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A bem da Nação

O ABSOLUTISMO NA ARTE

(*) 

 

De cinco em cinco anos peregrinam, de todas as partes do mundo, milhares de artistas e admiradores da arte contemporânea até Kassel, Alemanha. A Documenta foi criada em 1955, em Kassel pelo artista Arnold Bode que pretendia, com a iniciativa, abstrair das ruinas da guerra e seguir novos horizontes ao serviço da abstracção. Na primeira exposição houve sobretudo obras de arte que tinham sido proibidas e perseguidas durante o regime nazi e intituladas de arte degenerada ("Entartete Kunst").

 

A Documenta alonga-se por 100 dias. Nesta altura a cidade transforma-se num mar de gentes de portes exóticos: um aspecto folclorístico que faz lembrar os mercados da idade média em torno das catedrais e, assim, forma, já por si, também uma obra de arte social. Kassel transfigura-se numa praça de arte que se estende por edifícios, parques e outros espaços públicos da cidade. A documenta apresenta uma perspectiva transversal da arte contemporânea e permite fazer o ponto da situação mundial em questões de arte e ocasionar uma certa orientação de perspectiva. Na sua história de 57 anos com 13 exposições, documenta as contradições e ambivalências do Homem e do tempo num currículo de realização e fracasso em processo de morte e ressurgimento.

 

A DOCUMENTA (expressão gráfica da documenta 13) vive da ambivalência e do escândalo na procura dum futuro prospectivo a partir dum presente impregnado de contradições e inconsistências que se expressam de documenta para documenta, numa manifestação de diferentes atitudes artísticas a que assistem diferentes filosofias, teorias, correntes políticas e sociais contemporâneas.

 

A Documenta13, realiza-se de 9 de Junho a 16 de Setembro de 2012. A última documenta/2007 conseguiu vender 754.301 bilhetes. O objectivo da actual é atingir um milhão de visitantes. Ela é ao mesmo tempo o maior festival Open-Air. Kassel oferece possibilidades ilimitadas: o visitante tem a oportunidade de se alegrar e irritar sobre a arte.

 

A Documenta (13), foi elaborada sob o lema "Colapso e Reconstrução" e tem como chefe/gerente a americana Carolyn Chrisov-Bakargiev apelidada por jornalistas de "Lady Gaga". Ela situa-se nas pegadas e tradição das 12 documentas anteriores prosseguindo um espírito de continuidade de arte afirmativa e provocativa. Procura apresentar o válido como inválido e vice-versa, documentando assim as contradições da actualidade.


A direcção da documenta escolhe para chefe de cada exposição, um curador/chefe da documenta equipado de poderes absolutos; este pode pôr e dispor à sua vontade de maneira dogmática a própria filosofia. Na documenta, aqui em Kassel, a arte arroga-se alvores absolutistas. Carolyn Christov-Bakargiev encena-se como se fosse a sacerdotisa da arte, não lhe faltando a estola, o gesto religioso e o dogmatismo ostentado. O sensacionalismo em torno dela talvez venha do facto Carolyn Christov-Bakargiev querer, com idiotices mudar o nosso pensamento, através da documenta. Desta vez participam 297 artistas e grupos de artistas de todo o mundo.

 (**)

"Direito de Voto para Cães e Morangos"

 

Em torno da DOCUMENTA 13 tem havido muita discussão na imprensa; a chefe tem-se revelado como bastante jacobina, não suportado mesmo nada que contradiga a sua ideologia/visão de arte. Para Josef Beuys artista " é toda a pessoa"; para a chefe da documenta, artista é toda a natureza, ponto. Carolyn Christov-Bakargiev exige o direito de voto também para os morangos e para os cães; também há três cães da documenta treinados e colocados à disposição de visitantes que se deixarão conduzir pelos caninos; o sentido desta iniciativa é levar o visitante a ver a atitude do cão perante a obra de arte; intenção é inverter os valores colocando o Homem ao nível do cão e do morango. As suas posições radicais têm sido muito criticadas, muito embora a sua posição extremista possa ajudar uma sociedade surda-muda a notar que a natureza é sua companheira. A exposição paralela à documenta organizada na igreja católica St Elisabeth, onde o artista Stephan Balkenhol apresenta (na torre) uma instalação com um homem de braços abertos sobre um globo dourado, provocou os furores da chefe da documenta que não queria ver o Homem numa posição superior ao dos animais e das plantas. Sentiu-se "ofendida" por aquela instalação que questiona a sua intenção niilista não suportando o optimismo do Homem como senhor e corresponsável da natureza. Isto não passa dum ultraje invertido pois encontra na torre da igreja algo irritante para quem quer um mundo plano com tudo sem moldura, tudo abstrato, que desvie as atenções do humano.

 

A documenta quer ser um espelho da arte contemporânea mas negligencia grande parte da arte e em especial a pintura, o realismo, fotorrealismo, o realismo fantástico e o surrealismo. Por isso já houve movimentos anti documenta que foram imediatamente oprimidos. As pessoas não ousam opor-se ao espírito da documenta sejam cientistas da arte seja o povo. O doentio, o dilacerado tem sido tematizado em instalações e esculturas. Contrapõe-se o desastroso, o ameaçador em rituais negadores de ritos optimistas da religião e da sociedade. Um certo espírito da documenta quer afirmar-se como religião secular contra o religioso cristão e passar à margem das pessoas. Parece não reconhecer o facto de vivermos todos num mesmo mundo plurifacetado feito de muitos universos complementares.

Numa perspectiva cristã da arte o ser humano está chamado a mais do que a gritar. O Homem é o caminho de Deus e deve reconhecer-se como companheiro adulto da natureza mas sem abdicar de ser sua consciência. A religião e a arte devem ser os sismógrafos dos problemas. A arte também tem de se entender como resposta ao mundo na responsabilidade; por isso, também ela deve questionar os próprios conceitos. Por vezes tem-se a impressão, em certos meios ideológicos e de certa arte que a imagem de Homem constitui, já por ela, uma provocação. Esquecem que o olhar cego e vago da realidade é um olhar de governantes ou de quem se não quer envolver ou deixar tudo às forças duma natura sem cultura.

