli em diamte foi Bispo de Coymbra Dom Solleima, e todo o que elle mamdava se fazia em seu Byspado.

E pasado ysto EllRey Ysmar Mouro, vemcydo no Campo dOurique, como dito he, com este ódio que sempre teve dezejo de gerrear Christâos, ajumtou suas gentes, veo se a Samtarem, e levou comcyguo Auzerim Allcaide e correo aterra ate Leirea, e a combateo fortemente e a emtrou por força, e matarão os Christâos que em ella acharam, e levaram cativo Paio Goíterrez Allcaide do Castello, e deixaram o Castello com muita jemte, e foi esto tam depresa que EllRey o nom pode amtes saber, que estava em a Cidade de Coymbra: esta tomada foy na era de mil e cemto e coremta**.

 

*  Cotovelo

** Ano de 1137. As datas desta CORONYQUA estão quase todas erradas!

 

Nota adicional: que falta faz hoje aos portugueses um Afonso Henriques! Imaginem os “tryokanos” entrar em Portugal e pedir, aliás exigir, ao rei que lhes beijasse as mãos, esmagasse o povo e os enriquecesse a eles?

 

 Francisco Gomes de Amorim

DEFINIÇÃO DE «INFIEL»

 

Pelo Advogado francês Maître Gilbert Collard

 

Bom dia!

 

Como demonstram as linhas que se seguem, fui obrigado a tomar consciência da extrema dificuldade em definir o que é um infiel.

 

Escolher entre Allah ou o Cristo, até porque o Islamismo é de longe a religião que progride mais depressa no nosso país. O mês passado, participava no estágio anual de actualização, necessária à renovação da minha habilitação de segurança nas prisões. Havia nesse curso uma apresentação por quatro intervenientes representando respectivamente as religiões Católica, Protestante, Judaica e Muçulmana, explicando os fundamentos das suas doutrinas respectivas. Foi com um grande interesse que esperei a exposição do Imã.

 

A prestação deste ultimo foi notável, acompanhada por uma projecção vídeo.

 

Terminadas as intervenções, chegou-se ao tempo de perguntas e respostas, e quando chegou a minha vez, perguntei: “Agradeço que me corrija se estou enganado, mas creio ter compreendido que a maioria dos Imãs e autoridades religiosas decretaram o “Jihad” (guerra santa), contra os infiéis do mundo inteiro, e que matando um infiel (o que é uma obrigação feita a todos os muçulmanos), estes teriam assegurado o seu lugar no Paraíso. Neste caso poderá dar-me a definição do que é um infiel?”

 

Sem nada objectar à minha interpretação e sem a menor hesitação, o Imã respondeu: “um não muçulmano”.

 

Eu respondi: “Então permita de me assegurar que compreendi bem : O conjunto de adoradores de Allah devem  obedecer às ordens de matar qualquer pessoa não pertencendo à vossa religião, a fim de ganhar o seu lugar no Paraíso, não é verdade ?

 

A sua cara que até agora tinha tido uma expressão cheia de segurança e autoridade transformou-se subitamente ao de “um puto” apanhado em flagrante com a mão dentro do açucareiro!!!

 

É exacto, respondeu ele num murmúrio.

 

Eu retorqui: “Então, eu tenho bastante dificuldade em imaginar o Papa Bento XVI dizendo a todos os católicos para massacrar todos os vossos correligionários, ou o Pastor Stanley dizendo o mesmo para garantir a todos os protestantes um lugar no Paraíso.”

 

O Imã ficou sem voz!

 

Continuei: “Tenho igualmente dificuldades em me considerar vosso amigo, pois que o Senhor mesmo e os vossos confrades incitam os vossos fiéis a cortarem-me a garganta!”

 

Somente uma outra questão: “O Senhor escolheria seguir Allah que vos ordena matar-me a fim de obter o Paraíso, ou o Cristo que me incita a amar-vos a fim de que eu aceda também ao Paraíso, porque Ele quer que eu esteja na vossa companhia?” Poder-se-ia ouvir uma mosca voar, enquanto o Imã continuava silencioso.

