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A bem da Nação

HERESIAS - II

(*) 

Concerto de concertinas - I

v     Se toda a gente bota sentença sobre o acordo na Concertação Social, que mais isto e mais aquilo - porque não eu?

 

v     Mas, primeiro, uma declaração de interesses: creio que o modelo de mercado é, no estado actual da arte, o modo mais razoável de organizar as actividades produtivas, de distribuir o produto social (o “produto”, de ora em diante, para simplificar) e de orientar o excedente: as três dimensões da esfera real da economia.

 

v     A razoabilidade vem-lhe do facto de, contrariamente às alternativas, não fazer da mudança um drama ou uma tragédia: a disponibilidade para mudar está-lhe nos genes, tolerar as mudanças é o seu credo. Só por isso. O bastante para fazer de mim um aficionado do pensamento liberal.

 

v     Se é o modelo óptimo (no sentido de maximizar o produto social, ou de o distribuir com maior equidade), não sei. Sei, sim, que um óptimo só é óptimo relativamente a um dado indicador escolhido de antemão. Escolha-se outro, de entre os muitos que descrevem a realidade, e o óptimo será outro também. Não surpreende, pois, que a temática do “óptimo social” seja fonte de discussões sem fim.

 

v     Garantida que esteja a continuidade da organização social, pelo menos tal qual exista num dado momento (a “reprodução” da sociedade - K. Marx dixit - é uma baliza inamovível neste debate), tudo o mais (a escolha do indicador, por exemplo) pertencerá ao domínio do arbitrário, das preferências pessoais – da ideologia, em suma. E, no catálogo, há ideologias de todas as cores e para todos os gostos.

 

v     O modelo de mercado tem alicerces muito simples. Bastam-lhe: um Estado de Direito (para criar um ambiente de segurança jurídica e inspirar a legítima confiança) e um sistema de pagamento (que nem é forçoso que funcione com eficiência germânica). Aquele, para que as pessoas não temam celebrar contratos; este, para que os contratos possam ser levados a bom porto, a contento das partes. Agora, perfeito, perfeito, não é - por mais que se faça ou diga.

 

v     Não é perfeito porque, sendo um modelo que inscreve as transacções monetárias (contratos de compra e venda que movimentam liquidez) na esfera real da economia, não dispensa a liquidez – mas, hélàs! não dá pistas que conduzam ao que seja o volume óptimo da liquidez. E aí estão os Bancos Centrais a consultar os astros e a agir às apalpadelas (eles não gostam que se diga isto, mas é assim).

 

v     Não é perfeito porque lhe faltam mecanismos que tragam de volta à esfera real da economia quem, por má cabeça ou destino aziago, deixe de participar no processo produtivo e fique totalmente desprovido de liquidez (logo, impedido de contratar). Se nada mais existir senão o direito de contratar, ficar definitivamente sem fichas implica ter de abandonar a mesa de jogo para não mais regressar: sem liquidez/dinheiro, não há como entrar no jogo da distribuição do produto, nem há como decidir sobre o excedente.

 

v     Não é perfeito porque, na ausência de regulação e supervisão, os desequilíbrios entre as partes que contratam (designadamente, quanto à informação relevante e à liquidez/dinheiro disponível) tendem a acentuar-se a tal ponto que a mudança só poderá ter lugar com tons de drama ou, mesmo, traços de tragédia. Não mais a mudança consentida, de que o level playing field contratual é o motor.

 

v     A sabedoria popular identificou, há muito, estas duas últimas imperfeições: “Quem não tem dinheiro, não tem vícios”; “Dinheiro faz dinheiro”. A teoria, porém, distraída, ainda não notou que estas imperfeições, conjugadas, geram dinâmicas que levam à contracção da actividade e do produto – e ao desemprego de vida inteira.