 

A arte abre novas visões mas precisa da condição humana para tornar não só a miséria humana visível mas também a parte nobre como a religião pretende afirmar. Também Dostoievski dizia "o belo libertará o mundo". Quando se desiste da religião, o mundo torna-se em ameaça, como pretendem certas tendências ideológicas. Torna-se importante libertar a religião e a arte do medo e das ideologias.

A arte também é importante como catarsis, como crítica, sem ter necessidade de exilar a esperança. Não se podem tornar cúmplices com os senhores que roubam o mundo roubando a senhoria ao Homem tornando-o seu arrendatário e reduzindo-o a indivíduo anónimo numa imagem sem nós, como se uma árvore não estivesse incardinada num biótopo. Eu sou rei e escravo soberano, permaneço mistério e tanto a arte como a religião, como a ciência, a política, não conhecem um porquê da realidade. A arte e a religião protegem o mistério, aquilo que dá grandeza e perspectiva ao Homem e à natureza. Seria abstruso que arte e religião não reconhecessem o mesmo coração donde provêm, do epicentro da intuição que proporciona o sonho na empatia. Até ao séc. XVIII religião e arte viviam em relação amorosa, queriam modelar e tornar visível o mistério. Arte e religião questionam as compreensões imediatas. Com o racionalismo e o materialismo deu-se o divórcio do sagrado e do profano e dividiu-se o povo em sábios e ignorantes caindo-se num fundamentalismo de posições. Hoje torna-se óbvia também uma reculturização, uma nova consciência, à margem dum normativo racional que aprisiona a realidade em imagens e caixilhos religiosos, científicos, ideológicos, políticos, etc.

 

Na casa da arte, tal como "na casa do Pai" há muitas mansões; seria miopia expulsar a religião e o Homem do templo da arte e a arte da religião. Realidade e imagem são imagens!... Fazemos todos parte dum mesmo mundo, numa realidade complementar do não só… mas também…

 

 António da Cunha Duarte Justo

 

(*)http://www.google.pt/imgres?um=1&hl=pt-PT&sa=N&biw=1311&bih=617&authuser=0&tbm=isch&tbnid=UVSX7Ibwis7LhM:&imgrefurl=http://www.zeit.de/2012/24/Kunst-Documenta&docid=T_aD86vSK99NCM&imgurl=http://images.zeit.de/kultur/kunst/2012-06/documenta-bild/documenta-bild-540x304.jpg&w=540&h=304&ei=s6QfUNrBNMWjiAes9oHwDg&zoom=1&iact=hc&vpx=274&vpy=157&dur=259&hovh=168&hovw=299&tx=160&ty=95&sig=109766553202599468647&page=1&tbnh=95&tbnw=169&start=0&ndsp=18&ved=1t:429,r:1,s:0,i:75

 

(**)http://www.google.pt/imgres?um=1&hl=pt-PT&sa=N&biw=1311&bih=617&authuser=0&tbm=isch&tbnid=TwYpTGY8ufy4iM:&imgrefurl=http://pleasegodno.tumblr.com/&docid=NTMczVciDNRzCM&imgurl=http://www.fnp.de/sixcms/media.php/rmn01.a.7225.de/thumbnail_514/Documenta13.jpg&w=514&h=386&ei=s6QfUNrBNMWjiAes9oHwDg&zoom=1&iact=hc&vpx=298&vpy=309&dur=1458&hovh=194&hovw=259&tx=141&ty=92&sig=109766553202599468647&page=1&tbnh=131&tbnw=171&start=0&ndsp=18&ved=1t:429,r:13,s:0,i:115

PORTUGAL E A GLOBALIZAÇÃO

 

O artigo publicado no DN de 14 de Julho pp intitulado “A globalização começou a surgir com Colombo” motivou-me a escrever este texto a fim de esclarecer este tema pois sendo muito incompleto e podendo dar origem a se pensar que foi Colombo quem iniciou a globalização, no entanto não se pode dizer que está totalmente errado.

 

Na verdade o que se passou foi (muito resumidamente) assim:

 

Em 1383-1385 a revolução, apoiada na burguesia de Lisboa e do Porto uma vez que a nobreza estava maioritariamente a favor de D. João de Castela, colocou no trono D. João I, Mestre da Ordem de Avis e filho de D. Pedro I, e em 1415 foi iniciada a expansão portuguesa, que logicamente só podia ser para o mar, com a conquista de Ceuta.

 

A seguir foram realizadas navegações não só para o sul ao longo da costa de África mas também afastando-nos progressivamente da costa como se pode constatar com a descoberta de Porto Santo em 1418, cuja distância ao continente ronda os 1000 km e mais tarde, entre 1427 e 1452 dos Açores, cuja distância ao continente ronda os 2000 km.

 

Entretanto em 1482 construiu-se S. Jorge da Mina e em 1483 chegámos ao Rio Zaire.

 

E no Atlântico norte em 1472 Corte Real chega à Terra Nova o que não espanta pois a distância dos Açores até lá ronda os 2500km e mostra que os portugueses foram durante todos estes anos coligindo conhecimentos sobre os ventos e correntes que lhe propiciaram estas viagens.

 

João Vaz Côrte Real, o verdadeiro descobridor da América

 

Chegamos assim à década mais notável da nossa história. Em 1487 Bartolomeu Dias inicia a viagem que lhe permitiu passar para o Oceano Índico e garantir deste forma a ligação marítima com a Índia.

 

Note-se o facto essencial que frequentemente é esquecido: até aqui os navios utilizados eram caravelas, que permitiam bolinar mas tinham pouca capacidade de carga, e Vasco da Gama em 1497-99 inicia a ligação com a Índia com naus, que obrigavam a ter conhecimento dos ventos e correntes do Atlântico sul.

