A palavra "governo" vem do grego "kybernetes", ou mais gregamente "κυβερνητης", que significava "piloto".
Imagine-se naquele tempo a força que fazia um piloto para governar um barco... Agora não. Nos dias de hoje o piloto dum barco ou dum avião não faz força. Porquê? Porque existe a ciência da "cibernética", isto é, existem meios auxiliares que permitem que uma força mínima do piloto nos seus comandos se multiplique numa grande força no leme e se possa assim conduzir o veículo sem esforço.
No caso do governo dum estado sucede o mesmo? Como pode o piloto conduzir um país sem fazer esforço? Ou terá que fazer esforço? Eu gostaria de saber responder a estas perguntas, mas não sei. Quais são os meios cibernéticos que permitam conduzir um país sem esforço? Um piloto automático? Um navegador automático?
A invenção de um sistema cibernético desse género permitiria a anarquia no seu sentido mais puro: a inexistência de chefes, logo a ausência de políticos, o funcionamento da governação sem lutas pessoais, sem ambições nem interesses pessoais, sem chatices. E bastaria para manter o processo da governação a funcionar que houvesse uma equipa de mecânicos especializados, anónimos, sem ambições televisivas nem discursos idiotas. Desumanização? Perda do espectáculo circense que é a política dos nossos dias? Ou uma inefável paz dos espíritos, precursora do verdadeiro progresso social?
Não sei, mas: inventores sociais precisam-se!
Inventores da paz, da ordem, do bom governo, inventores do homem futuro!
Há dias, foi uma nossa amiga, das que falam em voz alta e profusa, com a autoridade de um poder económico lisonjeiro, que, regressada do seu passeio à Madeira, falou no buraco:
- Não sei se há buraco, mas que aquilo está um espanto de beleza e eficiência, não tenho dúvidas!
E contou das coisas boas que a Madeira tem, os túneis para as travessias, o bom gosto nos gastos…
Ontem de manhã foi a minha amiga que, a propósito do buraco de que se fala, mesmo a imprensa estrangeira, não se sabe se com repercussões sobre as relações do Governo com a troika, lembrou a personagem Jardim, o discurso de Jardim, sempre achincalhante para “os de Lisboa” – “Era melhor ir p’r’ós de Lisboa p’r’a ser gasto à tripa forra! …” afirmara ele. E concluiu:
- Mas isto é uma anedota daquelas que sendo trágica, dá vontade de rir… “Agora venham os de Lisboa dizer que têm gente capaz de governar como aqui se fez, criando condições e escolas…” – disse ele, entre outras coisas.
Eu então lembrei que ele não embarcara na reforma educativa como cá, protegendo os professores dos enxovalhos socráticos.
Também a Ana Paula, outra nossa amiga matinal, se referiu ao buraco do Jardim, ou ao Jardim no buraco, reconhecendo que o dinheiro fora gasto nas obras sociais:
- Ninguém lhe tira o valor. Mas a forma como se refere aos do Continente é muito acintosa.
A minha amiga insistia na questão do buraco:
- Agora pergunta-se: Será que os governantes não deram por nada?
Eu achei que sim, que podiam ter dado, mas que lhes convinha fingir que não davam, na safra em que viviam de esconder os seus próprios buracos.
Mas a Ana Paula deu precisões:
- Nem sei o que haverá mais. Este dos mil milhões foi ao nível da CGD. Se houver uma auditoria aos outros bancos podem-se descobrir mais buracos. Ainda não apareceu tudo.
- Vamos sabendo aos poucos - concluiu a minha amiga – para a gente ir aguentando.
- Uma espécie de soro na veia – apoiei eu, que tenho muita fé no soro para a recuperação dos organismos.
E a Ana Paula, que é filha de médico, falou então nos abusos de cá, ao nível dos hospitais:
- 20% de desperdício. Ele eram Tacs em vez de raios X, ressonâncias magnéticas caríssimas… Agora estamos nos extremos: se não forem os familiares a ajudar, a darem a comida…
Falou-se na gordura do Estado que este Governo pretende limpar, com os cortes ao despesismo e referimos Mário Soares, que também os apoia, mas que vai falando em aumento de impostos e redução nos salários como fizeram em Espanha, julgamos que para que se não toque na sua Fundação.
A minha amiga há muito que pergunta sobre a utilidade da Fundação Soares e pensa que agora é que ela vai ao ar.