 

v     Vem isto a propósito da Concertação Social, concebida como uma solução para a última das três imperfeições. Reúne Governo (no papel de regulador e supervisor), Confederações Sindicais (em representação, não de todos aqueles que só como empregados por conta de outrem conseguirão participar no processo produtivo, mas dos que têm emprego efectivo) e Confederações Empresariais (dando voz aos que investiram capital nas empresas).

 

v     As ausências fazem-se notar. Como é possível:

(1) Debater condições de trabalho, quando os desempregados não têm assento à mesa da negociação?

(2) Discutir o emprego, quando as iniciativas empresariais por concretizar, a solução maior para criar emprego, não se fazem ouvir?

(3) Manter o Sistema Financeiro ao largo, quando, entre nós, nada se faz sem endividamento?

(4) Ignorar a visão das IPSS, que têm cada vez mais um papel activo na distribuição não contratual (isto é, através de transferências em dinheiro ou em espécie) do produto?

 

v     Ali, discute-se, afinal, como repartir o produto futuro entre os que, naquele momento:

(1) tomam parte na produção;

(2) fazem votos para que, no que lhes toca, nada de fundamental mude.

 

(cont.)

 

 A. Palhinha Machado

Janeiro 2012

(*)http://www.google.pt/imgres?q=concerta%C3%A7%C3%A3o+social&um=1&hl=pt-PT&sa=N&biw=1024&bih=735&tbm=isch&tbnid=EpV3h8TerGQMqM:&imgrefurl=http://www.precariosinflexiveis.org/2010_07_01_archive.html&docid=R0n8ouYl2WaFqM&imgurl=https://1.bp.blogspot.com/_lhCkUctAfaA/TEiRFdJEBbI/AAAAAAAADEo/B04ZxqR-SqU/s1600/taxas-bancos%25255B1%25255D.jpg&w=344&h=350&ei=gaknT9qHBurG0QWMpZiGBQ&zoom=1&iact=hc&vpx=334&vpy=139&dur=4470&hovh=226&hovw=223&tx=121&ty=133&sig=103199333124114169491&page=2&tbnh=166&tbnw=163&start=13&ndsp=16&ved=1t:429,r:5,s:13

BRINCANDO COM A LÍNGUA PORTUGUESA

 

 

Numa rua, ao ser cortado pela esquerda, indignado o motorista grita : "Espeloteado", não me viu!

 

Provavelmente o outro motorista vai ficar sem saber se foi ofendido ou não, mas terá certeza que não foi elogiado!

 

Até para se xingar correctamente é preciso saber português. Será que você saberia o que eles estão a dizer? Não vale consultar o dicionário...

 

Na estação, lá estava ele, irritado, achamboado, aguardando a esposa que chegaria de trem às dez e meia. Após a análise de todos os fatos, todos chegaram à mesma conclusão: Ele era um perigoso uxoricida.

 

Ao verem-no de braços dados com a Modelo pensaram: Ai está um verdadeiro mama-em- onça!

 

Aquele ar xacoco afastava qualquer ideia de aproximação!

 

Na vila onde morava corria de boca-em-boca que ele era um franchão!

 

Açorda, açorda, gritava a rapaziada sem que ele entendesse nada! Toda a vez que eles se encontravam era a mesma conversa de amouco!

 

Traduzindo...

 

Sinónimos:

Achamboado- desajeitado, grosseiro

uxoricida- matador da própria esposa

mama-em-onça- aquele que dá o golpe do baú, que casa por dinheiro...

Xacoco- ordinário

franchão- mal-encarado

açorda- aqui no sentido de mole, palerma...

amouco- bajulador doentio

espeloteado- irresponsável

Desculpem a brincadeira...pois sei que muitos conhecerão todos esses xingamentos...ou não são?

 

Um amplexo

 

 Maria Eduarda Fagundes

 

LIDO COM INTERESSE – 53

 

 

 

Na busca de fundamentos que sustentem especulação que ora me passa pela cabeça, eis-me com um livrinho na mão, escassas 80 páginas, formato de bolso: «Isabel de Aragão, Rainha Santa», de Vitorino Nemésio (Texto Editores, 1ª edição - Outubro de 2011).

