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A bem da Nação

A nova equipa na Agricultura – 2

(*)

 

A história dos grandes laboratórios de investigação científica do Estado, fora das universidades, começa em Novembro de 1936, com a criação da Estação Agronómica Nacional. Graças ao génio dum jovem agrónomo, o Prof. António de Sousa da Câmara, e um Ministro da Agricultura, o Dr. Rafael Duque, que compreendeu o que era fundamental para desenvolver a agricultura portuguesa, iniciou-se algo que serviria de modelo a tudo o que, no campo da investigação científica se viria a criar alguns anos depois. Foi, também, criada então a carreira de investigador científico, paralela da carreira docente universitária.

 

Instalada provisoriamente no Mosteiro dos Jerónimos, em breve se transferiu a Estação Agronómica para uma quinta e edifício próprio, em Sacavém, sempre funcionando como um bom instituto de investigação, como é possível ver no volume comemorativo dos 50 anos, publicado em 1986. Nas décadas de 1950-1960, porque a SACOR necessitou de expandir as suas instalações, em Sacavém, para os terrenos da Estação, foi adquirida a parte Norte da Quinta do Marquês, em Oeiras, e construídos novos edifícios.

 

Dez anos depois da EAN e decalcado dela (embora tivesse podido não sofrer algumas das limitações da EAN) foi criado um outro grande laboratório, no Ministério das Obras Públicas, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).

 

Entretanto, em 1942, nasceu em Elvas uma outra instituição, dedicada a uma especialidade da investigação agronómica, a Estação de Melhoramento de Plantas (EMP), cujo objectivo era a obtenção de melhores variedades de plantas, nomeadamente de cereais e de forragens. Algumas outras instituições foram criadas posteriormente, como o Laboratório de Física e Energia Nuclear e o Instituto
Nacional de Investigação Industrial.

 

Considerando os três primeiros desses institutos (EAN, EMP e LNEC), de que tenho mais informação, o que deram ao país, não só em produção científica e prestígio internacional, mas também em resultados económicos, foi muitas vezes o que o Estado neles investiu. A destruição que sofreram, ao longo dos últimos anos (em obediência à "lei", referida no artigo anterior, que manda destruir toda a investigação científica pública que não seja das universidades) e que faz deles hoje uma sombra do que foram, causou ao país uma perda incalculável que, em termos económicos, se expressa no nosso miserável PIB e, consequentemente, das receitas do Estado. Se, em vez da destruição desses grandes repositórios de "know how" (e fontes da agora tão apregoada inovação), eles tivessem continuado ao seu ritmo anterior (ou, mais desejável, até com algum aumento), Portugal não estaria nos actuais e tão graves apuros financeiros e económicos.

 

Em próximos escritos direi o que, na minha opinião, deve ser feito para recuperar, o mais cedo possível, do atraso causado pelos últimos governos. Naturalmente, apenas referirei os casos da investigação agronómica, aqueles em que é minha obrigação ter alguma competência. Como, para desenvolver a agricultura, eu considero que, além da investigação agronómica é também necessário um bom
serviço chamado, internacionalmente, de extensão agrícola (ou extensão rural), cuja função é levar até ao agricultor os conhecimentos de que necessita e, nomeadamente, aqueles que vão sendo criados pela investigação, a ele dedicarei algumas linhas. Acontece, até, que para esse serviço existe um caso bem quantificado que mostra os fabulosos juros que rendem (até para o Orçamento do Estado!) os
dinheiros nele investidos. Infelizmente, porque as chefias nunca quiseram pôr em prática a proposta que fiz há mais de cinquenta anos na EMP (ver "Linhas de Elvas" de 25 de Agosto de 2000), é difícil encontrar mais do que estimativas do que rendem os investimentos na investigação agronómica, igualmente fabulosos.