 

Para conseguir este conhecimento foi preciso explorar esta parte do oceano o que implicou o envio de expedições a partir de 1488 e assim descobrir as costas setentrionais da América do Sul.

 

A estratégia de D. João II foi claramente a de aproveitar o avanço de Portugal sobre a Espanha no que se refere a capacidade náutica e utilizar Colombo para levar os espanhóis para a América Central deixando o Atlântico sul livre para os portugueses poderem chegar à India. Não foi por sorte que na fixação do meridiano do tratado de Tordesilhas D, João II exigiu mais 500 léguas para ocidente de forma a incluir o território brasileiro e mais tarde Pedro Álvares Cabral encontrar em porto Seguro onde fazer aguada quando foi tomar posse do Brasil.

 

Também não foi por algum passe de magia que o planisfério de Cantino feito em 1502 inclui a costa do Brasil e inúmeros factos impossíveis de realizar em apenas dois anos.

 

No entanto apesar de todos estes factos e indícios serem esclarecedores da verdade e haver historiadores conceituados que defendem a origem de globalização ser portuguesa e considerarem Portugal como a ponta de lança da expansão europeia em Portugal nunca se deu a estes factos a devida importância.

 

Muitos livros de História publicados em Portugal mal falam deles e enquanto a Espanha tem estátuas de Colombo em quase todas as cidades e quando celebraram as comemorações da viagem de Colombo construíram uma frota idêntica e percorreram todo o mundo propagandeando a sua importância, nós construímos uma caravela para comemorar a viagem de Bartolomeu Dias com a contribuição da África do Sul e quanto à viagem de Vasco da Gama nada se fez.

 

Inclusive um relatório da CMOI de 1998 com a colaboração de entidades portuguesas diz que Colombo foi o primeiro navegador oceânico.

 

A tentativa de aproveitar as comemorações de 1998 para recuperar o estaleiro da Azinheira Velha no Barreiro e a Capela de Santo André onde D. Manuel I assistiu ao lançamento à água das naus de Vasco da Gama esbarrou no mais completo desinteresse dos responsáveis.

Nas comemorações na Expo 98 o valor da epopeia dos descobrimentos portugueses foi totalmente esquecida e daí para cá, só agora parece haver sinais de se querer dar às atividades marítimas o seu real valor quer do melhor que tivemos no passado quer no mais prometedor que temos para o futuro.

 

Mas não esqueçam esta verdade: quem primeiro conheceu o Oceano Atlântico foram os portugueses e todos os outros europeus foram atrás de nós. Está na hora de corrigir o rumo, falarmos menos e realizarmos mais e melhor.

 

Lisboa,20 de Julho de 2012

 

 José Carlos Gonçalves Viana     

 

http://nossomar.blogs.sapo.pt

 

Publicado no DN em 5 de Agosto e 2012-08-05

POSTAIS ILUSTRADOS LIII

 "O Monstro"

 

"O Monstro"

"Por um gesto julgamos um carácter: por um carácter avaliamos um povo". Eça de Queirós,

in 'A Correspondência de Fradique Mendes'

 

Nem todos concordamos que o Ente Público, conhecido por Estado, deve ter um desempenho activo em sectores que influenciem o comportamento dos mercados. Este é um debate que tem ocorrido ao longo dos tempos entre as teorias clássicas, neoclássicas e intervencionistas, sobre o papel do Estado nas Economias.

 

Cá por mim, entendo que, hodiernamente, já não podemos falar de Economia Pura de Mercado e do papel da mão invisível, mas, as economias de Estado cem por cento intervencionistas e centralizadoras, já deram o que tinham a dar. O Comunismo colapsou, porém, o Capitalismo está a seguir-lhe o rasto; se, nas Leis de Mercado foram introduzidos factores humanos imponderáveis, designadamente, as criminosas manipulação e usura internacional.

 

O Ente Público deveria condicionar o seu papel às funções de legislar, regular e fiscalizar o desempenho da Economia, porém, neste particular, os neoclássicos vieram defender um papel mais intervencionista do Estado, fundamentalmente, no combate ao desemprego, através da introdução de políticas de pleno emprego, criando o Estado-Patrão e, por consequência, empregador privilegiado.

 

Com estas políticas de pleno emprego, vieram as obras públicas e o Estado-Patrão e Empreendedor, além, de empregar e ser dono de obra, passou a intervir, por essa duplicidade, nas Leis de Mercado, introduzindo a criação de necessidades públicas, que para serem satisfeitas, teriam de o ser, através de obras de natureza pública, em concorrência com os empreendimentos de natureza privada.

 

De uma forma lenta e progressiva, step by step, de necessidade em necessidade, foi nascendo e crescendo "o Monstro".

 

Isto é uma forma muito simples, sem teorias técnicas, nem discussões sem fim à vista, sempre maçadoras e inconclusivas, que encontrei para vos referir o que temos hoje e que toda a gente conhece: um sector público com dimensão paralela à do sector privado. Um Estado-Patrão, Empresário, Proprietário, Empreendedor e Produtor, mas, neste último sector, "produzindo", essencialmente, serviços, que coloca o sector privado perante uma concorrência desequilibrada. Um Estado que faz Leis para o sector privado cumprir, mas, a que ele não não se sente obrigado. Um Estado que foi, no passado, uma pessoa de bem e cumpridor das suas obrigações contratuais e agora despreza prazos ou compromissos assumidos, provocando a desestabilização do funcionamento do mercado, por, o sector privado depender do cumprimento dessas obrigações contratuais, para sobreviver.

 

A título de exemplo, comecemos pela frota automóvel!

 

Sabem quantos veículos tem o Estado Central, o Sector Público Empresarial e os Municípios? Ninguém sabe! O controlo desta realidade é tão pouco eficaz que ninguém sabe os custos reais envolvidos; não há gestão que nos valha, porque não existe rigor, antes a inconsciência e desordem generalizada. Já calcularam, os milhares de veículos a circular todos os dias, o combustível consumido de centenas de milhares de euros e a manutenção que é necessária para manter em movimento e em bom estado de funcionamento esta parafernália ambulante?