 

Rapidamente vi que não iria encontrar grandes pistas para a minha investigação e foi depressa também que me comecei a encantar com o estilo da escrita e quase a abdicar do conteúdo. Lembrei-me do meu Avô que lia e relia certas obras de Camilo e de Eça pelo prazer dos estilos literários e abdicando totalmente dos enredos que já conhecia de cor e salteados.

 

De assinalável rigor histórico – nem sequer imaginaria Nemésio a inventar coisas só para enfeitar páginas – fiquei a saber que Dante referiu D. Dinis na «Divina Comédia» (que nunca li). Mas para além da seriedade factual, foi mesmo o estilo literário que mais me satisfez.

 

A bondade da rainha ficou na História e de tal modo essa virtude se elevou física e espiritualmente que Urbano VIII a faz subir aos altares. Admito, por enquanto, que o tenha feito como modo pragmático de agregar a Roma alguém cuja fé original pode ter a ver com os banidos no longínquo segundo Concílio de Efeso (431)...

 

Mas se as virtudes de Isabel se pautaram por parâmetros ainda hoje irrepreensíveis mas sempre com uma grande espiritualidade, as de D. Dinis, homem pragmático, seguiram figurino diferente e não raras vezes o rei se preocupou com a gestão financeira que a rainha desenvolvia, sempre adulada por «cáfila que se agarrara aos portões como carraça a podengo» exalando «fedor a desenterrados que fazia ladrar os cães e punha os milhafres de asa baixa»; e às crianças abandonadas dava ajuda mas «quando se faziam homens tirava-lhes a alpista para não se fazerem madraços». E Nemésio refere que os temores do rei começaram com um simples rebate «tão leve como frechada de estorninho que deixa a tremer o verde ramo» culminando na cena do milagre das rosas.

 

E se a serena rainha teve dois filhos, Constança e Afonso, o fogoso rei teve esses e muitos mais. Por isso refere Nemésio que nas numerosas digressões do casal régio se viam as «lombas onde a mula da Rainha subia de barbela baixa ou o cavalo de El-Rei se empinava à passagem de poldra imprevista».

 

Lembremo-nos de que a astúcia de D. Dinis era enorme a ponto de conseguir trocar as voltas ao seu irmão, o infante D. Afonso, de modo a que as propriedades raianas voltaram à posse do rei por troca de outras no litoral onde o infante não mais poderia conspirar em contacto directo com Castela: «Chamasse agora o castelhano para uma fogueira de súcia, depois da carqueja molhada...».

 

A diplomacia a que a rainha se dedicou durante todo o reinado no intuito de fazer a paz entre os permanentes conflituantes, deu para afirmar que «Portugal era de ares muito finos, havia sempre aves afadigadas que passavam os bicos por cima das sombras de Isabel». Essas desavenças perturbavam seriamente o reino a ponto de que «só na redondeza de Leiria o verde pino deitava as orelhas de fora para crescer». Entretanto, de tanto atender aos contendores, «a mula da Rainha andava de cascos gastos». Vir a Lisboa passava por «ver para que lado corriam os corvos de S. Vicente».

 

O cenário ridente da construção do Convento de Santa Clara (a nova) mereceu o comentário de que «a sua mula mordia freio de prata e o Sol não sabia em que mais pedras havia de pôr os raios» não obstando, contudo, a que «um monstro de testa chata abraçava um fecho de abóbada e dois bichos de corpo de lesma e cabeça de lobo enroscavam-se um ao outro num capitel. Isabel tinha consigo mestres de boas lembranças!». Mistério!

 

E de que especulação trato? A seu tempo se verá. Se...

 

Tetrapylon - Afrodisias.JPG

Henrique Salles da Fonseca

Versão actualizada dos Lusíadas

 

 

Admire-se o engenho e arte de quem usa a Língua de Camões!!