Mas está enganada. Pois Soares continua na berra, a dizer dos seus ditames. Vazios. Cairemos todos antes da Fundação. A Fundação não cairá, bom esteio do que somos. Como um estigma. Tal como a Abóbada da Casa do Capítulo do Mosteiro da Batalha que Mestre Afonso Domingos ergueu, sobre a ruína da de Mestre Ouguet.
Mas esta não foi estigma, foi glória. Mudaram os contextos.
O núcleo profundo da crise situa-se na distinção entre dois conceitos básicos: produção e renda. Portugal era um país de produção e tem-se vindo a transformar num país de rendas.
Embora elementares, é bom precisar as noções. Produção constitui, evidentemente, um conceito central da economia, o uso de recursos para satisfazer necessidades humanas. Originalmente relacionado com a obtenção de bens físicos, cultivando a terra ou operando manufacturas, a complexa sociedade actual acrescentou-lhe o vasto elenco dos serviços, dos transportes ao turismo, arte, finança, comércio, divertimento, etc. Em todos os casos está em causa fazer algo, ter utilidade, criar valor.
A renda, em contraste, é o ganho de quem nada gera, um pagamento sem contrapartida válida. Originalmente designava as receitas dos proprietários absentistas, pagando a vida ociosa com o produto dos rendeiros. Hoje, embora "renda económica pura" mantenha definição científica rigorosa, o preço de um recurso de oferta inelástica, a expressão rent-seeking, traduzida por "captura de rendas", aplica-se a múltiplas situações de ganho sem produção.
Durante séculos os portugueses sabiam não existir outra forma honesta de ganhar a vida senão trabalhar e produzir. Nos anos recentes, passado o medo da Europa, a tradicional capacidade lusitana para identificar e aproveitar ganhos incorporou uma vastíssima panóplia de novos métodos legítimos e aceitáveis de lucrar sem produzir. Existem mesmo profissões especializadas em fazer funcionar esses mecanismos. Há até quem se farte de trabalhar para as conseguir. Na indústria das rendas existem trabalhadores, empresas, contratos, negociação, esforço. A única coisa que falta é produção, utilidade, valor.
Algumas são fáceis de identificar. A multidão de subsídios, apoios, benefícios, promoções, excepções e deduções são formas evidentes de rendas, com justificação mais ou menos clara, elaborada ou aceitável. Misturada anda a corrupção, sempre denunciada, facilmente oculta, nunca admitida. Também a indignação pelas portagens advém de, sendo um imposto, elas manterem a ligação a uma forma clássica de renda, quando bandidos medievais ocupavam uma ponte ou estrada obrigando os passantes a pagamento.
O pior está nas múltiplas rendas mascaradas. A sofisticada sociedade actual facilita o disfarce da extorsão atrás da produção. Uma obra pública ou serviço inútil, desnecessário, sumptuário ou só mais caro que o benefício, tem sempre por trás a construtora ou fornecedora capturando uma renda enquanto mantém a imagem empresarial de produtividade. Outra forma descarada de extracção de renda está no proteccionismo dos sectores, das telecomunicações aos bancos, passando por hospitais, escolas, empresas públicas, municipais, beneficiadas, escritórios de advogados, etc. Mantendo a parafernália legal de negociações e contratos, sacrifica-se o interesse público em rendas injustificadas. Todo o preço acima do valor justo, por imposição legal ou monopolista, deve ser considerado uma renda. O excesso de regulamentação e fiscalização é o caso mais subtil. Tomando uma finalidade meritória, da defesa do consumidor à protecção ao ambiente, o exagero de exigências alimenta um exército de técnicos, inspectores, especialistas, revisores, sugando empresas produtivas.
Esta é a origem da crise, com inúmeros esforços desviados de actividades produtivas para a captura de rendas. Não admira a queda do investimento, estagnação da produção, endividamento externo, surto do desemprego.
A tarefa mais urgente e decisiva está no combate aos mecanismos de renda. Mais importante do que descer a despesa pública, é eliminar esses processos que desperdiçam recursos valiosos e asfixiam a economia. Mas uma mudança desta dimensão não se consegue apenas com políticas e decretos. Só se liberta a sociedade desta praga com um repúdio generalizado da comunidade por esses sistemas de extorsão instalada. Os quais, em muitos casos, ainda têm o desplante de se queixarem nos jornais da perda das rendas.
Naqueles tempos, no início do século passado, viver no interior do país, junto às matas, onde as novidades do mundo civilizado custavam a chegar, era ter com a natureza selvagem uma relação de medo e respeito.