Ainda assim, há uma despesa que o Estado não faz. Os veículos do Estado circulam sem seguro obrigatório. Estão já a ver esta pequena diferença? O Estado criou uma Lei a exigir que tudo o que se move a duas ou quatro rodas tenha seguro obrigatório de responsabilidade civil; mas, só os particulares é que são fiscalizados e multados (as multas fazem estragos no bolso de qualquer condutor imprudente); as rodas do Estado não têm seguro. Eis o primeiro exemplo, o Estado Proprietário não pratica aquilo que obriga os outros proprietários a cumprir.

 

Debrucemo-nos, então, sobre a utilização do material público circulante, hierarquicamente. São utilizadores públicos, os Presidentes da República e da Assembleia da República, os ex-Presidentes, o Primeiro-Ministro, e o respectivo Gabinete, os Ministros e respectivos Gabinetes (os Chefes de Gabinete são equiparados a Directores-Gerais), os Directores-Gerais, os Subdirectores-Gerais, Juízes Conselheiros dos Tribunais Superiores, o Procurador-Geral da República, Presidentes dos Institutos e Empresas Públicas e nos Municípios, os Presidentes, os Vereadores, os Directores de Departamento (equiparados a Directores-Gerais), os Directores de Serviço e os Chefes de Divisão. Os Presidentes de Juntas, também. Destes, conheço, pelo menos, dois que têm carros de serviço de 25 mil euros! Também, moram ao pé de mim, dois Chefes de Divisão de duas Câmaras diferentes e que trazem o carrinho de serviço, ao fim-de-semana, para uso particular. Nesta mesma zona reside um razoável número de funcionários dessas autarquias, que ganham bastante menos e circulam em transportes públicos e devem questionar-se sobre o motivo porque os seus Chefes de Divisão têm transporte de graça, mesmo ao fim-de-semana.

 

E não referi as Empresas Municipais e de todos os outros que dispõem de carros de serviço a que não têm direito, pois não me quero alongar mais neste texto.

 

Pondo de lado o uso protocolar de carros de representação das autoridades superiores, a que devia ser dada outra orientação na usança, há toda uma panóplia de abusos e mordomias a que é preciso pôr cobro.

 

Farei, em próxima texto uma análise deste assunto; expondo o que poderíamos conseguir, na minha modesta opinião, corrigindo os abusos e os excessos, com sugestões para uma gestão equilibrada e racional deste património, cujas medidas terão efeito imediato e directo nas poupanças do Estado.

 

Milton Friedman comentava e com razão que há sempre muito cuidado a gastar o nosso dinheiro, mas, não há preocupação alguma a gastar o dinheiro dos outros. Referia-se, claramente, ao dinheiro do erário público.

 

O próximo texto, conterá algumas sugestões para racionalizar este sorvedouro alucinante, que é o uso dos veículos públicos.

 

Já agora, a finalizar e a título de comentário, fora do assunto deste texto e do seguinte, mas dentro do contexto geral de medidas de poupança, fico contente por ter tido a notícia que o Governo se debruçou, finalmente, sobre as Fundações e vai tomar decisões; tenho notícia de que, também, vêm aí medidas sobre as Parcerias Público Privadas.

 

As políticas financeiras, económicas e fiscais nunca surtirão o efeito que destas se espera, se não foram acompanhadas de medidas estruturais que corrijam a "ossada do Monstro".

 

Há luz ao fundo do túnel!

 

(Continua)

 

 Luís Santiago

 

 

O MUNDO É REDONDO

 

 

Sim, o mundo é redondo e a Lusitânia armilar.

 

Mas há quem se sinta a remar contra a maré.

 

Poucos os que têm a nossa perseverança e muitos os que se desligam durante longos períodos da nossa luta contra o hedonismo reinante e contra a diluição de Portugal. Mas, por vezes, regressam. E até há os que dão um ar da sua graça comentando os que por cá andamos.

 

Fazem-me lembrar o que se passava comigo quando andava entre África e Portugal e, cá chegando, encontrava as mesmas pessoas a fazerem o mesmo que faziam quando as vira pela última vez. E eu pensava que elas deveriam ser umas tristes pois, entretanto, eu já dera a volta a meio mundo e elas continuavam ali sentadas no mesmo local... E passados estes anos todos, muitos ainda lá estão, mais velhotes, a fazer o mesmo. E eu hoje penso que eles é que são as âncoras do nosso Portugal enquanto eu não passava dum andarilho saltimbanco, meio azougado e leviano.

 

E como o mundo é redondo, somos nós que hoje cá estamos, perseverantes, a fazer sempre o mesmo. Só que não nos limitamos a limpar o estrume éguariço nem a ir para o jardim público jogar à batota enquanto alguém não fecha as tábuas à nossa volta: defendemos publicamente os Valores em que cremos dissecando as andanças da Nação a que pertencemos e de que tanto gostamos. E há quem cá venha espreitar o que fazemos. Não chegam todos hoje, alguns só amanhã cá espreitarão e assim será enquanto houver dedos para teclar...

 

Eu cá estou na senda da Lusitânia armilar!

 

Continuemos…

 

 

Henrique Salles da Fonseca

MAS DESCULPA

 

 

Por alturas das eleições presidenciais francesas que fizeram ascender François Hollande ao estrelato governativo, colhi, nos habituais comentadores das nossas távolas dos mais variados feitios, os comentários adequados às suas tendências ideológicas específicas, os das direitas mais delicadamente, no receio do seu edifício de austeridade ruir, os das esquerdas congratulando-se, não por convicção real numa mudança eficaz para o povo martirizado, mas pelo que isso significaria de vexame que arrumaria com os do nosso governo que tanto têm martirizado o povo, e que assim receberiam de Hollande o exemplo do que é ser-se bom político, com os mundos e fundos que aquele prometeu ao seu povo, obtidos de uma Merckel não mais reticente, como a que se mostrava com o do governo e do partido anteriores, o safado do Sarkozy.