 

  

  I

  As sarnas de barões todos inchados

  Eleitos pela plebe lusitana
  Que agora se encontram instalados
  Fazendo o que lhes dá na real gana
  Nos seus poleiros bem engalanados,
  Mais do que permite a decência humana,
  Olvidam-se do quanto proclamaram
  Em campanhas com que nos enganaram!

  II
  
  E também as jogadas habilidosas
  Daqueles tais que foram dilatando
  Contas bancárias ignominiosas,
  Do Minho ao Algarve tudo devastando,
  Guardam para si as coisas valiosas
  Desprezam quem de fome vai chorando!
  Gritando levarei, se tiver arte,
  Esta falta de vergonha a toda a parte!

  III

  Falem da crise grega todo o ano!
  E das aflições que à Europa deram;
  Calem-se aqueles que por engano
  Votaram no refugo que elegeram!
  Que a mim mete-me nojo o peito ufano
  De crápulas que só enriqueceram
  Com a prática de trafulhice tanta
  Que andarem à solta só me espanta.

  IV

  E vós, ninfas do Coura onde eu nado
  Por quem sempre senti carinho ardente
  Não me deixeis agora abandonado
  E concedei engenho à minha mente,
  De modo a que possa, convosco ao lado,
  Desmascarar de forma eloquente
  Aqueles que já têm no seu gene
  A besta horrível do poder perene!

  Luiz Vaz Sem Tostões

 

 

 

Recebido por e-mail, Autor não identificado

REFLEXÃO

 

 

Somente os sábios enxergam o óbvio (Nelson Rodrigues)

 

Grandes criadores da ciência moderna tais como, Kepler, Galileu e Newton interpretavam a inteligibilidade matemática do cosmo num sentido teológico como seus contemporâneos Descartes e, sobretudo, Malebranche.

 

Deus criou o mundo com leis matemáticas colocando em nosso espírito “ciências de verdade" (Descartes) que nós apenas temos de desenvolver para o compreender.

 

Kepler, entusiasmado com a descoberta da trajectória elíptica dos planetas, exprime, numa bela página dos seus Cinco Livros sobre a Harmonia do Mundo, a sua gratidão a Deus: Agradeço-te, Criador e Senhor, por me teres regozijado o espírito com o espectáculo da Tua obra.

 

Leibniz admirava profundamente a extrema simplicidade das leis do universo, em que o máximo de efeitos se realizou com o mínimo de meios. O mundo, dizia, originou-se dos cálculos de Deus.

 

Já Platão invocava um Deus que sempre geometriza.

 

A Bíblia, no Livro da Sabedoria (XI, 20), ensina-nos que Deus regulou tudo com medida e com número.

 

 

 Ricardo Bergamini

LIÇÃO DO RATINHO

 

Um rato, olhando pelo buraco na parede, vê o agricultor e sua esposa a abrir um pacote. Pensou logo no tipo de comida que haveria ali.

Ao descobrir que era uma ratoeira ficou aterrorizado. Correu ao pátio da quinta prevenindo todos:

- Há uma ratoeira na casa, há uma ratoeira na casa!!

A galinha disse:

- Desculpe-me Sr. Rato, eu compreendo que isso seja um grande problema para si mas não me prejudica em nada, não me incomoda.

O rato foi até ao porco e disse:

- Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira!

Desculpe-me Sr. Rato, disse o porco, mas não há nada que eu possa fazer a não ser rezar. Fique tranquilo que será lembrado nas minhas orações...

 

O rato dirigiu-se então à vaca que lhe disse:

- O quê? Uma ratoeira? Por acaso estou em perigo? Acho que não!

Então o rato voltou para casa abatido, para encarar a ratoeira...

Naquela noite ouviu-se um barulho como o da ratoeira ferrando a sua vítima.

A mulher do agricultor correu para ver o que tinha sido. No escuro, não viu que a ratoeira tinha agarrado a cauda de uma cobra venenosa. E a cobra picou a mulher...