Com a procura e valorização do café e da carne no mercado nacional e estrangeiro, os geralistas avançaram para o oeste, derrubaram florestas, abriram espaços e formaram fazendas. Para escoar a produção da região do Triangulo e permitir a movimentação de cargas e pessoas, alargaram caminhos, construíram pontes e estradas, trouxeram trilhos e trens ingleses (Estrada de Ferro Mogiana). Surgiram as pequenas cidades interioranas onde se abancaram os coronéis-fazendeiros (a maioria descendentes de portugueses), e os imigrantes, italianos, japoneses, sírio-libaneses e alguns franceses, com casas, comercio e ofícios. Na praça principal ficava a Igreja Matriz, a Câmara e o Teatro-Cinema. Nos domingos e dias de festa a banda tocava no coreto, depois da missa, enquanto as pessoas sentadas nos bancos do jardim, apreciavam o movimento de vai e vem e faziam "meio-dedo" de prosa.
A música era aprendida e valorizada como um elemento social de agregação e destaque. Violas, violões, violinos, clarinetas, bandolins e o muito apreciado acordeom eram os instrumentos da juventude boémia que à noite, depois de alguma reunião ou festa, saía altas horas pelas ruas, cantando e tocando, acordando a malta, ou oferecendo serenatas, debaixo das janelas de casas de amigos ou de donzelas.
Conta-se que numa dessas noites quentes e abafadas de verão tropical, depois de assistirem a um filme (mudo) que estava em cartaz, um jovem grupo de músicos resolveu sair em cantoria pelas ruas da cidade. Depois de muito andar, perceberam que estavam em frente ao cemitério. A luz clara da lua deixava ver acima do portal e abaixo do crucifixo o aviso: HODIE MIHI, CRAS TIBI (Hoje eu, amanhã você). Um silêncio se fez, como sinal de medo ou de respeito pelas almas do Campo-Santo. Por coincidência, ouviu-se, distante, as 12 badaladas, compassadas, do relógio da Matriz. Galhofeiro, um dos rapazes deu a ideia: tocar alguma música suave e dolente, antiga de preferência, para homenagear os moradores daquele lugar... Os amigos, inquietos, tentando demonstrar firmeza, apostos, começaram a tocar. Não durou muito tempo. No meio da música, um dos rapazes pára, com o arco do violino em riste, olhos esbugalhados, aponta para o alto. Um vulto brilhante, azul-fosforescente, ondulante, crescia por detrás do muro e parecia se deslocar em direcção a eles. Horrorizados, cabelos e pêlos eriçados, pernas bamboleantes, largaram tudo e desabalaram pelo caminho em louca carreira.
No dia seguinte a cidade inteira comentava, curiosa, a história do fogo da alma penada que assombrara os rapazes, enquanto na frente do cemitério jaziam no chão, largados, os instrumentos, esperando pela volta dos donos.
Maria Eduarda Fagundes
Uberaba, 24 de Julho de 2011
Dados: História baseada num relato de Donato R. Borges (Memórias de Conquista)
- O Rebelo de Sousa diz que é igualzinho. Não mudou nada.
- Nada!
- Ele, o Seguro, diz que quando for Primeiro-Ministro fará assim, fará assado. Eu quero ser Primeiro-Ministro, é o que o Seguro diz, é o que todos os Seguros querem.
- E até os menos Seguros. Pois! O déjà entendu, o déjà vu de sempre. “Le style c’est l’homme”, disse um tal Buffon. No nosso caso, “c’est la nation-même”. Qualquer um que queira ir para lá, para o Governo, é assim que dirá: “Eu quero ser Primeiro-Ministro”. E logo os do Governo ironizam contra as pretensões dos tais, esquecidos do que com eles se passara, os da oposição aliam-se, prontos para atacar quando estes lá chegarem. De momento, atacam os que lá estão.
- Só conversa! - proclama a minha amiga,completamente céptica.
- Ninguém tem soluções. Ninguém, ninguém, ninguém! Se houvesse solução, estava o País salvo!
- O que é um facto, é que eu acreditava na seriedade deles. Mas já vi que o discurso do Vítor Gaspar, que aliás nada teve nunca de vitorioso nem de generoso, mas que inicialmente se me afigurou competente, de uma subtileza de seriedade contrastante com a volubilidade farfalhuda dos habituais, não se tem mostrado nada esclarecedor, feito de promessas adiadas, sem explicitação dos motivos sobre o prometido início da nossa ascensão lá para os anos 13 ou 14, em absurdo contraste com o peso brutal sobre as bolsas – as habituais – dos menos dotados, economicamente falando, e as desgraças ascensionais dos que perdem empregos ou os não conseguem adquirir…
- E ninguém conseguiria fazer melhor.