 

Propunha-se, assim, Hollande, minorar, se não mesmo extinguir, a austeridade confrangedora dos nossos tempos, sobretudo para os franceses há muito reivindicadores da democracia e do liberalismo próprios dos espíritos esclarecidos, e, por isso, menos adaptados às penúrias, embora a sua Révolution não apresentasse os cravos rubros da nossa, por terem preferido o vermelho do sangue derramado em carnificina adequada, que trouxe a paridade entre os cidadãos, como verificamos nas carnificinas dos nossos tempos.

 

Mas foi Vasco Pulido Valente quem soube definir a questão da previsibilidade de uma nova política, com a inteligência e a isenção do historiador e do literato, em texto do Público de 7 de Julho - «Fantasia» - que transcrevo:

 

 A nossa esquerda doméstica anda embalada com a ideia de que o sr. Hollande mudou a “orientação” da “Europa” e criou um “novo consenso” favorável ao crescimento.

Como qualquer pessoa sensata perceberá, tudo isto não passa de uma fantasia. A eleição do Presidente francês e o velho missionarismo e megalomania da França inspiraram algumas personagens do PS e da família mais próxima a esperar uma qualquer “revolução” que os salvasse. Esta história, que vem da noite dos tempos, não conta com os factos nem com a desagradável realidade em que hoje, por nosso mal, vivemos. Para começar, fora algumas frases sem sentido de que se aliviou orgulhosamente em público, Hollande não conseguiu nada. E foi o italiano Monti, um primeiro ministro “ad hoc” que à superfície pareceu abrandar um pouco a Sra. Merckel. Em pontos que de resto não interessam muito a Portugal.

O que não admira. A França está muito mais perto da Itália do que da Alemanha: tem, na prática, uma economia estagnada (com menos de 0,4% de crescimento, em 2012); o desemprego está em 10%; o défice (agora em 5,2%) não descerá provavelmente para os 4,5%, de acordo com um compromisso que o próprio Hollande aceitou; e a dívida cresce sem limite visível. Por cima disto, que bastava e sobrava, o indomável espírito socialista resolveu aumentar o salário mínimo, diminuir a idade da reforma e contratar 60000 professores, como exemplo inaugural de bonança futura. Claro que já se fala num “plano de rigor”, de que fatalmente faz parte o despedimento de 15000 funcionários públicos por ano. O espectáculo Hollande acabou à nascença.

Mas, como sempre, continua em Portugal. Por puro ódio à sra. Merckel, que meia dúzia de patetas chegam a comparar com Hitler, e pela imaginária derrota com que a França socialista (com uma pequena ajuda de Monti) abateu a prepotência teutónica e reaccionária. Isto, em si mesmo, seria inofensivo. Infelizmente, houve por aí muita criatura (às vezes com prestígio público e um módico de responsabilidade) que de facto se convenceu que de uma maneira ou de outra a crise não irá durar ou que daqui em diante não será tão severa. Esta indigna mentira, que se funda em mentiras, só pode aumentar o sofrimento geral e criar ao governo mais dificuldades.

Não acredito que a indiferença portuguesa desta vez, como de costume, a desculpe.

 

Um texto brilhante de lucidez e bom senso. Bom senso que não provaram ontem, na Quadratura do Círculo, nem Pacheco Pereira nem António Costa, mais interessados em denegrir o discurso de Passos Coelho, no Parlamento e a sua acção governativa, sem lhe concederem mérito nem lhe desculpabilizarem o rigor com os considerandos das contingências a que o envolvimento com a Troika fez mergulhar o país, por meio de uma acção governativa pendente de um louvável objectivo de pagar uma dívida facinorosa proveniente de governos anteriores, pagamento considerado como ponto de partida para uma evolução positiva. Lobo Xavier, como sempre cordato e igualmente brilhante, usou argumentos de ponderação indispensáveis, porque sem parti pris.

 

Uma lição de história esta de Vasco Pulido Valente. Só não acredito que tenha razão na sua frase final a respeito da sua não crença na indiferença portuguesa perante a mentira propalada pela esquerda do abrandamento do rigor financeiro graças ao novo governo francês, mentira propalada no intuito de criar mais dificuldades ao governo português.

 

Se os portugueses não se importam de fazer greves nesse mesmo intuito – o de criar dificuldades ao governo, que tem criado muitas dificuldades aos portugueses –como não iriam desculpar essa mentira do novo eldorado que até lhes traz novas esperanças de vida?

 

Amigos, amigos, esperanças à parte.

 

Ai não, que não desculpa!

 

 Berta Brás

ÁRVORE GENEALÓGICA DA LÍNGUA PORTUGUESA

 (*)

 

http://cvc.instituto-camoes.pt/tempolingua/04.html

 

 COMENTÁRIO

 
Aliança do brinquedo e do trabalho sério, uma revisão mais aprofundada e arrumada desses percursos linguísticos, daqueles tempos de ensino - belos tempos! - em que se comparavam evoluções e divergências dos fonemas nas  línguas românicas mais conhecidas (Ex. lat. pl> fr. pl: it, pi: esp. ll: port. ch - pluvia> pluie; pioggia; lluvia: chuva... 
O Dr. Salles, adepto do António Ferreira -

 

«Do que antigamente mais pregaram

todos os que escreveram foi honrar

a própria língua, e nisso trabalharam.

Cada um andava pola mais ornar

com cópia, com sentenças, e com arte,

com que pudesse d’outras triunfar....

Floreça, fale, cante, ouça-se e viva

A portuguesa língua, e já, onde for,

Senhora vá de si, soberba e altiva....»