O homem levou a esposa imediatamente ao hospital mas ela voltou com febre. Todos sabemos que para alimentar alguém com febre, nada melhor que uma canja de galinha. O fazendeiro agarrou no cutelo e foi providenciar o ingrediente principal, (matou a galinha).

Como a doença da mulher continuava, os amigos e vizinhos vieram visitá-la... Para os alimentar, o agricultor matou o porco.

A mulher não melhorou e acabou por morrer.

Muita gente veio para o funeral. O agricultor então sacrificou a vaca para alimentar todo aquele povo.
(*)
Moral da História:

Da próxima vez que você ouvir dizer que alguém está diante de um problema e julgar que o problema não lhe diz respeito, lembre-se que quando há uma ratoeira na casa, toda a quinta corre perigo. O problema de um acaba por ser um problema de todos!

Recebido por e-mail, Autor não identificado

 

(*)http://www.google.pt/imgres?q=rato%2Be%2Bratoeira&um=1&hl=pt-PT&sa=N&biw=1024&bih=735&tbm=isch&tbnid=OWehwUDCyboQ3M:&imgrefurl=http://www.programamomentoscomjesus.com/Reflex_tex1/Reflexoes/o_rato_e_a_ratoeira.htm&docid=z_KheCsie7U_HM&imgurl=http://www.programamomentoscomjesus.com/Reflex_tex1/Imagens/ratoratoeira.jpg&w=320&h=252&ei=fwQkT5KzJ8O98gPwieXiBw&zoom=1&iact=hc&vpx=91&vpy=139&dur=89&hovh=199&hovw=253&tx=157&ty=100&sig=108364103958560163334&page=1&tbnh=123&tbnw=158&start=0&ndsp=21&ved=1t:429,r:0,s:0

BABEL SEM SIÃO

 

ou

 

ABAIXO O ACORDO ORTOGRÁFICO!

 

 

pela minha vida passaram várias reformas ortográficas, os êstes e as estrêlas acentuados, creio que já escrevi mãi com i. Mãe passou a escrever-se com e na sequência de outros ditongos nasais de idêntica forma - (em cães, pães) - resultantes de uma etimologia latina ( -anes). O que estava mal era o ãi, que não existe.

 

No novo acordo, pelo contrário, a etimologia latina deixou de interessar, escreve-se como se quiser, afinal, conforme se pronunciam ou não determinados sons, não há uma uniformidade de critérios, não sei como será para se ensinar ortografia, num caldo linguístico de puro desrespeito até por uma Europa novilatina que não se dá a esses afãs de renegar a sua escrita, como nós.

 

Uma bandalheira própria de um povo abandalhado, muito justamente na cauda.

 

 Berta Brás

 

PORTUGUÊS MODERNO...

 

... MUITO SOFRE UM BANCÁRIO!

 

 

"Bom dia. Quero saber se o meu obstrato já chigou?"

 

"Queria o nibel da conta"

 

"Queria um carneiro de cheques"

 

"A minha retrete já veio?"

 

"Dou o meu abalo ao suscritor"

 

"Quero dissolver esta conta"

 

"Desculpe, a partir de que valor é que a conta fica negativa?"

 

"A sua colega que está na máquina multibanco ficou-me com as notas!"

 

"A máquina comeu o meu cartão Securitas!"

 

"O multibanco enganou-se. Posso falar com a Sr.ª que está para ali a falar dentro da máquina?"

 

"Queria fazer umas perguntas sobre aquele cartão "nespresso"

"Estou muito nervosa, o meu cartão foi extraviolado..."

 

"Bom dia. Tou a chegar agora da França e venho aqui para ver se os seus chiffres batem com os meus..."

 

"Porque é que os cartões agora têm um chispe?"

 

Recebido por e-mail, Autor não identificado

O PIB, A INFLAÇÃO E ALGUNS BILIÕES

 

 

Estou a começar a convencer-me de que temos, no Brasil, o melhor governo do mundo! Voltámos à época, de onde aliás nunca saímos, do “rouba mas faz”, só que agora o lema é outro: “rouba, não faz, mas também não atrapalha –muito - os que querem fazer”!