 

 Miguel Mota

 

Publicado no Linhas de Elvas de 7 de Julho de 2011 a 15 de Setembro de 2011

 

(*) http://www.google.pt/imgres?q=Professor%2BMiguel%2BMota&um=1&hl=pt-PT&sa=N&biw=1024&bih=735&tbm=isch&tbnid=vA3JgJ_-PCrXWM:&imgrefurl=http://www.jornaldesintra.com/2010/05/3-o-ridiculo-nome-de-%25E2%2580%259Cagricultura-biologica%25E2%2580%259D/&docid=8QUBmQ0pgyB_lM&imgurl=http://www.jornaldesintra.com/wp-content/uploads/2010/05/agricultura11.jpg&w=640&h=426&ei=xz_WTo3hBZK68gOXn5n-AQ&zoom=1&iact=hc&vpx=425&vpy=149&dur=301&hovh=183&hovw=275&tx=128&ty=101&sig=108364103958560163334&page=1&tbnh=127&tbnw=169&start=0&ndsp=24&ved=1t:429,r:2,s:0

Goa, Damão e Diu - 3

 

O 15 de Agosto de 1955 no ex-Estado da Índia Portuguesa

A <História> que não foi contada

 


 

O DIA DO SATYAGHRAY

 

Ao entardecer da véspera do dia 15 de Agosto de 1955, era dado o alerta em todas as unidades, com as forças policiais e Guarda Fiscal a tomarem posições dianteiras junto das fronteiras. Caía a noite e as informações recebidas no Quartel General em Pangim, eram de algum modo alarmantes, constando que dezenas de milhares de satyaghras se aprontavam para invadir os Distritos de Goa, Damão e Diu, com a retaguarda apoiada por forças do Exército regular
indiano.

 

Por determinação do Subchefe do Estado Maior do Quartel General, Major Matias, mais tarde adido militar em Londres, foi o autor destas linhas incumbido de o acompanhar na inspecção às diligências estacionadas na fronteira norte. Era noite cerrada, quando partimos de jeep em direcção a Mapuçá, depois da travessia obrigatória, em «ferry-boat», do rio Mandovi.

 

 

Postos de retardamento da ofensiva estavam escalonados nas bermas das estradas e caminhos secundários, por vezes causando calafrios, devido ao aparecimento repentino dos nossos militares, que aos gritos estridentes de «alto», de armas aperradas, nos apontavam pequenos mas potentes holofotes, encandeando a nossa visão.

 

Passada a cidade de Mapuçá, com uma curta paragem no Esquadrão de Cavalaria, a fim do Major Matias se inteirar da situação, seguimos com destino à vila de Perném, depois de passarmos Colvale e atravessarmos o rio Chaporá.

 

Em Perném, onde chegámos pela alva da manhã, as notícias nada tinham de animadoras. O Alferes responsável pela segurança e defesa daquela vila informava que milhares de satyaghras estavam postados do outro lado da fronteira prontos a avançar. Tomada a primeira refeição do dia, partimos com destino a Tiracol, rodeados ainda de maiores precauções.

 

À medida que nos entranhávamos na zona fronteiriça os acontecimentos precipitavam-se. Bandeiras da União Indiana estavam hasteadas nas cabanas que ladeavam a aldeia de Corgão. Recebemos ordens para as retirar, tarefa que poderia ser simples, se alguns dos paus das bandeiras não estivessem em contacto com petardos, enterrados no solo e camuflados pela vegetação.

 

Depois deste moroso trabalho, sem incidentes, um numeroso grupo de satyaghras surge-nos pela frente à entrada da aldeia. Após uma curta refrega em que não houve vítimas, os invasores rendem-se aos quatro ocupantes do jeep. Via rádio pedimos reforços a fim de tomarem conta dos detidos e depois destes terem sido entregues às autoridades policiais, continuámos a estafante caminhada para Tiracol.

 

À entrada da aldeia de Arambole, o confronto foi mais duro com os antagonistas a apresentarem-se em muito maior número e dando mostras de pretenderem atacar a nossa viatura. A breve escaramuça foi filmada por dois correspondentes de guerra estrangeiros, havendo a lamentar a morte de dois satyaghras e ferimentos graves noutro, vitimados por disparos de uma patrulha que não se apercebeu do esforço que estávamos a fazer para os capturar sem violência.

 


 

Igreja matriz - Pangim

Esta peripécia foi objecto de uma extensa reportagem
ilustrada no jornal «India Express», de 28 de Agosto, em que o autor desta resenha é apresentado sem culpa alguma, como o principal protagonista.

 

Dominados os prevaricadores, tivemos que aguardar a chegada de reforços para encetarmos a viagem com destino a Tiracol.