 

Será inútil de precisar que os organizadores e promotores do Seminário de Formação não apreciaram particularmente esta maneira de tratar o Ministro do culto Islâmico e de expor algumas verdades a propósito dos dogmas desta religião.

 

No decurso dos próximos trinta anos, haverá suficientes eleitores muçulmanos no nosso país (França) para instalar um governo de sua escolha, com a aplicação da “Sharia” como lei.

 

Parece-me que todos os cidadãos deste país (França) deveriam poder tomar conhecimento destas linhas, mas com o sistema de justiça e dos “media” liberais combinados à moda doentia do politicamente correcto, não há forma nenhuma de que este texto seja publicado.

 

 Gilbert Collard

O FASCÍNIO DAS REDES

 

 

Ultimamente, surgiu no nosso debate político-cultural um novo protagonista: as redes sociais. Com frequência se ouve citar o que elas pensam sobre pessoas e assuntos. Em geral, pensam mal. É interessante debruçar-nos sobre a razão da sua influência e credibilidade.

 

Grande parte do prestígio vem sem dúvida da novidade e fascínio tecnológico. Facebook e afins são criações recentes e brilhantes que, como todas, prometem mudar o mundo. Depois o mundo acaba muito parecido ao que era, e os mesmos que apregoaram a revolução vêm repetir desanimados que anda tudo sempre na mesma. A verdade é que o avanço nem foi drástico nem vácuo. As coisas vão melhorando e o progresso é uma evidência, embora o essencial permaneça.

Mas a especial reverência que por isso se concede à opinião das redes sociais não faz sentido. O meio tecnológico pode ser sofisticado, mas quem o usa é o mesmo tipo que era antes. A qualidade da análise e a profundidade das considerações não melhoram por se passar do pombo-correio ao telégrafo ou do telefone à Internet. Aliás, a haver algum movimento, é negativo, pois quando a comunicação era cara e difícil as pessoas tinham mais cuidado com o que diziam. Naturalmente a baixa do custo da informação beneficiou sobretudo o disparate, de menor produtividade.

Outra razão porque se admira as redes sociais é, alegadamente, por através delas falar directamente a voz do povo. Nos jornais e televisões temos a opinião de políticos, intelectuais, jornalistas e comentadores, mas nas redes é a própria população que se exprime. Esta é uma ânsia de milénios, com democracias e ditaduras procurando saber o que realmente sente a opinião pública. Os métodos utilizados para chegar a esse desiderato foram múltiplos, mas temos de dizer que este é um dos mais fracos. Primeiro porque, precisamente devido à sofisticação tecnológica, não se pode dizer que as redes sociais sejam um instrumento privilegiado dos pobres. Pelo contrário, é uma actividade típica de ociosos tecnicamente refinados, porque as pessoas ocupadas andam envolvidas na verdadeira vida social e os cidadãos comuns, mesmo quando os usam, não sabem explorar as possibilidades desses programas, ficando-se pelo trivial.

Talvez o aspecto mais curioso seja o fascínio que tantos sentem pelo poder desses mecanismos, invocando como prova definitiva as manifestações espontâneas promovidas através das novas tecnologias. Cada vez que surge um evento, das reacções ao atentado de 11 de Março de 2004 em Espanha aos recentes protestos de 15 de Setembro por cá, há quem venha garantir que tais fenómenos mostram um novo poder. Apesar de serem coisas que, para não recuarmos mais, Marat e Desmoulins conseguiam sem dificuldade usando os velhinhos panfletos da Revolução Francesa. A técnica melhora, mas o essencial permanece.

A última machadada no mito das redes sociais vem do facto de elas só conseguirem realmente marcar a actualidade quando jornais, rádios e televisões lhes dão destaque, o que aliás acontece muito menos do que a jornalistas e comentadores. Deste modo, elas estão na mesma posição que todos os outros. Pior ainda, como se pode determinar o que pensa uma rede? Se elas fossem realmente a voz do povo, então comunicariam uma cacafonia de miríades de opiniões. E é precisamente isso que se verifica. Deste modo, quando a comunicação social fala da "opinião das redes sociais", está realmente a criar uma ficção, confundindo uma parte com o todo. Pior ainda: como ninguém dá a cara pelo que é dito, no parecer anónimo domina a irresponsabilidade e a atoarda. Não admira que nunca se ouça as supostas redes sociais dizerem coisas ponderadas, serenas, construtivas.