- Não! Mau grado as promessas dos Seguros, candidatos ministeriais que gingam na sua seriedade matreira, a chamar amigos… E tem amigos. (*) Todos os que, esquecendo a situação vilipendiosa a que fomos reduzidos por efeitos, também, da muita desgovernação corrupta anterior, criticam acerrimamente a governação actual, ignorando as contingências internas e as pressões exteriores resultantes de tudo isso e do facto de sermos como somos – dum modo geral pouco escrupulosos.
Quando um celerado, graças a artifícios premeditados, a um plano longamente elaborado, adquire riqueza, honra e até tronos e coroas e depois ludibria com uma perfídia subtil os Estados vizinhos tornando-se senhor deles sucessivamente e transformando-se em conquistador do mundo, sem que o impeça qualquer consideração de direito e de humanidade; quando, com uma lógica rigorosa, espezinha e esmaga tudo o que se opõe ao seu plano; quando precipita sem piedade milhões de homens em infortúnios de todas as espécies, quando esbanja o seu sangue e as suas vidas, nunca se esquecendo de compensar regiamente e de proteger sempre os seus partidários e os seus auxiliares; quando, não tendo negligenciado qualquer circunstância, conseguiu chegar por fim à sua meta; não vemos que esse homem tenha tido que proceder de uma maneira extremamente razoável e que, se a concepção do plano exigia uma razão poderosa, era preciso, para o executar, uma razão – e uma razão eminentemente prática – inteiramente senhora de si mesma.
A quem se referia Schopenhauer? A Napoleão Bonaparte. E que contas acertou ele com Immanuel Kant? As de que a razão prática não coincide necessariamente com a justiça.
O texto que se segue foi escrito por Francisco Gomes de Amorim em Fevereiro de 2011 mas na essência mantém-se actual, infelizmente.
Henrique Salles da Fonseca
(*)
Em Setembro de 2008 escrevi:
Crise é como mosca, mosquito e jacaré: existem há centenas de milhões de anos e não se antevê que acabem. Nem os jacarés, tão perseguidos por causa da sua pele.
Diz a Bíblia que houve uma “crise” quando se construía a Torre de Babel, e assim a construção foi interrompida; houve graves crises nos vários impérios que se esfumaram na história – sassânida, egípcio, persa, romano, inglês e até o pseudo português – e agora chegou a crise que demorou a manifestar-se: a da ganância e da roubalheira!
Mal fazia ideia do agravamento que iria ter esta pseudo crise.
Pseudo porque assistiu-se aos governos de todo o mundo a sustentar os bancos com milhões ou triliões, e nem seis meses eram passados e já todos eles tinham lucro suficiente para pagar a “ajuda” que receberam. Até a General Motors, agonizando, pré falida, no ano seguinte tem o maior lucro de toda a sua história.
A França luta com um crescente desemprego, a que não sabe como dar fim, mas no último mês, diminuiu o número de “demandeurs d’emploi”, dos que estão inscritos aguardando um posto de trabalho. Como isto aconteceu? Onde está a crescer o mercado? Nos bancos, corretores de bolsa, empresas de produtos de alto luxo, como a de relógios que se vendem entre dez e cem mil euros, nas “grifes” de roupas extravagantes e caríssimas, perfumaria sofisticada, etc. Nunca se venderam tantos carros de luxo, relógios de ouro com diamantes e tantos aviões para particulares. Até a Rolls Royce decidiu fazer um modelo exclusivo para venda na China! Nunca, jamais, em tão pouco tempo surgiram do nada, como fungos e cogumelos (não comestíveis, venenosos) tantos milionários, biliardários! E a pobreza cresce no mundo.
Mas que diabo de contra senso! Alguma coisa está profundamente errada em tudo isto, o que nos leva a imaginar que o “efeito Tunísia” não vai ficar pelos países árabes, mas espalhar-se por todo o mundo!
Os órgãos de informação andam excitadíssimos com o, em breve, casamento do príncipe William e a mulher com quem já vive maritalmente há vários anos. Logo ele que vai ser o chefe da Igreja Anglicana! Prepara-se uma festa “a la royale” para uns 2.000 convidados! Revistas de fofoca estão loucas para serem as primeiras a darem essa importantíssima reportagem ao mundo, a BBC vai ganhar uma fortuna, e os noivos, aliás, os amancebados, receberão uma grossa parte de toda essa encenação teatralizada, que vai fazer vibrar os peitos de milhões de babacas de ambos os sexos por esse mundo de “republicanos”!