 

Após estes percalços, prosseguimos viagem, entrando-se numa das zonas mais turbulentas deste histórico 15 de Agosto de 1955. Por todos os pontos fronteiriços os satyaghras entravam, apesar dos esforços da Polícia reforçada por militares para os suster, uma vez que toda a fronteira de Goa é propícia a infiltrações em virtude de ser densamente arborizada.

 

Em Quirapanim, no posto da Guarda Fiscal, embarcámos na lancha daquela corporação, percorrendo o rio Tiracol até à fortaleza do mesmo nome, travessia que durou pouco mais de trinta minutos e feita com o credo na boca, devido à proximidade do território da União Indiana. Em Tiracol, o ambiente era calmo, com o Tenente Namora a comandar a guarnição da fortaleza.

 

Horas depois, e com uma ração de campanha a saciar o apetite, ouvimos uma infernal algazarra, vinda do declive sobranceiro à histórica fortaleza. Lá estavam, muitas centenas de satyaghras empunhando dísticos e bandeiras na tentativa de assaltarem a fortaleza.

 

Prontos para o pior, esperámos a investida. Como tal não sucedesse, iniciámos o regresso, desta vez com destino às diligências postadas na fronteira nordeste. A travessia do rio Tiracol fez-se na direcção da aldeia de Querim, em barco a remos, aldeia que fica na margem oposta e defronte do velho baluarte, que no seu interior possui uma ermida dedicada a Nossa Senhora.

 

Em Querim, tomámos o jeep, que se tinha deslocado de Quirapanim e por caminhos perigosos e impróprios para a circulação de uma viatura, prosseguimos na nossa odisseia. Sinquervale, Doramarogo e Maulinguém, onde estava instalada a carreira de tiro militar, eram palcos de confrontos violentos, com as suas pequenas guarnições a expulsarem os indianos para o outro lado da fronteira.

 

Entrámos também nestas cenas sem que antes e nos pontos mais setentrionais do território, tivéssemos assistido e participado na expulsão dos satyaghras. Mas foi naqueles remotos lugarejos que os embates atingiram o auge.

 

Na vila de Bicholim, já se tinham feito estragos, mas após poucas horas da sua entrada, foram repelidos, muitos deles ficando prisioneiros das autoridades portuguesas. Em Valpoi, o panorama foi o mesmo com rijas escaramuças para expulsarem as hostes invasoras. O pessoal civil a trabalhar em obras militares e a própria população auxiliou as forças da ordem a expulsar os assaltantes.

 

Após um frugal jantar onde o cansaço era visível no rosto de todos, rumámos pela calada da noite ao ponto de partida – Pangim. O regresso foi feito sem incidentes, mas por toda a parte eram notórios os vestígios da passagem satyaghray. Pelas aldeias, os habitantes em alvoroço e ainda não refeitos dos acontecimentos do dia e viaturas de toda a espécie tombadas e danificadas. Os militares e polícias retemperavam-se do grande esforço dispendido.

 

Chegados ao Quartel-General fomos felicitados por toda a gente merecendo especial citação as palavras do general José Filipe de Barros Rodrigues, Chefe do Estado Maior do Exército, que se encontrava em Goa, em missão de inspecção, e para quem directamente trabalhei quando prestava serviço no Conselho Superior do Exército, em Lisboa, que teve a gentileza de me louvar em Ordem de serviço.

 

O Coronel do CEM, Antunes, Chefe da Repartição de Reorganização do Exército do Estado Maior, em Lisboa, que acompanhava o general Barros Rodrigues, também dirigiu palavras de louvor à equipa dos quatro no jeep. (1)

 

Mas a proclamada invasão satyaghray ainda não tinha terminado. Na região sul, as notícias chegadas ao Quartel General, faziam prever que ainda havia muito trabalho para fazer, embora o impacto inicial tivesse arrefecido.

 

Entretanto, na madrugada do dia 16, chegava a informação que duas Companhias do Exército regular indiano, tinham atravessado a fronteira, em Tiném, vila fronteiriça da zona centro e estação do caminho-de-ferro que se estende até Mormugão.