(Carta a Pedro de A. Caminha, de exortação a que este não escrevesse em castelhano)

 

Adepto de A. Ferreira - de Camões também, quando este entusiasticamente considera que a própria Vénus « quando imagina / com pouca corrupção crê que (a língua portuguesa) é latina», num tal Consílio dos Deuses do Olimpo glorioso), - o Dr. Salles bem se esforça por levar no seu blogue a mensagem das origens, que vamos deixando perder. Esforço inútil, mas merecedor da nossa gratidão.

Berta Brás

 

 

 

 

(*) http://www.google.pt/imgres?um=1&hl=pt-PT&sa=N&biw=1311&bih=617&authuser=0&tbm=isch&tbnid=hAZabRYhqnRjPM:&imgrefurl=http://www.blogdajulieta.com.br/%3Fp%3D12191&docid=7UqXHhSogiXt2M&imgurl=http://www.blogdajulieta.com.br/wp-content/uploads/2012/04/arvore-genealogica-arvore-genealogica.png&w=566&h=400&ei=EF0cUNWMIoeSiQenk4CwCw&zoom=1&iact=hc&vpx=224&vpy=294&dur=3446&hovh=189&hovw=267&tx=131&ty=142&sig=109766553202599468647&page=1&tbnh=112&tbnw=159&start=0&ndsp=23&ved=1t:429,r:9,s:0,i:127 

SOCRÁTICOS

 

 

Um facto aberrante da actualidade é a persistência de um influente grupo de defensores de José Sócrates. Por estranho que pareça, o facto é indiscutível. Notícias insistentes confirmam vários apoios, movimentos e protestos de defesa dedicados ao anterior primeiro-ministro. O próprio, no exílio parisiense, mal esconde ambições futuras.

 

Ora o facto é mesmo insólito. A crise custou o poder a muitos dirigentes. Kostas Karamanlis, George Papandreou, José Luis Zapatero, Silvio Berlusconi, Brian Cowen, até Nicolas Sarkozy, todos saíram em desgraça, sem esperança, mesmo remota, de regresso.

 

De todos, poucos esticaram a corda tanto quanto José Sócrates ou abandonaram o País com um desmentido mais flagrante da sua política.

 

O mais elementar bom senso levaria o PS a enterrar airosamente a triste memória e seguir em frente. Porque razão uma franja relevante insiste em relembrar o triste fantasma do passado?

 

João César das Neves

DESTAK | 20 | 06 | 2012

OS ECONOMISTAS, A MICRO-ECONOMIA, AS EMPRESAS

Nota Prévia: Nada me move contra os ECONOMISTAS, tenho grandes amigos que são economistas e, apesar de eles próprios dizerem mais ou menos que a “economia é a arte de errar nas previsões”, continuo a ouvi-los com respeito e sempre na mira de aprender algo que não sabia.

 

Posto isto, vamos ao meu tema de hoje, começando com três perguntas:

 

- Quantas Empresas, grandes, pequenas ou médias foram criadas e desenvolvidas com êxito neste País, por economistas?

 

- Quais são as Empresas em Portugal dirigidas por economistas, que nelas investiram o seu dinheiro?

 

-Quantos Empresários (*) em Portugal são Economistas?

 

(*) No sentido daquele que empreendeu, liderou o empreendimento e investiu os seus próprios capitais.

 

Estas perguntas vêm a propósito de um fenómeno que todos os dias observo nos meios de comunicação social em Portugal. Sejam jornais de papel, sejam as rádios sejam as televisões, são em esmagadora maioria os economistas que são chamados para dar opiniões sobre o que se deve e o que se não deve fazer. E, apesar de serem economistas, de terem aprendido nos mesmos livros lemos e ouvimos opiniões totalmente divergentes entre uns e outros.

 

Mais uma pergunta:

 

- Se a classe dos Economistas é assim tão bem preparada para nos dizer o que é que devemos fazer para salvar o nosso futuro, então porque razão não os vemos como empreendedores, salvo, claro, raras e honrosas excepções?

 

O que eu acho é que a opinião pública, de tanto ser manipulada, acaba por ficar imune e já não ligar às opiniões do grupo de 10 ou 20 economistas – sempre os mesmos – que invadem as nossas casas com as suas opiniões.

 

Vamos lá:

 

Diz um, que até é professor de uma das nossas Universidades, e é um daqueles que à custa de nos ser impingido muito lemos e ouvimos: “Não há solução, temos de sair do euro”. Penso eu, que sou empreendedor e gestor, mas este senhor Economista Professor não sabe do que está a falar, infelizes dos alunos dele.

  1. Diz outro, que também é Professor Universitário, e, para mal de todos nós, até foi Ministro “As grandes obras públicas, o TGV e o Aeroporto, têm de prosseguir porque são essenciais ao desenvolvimento do País e criam emprego. Lá penso eu, pobre de mim que sou só empreendedor e gestor, mas este Senhor Ministro, que é Economista e Professor, só diz e faz coisas idiotas, não percebe nada de economia!
  2. Dizem vários, quase todos Professores Universitários, “Para cumprir o MU assinado com a “troika” Portugal vai entrar em recessão”. E eu que ouço isto, dou por mim a pensar. Se estes Cavalheiros dirigissem uma Empresa era uma desgraça, faliam em três tempos. Então não sabem que a gestão (do País, duma Autarquia, dum Clube Desportivo, duma Empresa) é caracterizada pela escassez de meios e pelo uso optimizado desses meios. Não sabem que as dificuldades são as barreiras que temos de ultrapassar para chegar ao objectivo e que isso se faz com planeamento de acções e sua execução. Quero dizer, que tendo assumido um compromisso com os credores, não temos necessariamente de entrar em recessão, antes pelo contrário, temos de inventariar os escassos meios de que dispomos, os objectivos que pretendemos, melhor TEMOS de alcançar, e depois programar as acções, definir responsáveis pela sua aplicação, controlar a execução, e ir até ao fim. Se formos gestores competentes conseguiremos atingir as nossas metas (objectivos).