 

Recorda-me um jogo do tempo em que eu era menino (bota anos nisso...): jogava-se com feijões e uma espécie de pião com quatro faces, onde estava escrito “Rapa – Deixa – Tira – Põe”. Todos começavam por pôr um feijão na mesa e jogava-se. Se saía “Rapa” o felizardo ficava com todos os feijões da mesa, e os parceiros tinham que repor um feijão cada. No “Deixa” nem tirava nem punha. No “Tira” tirava um, e no “Põe” colocava um na mesa.

 

Aqui ainda se mantém esse jogo, de forma “um pouco” diferente: no “Rapa” o excelentíssimo, rapa tudo quanto pode, no “Deixa”, deixa ficar como está, i.é, no próprio bolso, no “Tira”, tira ainda mais o que puder, e no “Põe”... põe num paraíso fiscal.

 

Enfim.

 

O ano passado a madama dona presidenta, na sua fobia por reduzir custos, gastou somente, sem licitação, teoricamente obrigatória, a módica quantia de 17,5 biliões! Uns trocados equivalentes a dez biliões de dólares. Pulso forte é isso aí.

 

Entretanto no departamento de estradas federais, do ministério dos transportes, durante o mesmo período, sumiram, sumiram, somente R$ 680.000.000 – seiscentos e oitenta milhões – que não serviram para tapar buracos das estradas mas para... para que? Toda a gente sabe – polícia, governo, congresso, tribunais, etc. – mas não vale a pena procurar por essa grana. Sumiu e está o assunto encerrado.

 

Como é evidente as estradas estão bastante caóticas.

 

O ministério da justiça (???) decidiu comprar um monte de cameras de circuito interno para controlo nas prisões. E como o pessoal do ministério é esperto, brasileiro que sempre consegue “dar um jeitinho”, comprou as cameras mais baratas. No Paraguai. Dali entraram no país de contrabando, “contabando legítimo” como dizia Odorico Paraguassu (o saudoso Paulo Gracindo), prefeito de Sucupira quando interpretava a novela “Bem Amado”! (Isto, sim, uma maravilha!)

 

Como as cameras, além de serem de segunda ou quinta qualidade, não tinham assistência técnica no Brasil, hoje... nem uma só funciona mais! Nem umazinha!

Descanso para quem estava de vigia!

 

Mas que foi uma economia formidável que o ministro fez, não há porque duvidar. (A propósito: o ministro não foi demitido! Para que? É tudo fruto da mesma...)

 

E como há juízes que chegam a receber, legalmente, até cento e cinquenta mil por mês...

 

Bom, apesar de tudo isto, e muito mais, o governo, consciente das suas responsabilidades faz curiosas habilidades:

- no tempo do tal sapo barbudo, o dito, insatisfeito com o crescimento do PIB, mandou (o chefe mandou!) que se reformulasse outro método de calcular o tal do PIB. E assim tipo “fada madrinha” o PIB que teria sido de 1% (ou menos, já nem recordo bem) passou para 3,5%.

 

M A R A V I L H A !!! Assim é que eu gosto. Contas são contas.

 

Agora... com a inflação a ultrapassar a meta pré estabelecida pelos crânios tecnocratas, a solução seguirá os mesmo passos.

 

Por exemplo, em vez do chuchu, comida barata, popular, vão entrar os telefones celulares, que como se sabe qualquer dia estarão a ser oferecidos, grátis. E a inflação baixa.

 

Também se retirou um peixinho qualquer baratucho, mas bom, que todos consumíamos, e entra o salmão, porque, dizem os sábios, como o povo está a comer melhor, aumentou o consumo do salmão! (Vou sugerir que entre também o caviar... iraniano!)

 

E vai entrar o item automóveis. Não entra ouro porque está muito caro, mas talvez diamantes. E a inflação “vai baixar”!