 

Foram horas de expectativa que causaram sérias apreensões nas altas esferas militares, mas a borrasca que se avizinhava foi desfeita quando os comandos dessas forças, aos serem cercadas pelas guardas avançadas do Batalhão de Pondá e do Grupo de Cavalaria de Torçanzori, comunicaram que se tinham enganado no caminho, julgando encontrar-se em território da jurisdição indiana.

 

Com a retirada das forças vizinhas, poder-se-á afirmar que o dia mais escaldante e a noite mais longa vividos no então Estado da Índia Portuguesa, antes de 18 de Dezembro de 1961, tinha terminado.

 

Em Damão e Diu, também o movimento popular indiano se fez sentir, mas não com o impacto que se registou em Goa, onde uma dezena de correspondentes de guerra de vários países fez o relato circunstanciado dos acontecimentos, por vezes falhos de verdade.

 

Com este processo de retaliação posto em prática durante muitos anos contra os ingleses, ficava por demais provado que os enclaves portugueses no Hindustão, nunca seriam absorvidos, até porque a sua população continua lá disposta a viver sob a Bandeira das Quinas, embora entre ela houvesse alguns dissidentes.

 

Para aguçar a minha curiosidade, deixei-me ficar para o fim, ficando prisioneiro do Exército indiano, aquando da invasão de 18 de Dezembro de 1961.

 

(1) Este oficial superior, um dos melhores estrategas militares, perdeu a vida num brutal acidente de aviação, em Angola, no auge da guerra naquela ex-colónia portuguesa.

Templo hindu - Manguexa

 

 

FIM

 

Alberto Alecrim

 

Artigo da Revista Macau nº 18 de 1989-edição do Gabinete de Comunicação Social do Governo de Macau
fotografias de Leong Ka Tai  cedidas pelo Instituto Cultural de Macau; cópia fiel

 

http://www.memoriamacaense.org/id305.html

 

A nova equipa na Agricultura – 1

 (*)

 

Depois de vários anos a ser destruída pelos governos – com o máximo de intensidade dessa destruição durante o primeiro governo de Sócrates – a agricultura vê, com o novo governo, o Ministério da Agricultura com uma equipa totalmente nova. Dadas as referências feitas à importância da agricultura durante a campanha eleitoral, pode haver alguma esperança de que o novo governo inverta totalmente a criminosa destruição efectuada até agora e que é em parte responsável pelo estado miserável da nossa economia e das nossas finanças, com o alto défice e a dívida colossal.

 

Sobre o que vai suceder só poderemos ter uma ideia precisa quando se iniciarem os actos de governação. Para já, apenas temos o que está escrito no Programa do XIX Governo, sobre o qual me permito elaborar alguns considerandos.

 

Começarei por referir uma frase, aliás anterior ao capítulo dedicado à agricultura, mas que pode ter grande importância para o sector: "Revitalização dos laboratórios do Estado das áreas industriais e agro-industriais".

 

Está há anos em vigor em Portugal uma lei, não escrita mas religiosamente seguida, que manda destruir toda a investigação científica do Estado que não seja das universidades. Só pode ter sido originada por alguns medíocres que também existem e eu, como professor universitário não o posso tolerar, como já o declarei publicamente. Com base nessa lei, muito já se destruiu, sem tal ser
declarado, mas com pretextos falsos e mais que hipócritas. Dum escrito publicado em 2003 permito-me transcrever:

"Quando a Laboratórios do Estado, com grande curriculum científico e grandes contribuições para o progresso do País, se reduz o seu pessoal; se lhes cortam os meios de trabalho (chegando ao cúmulo dos cúmulos de suprimir a assinatura de quase todas as revistas científicas!); quando se nomeiam chefias de escassos curricula e capacidades ou que para ali vão para que a instituição não progrida, numa espantosa inversão de valores; quando os ministros e secretários de Estado que os tutelam (de várias cores políticas) ostensivamente fazem por "esquecer" que eles existem; quando se desviam verbas avultadas a eles destinadas, para fazer outros laboratórios a quem se dá tudo e mais alguma coisa e depois se entregam, em comodato, a outro ministério; quando avaliações externas, encomendadas pelos governos denunciam erros (aliás elementares!) e esses mesmos governos, em vez de os corrigirem, os agravam enormemente, será possível "responder a desafios", a que, aliás, antes deste "excelente tratamento" muito bem respondiam? Tais actos de destruição custaram ao País fortunas fabulosas e as consequências são continuarmos a ser um país pobrezinho e na cauda da Europa."