 

Par não me ficar na classe dos teóricos e não passar de “fala-barato”, aqui vão algumas sugestões para cumprir o MU com a “troika” e crescer:

 

 1       Obras Públicas:

 

        Salvo as necessárias para embaratecer/facilitar a curto prazo, o nosso abastecimento de matérias-primas para as nossas indústrias  e ou os produtos da nossa produção, são TODAS suspensas “sine-die”.

 

      Exemplos de obras públicas necessárias e de retorno imediato:

 

a)     - Navegabilidade do Rio Tejo até Azambuja, com desdobramento do Porto de Lisboa “up-river”

b)    – Reformulação do caminho-de-ferro de mercadorias de modo a ligar o Porto de Lisboa (margem direita do Tejo) às nossas indústrias e a Espanha, poupando cerca de 200 kms na ligação do porto de Lisboa (margem direita do Tejo) a Badajoz.

c)     Electrificação da linha de caminho de ferro até Badajoz, em sistema compatível com a restante rede Portuguesa e a Rede Espanhola.

 

2 - Investimentos Privados a desmotivar (via fiscal e taxas de juro):

 

a)     – Todos, sem excepção, que se destinem à produção ou distribuição de bens e serviços não transaccionáveis.

b)    – Construção civil para habitação e escritórios

 

3 – Investimentos Privados a APOIAR e MOTIVAR (via fiscal e taxas de juro)

 

a)     - Produção e logística de bens e serviços transaccionáveis, que se exportem ou evitem importações.

b)    – Projectos de agricultura de alto valor acrescentado, potenciando a utilização de terras irrigáveis ou já irrigadas pelas Barragens de Alqueva e Campina da Idanha.  O Potencial de criação de empregos é da ordem dos 200.000 e o VAB anual é da ordem dos 12.000 milhões de euros.

c)     – Projectos de pesca (aumento e melhoria da frota pesqueira), de piscicultura e de conservas de peixe.

 

        Para melhor proteger estes projectos, captar e motivar o Investimento estrangeiro bem como o regresso das Empresas que ao longo dos últimos anos deslocalizaram as suas actividades:

 

d)    – “Devolver” aos produtores industriais, o direito e dever de marcar o preço de venda nos produtos das suas marcas, retirando este direito às Empresas distribuidoras. Qualquer estudante de marketing sabe que o preço é um dos constituintes mais importantes do “mix” de marketing. Retirar este direito e dever ao “dono” da marca e dá-lo ao distribuidor é o modo mais eficaz de destruir marcas e de dar aos distribuidores um poder que não é deles.

 

e)     – Lançar derrama em sede de IRC sobre as margens de lucro obtidas por importadores ou distribuidores, derivadas da comercialização de bens ou serviços importados que substituam a produção nacional (normalmente bens da agricultura, da pesca, da indústria agro-alimentar).

 

f)      – Lançar derrama em sede de IRC sobre lucros obtidos pela utilização industrial e ou comercialização de matérias-primas, produtos, máquinas - ferramenta, produzidos em paraísos fiscais (exºs. Zonas livres da Madeira e de Tanger) de modo a compensar lucros ilegítimos e concorrência desleal, das Empresas que se deslocalizaram do País para esses paraísos fiscais.

 

g)     – Lançar derrama em sede de IRC sobre lucros obtidos na comercialização de bens importados de Países terceiros e que anteriormente eram produzidos em Portugal (actividades deslocalizadas há menos de 15 anos)

 

h)    – Lançar de derrama em sede de IRC sobre lucros obtidos por importação de matérias-primas e produtos intermédios de Países que pratiquem o benefício fiscal interno na exportação de bens (exemplos Argentina, Malásia e Indonésia.

 

i)       Negociar com o BCE taxas de juro abaixo da inflação aceitável (nunca mais de 1,5% ao ano), especificamente e só para este tipo de actividades e investimentos.

 

j)        Taxa de IRC não deve ultrapassar os 10% (**)

 

       (**) vale mais 10% de alguma coisa que 30% de nada.

 

 

Já estou à espera da grande lista de constrangimentos e impossibilidades legais para se executarem estas medidas. Já estou a ouvir milhares de vozes a dizer “isso é impossível, você está a sonhar. A minha resposta vai já em antecipação: “Não há constrangimentos, não há nenhuma regra aceite na EU que impeça a adopção de medidas fiscais internas e a compensação pela via fiscal dos benefícios ilegítimos obtidos pela prática da concorrência desleal é perfeitamente legítima, tudo isto é possível, basta querer e eu estou acordado, não estou a sonhar”

 

Para além das sugestões acima, temos ainda a questão da competitividade fiscal em combustíveis com Espanha. Todos sabemos que a Espanha “conquistou” em termos fiscais 60 Kms de território português ao longo de toda a fronteira, através do preço do gasóleo, da gasolina e do gás doméstico em garrafas.

 

O caso do gasóleo é mais grave. Nós pagamos as auto-estradas, nós pagamos todos os encargos do “Estado - Social” os espanhóis cobram os impostos abastecendo de gasóleo todos os camiões TIR bem como os nossos cidadãos que vivem ao longo da fronteira.

 

A acção a desenvolver (por economista) será:

 

- Calcular em que quantidades de gasóleo aumentariam as nossas vendas se o preço fosse igual ao de Espanha.

 

Se,  como penso, as vendas aumentassem 10%, poderíamos reduzir o nosso ISP para o nível Espanhol, sem perder receita para o Estado, já que alargávamos a base de incidência. No final, o Estado Português receberia o mesmo valor global, mas todos os nossos transportes ficariam mais baratos – logo maior competitividade – e os nossos cidadãos deixariam de ir abastecer-se nos fins-de-semana aos supermercados espanhóis, pagando o respectivo IVA em Portugal. Parece simples, não parece? Então porque razão se não faz?

 

É evidente que tudo o que acabei de escrever é matéria demasiado óbvia e simples para ocupar a mente e a dialéctica dos Economistas da Comunicação Social, que obviamente têm pensamentos e questões mais profundas para analisar e comunicar.