 

Mas nós, os otários, que sempre temos que ir ao supermercado fazer compras – há que sobreviver – é que vemos que cada vez mais, com o mesmo dinheiro, se compra menos!

 

E com toda esta fantástica evolução continuam a viver cerca de onze milhões de brasileiros com índice de pobreza tal, que mal conseguem comer.

 

Mas não se preocupem. Nem tudo é tristeza, porque, além do Carnaval estar próximo, também tem notáveis candidatos à política. Verdadeiramente brilhantes:

- um radialista de IPU, um município do intériô do Ceará, chamado Demizão, apresenta no seu programa de candidato a vereador, “criar um albergue com psicólogos, para cuidar dos cornos da cidade.” Segundo o grande Demizão, Ipu está cheia de homens que sofrem quando as mulheres os corneiam!

 

E assim este continente, celeiro do mundo, cheio de riquezas naturais, segue viagem à ilharga do velho continente agonizante e dos snobs do Norte destas bandas, cumprindo a visão de Pedro Vaz da Caminha: “aqui, em se plantando, TUDO dá!”

 

Até corno!

 

Rio de Janeiro, 24/01/12

 

 Francisco Gomes de Amorim

E VIVÓ ACORDO

 

Quando eu escrevo a palavra acção, por magia ou pirraça, o computador retira automaticamente o C na pretensão de me ensinar a nova grafia.

De forma que, aos poucos, sem precisar de ajuda, eu próprio vou tirando as onsoantes que, ao que parece, estavam a mais na língua portuguesa.

Custa-me despedir-me daquelas letras que tanto fizeram por mim.

São muitos anos de convívio.

Lembro-me da forma discreta e silenciosa como todos estes CCC's e PPP's me acompanharam em tantos textos e livros desde a infância.

Na primária, por vezes gritavam ofendidos na caneta vermelha da professora: - não te esqueças de mim!

Com o tempo, fui-me habituando à sua existência muda, como quem diz, sei que não falas, mas ainda bem que estás aí.

E agora as palavras já nem parecem as mesmas.

O que é ser proativo?

Custa-me admitir que, de um dia para o outro, passei a trabalhar numa redação, que há espetadores nos espetáculos e alguns também nos frangos, que os atores atuam e que, ao segundo ato, eu ato os meus sapatos.

Depois há os intrusos, sobretudo o R, que tornou algumas palavras arrevesadas e arranhadas, como neorrealismo ou autorretrato.

Caíram hifenes e entraram RRR's que andavam errantes.

É uma união de facto, e para não errar tenho a obrigação de os acolher como se fossem família. Em 'há de' há um divórcio, não vale a pena criar uma linha entre eles, porque já não se entendem.

Em veem e leem, por uma questão de fraternidade, os EEE's passaram a ser gémeos, nenhum usa (^^^) chapéu.

E os meses perderam importância e dignidade; não havia motivo para terem privilégios. Assim, temos janeiro, fevereiro, março, são tão importantes como peixe, flor, avião.

Não sei se estou a ser suscetível, mas sem P, algumas palavras são uma autêntica deceção, mas por outro lado é ótimo que já não tenham.

As palavras transformam-nos.

Como um menino que muda de escola, sei que vou ter saudades, mas é tempo de crescer e encontrar novos amigos.

Sei que tudo vai correr bem, espero que a ausência do C não me faça perder a direção, nem me fracione, e nem quero tropeçar em algum objeto.

Porque, verdade seja dita, hoje em dia, não se pode ser atual nem atuante com um C a atrapalhar.

Só não percebo porque é que temos que ser NÓS a alterar a escrita, se a LÍNGUA É NOSS ...?!?! ?

Os ingleses não o fizeram, os franceses desde 1700 que não mexem na sua língua e porquê nós?

Ou atão deichemos que os 35 por cento de anal fabetos afroamaricanos fassão com que a nova ortografia imponha se bué depréça!

             
 

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