 

Se aquela frase do Programa do governo significar o fim dessa destruição e o início da sua reconstrução – tão necessária ao futuro do país! - considero que o governo está no caminho certo e poderemos ter esperança de que os sectores afectados, a agricultura e outros, passarão a dar à nossa economia uma muito maior contribuição.

 

 Miguel Mota

 

Publicado no Linhas de Elvas de 7 de Julho de 2011 a 15 de Setembro de 2011

 

(*)http://www.google.pt/imgres?q=investiga%C3%A7%C3%A3o%2Bagron%C3%B3mica&um=1&hl=pt-PT&sa=N&biw=1024&bih=735&tbm=isch&tbnid=f5HPaleWEsz0oM:&imgrefurl=http://www.isa.utl.pt/home/node/777&docid=iJALeWifftaUoM&imgurl=http://www.isa.utl.pt/files/pub/fotos/agronomica.jpg&w=231&h=173&ei=T2LVTvi7JIfe8QO1xLiVAg&zoom=1&iact=hc&vpx=375&vpy=343&dur=2121&hovh=138&hovw=184&tx=115&ty=69&sig=108364103958560163334&page=7&tbnh=138&tbnw=184&start=96&ndsp=14&ved=1t:429,r:1,s:96

O MUNDO NÃO TEM TEMPO

  Mogadiscio

 

Contei à minha amiga sobre o programa que vi dos horrores em Mogadíscio, de gente fugindo, deslocando-se, as mães com os filhos débeis no colo, no terror de uma guerra sem fim e sem solução, guerra de tribos e ambições do poder, numa desordem de ódios animalesca, que o mundo dos racionais deixa praticar, cada um entregue às suas próprias desordens materiais e morais.

 

A minha amiga acrescentou:

- Realmente é verdade. O mundo não tem tempo. A gente sabe que existe e parece inventado. E quando aqueles desgraçados se metem no barco, para matar a fome e morrem no Mar! Eu acho isso das coisas mais duras da vida. Simplesmente, o barqueiro leva gente demais. A não ser que o Deus deles pense e lhes diga: “Vocês estão melhor mortos do que vivos.” E a gente queixa-se dos nossos males!
E eles atravessam o mar não para matar ninguém, é para matar a fome. A crueldade disso! Aquilo é gente!

 

Retornámos aos tempos da África em que o Continente era mais sóbrio nos horrores, progredindo sob o domínio do branco, que o educara e respeitara mais do que vemos hoje, com tiranos por governantes dos da sua raça, de ambição desmedida e ultrajante, o que ninguém quer comentar, para não reconhecer a falácia das doutrinas socialistas, que ao reconhecerem hipocritamente os direitos dos povos aos seus territórios, pretendem ignorar que quase todos os territórios ao longo da História foram obtidos por efeitos de invasões e usurpações, geralmente de efeitos positivos, no desenvolvimento cultural e material dos povos.

 

Mas o mundo ocidental quer mostrar a sua cultura ocidental, feita de complacência – unilateral, quando se trata de demonstrar bons sentimentos para com os pseudo oprimidos – agressiva quando entende dever defender produtos úteis à sua estabilidade económica. Na realidade, indiferente aos graves problemas do terrorismo, africano ou asiático, este feito também de extremismos religiosos
condenatórios de uma condição humana que se preze, sem uma lei que proteja os condenados da ira popular ou outra, caso da mulher do Paquistão de culto cristão, condenada à morte pelo povo de culto islâmico, ou tantas outras condenações à morte devidas aos fundamentalismos extremistas dos povos bárbaros do mundo.

 

E a minha amiga conclui, numa suavidade de ironia esmorecida:

- É. O ser humano tem a receita. O que é que falta na receita?