As redes sociais são um instrumento maravilhoso. Passadas as tolices inevitáveis da euforia inicial, serão tão úteis como o correio, o telefone, a imprensa ou os clubes. No entanto, para isso é preciso que vigore nelas o mesmo critério de verdade e bem da vida comum. Uma opinião não é atendível por ser tecnológica, mediática ou popular, mas justa e válida.

 

 JOÃO CÉSAR DAS NEVES

 

DN 2012-12-17

Ouro em vez de Notas – Um Aviso e um Alerta

Legendas: Título do gráfico - «Reservas de Ouro do Banco de Portugal»

Barras verticais - kgs

Curva - Cotação do ouro (média anual) US$/Oz 

 

Repatriação do Ouro – A Alemanha dá o Exemplo

 

Ouro no Mundo

 

Entre os países com maior reserva de ouro encontra-se, em primeiro lugar os USA com uma reserva de 8.133,5 toneladas de ouro; segue-se-lhe a Alemanha com 3.398,3 toneladas; a Itália com 2.451,8 toneladas; a França com 2.435,4 toneladas, a China com 1.054,1 toneladas; a Suíça com 1.040,1 toneladas; Japão com 765,2 toneladas. Portugal encontra-se em 13° lugar com 382,5 toneladas (Fonte: World Gold Council – Junho 2009).

 

Nos últimos cinco anos, a onça de ouro (31,1 gramas) passou de 600 para 1266 euros; no ano 2.000 a onça tinha um valor pouco superior a 200 euros. O ouro e a prata são muito procurados para investimento financeiro devido à inflação da moeda e para precaver bancarrotas. Também a China procura arrecadar a maior quantidade possível de Ouro para poder intervir melhor nos mercados financeiros e dar confiança à própria moeda.

 

No mundo há uma produção anual de ouro de 2.400 toneladas. Avalia-se que o ouro, até hoje promovido no mudo, é de 165.000 toneladas; deste encontram-se cerca de 79.000 toneladas aplicadas em jóias, uma outra parte em bancos centrais e no Fundo Monetário Internacional, uma outra, com mais de 18.000 toneladas, encontra-se aplicada em objectos de arte e cerca de 25 mil toneladas na mão de particulares sob a forma de barras, moedas e medalhas (cf. Goldankauf123.de).

 

Repatriação do Ouro alemão como medida inteligente de segurança

 

O povo alemão, que ainda tem peso nas decisões das suas elites, exigiu ao Banco Central Alemão, através do Tribunal de Contas, que fizesse um inventário do ouro que possui, uma análise da autenticidade das barras de ouro e o seu paradeiro. Os banqueiros mostraram-se incomodados com a exigência mas tiveram que começar a satisfazê-la. O Banco Alemão tenciona transferir para a Alemanha, até 2020, o correspondente a 27 mil milhões de euros. A repatriação custa 7,5 milhões de euros.

 

As reservas alemãs (3.398,3 toneladas) correspondem a um valor superior a 137 mil milhões de Euros. 45% dessas reservas encontram-se armazenadas no banco central dos USA (1.500 toneladas); 13% no Banco de Inglaterra em Londres; 11% em Paris (300 toneladas) e o resto no Banco Alemão em Frankfurt. Só a Inglaterra exige dinheiro pela guarda do dinheiro. O ouro repatriado, depois de examinado da sua autenticidade, é derretido para ser guardado em barras de 12,44 kg.

 

Esta medida também poderá ser, indirectamente, um aviso às instituições bancárias para não passarem créditos de posse de ouro que não exista.