É difícil imaginar o quanto vai custar ao tal príncipe regularizar, perante a lei e a igreja, a sua situação de concubinato conhecido e aplaudido. Os dois milhares de convidados “especiais” vão, além de aplaudir, também gastar fortunas em presentes, vestidos novos, exibição de jóias, hospedagem e deslocações até ao local da boda, etc.
E à nossa volta, milhões, milhões, mesmo de súbditos dessa majestade, passam mal. Pior ainda os pseudo súbditos da Commomwealth, como alguns países africanos, que a única migalha que vão receber desse fausto, será a fotografia do casal, cheio de medalhas, tiaras, brilhantes, e outros adornos, e ainda terão de pagar esse papel com os noivos a rir da miséria.
Lembra-me aquela maravilhosa canção com Bing Crosby e Louis Armstrong: “What’s the reason for the celebration?”... Mais ainda porque o “hoje” não tem nada a ver com aquele “What a wonderful world”!!!
No Brasil, 38% dos jovens na faixa dos vinte anos não conseguem trabalho. O índice de criminalidade entre esses jovens é o mais alto do mundo.
E as empresas públicas e os bancos têm lucros recorde na sua história. Em toda a história. Nem os Rothschildquando eram praticamente os únicos a explorar, violentamente, como todos os banqueiros, o “grande império” britânico.
Não é o Ben Ali, nem Mubarak ou o louco do Gadafi que estão errados. É o mundo todo que está de cabeça para baixo, e como os Três Macacos Sábios, ninguém quer saber do Outro. Nem do planeta em que vivemos, que está doente, doentíssimo.
O mundo árabe está à procura do seu futuro. Luta, mostra que as “coisas” não se podem eternizar só para benefício de uns quantos e... os especuladores de petróleo aproveitam para fazer subir os preços em flecha.
A Líbia produz somente 1 a 2% do petróleo mundial; reduziu a produção para menos de 50%; a Arábia Saudita já disse que aumenta a sua caso seja necessário se os preços não pararem de subir!
E não há ninguém que vá em cima desses especuladores e os meta na cadeia, como ao sr. Madoff. Porque a corrupção é assim mesmo: uma mão lava a outra! Como na política.
Não tarda a que o fenómeno “Tunísia” atravesse o Mediterrâneo e outros mares. A “Alternativa” de que falamos em texto anterior, só pode acontecer quando a população se dê conta da força que tem... quando culta e unida!
Não é pelo voto que se lá chega. Por enquanto. Porque a verdadeira crise está na falta de Homens (ou Mulheres!).
Lembrai-vos de São Paulo na Iª aos Coríntios: “Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer.”
Excerto da crónica de Rob Hughes no International Herald Tribune de 27 de Abril de 2007
"Que fantástico golo aconteceu esta semana em Londres! Ricardo Carvalho, o defesa que veio de Portugal com Mourinho, iniciou a jogada. Carvalho pode parecer frágil sob pressão, mas no 28º minuto do jogo iniciou um contra-ataque em estilo que lembra o de Franz Beckenbauer.
Seria necessário retroceder no tempo 30 anos para lembrar o Kaiser Franz no melhor do seu estilo imperial. O modo como Carvalho deslizou para fora da sua grande área, a bola inteiramente sob seu comando, os opositores demasiado alarmados para poderem intercepta-lo, foi puro Beckenbauer. O cuidado de olhar em frente e avaliar as opções que se lhe abriam mostrou classe genuína. E só quando o momento devido era chegado, ou seja, quando Drogba começou a mover-se ameaçadoramente em direcção á área do Liverpool, é que Carvalho soltou a bola, lançando-a no caminho de Drogba.
Durante toda a noite (e durante toda a temporada), Drogba exibiu capacidade muscular suficiente para afastar os defesas adversários do seu caminho. Neste caso, Daniel Agger não era desafio para si, tanto em corpo como em espírito.
Drogba afastou-o do caminho, virou-se sobre si mesmo e fez rolar a bola de um flanco para o outro, mesmo em frente da baliza, convidando a intervenção de Joe Cole. Cole estava prevenido. O seu marcador Alvaro Arbeola foi demasiado lento a movimentar-se e tardio a aperceber-se do sentido da jogada. Cole ultrapassou-o sem grande dificuldade e pôde marcar o golo á vontade. E assim, graças á classe de Carvalho, ao poder físico de Drogba e à agudeza mental de Cole fomos presenteados com uma peça clássica de futebol de contra-ataque."
O texto em inglês foi transcrito no Blog A Bem da Nação de 29 do mesmo mês, sob o título "Valores Lusitanos. Nem só de eruditos se orgulha a nação."