 

Berta Brás.jpg Berta Brás

Goa, Damão e Diu – 2

 

O 15 de Agosto de 1955 no ex-Estado da Índia Portuguesa

A <História> que não foi contada

 


Fortaleza de Tiracol

PREPARAÇÃO PARA A DEFESA DE GOA

 

Preparados para todas as eventualidades, encontravam-se também os Batalhões de Caçadores nºs. 1 e 2, aquartelados, respectivamente, em Margão e Pondá, unidades estas oriundas das antigas províncias de Angola e Moçambique.   A Companhia de Caçadores nº 8, despachada de Moçambique no último momento, ainda tomou parte no rechaçar da invasão satyaghray.

 

Na cidade de Margão, encontrava-se ainda o Grupo de Cavalaria de Torçanzori, com diligências apoiadas de auto-metralhadoras espalhadas por quase todo o distrito de Goa. Em Mapuçá, no concelho de Bardês, fixava-se o Esquadrão de Cavalaria, com as auto-metralhadoras a defenderem o reduto norte.

 

No planalto de Bogmaló, a cobrirem o porto de Mormugão, viam-se a Bataria de Artilharia Anti-Aérea de Penafiel e as de Artilharia Ligeira de Évora e Santarém, sob o comando geral do major João Pedro Correia de Matos, que depois da sua missão na Índia, voltaria a comandar o Forte do Alto de Duque, em Algés (Lisboa).

 

Em Damão, os reforços à precária e reduzida guarnição também não se fizeram esperar, com o minúsculo distrito de Diu a ver a sua histórica fortaleza com mais bulício devido à chegada de novos militares para prestarem serviço na Bataria de Artilharia e Companhia de Engenharia. 

 

Enquanto não se aproximava o momento anunciado para a invasão satyaghray, que tudo levava a crer seria apoiada por elementos do Exército regular indiano, iam sendo levadas a cabo acções violentas no território de Goa, mas sem consequências de maior, registando-se, contudo, algumas baixas nas forças da autoridade.

 

Pouco mais de dez mil homens, apoiados no mar pelos navios de guerra «Afonso de Albuquerque», «João de Lisboa», «Gonçalo Velho» e ainda o navegável «Faial», aguardavam o desenrolar dos acontecimentos.

 

Governava o Estado da Índia Portuguesa, o general Benard Guedes, que após terminada a sua comissão de serviço, regressou a Lisboa, vindo mais tarde a desempenhar o honroso cargo de lugar-tenente ou conselheiro de D. Duarte Nuno, o Príncipe das Beiras e herdeiro ao trono de Portugal (1).

 

Alberto Alecrim

 

Artigo da Revista Macau nº 18 de 1989-edição do Gabinete de Comunicação
Social do Governo de Macau
fotografias de Leong Ka Tai  cedidas pelo Instituto Cultural de Macau; cópia fiel

 

http://www.memoriamacaense.org/id305.html

 

(1) Na colónia Britânica de Hong Kong reside uma filha deste ilustre oficial-general - que faleceu em Benguela - casada com o reputado médico Dr. Barros Lopes.

 

Goa, Damão e Diu - 1

 

O 15 de Agosto de 1955 no ex-Estado da Índia Portuguesa

A <História> que não foi contada

 




 
 
  

Os que viveram no dealbar dos anos 50 nas paradisíacas plagas portuguesas do Estado da índia, dos extensos palmares debruçados sobre as belas praias onde o mar é mais azul; dos esguios e resistentes coqueiros, cujo fruto serve em mil e uma aplicações, até para matar a sede; das altivas e verdejantes arequeiras, onde pequenos símios e dóceis esquilos se deleitam com as suas cabriolices; onde o manganês abunda e se extrai de inesgotáveis filões. Os que viverem nestas terras de encanto, onde brotaram nomes de vulto que deram novas luzes ao mundo, jamais podem olvidar o dia mais escaldante: modesto ensaio da invasão levada a cabo pelas forças indianas em 18 de Dezembro de 1961.

 

Depois da queda dos enclaves de Dadrá e Nagar-Aveli, paraísos das madeiras preciosas, em que o guarda policial Aniceto do Rosário, ao pretender vincar a soberania portuguesa, perdia tragicamente a vida, o espectro de nuvens negras pairava sobre os distritos de Goa, Damão e Diu.

 

Bandos numerosos de satyaghras – fanáticos hindus que (por vezes) não utilizam a violência – preparavam-se para tomar de assalto aqueles territórios, mas devido à falta de coesão do movimento satyaghray e à pronta intervenção das forças portuguesas de segurança, os seus intentos fracassaram, não obtendo o mesmo êxito de Dadrá e Nagar-Aveli.