 

Parte do ouro alemão foi colocado no estrangeiro, por razões de segurança, na altura da guerra-fria entre ao Ocidente e a União Soviética e a outra parte provém da troca de dólares por ouro devida a excedentes comerciais adquiridos fora da Alemanha.

 

Portugal vende a “Prata da Casa” e com ela o Futuro

 

Numa altura em que os bancos centrais criam toneladas de dinheiro sem cobertura, a partir do nada, quem pode investe nos metais nobres. (Os que apostam na riqueza recomendam a quem tem dinheiro, que pelo menos um terço do capital deve ser investido em ouro/prata). Também os Estados deveriam fazer tudo por tudo para ter uma grande reserva de ouro. No caso de bancarrota ou de problemas de balança comercial, um Estado necessita de reservas em ouro para suportar a moeda nacional em caso de desequilíbrio orçamental. A insegurança do dinheiro virtual (fala-se que uma nota de cem Euros/Dólares tem apenas um valor base de 5 a 10 Euros/Dólares) e a crise internacional levou a China e comerciantes a procurarem assegurar o seu futuro com a compra de ouro, prata e outros produtos não virtuais. O mercado de prata oferece grandes potencialidades de subida.

 

Em questões de dinheiro a Corporação de Londres (City of London Corporation), um Estado dentro do Estado, com leis próprias, é o maior mercado financeiro do mundo, que alberga os maiores “cavaleiros” do dinheiro. Também o Goldman Sachs, banco de investimento e aconselhador de governos, está interessado na recolha de ouro e em acalmar o público para que este não compre ouro. Mais fica para o seu negócio especulativo. Um dos objectivos dos banqueiros da Goldman Sachs será conseguir um estoque de ouro correspondente ao dos USA; então poderão intervir no mercado de maneira a provocar uma explosão ainda maior do preço do ouro. Por isso abastecem discretamente os seus estoques de ouro. A China pretende conseguir que a sua moeda se torne em moeda de reserva para melhor poder ser comercializada internacionalmente, como acontece com o Euro e com o Dólar.

 

O povo português possuía imenso ouro em mãos privadas (joias) e em reservas. Com a política inflacionária do regime do 25 de Abril, Portugal tem descurado esta tradição, esbanjando as reservas. Também tem aumentado a exportação do ouro do povo português (joias) de ano para ano; em 2009 exportou 102 milhões de euros em ouro e em 2011 exportou 520 milhões de euros. Devido ao sobre-endividamento dos portugueses estes continuam a vender o seu ouro. Vêem-se lojas e anúncios de compra de ouro por todo o lado.

 

Portugal possuía uma das maiores reservas de ouro da europa; em relação a outos bancos centrais Portugal ainda é dos que possui, em proporção à sua economia, mais reserva acumulada durante o regime de Salazar. É triste verificar como o povo se vê obrigado dos seus bens (joias) para subsistir enquanto outros se assenhoreiam delas para ganharem rios de dinheiro com a especulação.

 

O mercado de metais preciosos continuará a revelar-se muito lucrativo para os especuladores. Embora os bancos centrais tenham de manter os juros das divisas baixos para que os Estados se financiem a créditos de juros acessíveis, os riscos de inflação e de bancarrota crescem devido às dívidas impagáveis.

 

O valor de uma moeda é determinado pela oferta e procura, pela confiança que se deposita nela e que se reduz a um valor estimativo, a um valor virtual. Por isso haverá sempre um risco na comercialização da moeda, menos nos metais nobres. Diz-se que o franco suíço é talvez a única moeda que tem um valor que corresponderia ao padrão de ouro.

 

Os Bancos Centrais asseguram o financiamento das finanças públicas dos Estados imprimindo notas promissórias com juros de quase 0% e por seu lado os Estados procuram controlar as suas dívidas através da inflação. Uma manipulação que torna o jogo dos especuladores financeiros mais atentos.

 

A fraqueza da economia portuguesa é proporciona à democracia. Quanto mais a oligarquia arrecada mais fraco é o povo! O trabalho mais urgente seria o da ressocialização das elites.

 

 António da Cunha Duarte Justo

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