 

Lisboa, 5 de Julho de 2011

 

 João A. J. Rodrigues

Empreendedor, Empresário, Gestor, e pensador livre em questões de economia

PALAVRAS

 (*)

 

Os meus versos são palavras escritas

E falam!

Têm sonoridades bem diversas

E gritam!

Contam emocionados as minhas desditas,

As que se veem, as que estão imersas…

E calam!

Dizem-me que as coisas que escrevo

São tristes.

Mas, não sou um homem desgostoso.

Até me atrevo

A fazer chistes,

De humor duvidoso.

Palhaçadas!

Faço, ao mesmo tempo,

De palhaço pobre,

De palhaço rico.

As minhas palavras são madrugadas,

Onde não mora o contratempo,

Antes um Sol brilhante e nobre

Que nada tem de pudico.

Os meus versos são sulcos

Abertos no meu peito,

A minha mão conduz a caneta

Qual arado!

Sou um ser imperfeito,

Vários cultos!

Mas não vivo amedrontado!

Tenho tristeza e alegria

Quanto baste.

Não sou profeta!

Em mim reside o contraste

E a ousadia

De querer ser Poeta!...

 

 Luís Santiago

 

Sintra, em 29 de Julho de 2012

 

(*)http://www.google.pt/imgres?um=1&hl=pt-PT&authuser=0&biw=1366&bih=643&tbm=isch&tbnid=iZeR2kKDb1I0nM:&imgrefurl=http://aspalavrasqueseduzem.blogspot.com/2010/09/o-homem-e-o-poeta.html&docid=5pBcpal9gZ2T1M&imgurl=https://1.bp.blogspot.com/_gVKgIo7swuI/TIlZxesdqcI/AAAAAAAACL4/y_AhkP0SUVo/s400/20-10_dia_do_poeta.jpg&w=350&h=250&ei=yPgaUIXALcSpiAftrYGADA&zoom=1&iact=hc&vpx=508&vpy=106&dur=1106&hovh=190&hovw=266&tx=134&ty=113&sig=109766553202599468647&page=1&tbnh=133&tbnw=177&start=0&ndsp=21&ved=1t:429,r:16,s:0,i:119

UMA VERGONHA NACIONAL

 (*)

 

Segundo nota do Conselho Federal de Medicina (CFM) as normas e procedimentos do Estado Brasileiro para combater a corrupção, o uso de drogas, e propiciar uma melhor assistência médica, têm-se mostrado insuficientes ou ineficazes para a população. Trocou-se a qualidade pela quantidade na formação profissional. Tem-se menos gente analfabeta, mas que é incapaz de, mesmo alfabetizada, entender um texto um pouco mais longo. Nestes últimos dez anos Escolas de nível Universitário foram abertas sem o respectivo respaldo estrutural-académico que propicie um ensino verdadeiramente qualificado. Em pesquisa feita pelo Conselho Regional de Pernambuco (Projeto Caravana Nacional), numa escala de 0 a 10 para determinar a qualidade dos serviços e políticas públicas do Governo, tem-se uma média global de 4,80. A saúde Pública mereceu a nota 5,29, o combate às drogas 3,76 e à corrupção uns míseros 3,40, o que para uma nação que se diz democrática e respeitadora dos direitos do cidadão é uma vergonha nacional.

 

Apesar do quadro nada alentador, aonde há falta de médicos interessados em trabalhar no deficitário serviço público, o governo de uma forma arbitrária, sem consultar a categoria profissional e sem dar explicações esclarecedoras, emitiu uma MP ( medida provisória- 568/2012) reduzindo-lhes os salários pela metade. Os protestos imediatos e a greve dos servidores federais fizeram o governo recuar e suspender a medida até nova avaliação.

 

Toda essa situação conflituante nos faz pensar. Que esperar de um governo que reclama da falta de profissionais e que ao mesmo tempo incita os médicos a abandonar a área de Saúde Pública pelos baixos salários ofertados? Que pensar de um governo que retira os já deficientes hospitais universitários da condição de estatutários e cria uma empresa de serviços hospitalares? Que ao invés de interiorizar a medicina, criando condições estruturais locais que facilitem a fixação do médico no interior, centraliza os atendimentos hospitalares nas grandes cidades, saturando hospitais, deixando sem leito muitos pacientes necessitados. Como dar eficiência ao atendimento hospitalar se nunca há vagas para fazer internações?

 

Trazer médicos de outros países, como propõe o governo, sem prova de revalidação, para atender nos locais mais afastados e com poucos profissionais, além de não ser a solução, ainda põe em risco a saúde da população. O Brasil precisa de políticas públicas realmente sérias, eficazes, bem gerenciadas, que não maquilhem e sim que resolvam de facto os inúmeros problemas sociais e de saúde que martirizam esta emergente nação.

 

 Maria Eduarda Fagundes

 

Uberaba, 27/07/12

 

Fonte dos dados: Jornal do CFM

 

(*) http://www.google.pt/imgres?um=1&hl=pt-PT&authuser=0&biw=1366&bih=643&tbm=isch&tbnid=ricyCpx7ZwBmVM:&imgrefurl=http://crmrr.blogspot.com/2012/07/saude-no-brasil-o-pais-tem-urgencia-de_03.html&docid=IvF3SP0EalPD7M&imgurl=https://1.bp.blogspot.com/-gH-DdpNIj88/T_NsacGdY3I/AAAAAAAAAFw/jIpwF3TvTuc/s1600/banner-360x360.jpg&w=360&h=360&ei=fDcaUMHsCuWYiAfYsoC4DA&zoom=1&iact=hc&vpx=768&vpy=98&dur=2410&hovh=225&hovw=225&tx=133&ty=107&sig=109766553202599468647&page=1&tbnh=143&tbnw=143&start=0&ndsp=18&ved=1t:429,r:15,s:0,i:115

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