 

Estávamos no ano de 1954 e no dia 15 de Agosto, data em que a União Indiana, comemorava o 7. ° aniversário da sua independência.

 

Rechaçado o primeiro impacto, voltava a «All lndia Radio», nas suas emissões destinadas ao então Estado da índia Portuguesa, a anunciar que uma invasão de maiores proporções estaria prestes a ser desencadeada.

 

Alertado por este sério aviso, o Governo da Metrópole mandava reforçar a parca guarnição militar. No mar, a vigiar as águas territoriais, apenas existia o aviso de 1.° classe «Afonso de Albuquerque», que acabou os seus dias encalhado na praia de Bambolim, aquando da invasão de 1961, depois de heróica resistência frente à formação naval indiana, onde perdia a vida o 1.° Grumete, José Manuel Rosário da Piedade, ficando gravemente ferido o Comandante Aragão.

 

A mobilização foi geral e desde a I Grande Guerra, que o rio Tejo não servia de cenário ao zarpar contínuo de barcos transportando contigentes militares, mas desta feita não com o destino aos campos da Flandres, mas a paragens que pela Constituição então vigente, constituíam o prolongamento de Portugal Continental.

 

A rota, pelo Canal Suez, encurtava o caminho até ao porto de Mormugão, ancoradouro natural e o mais favorável ao movimento de navios em toda a costa do Malabar, que se estende desde o Paquistão até à ponta meridional da União Indiana.

 

A viagem fazia-se em cerca de vinte dias, sob temperaturas elevadas com os transportes de tropas, superlotados, a não disporem de meios razoáveis para acomodarem os militares. Os beliches ou camaratas montados nos porões constituíam um sério problema visto que a partir de Port Said, no Egipto, até ao porto de destino com uma curta escala em Port Sudan, no Mar Vermelho, ou em Aden, no Yemen do Sul, os militares enfrentavam o calor tórrido próprio dessa zona do globo.

 

No porto de Aden, os navios reabasteciam-se de água salobra, com os batelões-aguadeiros a ostentarem a todo o seu comprimento o pomposo rótulo de pure water. A última etapa da viagem era a mais penosa, uma vez que os militares não estavam habituados ao líquido que lhes era dado a beber, que no sabor mais se assemelhava a água do mar.

 

Entretanto, a azáfama no Estado-maior do Exército em Lisboa, era constante. A Escola Prática de Infantaria, em Mafra, recebia a ordem de mobilização, formando os seus efectivos o Batalhão de Caçadores «Vasco da Gama», sob o comando do coronel França Borges, que depois do seu regresso da Índia, seria indigitado como presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

 

Este Batalhão ficaria aquartelado em Alparqueiros, na cidade de Vasco da Gama, com as suas instalações de recurso, constituídas por barracões metálicos.

 

A unidade-chave da região de Lisboa, o Batalhão de Caçadores nº 5, sob as ordens do coronel Ribeiro Cazais, passava a tomar o nome de Batalhão de Caçadores da Índia, aboletando-se no Convento de Santa Mónica, em Velha Goa, em cuja igreja do Bom Jesus se encontram depositadas as relíquias do Apóstolo das Índias, S. Francisco Xavier.

 

Ainda na Velha Cidade, a Bataria de Artilharia «D. João de Castro», proveniente do Regimento de Artilharia Ligeira nº 1, de Lisboa, ocupava o Convento de S. Caetano.

 

Na cidade de Pangim, ou Nova Goa, capital do Estado da Índia, os efectivos militares foram reforçados com a Companhia de Engenharia, aquartelada no ponto mais alto da Cidade, denominado Altinho e a poucos metros da Emissora de Goa, a dispor de mais elementos vindos da Metrópole. Quando se deu, de facto, a grande invasão satyaghray de 1955, comandava a unidade o capitão Vasco Gonçalves, guindado ao cargo de primeiro-ministro após o 25 de Abril de 1974.

 

Ao Pelotão de Comando e Serviços do Quartel-General, ficou adstrita a Companhia de Caçadores nº 5, composta por elementos africanos, mas com atribuições específicas. O PCS-QG era formado por elementos naturais de Goa, africanos e metropolitanos, tendo como um dos oficiais subalternos, o alferes Bélico Velasco, que anos mais tarde fez a sua comissão militar em Macau, vindo depois a ser nomeado comandante da Polícia de Segurança Pública de Macau.

 

Chefiava o Quartel-General, em substituição do major Hermes de Oliveira – transferido para idêntico cargo no Comandante-em-Chefe, instalado no Palácio de Idalcão – o Major Jaime Silvério Marques, que depois de exercer outros elevados cargos em Angola e Lisboa, seria indigitado como Governador de Macau, merecendo o invejável panegírico público de «Governador que deu o pontapé de saída ao desenvolvimento de Macau».

 

(continua)

 

Alberto Alecrim

 

Artigo da Revista Macau nº 18 de 1989-edição do Gabinete de Comunicação Social do Governo de Macau

 

http://www.memoriamacaense.org/id305.html

SÓ AGORA DESCOBRIRAM?

 

 

Foi com grande espanto que ouvi hoje (25-11-2011) na rádio e, depois, também na televisão, que - só agora! - pessoas muito responsáveis "descobriram" que a estupidamente chamada "ajuda" do FMI é, afinal, um negócio fabuloso para quem empresta dinheiro a juros exorbitantes e ainda exige poderes que afectam gravemente a nossa soberania.

 

(Lembro que, salvo erro em 1927, com uma situação financeira de descalabro e o escudo a nada valer internacionalmente, foi considerada a hipótese de pedir um empréstimo à entidade equivalente ao FMI, a agência com essas funções na Sociedade das Nações, a antecessora da ONU. Mas tal foi posto de parte porque se considerou humilhante e inaceitável ter estrangeiros a mandar em Portugal. Agora...).

 

 General Sinel de Cordes

Foi Ministro das Finanças por três vezes após o movimento do 28 de Maio de 1926; negociou com a Sociedade das Nações um empréstimo a Portugal, no valor de 12 milhões de libras esterlinas

 

Se não sou totalmente leigo em economia - a minha formação de base é numa actividade económica - não sou um especialista nesse campo. Mas ouvir que, pessoas responsáveis, agora "descobriram" o que estava bem patente desde o início, pois as condições impostas e os juros a pagar foram divulgados pela comunicação social, é caso para qualquer pessoa ficar triste. Um artigo que publiquei em Abril deste ano intitulava-se "Ajuda ou negócio?". Dele transcrevo apenas algumas linhas:

«Será mesmo "ajuda" o que alguns vão dar? Ou será que, para esses "ajudantes", o que vão fazer é um excelente negócio de emprestar
dinheiro a juro alto e mandar no país?»

 

Nota - Não vale a pena considerarem-me vaidoso ou de alardear "superioridade". Isto é perfeitamente elementar.

 

 Miguel Mota

HONRA AO FADO

 

Agora que és da Humanidade

 

Património Imaterial,

 

 

És do Mundo,

És de todos.

 

Nasceste em Portugal!

 

Nasceste do amor profundo

 

À Língua Portuguesa.

 

Dela defensor e Irmão altaneiro.

 

E àqueles que venderam a tua língua,

 

Em prol do dinheiro,

 

Deste uma grande lição.

Ganhaste, com grande Honra,

 

O reconhecimento internacional.

 

Nunca serei Poeta de acordos desonrosos,

 

Os meus versos nunca serão de subserviência,

 

Numa língua que desconheço.

 

Serão em Português de Portugal,

 

O teu berço,

 

Património Imaterial

 

da Humanidade.

 

Ah! Pátria e Língua de Pessoa e Camões,

 

Hoje, Novembro, vinte sete,

 

Do ano de dois mil e onze,

 

Fazes jus ao que a Honra promete,

 

Seres Bíblia de tantas emoções.

 

Seres Imortal e do Mundo,

 

Seres a grande portuguesa realidade,

 

Teres o meu Amor profundo,

 

Em todo o lado,

 

Património Imaterial

 

Da Humanidade.

 

Meu Fado! MeuFado!

 

 

Sintra, em 27 de Novembro de 2011.

 

 Luís Santiago

 

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